Com tema "Poéticas de Travessia" em 2021, Porto Iracema das Artes oferta 165 vagas para cursos gratuitos
As sete formações abrem o ano letivo de 2021 da Escola, que tem como tema norteador "Poéticas de Travessia". As aulas devem acontecer de 23 de fevereiro a 1º de abril. Inscrições seguem até 19 de fevereiroCom a temática "Poéticas de Travessia" definida para o ano letivo de 2021, em referência aos desafios da formação artística durante a pandemia da Covid-19, o Porto Iracema das Artes abre inscrições para sete cursos do Programa de Formação Básica. Com 165 vagas, as formações on-line e gratuitas são distribuídas entre os programas de diferentes linguagens da Escola: Programa de Fotopoéticas (90 vagas) e Cursos Básicos de Artes Visuais (40), Artes Cênicas (20) e Audiovisual (15). As aulas devem acontecer de 23 de fevereiro a 1º de abril. Inscrições seguem até 19 de fevereiro, por meio do formulário disponível na plataforma virtual da instituição.
As vagas têm como público prioritário alunos da rede pública de ensino, entre 16 e 29 anos, que estejam cursando ou já tenham concluído o Ensino Médio. No time de professores dos cursos, artistas e pesquisadores cuja experiência do ano de 2020 foi atravessada pelo formato virtual: Zeca Ferreira, Aline Motta, Ma Njanu, Rômulo Silva, Deri Andrade, Lucas Dilacerda, Manuela Eichner e Trupe Motim de Teatro. O resultado da seleção será divulgado dia 22 de fevereiro, também na plataforma virtual da Escola.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Tais formações do Programa de Formação Básica já são orientadas pela abordagem "Poética de Travessia", com conceitos que discutem trâmites entre ideias — supostamente — contrárias na criação artística. Fale-se, aqui, sobre o situar num percurso entre mundos, atravessando fronteiras e sendo atravessado. Um ponto de sublimação, onde não há propriamente definições antagônicas, mas sim os sentidos em suas mais diversas formas, linguagens, percepções e provocações.
Os Cursos Básicos da Escola vão iniciar e acontecer, pela primeira vez, no formato on-line. Em 2020, quando as inscrições deveriam começar para a formação presencial, o isolamento social aconteceu. Para Bete Jaguaribe, diretora do Porto Iracema das Artes, “2020 foi um ano trágico, que nos interpelou em todas as dimensões”. A partir da temática “Poéticas de Travessia”, se propõe o pensamento sobre a experiência social durante a pandemia, especialmente no que toca a dimensão estética.
“Essa reflexão contamina todos nossos processos de formação, de pensamento sobre artes, sobre a invenção da vida, portanto, também os processos culturais, que têm a ver com o que o País vive enquanto nação, enquanto comunidade”, comenta Bete. Guimarães Rosa, Salomé Lopes Coelho e Michel Foucault foram alguns dos pensadores que inspiraram a provocação temática.
O tema foi definido a partir de indagações que atravessaram a Escola durante o ano anterior. Trata-se de abrir o diálogo profundo com essas próprias questões e com as diversas vozes participantes deste tensionamento: “É um paradoxo, mas o isolamento social tende a instaurar um sentimento de individualidade. Ao mesmo tempo, a ideia do coletivo se renova enquanto utopia. A solidariedade se coloca como urgência. As urgências da criação coletiva se fazem muito fortes, inclusive como estratégia de sobrevivência”, acentua a diretora.
“Travessias Afetivas: Estética, Política e Arte Contemporânea”, ministrado pelo artista e pesquisador Lucas Dilacerda, é um dos cursos disponíveis. Na formação, será discutido como os valores empresariais do capitalismo têm transformado a vida e o mundo da arte. Para Lucas, os valores neoliberais (produtividade, velocidade, cronometragem etc) produzem a proliferação de afetos tristes (medo, insegurança, ansiedade, cansaço etc). Obras de Victor Cavalcante, Aoruaura e Caie Prado são algumas das manifestações artísticas utilizadas para abordar o tema.
“Diversas manifestações artísticas na arte contemporânea têm denunciado a falência desse mundo neoliberal e colonial como conhecemos, produções artísticas que se manifestam em diversos modos de expressão. A arte tem a potência de criar novos mundos possíveis, bloqueando, mesmo que de maneira efêmera e perecível, as forças neoliberais e coloniais do mundo como conhecemos para, a partir disso, abrir brechas que possibilitem jorrar o impossível e instaurar novos espaços e tempos que nos curam e nos alimentam de vida e coragem”, aponta Lucas.
O artista e pesquisador espera que os alunos, após o curso, carreguem consigo referências artísticas que “apontam para uma travessia em direção a afetos alegres e novos mundos possíveis”.
Veja mais sobre os cursos
- Audiovisual
1. "TÃO LONGE, TÃO PERTO: Oficina de Cinema Documentário", com Zeca Ferreira (15 vagas)
Temas em debate:
– O cinema documentário: breve histórico e princípios teóricos;
– O cinema documentário, novas tecnologias e experimentos de linguagem (ex: som direto, câmeras mais leves, cinema digital, etc.);
– Arquivo. Memória pessoal e memória coletiva;
– A autoria como construção. Multiplicidade de olhares e pontos de vista/lugares de fala (as conquistas dos últimos anos e os desafios atuais). O olhar e a voz do realizador. O ensaio como forma;
– Os desafios para o cinema em tempo de pandemia.
Quando: 2 de março a 1º de abril, terças e quintas, de 10h às 13 horas (30 h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio, com interesse em cinema documentário.
Requisito: É necessário um celular com câmera e acesso à internet.
Exercícios: Diários de rotina e cartas fílmicas, a partir dos quais cada participante esboça um projeto final.
– Fotopoéticas
2. "Fotografia e memória: a água é uma máquina do tempo", com Aline Motta (30 vagas)
Aline Motta compartilha sua criação artística, realizada a partir damemória e das trajetórias de vida de alguns de seus familiares. Os participantes do curso terão o encontro com estratégias e ferramentas para desenvolver e aprofundar pesquisas artísticas, a partir de suas próprias histórias de vida e experiências em suas comunidades.
Quando: 16, 18, 23, 25 de março, terças e quintas, de 18h às 20 horas (8 h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio, com alguma experiência anterior em criação em fotografia e/ou artes visuais.
3. "CORPO-F3CHADO: Ateliê de criação desobediente", com Ma Njanu e Rômulo Silva (30 vagas)
Corpo-fechado é um ateliê de criação desobediente que discute possibilidades inventivas a favor do desmantelamento e da derrubada das cercas, cercados e clausuras coloniais. Partindo da produção audiovisual “Corpo Fechado: The Devil’s Work” (2018), de Carlos Motta, o curso pretende pensar as fotopoéticas e o seu duplo-poder de reapresentar a palavra e de sabotar o discurso.
Quando: 1º, 3, 5, 8, 10 e 12 de março, segundas, quartas e sextas, de 18h às 19h30 (9 h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio, com interesse em fotografia e escrita.
4. "Outras imagens: um panorama da fotografia de autoria negra brasileira", com Deri Andrade (30 vagas)
O curso refletirá sobre a produção artística no contexto das artes no País, apresentando percurso histórico da institucionalização da fotografia e as novas imagens criadas por jovens autores. Um panorama da fotografia brasileira atual, focado na produção de autoria negra e na plataforma de mapeamento e difusão de artistas, o Projeto Afro.
Período: 15, 17, 22 e 24 de março, segundas e quartas, de 18h às 20h (8 h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio.
– Artes Visuais
5. "Travessias Afetivas: Estética, Política e Arte Contemporânea", com Lucas Dilacerda (20 vagas)
O curso discutirá como a Política do Neoliberalismo tem provocado transformações na Estética da Sensibilidade e da Percepção, com o surgimento de afetos tristes (desatenção, esquecimento, apatia, cansaço, ansiedade etc). Serão apresentadas manifestações artísticas da arte contemporânea, que denunciam a falência do mundo neoliberal e colonial e que apontam para uma travessia em direção aos afetos alegres e novos mundos possíveis.
Quando: 23, 24, 25 e 26 de Fevereiro, terça a sexta, das 19h às 22h (12h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio.
6. "Planta-colagem", com Manuela Eichner (20 vagas)
A partir do estudo das plantas, a oficina deseja estabelecer uma conexão entre sua estrutura (caráter rizomático, arquitetura cooperativa, autonomia energética) com a estrutura da colagem (multiplicidade, reciclagem, diversidade). Uma conexão planta-colagem, a partir das questões: Como sonhar coletivamente num momento de mutação ecológica e confinamento social? Como romper com a tela do computador ? Como entender a nossa coexistência com a natureza ?
Quando: 8, 10 e 12 de março, das 9h às 12h (8h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio.
– Artes Cênicas
7. "Cenografia criativa: ressignificando objetos do cotidiano", com Trupe Motim (20 vagas)
Para esta formação prática, a Trupe Motim traz como principal material de trabalho os objetos encontrados em casa e no cotidiano, com o intuito de criar cenografias, adereços, bonecos etc. O curso provocará ideias para ressignificar, reaproveitar e recriar no mundo da arte.
Quando: de 2 a 5 de março, terça a sexta, das 16h às 18 horas (8 h/a)
Público: Preferencialmente, alunos da escola pública, cursando ou tendo concluído o Ensino Médio.
Materiais sugeridos: Cola branca, cola quente, cola de contato / instantânea, tesoura, estilete, tecidos, papelão, papéis, papel adesivo, fita gomada, tubos e materiais plásticos, sucatas, vasilhas, porcas e parafusos, tintas diversas, brinquedos velhos ou quebrados, caixas variadas, etc.
Inscrições para cursos on-line do Porto Iracema das Artes
Quando: até 19 de fevereiro
Onde: plataforma virtual do Porto Iracema das Artes
Mais info: resultado da seleção dia 22 de fevereiro;período das aulas de 23 de fevereiro a 1º de abril