Futuro e Memória: Músicos e intérpretes cearenses se encontram no São Luiz
Show no Cineteatro São Luiz no último domingo, 7, reuniu, além de Rodger Rogério, os músicos Davi Duarte, Calé Alencar, Theresa Raquel, Gilmar Nunes, Edmar Gonçalves e Dalwton Moura. Apresentação marcou o lançamento do disco Futuro e Memória 2“Espero que o Brasil melhore” — defendeu o cantor, compositor e ator cearense Rodger Rogério, 77, durante o show de lançamento do disco e especial audiovisual "Futuro e Memória 2" na noite do último domingo, 7, no Cineteatro São Luiz. O trabalho, disponível nas plataformas digitais, reúne nomes de diferentes gerações da música cearense. Cantando “Futuro e Memória”, canção título do disco, Rodger abriu caminhos para apresentações de Davi Duarte, Calé Alencar, Theresa Raquel, Gilmar Nunes, Edmar Gonçalves, Rogério Franco, Dalwton Moura e banda. Teti, que também integra a turma, não pôde participar por problemas de saúde. A artista segue em casa, repousando, de acordo com as orientações médicas.
No olhar de cada artista, pulsava a alegria de estar, finalmente, junto ao público — após isolamentos sociais rígidos devido à pandemia da Covid-19 e entraves na ampla vacinação da população. Os agradecimentos tiveram destaque, como quem não via a hora de subir aos palcos para reencontrar toda a gente. Sentir o calor da plateia após quase dois anos sem apresentações públicas e eventos culturais, certamente, revigorou as forças para a luta de fazer arte no Brasil contemporâneo. Entre uma canção e outra, também era possível ouvir, da plateia, o pedido de "Fora Bolsonaro", em referência ao presidente da república.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O evento seguiu os protocolos de combate à Covid-19, com uso obrigatório de máscaras e distanciamento social. Assim como no disco, os músicos interpretaram tanto canções clássicas cearenses quanto composições inéditas de Rogério Franco e Dalwton Moura.
Rodger mencionou a esperança de dias melhores para o País quase ao fim da apresentação, mas a ideia esteve atravessada em todo o show. No repertório, a força de quem respira arte e faz política vivendo. De quem assume, com poesia, pensar a preservação dos passados e os futuros possíveis, ao passo que costura o presente. “Caminhar a vida/ Recontar a história/ Cada novo dia/ Ontem e agora”, diz os versos da canção “Futuro e Memória”, composta por Dalwton Moura e Rogério Franco.
O show refletiu sobre os diversos mistérios da vida (romântica, social, reflexiva, silenciosa, ilusória), em qualquer tempo, sob as vozes de grandes nomes da música deste território. Edmar Gonçalves, antes de cantar “Cidade” — composição sua com Marcos Lupi — lembrou do espaço que estava naquele momento: um cineteatro histórico de Fortaleza, marco simbólico, afetivo e patrimonial da Capital cearense, localizado na Praça do Ferreira, no Centro. O artista reverberou a importância de “ocupar a Cidade”. Na música, os versos: “A cidade diz verdades/ Que a gente só entende/ Quando vive a cidade”.
Encontro de gerações
Estendendo o projeto do disco “Futuro e Memória”, de 2018, a segunda edição (com disco e especial audiovisual) também marca o encontro de diferentes gerações. Rodger Rogério e Téti são das gerações das décadas de 1960 e 1970 — juntos, integraram o movimento musical Pessoal do Ceará. Calé Alencar simboliza a Massafeira Livre, movimento consolidado com disco e feira cultural no fim dos anos 1970. Rogério Franco, Edmar Gonçalves e Davi Duarte ascenderam nos anos de 1980 e solidificaram carreira na década de 1990. Já Gilmar Nunes começa na década de 1990 e ganha destaque a partir dos anos 2000. Theresa Rachel, a “caçula” do grupo, representa a geração da música cearense contemporânea.
Apresentação especial
O poeta e compositor Henrique Beltrão deu as boas-vindas ao público no show do Cineteatro São Luiz.
Homenagem
A cantora Kátia Freitas e o guitarrista Cristiano Pinho integraram o disco “Futuro e Memória” (2018). Os artistas foram homenageados no show do último domingo, 7. Na ausência de Téti, Dalwton Moura cantou uma “versão de autor” da canção “Mais que sonhar”, gravada por Kátia e Cristiano no primeiro álbum. O compositor até brincou: “Depois de ouvir essa versão, vocês vão sentir ainda mais saudade da Kátia”.
Inéditas
Theresa Rachel interpretou duas canções inéditas: “Flor oculta”, de Rogério Franco e Dalwton Moura; e “Mundo afora”, de Dalwton.
Mais repertório
Davi Duarte cantou “No silêncio da canção” (Rogério Franco/Dalwton Moura) e “À toa”, de sua autoria. Calé Alencar interpretou “Senhora do universo” (composição sua com Rogério Franco) e “Vento rei”, parceria com Zé Maia. Além de “Cidade”, Edmar Gonçalves apresentou “Iracema”, de Rogério Franco. Gilmar Nunes entoou “Lida de Ilusão” (Rogério Franco e Dalwton Moura) e “Quereres e segredos” (em parceria com Dalwton).
Também foi possível ouvir “Em algum lugar sagrado” (Rogério Franco/ Marcílio Homem) e “Olho do furacão” (Rogério/ Dalwton), na voz do compositor Rogério Franco. Após embalar a abertura do show, Rodger Rogério retornou aos palcos para cantar “Navegante” (Rogério/ Dalwton) e “Retrato Marrom” (parceria com Fausto Nilo).
“A turma toda”
A música “Futuro e memória” encerrou as apresentações. Rodger chamou “a turma toda” para cantar no palco do São Luiz.
Banda
Acompanharam os intérpretes: Robson Gomes (teclado e acordeom), Luciano Franco (contrabaixo e arranjos do disco), Anfrísio Rocha (guitarra, gravação, mixagem e masterização do disco) e Paulinho Santos (bateria), além dos violões de Rogério e Dalwton Moura.
La Femme Bateau
A identidade visual de “Futuro e Memória 2” destaca a obra “La Femme Bateau”, do artista cearense Sérvulo Esmeraldo. No domingo, 7, cada espectador recebeu um catálogo com a capa e as letras das canções do álbum, que terá disco físico lançado em breve. O uso da obra foi cedido por Dodora Guimarães, presidente do Instituto Sérvulo Esmeraldo. Já a fotografia é de Gentil Barreira. Caio Castelo é o responsável pelo design, tanto do disco quanto do catálogo apresentado ao público.
Futuro e Memória 2
O disco está disponível nas plataformas digitais de áudio desde sexta-feira, 5. Já o especial audiovisual, gravado na Casa de Vovó Dedé, pode ser assistido pelo canal de Dalwton Moura no YouTube.
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