Filme de Wolney Oliveira ganha prêmio na CNBB; obra deve estrear em 2022
Com seu documentário "Soldados da Borracha", Wolney Oliveira venceu a categoria "Cinema", na 53ª edição dos Prêmios de Comunicação da CNBB
17:28 | Nov. 09, 2021
O documentário “Soldados da Borracha” ganhará o 14º prêmio desde que começou a circular entre eventos nacionais e internacionais há dois anos. Nesta quarta-feira, 10 de novembro, o diretor cearense Wolney Oliveira receberá o troféu “Margarida de Prata”, da categoria “Cinema”, na 53ª edição dos Prêmios de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O longa-metragem registra a história de 60 mil brasileiros que foram enviados para a Amazônia durante a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos. Na época, o governo prometeu que eles seriam considerados “heróis” quando terminassem seus trabalhos e retornassem aos lugares em que moravam.
Muitos deles, porém, morreram na região amazônica por causa de doenças como a malária. Décadas mais tarde, os que sobreviveram passaram a viver em situação de pobreza, já que nunca receberam a aposentadoria equivalente à dos militares.
O contato do diretor com essa situação começou por meio de várias matérias que encontrou no O POVO. Na época, a jornalista Ariadne Araújo expôs essa questão em cadernos especiais. “Eu não conhecia a história, como muita gente, apesar do filme e do livro, não conhece. Então eu tinha os cadernos especiais e esperei a oportunidade de abordar o tema”, disse Wolney Oliveira.
Surgiu, assim, a chance de produzir um média-metragem após ser contemplado em um edital da Secretaria Nacional do Audiovisual, vinculada ao então Ministério da Cultura. “Como era um tempo limitado e um valor baixo, eu filmei no Ceará e no Acre. Conheci soldados da borracha, fiquei apaixonado pela história e pela ideia. Sabia que eu voltaria a esse tema”, recorda. Esta versão está disponível no Youtube.
Anos mais tarde, depois da publicação do livro “Soldados da Borracha: Os Heróis Esquecidos”, escrito por Ariadne Araújo, Marcos Vinícius Neves e Wolney Oliveira, ele retornou à situação para elaborar um longa. “Os soldados da borracha tiveram pouco reconhecimento brasileiro. Em 1988, eles passaram a ter direito a dois salários mínimos sem 13º. Na época que foram à região amazônica, o governo de Getúlio Vargas os abandonou à própria sorte, alguns conseguiram voltar”, pontuou.
“Eles tiveram pouco reconhecimento. No governo da Dilma Rousseff, receberam uma indenização de R$ 25 mil. Isso não apaga os mais de 70 anos de história desses heróis brasileiros. Eu tenho um carinho muito grande por essa história e fiquei muito feliz de contá-la por meio de três meios: um média metragem para a televisão, um livro e agora o longa-metragem”, ressalta.
Dois anos após o lançamento oficial, o documentário “Soldados da Borracha” será agraciado em uma das premiações de maior importância entre documentaristas brasileiros. O evento acontecerá nesta quarta-feira, 10, por meio Arquidiocese de Fortaleza, em nome da CNBB. A solenidade acontecerá com número restrito de pessoas em respeito às medidas de distanciamento impostas pela pandemia do coronavírus.
Os Prêmios de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil começaram em 1967 para incentivar a produção cultural nacional. O troféu, confeccionado pelo artista plástico Márcio Mattar, retrata uma flor que se assemelha à Palma de Ouro de Cannes.
Wolney Oliveira indica que o documentário “Soldados da Borracha” está previsto para estrear no circuito comercial no segundo semestre de 2022. De acordo com o diretor cearense, a produtora Bucanero Filmes pretende lançar, principalmente, em salas de cinema da região Norte. Mas também buscará estar em cidades como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
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