Projeto Dobradiça abre inscrições para consultoria gratuita de trabalhos em artes visuais e fotografia
Com 12 vagas para mulheres cis e trans, travestis, homens trans e pessoas não binárias, as inscrições estão abertas até 15 de setembro. Projeto Dobradiça conta ainda com lançamento de fotolivros e sarau virtualO convite é por um passeio pelas narrativas visuais nascidas da palavra - com Marília Oliveira, artista visual cearense, e Mariana David, fotógrafa baiana. No Projeto Dobradiça, lançam fotolivros, realizam sarau virtual e ofertam tutorias gratuitas a trabalhos em artes visuais e fotografia. Para a experiência de consultoria, as inscrições estão abertas até terça-feira, 15 de setembro, pela plataforma virtual do Projeto.
Com 12 vagas exclusivas para mulheres cis e trans, travestis, homens trans e pessoas não binárias, a tutoria dos projetos em fotografia e artes visuais será on-line, ainda no mês de setembro. Artistas proponentes devem ser cearenses ou residentes no Ceará há pelo menos dois anos. Marília e Mariana se dividirão, cada uma orientando seis projetos, para debater quaisquer questões relativas às obras.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O Projeto Dobradiça pesquisa o cruzamento entre literatura e fotografia no enlace entre Bahia e Ceará. Como uma espécie de jogo em que a palavra é o gatilho disparador, Marília Oliveira e Mariana David trocam indicações de obras de escritoras conterrâneas, emergem para contar suas produções visuais - realizadas a partir das leituras - e discutem as possibilidades das narrativas visuais no mundo contemporâneo.
Coordenado pelo Descoletivo, de Marília Oliveira e Régis Amora, o Dobradiça foi contemplado pelo VII Edital das Artes da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor). Pensando sobre a potência artística do Nordeste, Marília convidou Mariana para construírem, juntas, uma produção mesclando palavra e imagem.
“Eu já vinha pensando em como dar mais audibilidade às produções de mulheres nordestinas, tanto a escrita quanto a visual. Me questionava sobre como a nossa região vive de exportar talentos para o Sul ou para o Sudeste. Para mim, parece muito importante pensar um projeto no qual se discutisse as 'nordestinidades' de uma certa maneira. O Nordeste é potente, cheio de mulheres com produções incríveis”, conta Marília Oliveira.
Fotolivros
“Eu indiquei para Mariana a obra da escritora cearense Jarid Arraes. A Mariana me indicou a obra de Lívia Natália, poetisa baiana”, explica Marília Oliveira. A partir do mergulho, as artistas encontraram novas investigações narrativas e teceram dois fotolivros. Marília constrói “Um Livro Sobre o Amor Sapatão” e Mariana fala de deslocamentos - tanto populacionais quanto naturais - em “Dünya”. A pesquisa prevê o lançamento em breve das obras, em tiragem de 500 cópias distribuídas gratuitamente.
“É a primeira vez que eu abordo o amor por uma perspectiva acolhedora e alegre. Discuti violências de gênero durante um tempo, mas a produção da Lívia Natália foi um convite para falar dos afetos alegres de ser sapatão. No livro, convido cinco casais de sapatonas cearenses para, junto comigo e minha companheira, contarem suas histórias de amor”, relata Marília Oliveira, mestra e doutoranda em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).
“Dünya” (pronuncia-se Dûniá) significa Terra em turco. A partir da palavra “matilha”, contida no livro “Um buraco com o meu nome”, de Jarid Arraes, Mariana David retorna às ideias de pertencimento, movimento, refúgio e, ao mesmo tempo, liberdade. A fotógrafa, mestranda em Artes Visuais pela Ufba e editora da Umbu Revista de Fotografia, traça as diásporas forçadas e voluntárias pelo mundo, tendo como base a fuga dos seus bisavós turcos-judeus da Europa num contexto de intolerância religiosa e de violência simbólica.
Sarau virtual
No sarau virtual, pequenas narrativas audiovisuais irão compor diversos dispositivos móveis. Trata-se de uma coletânea de vídeos de mulheres cearenses e baianas no site e no Instagram do Projeto Dobradiça. Elas leem seus escritos e os de outras mulheres nordestinas. Esses fragmentos serão disponibilizados aos poucos, a partir do dia 16 de setembro.
O sarau contará com as vozes e obras, por exemplo, de Nina Rizzi, Sara Síntique, Dia Nobre, Alice Dote e Jaqueline Rodrigues; mas, também, com as leituras da publicação “Escritas em Pandemia”, pensada e organizada por Glória Diógenes, Lara Silva e Alice Dote, na qual Marília Oliveira participa.
Serviço
Projeto Dobradiça
Inscrições para consultoria em artes visuais e fotografia: até esta terça-feira, 15 de setembro
Onde: plataforma virtual Projeto Dobradiça
Mais informações: Instagram @projetodobradiça