Após confinamento, arte volta a Londres com Alice no País das Maravilhas

O V&A Museum de Londres propõe ao visitante entrar no universo de "Alice no País das Maravilhas" mais de 150 anos depois do lançamento da obra de Lewis Carroll

Chapeleiro maluco, diálogos sem pé nem cabeça, um mundo que desafia as regras físicas... Para sua reabertura, o grande V&A Museum de Londres propõe ao visitante desorientado após um ano absurdo de pandemia entrar no universo de "Alice no País das Maravilhas".

Mais de 150 anos depois, esta obra-prima da literatura britânica publicada em 1865 por Lewis Carroll - cujo nome verdadeiro era Charles Lutwidge Dodgson - continua a inspirar artistas.

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Numa exposição que reúne trajes teatrais, cenas de filmes, fotos, caricaturas, manuscritos originais e instalações diversas, o Victoria and Albert Museum explora a partir deste sábado "as origens, adaptações e reinvenções" desta história mítica.

Kate, a Duquesa de Cambridge, visitou a exposição 'Alice: Curiouser and Curiouser'
Kate, a Duquesa de Cambridge, visitou a exposição 'Alice: Curiouser and Curiouser' (Foto: JONATHAN BUCKMASTER / POOL / AFP)

Já na entrada, o visitante é conduzido a uma situação difícil: para chegar à exposição, "Alice: cada vez mais curiosa", deve subir uma escada escura com setas apontando em todas as direções, representando a queda da heroína na toca do coelho, para chegar ao porão mal iluminado do museu. É uma experiência envolvente, combinando efeitos sonoros e visuais com cenografia muito avançada.

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Um passeio marítimo vitoriano, o jardim de rosas da "Rainha de Copas", uma sala escura com o sorriso misterioso do "Gato Risonho", um tabuleiro de xadrez e, claro, a famosa mesa onde o "Chapeleiro Maluco" e a "Lebre de Março" tomam chá.

"Um mundo de loucos"

Os museus ingleses começaram a reabrir ao público na segunda-feira, 17, emergindo de um longo sono forçado pela pandemia, que matou quase 128.000 pessoas no Reino Unido.

No V&A, máscaras, álcool em gel e distanciamento estão na ordem do dia. Está prevista a limpeza periódica dos pontos interativos, como o que permite jogar croquet contra a "Rainha de Copas" em realidade virtual.

Embora a ideia tenha nascido antes da pandemia, esta exposição, originalmente marcada para junho de 2020, chega em um bom momento, diz a curadora Harriet Reed.

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Kate, a Duquesa de Cambridge, visitou a exposição 'Alice: Curiouser and Curiouser'
Kate, a Duquesa de Cambridge, visitou a exposição 'Alice: Curiouser and Curiouser' (Foto: JONATHAN BUCKMASTER / POOL / AFP)

Depois de um terceiro confinamento, "todos nos sentimos um pouco cansados, exaustos, sem inspiração", comentou à AFP, ao apontar no mundo imaginativo de Alice um possível remédio, graças a "sua enorme dose de otimismo e determinação".

Diante da pandemia, "todos podemos nos inspirar na viagem de Alice, sua teimosia e seu desejo de superar circunstâncias muito difíceis", acrescenta. Até porque, "neste momento, temos claramente a impressão de viver num mundo de loucos onde tudo está ao contrário", brinca.

Símbolo de emancipação

Dividida em cinco partes, a mostra primeiro analisa as origens do romance e a influência da sociedade vitoriana em seu mundo, antes de passar para as adaptações cinematográficas de Alice.

Inclui trechos do famoso desenho animado de Walt Disney e do filme de Tim Burton, bem como o primeiro filme mudo sobre a heroína e uma infinidade de animes japoneses inspirados nela.

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'Alice no País das Maravilhas' ganhou uma adaptação ao cinema com direção de Tim Burton
'Alice no País das Maravilhas' ganhou uma adaptação ao cinema com direção de Tim Burton (Foto: Divulgação)

As três últimas seções tratam da influência do personagem no surrealismo e nos anos 1960 - com uma edição original do clássico ilustrado por Salvador Dalí - , a transposição do mito em balés e peças, e o "fascínio contemporâneo" de Alicie por meio de múltiplas reinvenções.

A exposição "tenta responder" à pergunta "impossível" de por que Alice continua a inspirar tanto depois de mais de um século, diz Reed. "É em grande parte devido ao caráter forte da heroína", acredita, elogiando a "incrível determinação e coragem" do personagem que se tornou "icônico". Alice "é forte o suficiente para enfrentar a autoridade e lutar pela justiça", acrescenta.

Em sua peça favorita, um espetáculo encenado por sufragistas do Reino Unido, essas ativistas voltaram à personagem de Alice para convencer as mulheres a exigirem o direito de voto. Na opinião de Reed, "Alice é um símbolo do empoderamento e emancipação feminina". (Por Charlotte Durand/ AFP)

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