Machado de Assis e ativistas negros de direita: As mudanças no acervo da Fundação Palmares
Após excluir obras, presidente Sérgio Camargo anunciou nomes que farão parte do novo acervoApós retirar obras do acervo da Fundação Cultural Palmares, alegando "dominação marxista" e sexualização infantil, Sérgio Camargo, presidente da instituição, afirmou que haverá um novo acervo "que abordará a cultura negra em sua riqueza, diversidade, valor e relevância”.
No início de junho, a gestão havia publicado o documento “Retrato do Acervo: A Doutrinação Marxista na Fundação Cultural Palmares 1988-2019”, que afirmava a existência de 9.565 obras em seu acervo, sendo, na visão dos responsáveis pelo relatório, 4.400 (46%) de “temática negra” e 5.165 (54%) de “temática alheia à negra”.
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Os autores alvos da exclusão foram Karl Marx, Simone de Beauvoir, Lênin, Max Weber, Celso Furtado, Carlos Marighella e Marco Antônio Villa. “Todas as obras que corrompem a missão cultural da Palmares serão excluídas. Um livramento!”, disse Camargo na ocasião. Ele também anunciou um novo relatório, que será publicado em 20 dias. Segundo o presidente, conterá “conhecimento aberto e acessível a todos, sem guetos nem militâncias”.
O novo acervo contará com Carolina Maria de Jesus, autora do clássico “Quarto de Despejo”, de 1960, e Machado de Assis, que tem tido sua negritude reivindicada pela militância negra nos últimos anos. Gilberto Freyre, autor de “Casa-Grande e Senzala”, e o poeta abolicionista Luiz Gama e Cruz e Souza, considerado um dos fundadores do simbolismo brasileiro, também foram citados.
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Carmago também anunciou a inclusão de obras estrangeiras, como as do sociólogo e ativista americano W.E.B. Du Bois e da conservadora Candace Owens, que comanda o movimento Blexit, uma reação direitista ao Black Lives Matter.
As mudanças não agradaram a todos. O deputado Marcelo Freixo entrou com uma ação pedindo “a suspensão de exclusão de qualquer patrimônio da Fundação Cultural Palmares, especialmente os livros elencados no relatório e o retorno à fundação, caso já tenham sido excluídos”. A Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 200 entidades, coletivos e organizações do movimento negro, também entrou com ação civil pública na Justiça Federal de São Paulo contra Sérgio Camargo para impedir a exclusão de obras do acervo da instituição.
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