Após superar a Covid-19, cantor lança livro e disco inspirados na Amazônia

O geógrafo e músico Francisco Girão realizou parceria em trabalho independente com o colega de profissão, Eduardo Gomes, vítima do coronavírus em janeiro

15:45 | Mai. 21, 2021

Por: Lara Montezuma
Francisco Girão em live de divulgação do CD Paragem - Músicas para a Amazônia. (foto: Arquivo pessoal)

Receber a notícia da cura da covid-19 pode ressignificar a vida. Os períodos de isolamento rígido, os sintomas desconhecidos e as incertezas causadas pela doença despertam o medo do que virá. O geógrafo, cantor e compositor Francisco Girão, transmutou as perplexidades da doença ao lançar o livro “O Brilho da Inocência - Poesias para Amazônia” e o álbum “Paragem - Músicas para a Amazônia” após período de internação e a perda do colaborador nos projetos, o também geógrafo Eduardo Gomes, para o coronavírus.

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Cearense natural de Quixadá, Francisco mora há 20 anos no Amazonas e vive no município de Parintins. Com apreço pela arte desde a infância por influência de familiares, escreveu sobre a natureza durante a quarentena para afugentar a mente da realidade solitária. Após se ver desempregado, aplicou para um edital com recurso da Lei Aldir Blanc, conseguiu a aprovação e recebeu o prêmio Feliciano Lana com as duas criações independentes inspiradas na biodiversidade, no bioma amazônico e nos amazonenses.

Ele convidou o amigo Eduardo Gomes, morador de Manaus, para compor o projeto musical. Logo após o primeiro dia de estúdio, quando três músicas foram gravadas, os dois começaram a sentir sintomas gripais e tiveram que interromper o trabalho. Eduardo foi internado assim que retornou para casa e Francisco acabou sendo direcionado para o hospital no dia 13 de janeiro, já diagnosticado com o coronavírus.

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Eu fiquei 15 dias entre o sentimento de dor e medo. Dor pela medicação, pelos efeitos, e o medo de morrer. O vírus afetou o meu sistema todo, principalmente o respiratório e a coordenação motora. Perdi muito peso, já se passaram quatro meses e até hoje tenho limitações”, explica o cantor. A felicidade de estar curado e retornar à vida normal foi interrompida ao saber que o parceiro de projeto não teve o mesmo destino. Eduardo faleceu no dia 17 de janeiro, quatro dias após a internação de Francisco.

“Com o óbito do meu parceiro, eu fiquei em depressão. Tive que gravar tudo novamente, porque tinha dividido tudo com ele e queria fazer uma homenagem para ele ainda em vida, que ainda não tinha tido a oportunidade de mostrar o talento em um disco”, lamenta. O disco foi finalizado pelo cearense, mas ainda conta com as contribuições do parceiro e é uma homenagem simbólica à amizade e às parcerias que realizaram juntos. 

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Ambos os projetos, disponíveis apenas em versão física, aproximam o público de tudo aquilo que a Covid parece ter afastado: a natureza, as relações humanas e as expressões de vida em pequenos momentos, como a contemplação do rio Amazonas, que corta a cidade de Parintins. O álbum conta com títulos como "Saudade", "Recordando" e "Passarinho" e repassa a vivência de um sobrevivente que, otimista, tem a esperança de que todos possam ser vacinados para “retornar o curso normal”.

Serviço

Livro “O Brilho da Inocência - Poesias para Amazônia” e disco “Paragem - Músicas para a Amazônia”
Quanto: R$ 50,00 cada unidade 
Encomendas: (092) 99499 5473

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