"Ron Bugado": filme da Disney mostra impactos das redes sociais na amizade
"Ron Bugado", dirigido por Sarah Smith, estreia quinta-feira, 21, nos cinemas; filme trata sobre bullying, relações familiares e redes sociais
18:32 | Out. 20, 2021
“Ron Bugado” acontece em um universo ficcional e futurístico, mas o filme é atual o suficiente para todas as pessoas entenderem suas temáticas - porque são assuntos discutidos e vividos na realidade. A animação, que estreia nesta quinta-feira, 21 de outubro, nos cinemas, conta a história de Barney, um menino excluído na escola por ser o único a não ter um robô popular entre as crianças.
O “B-Bot” foi pensado para que o público infantil pudesse criar amizades virtuais com outras pessoas na rede social. A partir disso, os usuários podem se conectar com quem tem interesses comuns e até fazer transmissões ao vivo. Muito parecido com o que acontece nos dias atuais, mas muda em um ponto: essa tecnologia é feita para ser um amigo e conhece tudo sobre seu proprietário.
O protagonista, porém, não tem esse robô. Neste contexto, seus colegas de classe o excluem e sequer o conhecem. Sem amigos, seu sonho é ter um B-Bot para se enturmar com as pessoas da escola. E, em seu aniversário, recebe o presente. O problema é que a tecnologia está “bugada” (ou seja, há algum defeito no funcionamento do software). O denominado “Ron” não vem com as funções padrões e age como se tivesse um pensamento próprio.
Mesmo com os erros na máquina, Barney decide reconfigurá-lo manualmente para que ele possa se tornar seu melhor amigo. Ele começa uma aventura para não devolvê-lo à empresa e para ajudá-lo na construção da amizade.
Em menos de duas horas, “Ron Bugado” trata de temas relevantes para um mundo recém-saído de um isolamento social rígido em decorrência da pandemia do coronavírus. Há abordagens sobre o bullying e o afeto familiar. Entretanto, o principal assunto permanece sobre como as tecnologias influenciam as interações sociais e quais são as maneiras de criar uma relação saudável com o mundo virtual.
A obra, produzida pelos estúdios 20th Century Studios e Locksmith Animation, conta com os dubladores: Sophia Abrahão como a Senhorita Thomas, professora de Barney; Marcelo Serrado como Gerson, o pai do protagonista; e Sérgio Malheiros como Marco, dono da loja Bubble Inc.
“Acho que esse filme tem grandes chances de ser um grande clássico da Disney, porque ele vai direto na principal questão do século XXI, que é a interação social das crianças. Acho que a pandemia deixou isso muito mais claro em um momento que as crianças tinham uma interação social única e exclusivamente através da tecnologia, do videogame, do computador, das aulas on-line”, pondera Sérgio Malheiros em coletiva de imprensa na terça-feira, 19.
Para a atriz Sophia Abrahão, “Ron Bugado” reflete sobre o espaço que a tecnologia tem entre o público infantil. “Sei que atualmente a gente está fazendo tudo à distância e usando, muitas vezes, a tecnologia a nosso favor, principalmente, nesse período que a gente passou isolado socialmente. Mas, se a gente conseguir fugir um pouco das redes e tiver mais relações intrapessoais e humanas, isso vai ser muito importante daqui pra frente”, afirma.
Na visão de Marcelo Serrado, que é pai, as abordagens sobre o bullying e as relações familiares lhe chamaram mais atenção. “Acho que tem algo, que é a questão do bullying, que é falado no filme e é muito importante (de tratar). Eu tenho filho pequeno e sei como é. Mas uma coisa que o filme fala também é sobre o afeto do pai com o filho. Até que ponto um pai vai para dar um presente que agrada o filho? Isso aconteceu comigo: os amigos do meu filho tinham uma coisa na escola. Eu não achei que ele tinha que ter, porque não era para idade deles. Só que todos os amigos tinham. É uma questão completamente atual”.
Para além dos problemas que as crianças enfrentam na sociedade, Sérgio Malheiros pontua outro aspecto que considera importante: a representatividade de seu personagem. Marco, o programador e criador da Bubble Inc., é um homem negro, que tem como objetivo ajudar os pequenos a socializarem. “No meu caso, ainda tem uma questão muito grande que é a representatividade do personagem. Marco é o dono de uma empresa, um gênio da tecnologia, um cara super rico, no topo da cadeia de comando. De certa forma, é um espaço que a gente não vê sendo ocupado por personagens negros”.
Processo de dublagem
Sérgio Malheiros já tinha experiência com “Sing - Quem Canta Seus Males Espanta” (2016) antes de dublar para “Ron Bugado”. “Eu fiz um porquinho, que é completamente diferente de você fazer um humano, como fiz agora”, ressalta.
Já Sophia Abrahão e Sérgio Malheiros estreiam na dublagem. “Minha voz normalmente tem um tom mais grave, mas, no filme, tive que ir lá para o agudo porque a Senhorita Thomas é estridente, muito animada e feliz. Essa possibilidade de brincar com a voz foi algo novo para mim, apesar de cantar. A gente não viu o filme ainda, mas quero ver se consigo me reconhecer. Tomara que não. Tomara que eu tenha ido para um lugar completamente diferente do meu registro normal”, diz a atriz.
Para Sérgio, dublar traz várias dificuldades que não são encontradas na atuação. “Os dubladores originais interpretam, e as pessoas animam em cima da voz. A gente parte de uma estrada que eles já percorreram. É um trabalho de imitação, escuta e técnica (...). Articular o português dentro do inglês é dificílimo”, indica.
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