Cena 15: artistas dançam entre os destroços do antigo espaço de cultura

Entre quinta-feira, 26, e sexta-feira, 27, artistas da sétima turma do Curso Técnico em Dança do Porto Iracema das Artes realizaram um manifesto no antigo Cena 15

“Dançar e resistir ao escombros”. Foi com essa ideia que os estudantes da sétima turma do Curso Técnico em Dança do Porto Iracema das Artes decidiram entrar no antigo Cena 15 para dançar uma última vez. Entre quinta-feira, 26, e sexta-feira, 27, os alunos gravaram vídeos de uma coreografia realizada entre os destroços do espaço que fechou as portas em maio, após corte de verbas.

“Mesmo sabendo que o espaço não tem mais responsabilidade pública, queríamos deixar nosso registro em dança naquele lugar que é tão importante para a memória cultural de Fortaleza”, disse a bailarina e educadora física Déborah Santos. Segundo ela, o objetivo do manifesto é, principalmente, chamar a atenção dos governantes e mostrar à população a situação dos espaços culturais da capital cearense.

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“Sempre passamos em frente ao Cena 15 quando vamos para as nossas aulas. Vimos que o espaço estava totalmente abandonado, com portas e janelas arrombadas, cheio de entulhos, madeiras e vidros espalhados por todo lado. Então resolvemos visitar o Cena 15 para que ele respirasse arte até o fim”, compartilha a artista.

O lugar, localizado na rua José Avelino, 496, era responsável pela formação e experimentação de diversas narrativas visuais. Naquele ambiente, também havia uma sala de dança para que as pessoas pudessem ensaiar e compartilhar experiências. Antes, ainda tinha sido o “Alpendre - Casa das Artes”.

O espaço estava, até maio deste ano, sob responsabilidade do Porto Iracema da Artes, através da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). Entretanto, depois da redução orçamentária, a casa foi devolvida ao proprietário. Não há mais informações sobre o futuro do espaço, que retornou ao âmbito privado.

“Foi muito triste ver e ouvir o Cena 15 ser destruído. Chorei muito vendo aquele lugar daquele jeito. Além da raiva também, sabe? Nossa cidade movimenta arte de uma ponta a outra e não é valorizada como merece. Ver a classe artística perdendo mais um espaço é uma dor profunda”, lamenta Déborah Santos.

Cena 15 foi devolvido ao proprietário em maio deste ano por causa de cortes de verba
Cena 15 foi devolvido ao proprietário em maio deste ano por causa de cortes de verba (Foto: Reprodução/ Whatsapp)

Para ela, o Cena 15 tem papel fundamental na disseminação artística na Cidade. “Preservar a memória desse espaço é preservar a cultura da nossa Cidade. É valorizar a arte”, comenta. Essa é a mesma opinião compartilhada por outros artistas em matéria produzida pelo O POVO, no dia 10 de maio de 2021. Naquele período, Andréa Bardawil, diretora da Companhia da Arte Andanças, e Victor Hugo Portela, da Associação de Bailarinos, Coreógrafos e Professores de Dança do Ceará (Prodança), também lamentaram a situação.

“(A demolição representa) mais um descaso com a cultura e a memória da população. Dos poucos espaços culturais que temos, ainda perdemos mais esse. Já não bastava a perda do Teatro das Marias? E o pior é pensar que esse espaço pode ser demolido para virar mais um estacionamento. É absurdo que a cultura seja tratada desse jeito”, complementa Déborah.

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