Aos 75 anos, morre a maestrina e professora Izaíra Silvino

Izaíra nasceu em Baturité e foi uma importante figura do movimento coraelista de Fortaleza, que teve auge em 1980. Para jornalista, a artista é um "pedaço da história da música cearense"

A maestrina, compositora e professora Izaíra Silvino morreu na tarde deste sábado, 14, aos 75 anos. Ela enfrentou um câncer no cérebro no último mês, chegou a fazer dez sessões de radioterapia, mas não resistiu. No ano passado, foi curada de um câncer na coluna. Nascida em Baturité, município localizado a 93 quilômetros de Fortaleza, a artista foi uma figura importante do movimento coralista de Fortaleza, que teve auge em 1980.

Para Aparecida Silvino, também musicista e irmã mais nova de Izaíra, o nome e legado da maestrina ficam gravados para as próximas gerações. “Ela plantou sementes de arte que viraram uma floresta para muitas pessoas, principalmente aqui no Ceará, e a missão dela vai continuar se cumprindo em nós, discípulos dela. A luz que ela tinha voltou para perto de Deus e vai iluminar cada vez mais a cultura do Estado”, afirma.

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A certeza de que Izaíra está marcada na música cearense também é opinião de Marcos Sampaio, editor e crítico de música do Vida & Arte. O jornalista explica que todas as pessoas que estudaram música no Ceará nas últimas décadas se depararam com o trabalho realizado pela maestrina. “Não é um exagero de um amigo, mas ela é um pedaço da história da música cearense”, enfatiza.

O jornalista cearense Nonato Albuquerque, aluno de Izaíra em dois corais, também lamentou a partida. “Sua vida é uma sinfonia de sons, ritmos, marcações, compassos. Alma boníssima, anjo em forma de humana criatura”, disse em publicação em suas redes sociais. “Leva o coração de todos nós e deixa um mar de saudades. Que no orfeão (escola dedicada ao canto coral) celeste as vozes de todos os que passaram pelo seu ensino, cantem o hino de gratidão”.

Em nota, a Secretaria de Cultura do Ceará comunicou a morte da maestrina, a quem dedicou seu pesar. “Dentro e fora da música, Izaíra Silvino é muitas: compositora, arranjadora, bandolinista, violinista, regente, cantora, coralista, professora, mestre em Educação, produtora cultural, escritora. Personalidade que dá nome ao Centro Acadêmico do Curso de Licenciatura em Música da UFC, Izaíra imergiu no mundo das notas musicais ainda criança e com elas não parou mais de brincar”.

A avidez da mulher pela arte continuou em seus últimos dias de vida e podem virar livro futuramente. Aparecida disse que Izaíra escreveu uma poesia por dia em seu último mês de vida e a família pretende compilar esses textos em uma publicação. “Ela é uma das pessoas mais impressionantes que esse planeta conheceu e nada do que ela plantou deixou de crescer”, afirmou.

Em entrevista ao O POVO em 2013 para o especial Gênios da Raça, Izaíra contou como se deu o início de sua principal atividade como música — atuar como regente. Após se formar em curso do Conservatório Alberto Nepomuceno, Izaíra resolveu ir para o Crato, no Cariri cearense. Lá, conheceu o Padre Ágio Moreira e seu projeto de música numa pequena comunidade. Foi quando teve a primeira experiência como regente.

Em 2020, a artista foi homenageada como uma das personalidades do ano pelo prêmio Sereia de Ouro, do Sistema Verdes Mares. Em vídeo divulgado na época da campanha, ela celebra sua carreira. “Mergulho na música e não morro afogada. Essa sou eu: Izaíra Silvino. Quando o cearense ganha o mundo, o mundo ganha”, celebra.

A família da artista prefere não divulgar o local do velório e da cremação da artista para evitar aglomerações, em virtude da pandemia do novo coronavírus.

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