"Army of The Dead" marca o retorno de Zack Snyder aos filmes de zumbi; veja crítica
"Army of the Dead: Invasão em Las Vegas" marca o retorno de Zack Snyder ao gênero de filmes de zumbi e será lançado na Netflix na próxima sexta-feira, 21 de maio
17:10 | Mai. 12, 2021
“A cidade das luzes brilhantes vai colocar minha alma/ Vai colocar minha alma em chamas/ Tenho um monte de dinheiro que está pronto para queimar/ Então coloque aquelas estacas mais alto/ Há milhares de belas mulheres esperando lá fora/ E elas são todo o sustento com que um diabo tem que se preocupar/ E eu sou apenas o diabo com amor de sobra/ Viva Las Vegas, Viva Las Vegas”.
A voz do rei do rock Elvis Presley entoa a letra de “Viva Las Vegas” (1964) como uma crítica à cidade famosa por seus cassinos e por sua luxúria. É também o que introduz o espectador ao filme “Army of The Dead: Invasão em Las Vegas”, que estará disponível na Netflix a partir de sexta-feira, 21 de maio.
Nos minutos de duração da canção, uma história que renderia outro longa-metragem acontece: um zumbi foge após uma falha na missão de alguns militares, invade Las Vegas e converte milhares de pessoas em mortos-vivos. Então os sobreviventes lutam até que conseguem isolar o local do restante do mundo.
Mas o enredo começa apenas alguns anos depois: quando o governo estadunidense divulga que destruirá o ambiente definitivamente em menos de dois dias, o dono de um cassino Bly Tanaka procura o ex-herói de guerra Scott Ward para invadir o lugar e recuperar um cofre com 200 milhões de dólares.
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Em um trabalho sem muita remuneração e com a falta de reconhecimento sobre seus feitos, o homem aceita a proposta. Neste desafio, reúne uma equipe de especialistas para encontrar o dinheiro na cidade isolada. Durante o período, precisarão sobreviver e retornar com vida.
A obra é protagonizada por Dave Bautista (“Guardiões da Galáxia”) e conta com participações de Ella Purnell, Ana de la Reguera, Garret Dillahunt, Raúl Castillo, Omari Hardwick, Nora Arzeneder, Theo Rossi e Hiroyuki Sanada.
A narrativa criada por Zack Snyder (“Batman vs Superman: A Origem da Justiça” e “Liga da Justiça”) marca o retorno do diretor às produções de zumbi depois de um longo período de trabalho com os super-heróis do Universo Estendido da DC.
Seu primeiro conteúdo do gênero, considerada também sua estreia nos cinemas, foi a “Madrugada dos Mortos” (2004). Mas há diferenças sutis entre este filme e os outros que abordam a mesma temática.
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No novo longa-metragem, por exemplo, há uma certa evolução na maneira em que os mortos-vivos agem. Eles têm uma forma de organização específica e não se importam em caçar os humanos compulsivamente.
“Os zumbis perduram no cinema e na cultura pop. Acho que isso acontece porque eles são um monstro em que o monstro é a gente sem a humanidade. Então é sempre uma ótima maneira de pensar. E isso é assustador”, comenta Zack Snyder em coletiva de imprensa.
Para ele, não bastava inspirar-se nas clássicas narrativas já vistas em outros filmes. “Eu quis dizer: o que mais? Uma das principais teses enquanto pensávamos no filme era essa noção de que os zumbis passaram por uma evolução, até mesmo uma substituição. Eles não eram ambiciosos, não estavam destruindo o planeta, não eram realmente agressivos a não ser que nós os provocássemos primeiro”, diz.
Mesmo com essas distinções, a história não é tão diferente da estrutura tradicional do gênero. Há sangue, violência explícita, incontáveis mortes, combates corporais e um tempo restrito para completar a missão em um lugar deteriorado pelo apocalipse.
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Mas um dos maiores destaques é o ator Dave Bautista, que interpreta o protagonista Scott Ward. O ex-lutador de MMA já se tornou um nome recorrente na indústria estadunidense por causa de suas interpretações em obras de ação. Deu vida, por exemplo, a “Drax, o Destruidor” dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Entretanto, seus trabalhos nunca revelaram uma grande complexidade de emoções.
Em “Army of The Dead”, ele mostra uma interpretação mais profunda para os fãs dos super-heróis e dos filmes de ação que estavam acostumados a vê-lo em um determinado padrão de personagem. Bautista permanece dentro do estereótipo dos protagonistas de ação, porém, alcança um densidade dramática a partir da relação de Scott com a filha, Kate (Ella Purnell).
Demonstra uma gama de sentimentos, como luto, trauma e dor. Também apresenta algo ainda mais simples, que está presente no cotidiano de tantas pessoas: a tentativa de um pai de recuperar um relacionamento familiar desgastante. “Eu fiz filmes que tem muita ação, mas eu nunca tive a oportunidade de fazer algo que realmente mostrasse meu alcance como o ator”, identifica.
Ele conta que, na primeira vez que teve contato com o roteiro, não demonstrou tanto interesse. Somente quando descobriu que Zack Snyder tinha uma preferência nele que retornou ao texto e percebeu que a história era diferente do que imaginava.
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“Foi uma oportunidade de mostrar todos os meus diferentes lados. Ainda é uma história sobre um pai que está apenas tentando se redimir com sua filha. Isso foi meio o que me ‘vendeu’ para o trabalho. Para mim, é uma história de redenção”, pontua.
“Army of The Dead”, que teve o roteiro elaborado durante o processo de filmagem, deixa pontas soltas para - talvez - um próximo longa-metragem. A produção audiovisual tem mais de duas horas na tentativa de focar em vários arcos narrativos distintos. E esse tempo é, por vezes, cansativo.
O que poderia ser reduzido em vários minutos dá espaço a histórias de personagens que não têm o desenvolvimento que mereciam, por exemplo, a relação entre Ludwig (Matthias Schweighöfer) e Vanderohe (Omari Hardwick) ou as motivações de Lily (Nora Arnezeder).
“A parte emocional do filme é a peça em muitas perspectivas. Os personagens de todos e onde eles estão emocionalmente são uma parte importante. Mesmo que você possa dizer que é um filme de zumbi, no final, também é um filme de drama de várias maneiras”, defende Zack Snyder.
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