Berg Menezes realiza ensaio aberto com tradução em Libras neste sábado, 26

O artista retorna aos palcos após mais de seis meses e busca promover uma comunicação musical mais inclusiva em suas apresentações

17:33 | Set. 25, 2020

Por: Miguel Araujo
Berg Menezes realiza live acompanhado de intérprete de libras (foto: Caroline Rodrigues/ Divulgação)

O cantor Berg Menezes realizará ensaio aberto em formato de live no Centro Cultural Belchior neste sábado, 26, a partir das 17h. O momento, que ocorrerá no Dia Nacional do Surdo, será transmitido virtualmente e terá tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Os espectadores poderão acompanhar a live no canal do músico no YouTube.

O retorno do artista e da banda que o acompanha nos palcos acontecerá após mais de seis meses. Nascido em Recife-PE e radicado em Fortaleza, Berg Menezes, além de cantor, é compositor e produtor. Graduado em Música pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ele tem presença na cena musical cearense há mais de 10 anos e já tocou em espaços culturais como o Centro Dragão do Mar, Sesc Iracema e Centro Cultural Banco do Nordeste. Além disso, foi convidado a participar de tributos em homenagem aos 25 anos da banda mineira Pato Fu e em homenagem aos 30 anos de carreira do compositor Guilherme Arantes.

Berg relata que o fato de a live ocorrer no Dia Nacional do Surdo acabou sendo coincidência, mas, ao mesmo tempo, um “alinhamento universal para que as coisas acontecessem”. Ele lembra que a experiência de trazer intérpretes de Libras para as suas apresentações já acontecia desde o ano passado e afirma que o seu desejo era continuar com essa configuração. O artista acredita que existe uma “lacuna” no meio musical quanto à comunicação para pessoas surdas. “É muito importante conseguir comunicar para todos. A maioria das pessoas no meio musical não consegue isso e, como o nosso trabalho não é só sonoro, é também narrativo, poético e lírico, a gente tem que se comunicar de alguma maneira”, acrescenta.

Ao analisar a circunstância em que o ensaio aberto acontecerá (sem público presencial), Berg indica que é uma situação “muito estranha” e afirma que sente bastante falta da “troca com o público”. Entretanto, também avalia o momento como uma nova experiência. “Acho que esse ‘show’ tende a ser estranho, porque não terá público e nem a gente estará próximo a ele, mas é algo novo também. A gente está tentando experimentar e as lives trouxeram uma nova dimensão para o cenário musical”, comenta.

A realização da live no Centro Cultural Belchior ocorre em meio ao processo de retomada das atividades culturais no Ceará. O local já recebeu apresentações de Berg e de sua banda em outras oportunidades. O cantor relata que o caráter de “ensaio aberto” da apresentação está relacionado ao fato de que a banda não toca em conjunto há bastante tempo, um dos reflexos ocasionados pela pandemia. Assim, haverá a possibilidade de repetição de músicas. No repertório, estarão faixas presentes nos dois álbuns do artista.

Berg também já participou de algumas bandas no início da sua carreira, mas decidiu seguir carreira solo após avaliar que, com um trabalho autoral individual, teria maior autonomia na continuidade de seus projetos musicais. “No trabalho solo, como a imagem é mais ligada a mim, fica mais fácil de administrar algumas questões e de seguir com projetos caso eu precise fazer alterações na banda ou caso algum integrante tenha o desejo de sair”, comenta.

Desde que optou pelo caminho solo, o artista lançou dois EPs - Imperfeito (2013) e Vagabundo (2014) - e dois discos - Pedra (2016) e Qual é a sua Revolução? (2018). Ele afirma que as elaborações dessas obras acabaram tendo processos muito distintos entre si, contemplando desde gravações em apartamento de um amigo no primeiro EP até produção em estúdio profissional no último disco, com auxílio de Caio Castelo como produtor. Berg ressalta o seu amadurecimento durante essas etapas e a experiência adquirida tanto por ele quanto pela banda que o acompanha em gravações e apresentações. Para ele, o desenvolvimento das obras “foi ficando mais rápido” e também “o mais orgânico possível”.

As composições de Berg Menezes recebem influência de artistas tanto nacionais quanto internacionais. Segundo o cantor, grupos como Skank e Los Hermanos serviram de referência para o início do seu trabalho, quando, em 2006, integrou a banda Relicário. Além disso, lembra da importância que o rock britânico e o movimento Britpop, com bandas como Oasis e Coldplay, tiveram em sua carreira, tendo presença na sonoridade de suas músicas.

Com o tempo, essas influências foram se diversificando e atingindo também seu último trabalho. Para o Qual é a sua Revolução?, várias referências musicais foram incorporadas. “A gente ouviu de tudo. Nação Zumbi, referências também de bandas de fora que a gente curte. Tem muita referência que você sabe e tem as que você desconhece, ou seja, elas estão no seu trabalho sem que você perceba”, complementa o compositor. Ele acredita que atualmente continuam válidas as propostas do álbum de causar “inquietação” no público e de instigar as pessoas a descobrirem suas verdadeiras preocupações e ideologias.

A pandemia interrompeu os planos da banda de fazer apresentações em outros locais do País, como no Cariri e também em Minas Gerais. Entretanto, apesar desses aspectos, Berg acredita que o fato de ter ficado em casa na maior parte do seu tempo contribuiu para que houvesse a produção de conteúdos e a execução de ideias que, segundo ele, estavam “represadas”. O cantor afirma que, embora exista, para alguns, a pressão de “ter que ser a pessoa mais produtiva do mundo”, buscou focar na sua saúde mental e não ir além dos seus limites. “Acho que essa questão é muito importante neste período, e é importante ressaltar também que você não precisa ser o mais produtivo do mundo”.

O compositor afirma que durante a pandemia chegou a produzir dois singles, mas pretende lançá-los somente quando a situação estiver mais “abrandada” e já existir vacina. Berg também relata que há o projeto de produção de um terceiro álbum, com uma pesquisa “mais ampla” sobre outros conteúdos. “A gente quer realmente começar a entender melhor as dimensões da comunicação e como nós, enquanto artistas, precisamos alcançar todas as pessoas em alguma medida”, destaca.

Além das presenças de Daniel Calvet (baixo e vocais), Pedro de Farias (guitarra), Álvaro Abreu (bateria) e do próprio Berg Menezes, o ensaio aberto deste sábado contará com Randson Gomes e com Ellen Costa como intérpretes de Libras.

 

SERVIÇO
Live Ensaio Aberto Berg Menezes
Quando: neste sábado, 26, às 17 horas
Onde: canal no YouTube Berg Menezes