Filme "Carnaval" estreia na Netflix e faz abordagem leve sobre questões sociais

Estrelado por Giovana Cordeiro, "Carnaval" estreia nesta quarta-feira, 2, na Netflix. Confira entrevista exclusiva com o ator Micael Borges. Flávia Pavanelli e GKay também integram o elenco
Autor Luiza Ester
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Ao passo que diverte, o filme "Carnaval" toca em questões sociais pertinentes. Com cenas gravadas ao vivo no Carnaval de Salvador de 2020, na Bahia, o novo lançamento da Netflix fala sobre a força da amizade e o cotidiano das mídias sociais, mas não só.

Amores, sexualidade, cancelamento, egocentrismo, espiritualidade e patrimônio são algumas das múltiplas temáticas abordadas na produção brasileira. Estrelado por Giovana Cordeiro, GKay, Samya Pascotto e Bruna Inocencio, com Micael Borges e Flávia Pavanelli no elenco, o longa-metragem estreia hoje, 2, na plataforma de streaming.

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Na trama, Nina (Giovana Cordeiro) é uma influenciadora digital — a profissão "do momento", que cria tendências no mundo on-line a partir da fidelidade de seu público — em ascensão. Com cerca de 300 mil seguidores na rede social Instagram, ela busca a marca do primeiro milhão.

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Nina namora o praticante de crossfit e também influenciador Marcão (Lipy Adler). O relacionamento parece de fachada, baseado no engajamento que um pode oferecer ao outro.

Quando um vídeo da traição de Marcão viraliza, Nina vira chacota na Internet, "a corna do crossfit". Para superar o término, a jovem consegue um novo trabalho: integrar o time de influenciadoras convidadas do cantor de axé Freddy (Micael Borges), no Carnaval de Salvador, capital da Bahia.

Nina faz a chamada "permuta" e abdica do retorno financeiro para levar suas três melhores amigas, Michele (GKay), Vivi (Samya Pascotto) e Mayra (Bruna Inocencio), na viagem.

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A força da amizade das personagens Nina, Vivi, Mayra e Michele no filme
A força da amizade das personagens Nina, Vivi, Mayra e Michele no filme (Foto: Divulgação/Netflix/Desiree do Vale)

O quarteto inseparável é formado por personalidades muito distintas, mas que se completam de alguma forma. Aí mora um dos destaques do filme.

Mayra, amiga de infância de Nina, é ligada ao poder das pedras e dos cristais para o equilíbrio espiritual, mas enfrenta grandes traumas. Já Vivi gosta de videogames e tudo relacionado à cultura geek, como tecnologia e filmes de ficção científica ("Star Wars", por exemplo). Michele é desbocada, fala o que pensa, faz amizade fácil e não tem tempo a perder quando o assunto é conquista. A produção explora essas individualidades, entregando para cada personagem uma subtrama.

Isso também acontece com outros papéis, embora com menor tempo de tela. O cantor baiano Freddy vive um expoente na carreira, mas passa por conflitos internos. Já Luana (Flavia Pavanelli) é a influenciadora "musa" de Nina. Ela chega à trama para aconselhar a protagonista sobre como atingir a tão sonhada fama. No entanto, a "superstar das redes" se vê presa no próprio pedestal.

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Quem também integra o elenco do filme são os atores baianos Jean Pedro e Rafael Medrado, que interpretam, respectivamente, o produtor Salvador e o guia de turismo Samir. Salvador tem alma receptiva, aprecia a vida e apresenta a "Salvador de Salvador". Já o tímido Samir é praticante de esportes e, ao mesmo tempo, um apaixonado pela cultura geek.

Produção da Camisa Listrada em parceria com a Netflix, "Carnaval" tem direção de Leandro Neri. Ele também assina o roteiro, junto com Luisa Mascarenhas e Audemir Leuzinger. Na trilha sonora, além do hit de Freddy, destaque para Durval Lelys com "We Are The World of Carnaval" (1988).

Ambientada em Salvador, na Bahia, a comédia também explora o patrimônio histórico e cultural da primeira capital do Brasil. No âmbito da espiritualidade, o filme apresenta um ritual de benzimento. Ao que parece, há a preocupação em trazer assuntos pertinentes ao mundo contemporâneo — numa história jovial e divertida — sem o aspecto caricato.

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A trama de 'Carnaval' é ambientada em Salvador, uma das folias mais famosas do Brasil
A trama de 'Carnaval' é ambientada em Salvador, uma das folias mais famosas do Brasil (Foto: Divulgação/Netflix/Desiree do Vale)

No meio da maior festa de rua do mundo, cada personagem tem um reencontro consigo e descobre a força do outro em suas vidas. Os afetos regem essas descobertas.

As cenas da multidão carnavalesca foram gravadas ao vivo, quando a Covid-19 ainda não era uma realidade no País. O restante das filmagens aconteceu em estúdio ou locação, seguindo protocolos sanitários.

Enquanto a folia não pode chegar, o filme "Carnaval" lembra o ritual mágico, como na canção "Beija-flor" (1993) da banda Timbalada: "No tic-tic-tac do meu coração renascerá".

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"Fazer cinema é uma coisa mágica"

Ator, cantor e compositor, Micael Borges interpreta Freddy no filme "Carnaval". Ao O POVO, o artista repercute a preparação de elenco para o personagem, a sua relação de anos com a música e as questões sociais abordadas no longa-metragem.

O POVO - Quando surgiu o convite para o papel de Freddy no filme “Carnaval”?

Micael Borges - Entraram em contato com o meu escritório. Em conversa com eles, a gente fez uma videochamada, a gente fez meio que um teste pra fazer o personagem. Acabou que rolou! Eu já conhecia o diretor também, ele já conhecia um pouco do meu trabalho. Foi mais ou menos assim... A gente foi conversando, entendendo o personagem. No final, deu tudo certo a negociação. Rolou o filme e foi incrível fazer.

OP - O Freddy canta, performa, tem sotaque. Além de ator, você também é cantor e compositor... Tem outros trabalhos que mesclam esses ofícios. Como se deu a preparação de elenco para o personagem, levando em conta a sua relação com a música?

MB - Quando eu descobri que o personagem era cantor, já falei que eu precisava muito fazer, porque tá no universo da música, que é o meu universo. Depois eu fiquei um pouco, assim, meio apreensivo por conta do sotaque. Mas a gente teve uma equipe muito boa que tomou conta, junto com a Leila, que foi minha preparadora. A gente estudou bastante sotaque, a gente assistiu bastante vídeos. Eu também assisti bastante vídeo e falava muito em casa, pra não ficar uma coisa caricata. Essa era uma preocupação, né? Apesar do filme ser uma coisa leve, a gente teve essa preocupação, o cuidado para não ficar um sotaque caricato. O sotaque baiano tem as suas particularidades e em cada região da Bahia muda um pouco. Eu assisti bastante entrevistas com cantores e de comediantes, para ver como eles falavam naturalmente, como era “a tirada”. O sotaque baiano tem muita tirada, falando muito rápido. Foi uma preparação maravilhosa, eu gostei muito, principalmente por conta da música e do personagem. Eu amei o Freddy. Foi um dos personagens que eu mais amei de fazer.

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OP - E é um personagem com muitas camadas…

MB - Sim, tem essa parte também. Além da gente preparar o sotaque, tem a camada de que o Freddy tem uma relação com o produtor. A gente se preocupou em não ter trejeitos, até porque não é uma regra, né? Não necessariamente tem trejeitos. A gente se preocupou nessa parte também, a gente manteve ali uma linha do personagem divertida, leve, tomando conta também para não entregar. Graças à preparação, a gente teve uma preparação muito boa junto com os diretores e os colaboradores também. A gente conseguiu compor esse personagem da melhor forma possível.

OP - O filme traz uma essência leve, jovial e divertida. Queria que você falasse um pouco sobre o processo de realização. Como era o ambiente do set de filmagens e a parceria entre a equipe?

MB - Demais, cara! Eu amo cinema, por causa disso também. Fazer cinema é uma coisa mágica. Apesar de não ser tão fácil de fazer, o set é sempre muito leve. A gente tá fazendo o que a gente ama. Tá todo mundo ali fazendo o que ama. O clima de set era sempre muito incrível, a gente conseguia cumprir todos os planos. A gente finalizou em março. Rodamos no Carnaval (de 2020) e voltamos para São Paulo. A gente ia para o Rio de Janeiro, para fazer uma parte lá, que seria estúdio, mas teve pandemia. A gente conseguiu voltar depois, seguindo todos os protocolos. E a gente conseguiu manter esse clima no set. Foi incrível, assim. A equipe é maravilhosa. Trabalhar na Netflix pra mim tá sendo incrível também. A experiência foi incrível, eu tô muito feliz de tá fazendo parte desse projeto. Tem outros projetos também vindo. Foi incrível.

OP - O filme teve cenas gravadas ao vivo no Carnaval de Salvador de 2020, um pouco antes da pandemia da Covid-19 chegar ao Brasil. Vendo as cenas agora e sabendo que já faz mais de um ano que as aglomerações viraram saudade, o que você sente?

MB - Quando a gente estava rodando o filme em Salvador, a gente não ficou sabendo de casos. Quando a gente voltou, a gente descobriu que ia ter que paralisar tudo… Assim, de uma forma geral, cara… A gente vê o que tá acontecendo. Sem entrar a fundo em questões políticas, a gente sabe que muita coisa poderia ter sido evitada, né? A gente tá aprendendo bastante coisa, foi uma coisa nova pra todo mundo, pra todos os países, pro mundo inteiro, na verdade. Mas eu tenho fé de que tudo vai voltar ao normal, um “novo normal”, que a gente vai conseguir levar nossos projetos adiante. Agora, com um aprendizado novo. A gente aprendeu muita coisa no meio dessa pandemia. Foi uma época de ressignificação para todo mundo. A gente viu o que era importante, o que não era. A gente viu que todo mundo precisa do outro. A gente aprendeu muita coisa.

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OP - Apesar de ser uma comédia, o filme aborda de uma forma leve e divertida debates essenciais, como o cotidiano das redes, a relações de afeto e a homofobia. De que forma esses temas te movimentam enquanto artista?

MB - Olha, eu acho que… Eu tenho um filho. Quando alguém me pergunta sobre essas questões, eu sempre cito o meu filho. Eu aprendi no teatro e em casa o respeito acima de tudo. Independentemente de qualquer posicionamento que a pessoa tiver, a gente tem que ter respeito. Mesmo quando a gente for expor nossas opiniões. Eu acho que, quando a gente não tem o respeito, a gente não consegue entender o ponto de vista do outro ou o que a pessoa está sentindo. A gente precisa do próximo, né? Pra tudo. A gente sozinho não é ninguém. Então, eu prezo sempre pelo respeito, independentemente do que for. O respeito é a base de tudo.

Estreia do filme

Quando: quarta-feira, 2
Onde: Netflix

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