Alunos se mobilizam para manter sede da Companhia Teatral Acontece

Com a pandemia de Covid-19, dificuldades de manutenção de espaços voltados à arte foram aprofundadas. Um dos afetados foi a Companhia Teatral Acontece (CITA), que, por meio de uma campanha mobilizada por alunos e ex-alunos, busca recursos financeiros para que o espaço não seja fechado.

Gestor do espaço, Almeida Júnior é formado em teatro e possui desde 2002 o curso de formação teatral da CITA, na cidade de Fortaleza. Durante seus 19 anos de existência, o curso se alojou em diversos lugares, desde teatros como José de Alencar e São José até a cozinha da casa do artista. "Ás vezes estávamos em um local e éramos avisados de que não poderíamos continuar. Tínhamos que nos mudar com os alunos, mesmo em meio às aulas", conta.

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A necessidade de ter um local fixo para proporcionar uma estrutura e estabilidade aos alunos foi se tornando prioridade ao passar dos anos. Em 2015, mesmo sem condições financeiras, Almeida e Felício da Silva, responsáveis pelo projeto, alugaram um espaço no bairro Monte Castelo, onde estão atualmente.

Mantido pelas mensalidades dos alunos, premiações de projetos e editais públicos, a companhia começou a passar dificuldades em 2020. Com a chegada da pandemia, foi necessário parar o curso. Alunos foram perdidos, assim como a renda das mensalidades e dos projetos.

"Ficamos completamente parados, sem nada. Tentamos manter o espaço durante esse tempo, mas o dinheiro acabou. o aluguel e as contas foram atrasando e se acumulando. Nossa energia foi cortada, tivemos que pedir dinheiro emprestado para amigos para que a energia fosse ligada", relata Almeida.

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Com três meses de aluguel atrasado e sem perspectiva de melhora, Almeida e Felício chegaram à conclusão de que a melhor decisão seria entregar o prédio. Os alunos, porém, resolveram lutar pelo espaço e se mobilizaram para iniciar a campanha “Juntos Pelo CITA”, arrecadando dinheiro por meio de rifas e doações pela internet.

Emocionado ao falar sobre a iniciativa dos alunos, Almeida diz que o principal retorno que possui com a companhia teatral é profissional, além da realização pessoal. “É ver seus alunos que entram com um processo de depressão e conseguem, através das aulas e do teatro, melhorar. É ver alunos que chegam com dificuldade de se comunicar, perdendo a timidez. Essa transformação, de ver nossos alunos evoluindo como seres humanos através da arte, é o nosso principal ganho. Financeiramente, não há retorno”

Juntos Pelo CITA

"Problemas foram feitos para serem resolvidos", foi esta frase que Klewerton Roger, aluno há quatro anos da Companhia Teatral Acontece, disse ao receber a notícia do Almeida e Felício sobre a entrega do prédio e o fim do projeto.

A informação pegou os alunos de surpresa, que, apesar de imaginarem as dificuldades, não sabiam da situação completa. “Foi um baque para nós. Imaginávamos que a situação não estava boa, mas não a esse ponto. Resolvi me posicionar e busquei, naquele momento, uma solução junto da turma”, conta Klewerton.

A primeira ideia sugerida por Klewerton foi dos alunos pagarem uma mensalidade extra. Apesar de aceita, não seria o suficiente. Foi então que decidiram utilizar a internet como mecanismo para alcançar mais pessoas, com produções de vídeos e divulgações. Rifas também começaram a ser vendidas.

De acordo com Klewerton, além da importância da companhia na sua formação profissional como artista e também pessoal, o projeto abrange muito mais do que o espaço físico que possui. “O CITA é muito importante para a comunidade. Muitas pessoas não têm acesso a arte e cultura, e eles proporcionam isso, além de diversas outras atividades culturais gratuitas para a população. O que eu sou hoje como artista foi construído dentro da companhia.”

Como ajudar?

Mesmo com a campanha, o dinheiro arrecadado não conseguiu atingir 30% do valor necessário para quitar o aluguel, luz e outros gastos até o mês de junho. Portanto, toda ajuda é importante.

As doações de qualquer valor podem ser feitas através do pix cacacta@gmail.com.

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