"Cruella" estreia nesta sexta-feira, 28, no Disney Plus; confira crítica

O live-action "Cruella", dirigido por Craig Gillespie e protagonizado por Emma Stone, será lançado no Disney+ nesta sexta-feira, 28. Filme explora o passado de uma das maiores vilãs da Disney

12:00 | Mai. 27, 2021

Por: Clara Menezes
Cruella chega ao Disney+ nesta sexta-feira, 28 de maio (foto: Laurie Sparham/ Disney)

Desde o primeiro longa-metragem produzido pela Disney há quase nove décadas, existe um padrão que permeia quase todas as narrativas. De “Branca de Neve e os Sete Anões”, lançado em 1937, até o live-action de “Mulan”, divulgado em 2020, a semelhança é perceptível.

As histórias estão conectadas pela dualidade entre o bem e o mal. Há uma diferença óbvia entre os “heróis” e os “vilões”. Essa estrutura, entretanto, tem sido mudada há alguns anos. Com “Raya e o Último Dragão” (2021), por exemplo, os antagonistas são mais complexos do que a tradição.

Em “Cruella”, a situação também é diferente. O enredo explora o passado de uma das vilãs clássicas das produções infantis: Cruella de Vil (ou Cruela Cruel). A estilista com o cabelo dividido ao meio em tons de preto e branco, o vício em cigarros, a fascinação por pele de animais e o desejo de roubar dálmatas para produzir sua linha de roupas são características que remetem diretamente à personagem de “101 Dálmatas” (1996).

E quando o designer de jogos Roger Dearly canta a música sobre a antagonista no filme original, já havia uma indicação acerca do que havia acontecido na trajetória dela. “Eu tenho bem certeza que Cruela veio de um lugar que é bem cruel. Seus olhos são de alguém, são de alguém que vem do além. E esse além, eu sei, não é do céu”.

Leia também | Timothée Chalamet interpretará Willy Wonka em spin-off, afirma site

Mas a narrativa não é como “Malévola” (2014), responsável por trazer uma perspectiva profunda a outra icônica vilã do cinema e dos contos de fada. Na obra da bruxa de “A Bela Adormecida” (1959), ela era uma fada inocente, que se torna uma mulher amarga após uma grande traição em sua vida.

A questão é que, neste primeiro conteúdo da Disney focado inteiramente na “inimiga” da história original, existe um motivo que leva Malévola a virar uma pessoa amarga. É uma explicação literal do conceito de Jean-Jacques Rousseau: “o ser humano nasce bom, a sociedade que o corrompe”.

Com a estilista, as justificativas para sua maldade não estão explícitas - e isso é um dos grandes destaques do filme. Estella, vivida pela vencedora do Oscar Emma Stone, perde sua mãe quando ainda era uma criança. Órfã, ela cresce com a companhia de Horácio (Paul Walter Hauser) e Jasper (Joel Fry). Os três se tornam ladrões nas ruas de Londres, no Reino Unido, e constroem uma vida para si em meio à ilegalidade.

A jovem, porém, sempre teve talento para a criação de peças de roupa. Assim ganha a oportunidade de trabalhar com a Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), um dos nomes de maior relevância da moda na época. A profissional se interessa pelo trabalho de Estella, mas essa parceria desencadeia uma sucessão de eventos trágicos.

Leia também | Marvel divulga trailer de "Eternos"; veja todos os detalhes e personagens

Apesar das adversidades que intensificam sua personalidade maligna, a antagonista sempre conviveu com o alter-ego de Cruella. Mesmo durante a infância, o cabelo dividido em duas cores e as reações na escola já revelavam que havia uma certa maldade em sua essência.

As situações que vive na juventude são gatilhos que impulsionam suas mudanças de humor e seu egoísmo, mas não são - em momento algum - os motivos. É uma indagação oposta à Malévola: será que alguém pode nascer mau?

Ao mesmo tempo em que a personagem tem uma crueldade intrínseca, também demonstra altruísmo e bondade. O amor pela mãe já falecida, o cuidado com os dois melhores amigos e o carisma que transmite às pessoas que gosta são sentimentos que confrontam seu lado perverso.

A dualidade, comumente vista nos filmes da Disney em dois personagens diferentes, está em uma só pessoa. E isso também causa sensações antagônicas no espectador, que caminha entre o desgosto e a afeição com Cruella. Repleta de nuances, a personalidade é interpretada de maneira impecável por Emma Stone, que ganhou o Oscar na categoria “Melhor Atriz” por seu papel em “La La Land” (2016).

Leia também | Saga de livros "Vampire Academy" ganha série produzida pelas roteiristas de "The Vampire Diaries"

Para quem busca entender as motivações da vilã em “101 Dálmatas”, há algumas explicações. É possível compreender seu ódio pela raça de cachorros, a fidelidade com seus “capangas” e a riqueza exacerbada que detém.

Dirigido por Craig Gispelle, “Cruella” chega à plataforma de streaming Disney+ nesta sexta-feira, 28 de maio, por meio de uma assinatura adicional: quem pagar o “Premier Access”, por R$ 69,90, pode assistir ao filme em casa. O conteúdo estará disponível para os demais assinantes a partir do dia 16 de julho.

Veja trailer

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker.