Polanski revisita infância durante o Holocausto em novo filme
No documentário "Polanski, Horowitz. Hometown", o diretor francês revista lugares, pessoas e histórias ao lado do fotógrafo Ryszard Horowits, também sobrevivente do holocausto
16:16 | Mai. 31, 2021
O cineasta Roman Polanski revisita o "horror" de sua infância durante o Holocausto em um novo documentário que estreou neste domingo, 30, em sua cidade natal, a Cracóvia. O filme segue Polanski enquanto ele percorre a cidade com o fotógrafo Ryszard Horowits, um velho amigo sobrevivente do Holocausto, a quem conheceu no gueto judaico, durante a guerra.
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O documentário trata da "memória, dos confrontos com o passado, a transitoriedade, o trauma, o destino", afirmou Mateusz Kudla, que dirigiu e produziu o filme conjuntamente com Anna Kokoszka-Romer. "Através destes dois personagens que tiveram sorte, que sobreviveram, também queremos mostrar a tragédia de todos os residentes do gueto de Cracóvia que não conseguiram", disse Kudla à AFP.
Em uma cena de "Polanski, Horowitz. Hometown", que inaugurou o Festival de Cinema de Cracóvia deste ano, Polanski lembra de quando viu um oficial nazista atirando em uma idosa pelas costas e o sangue jorrando como se fosse uma fonte.
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"Apavorado, corri pela porta que estava atrás de mim.... Me escondi por trás destas escadas", conta Polanski, que tinha seis anos quando teve início da Segunda Guerra Mundial. "Foi meu primeiro encontro com o horror", explica a Horowitz, que o observa com atenção.
Horowitz, que foi um dos que receberam ajuda do industrial alemão Oskar Schindler, arregaça a manga da camisa em outra cena para mostrar o número tatuado no antebraço quando chegou, aos cinco anos, ao campo de extermínio de Auschwitz.
"Às vezes fico olhando para o vazio e penso que não pode ser certo, que deve se tratar de uma brincadeira estúpida. É possível ter estado lá e sobrevivido?", comenta Horowitz. O filme também exibe o momento em que Polanski, visivelmente emocionado, se reúne com o neto de Stefania e Jan Buchala, o casal de camponeses católicos poloneses que o esconderam dos nazistas.
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O filme não faz qualquer menção às acusações de agressão sexual contra Polanski, que foi declarado persona non grata em Hollywood e que não pode voltar aos Estados Unidos, onde há uma ordem de prisão contra ele.
"Esse não era nosso enfoque, não era nossa intenção defender ou acusar ninguém. Este filme trata de outro capítulo da vida de Roman Polanski", explicou Kokoszka-Romer. Os diretores esperam que o documentário possa ser disponibilizado on-line ou em plataformas de streaming. (AFP)
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