O legado de Rogaciano Leite: poeta comemora 100 anos nesta quarta-feira, 01
A página no Facebook "Centenário Rogaciano Leite", criada pelos descendentes do autor, tem o objetivo de resgatar sua memória e produção literáriaHá 100 anos, a vila de Umburanas - atual município de Itapetim, em Pernambuco - se tornou o berço de um dos grandes nomes da literatura brasileira, Rogaciano Leite. Filho mais novo de uma família de dez irmãos, ele já era um poeta desde criança, quando priorizava os versos às obrigações no sítio de seu pai.
Sua vocação seria fortalecida com um ato aventureiro: saiu de casa ainda adolescente para acompanhar a viagem dos cantadores Antonio Marinho, Lourival Batista e Severino Pinto. E foi assim que começou sua trajetória na produção literária.
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Entre os diversos estados que passou para declamar poemas, o amor alencarino seria o motivo para fincar raízes em Fortaleza, a 600 quilômetros de sua terra natal. Apaixonado pela estudante Maria José Ramos Cavalcante, permaneceu na cidade e casou-se em 1954.
Na capital cearense, sentiria o que desejou em um dos poemas da coletânea “Carne e Alma”, publicada pela primeira vez em 1950, por meio de amigos: “Mas... É melhor viver! Eu quero viver muito e amar ainda, quero cantar a vida, com prazer, e quero sempre ter muitas tardes assim, como esta tarde linda!”.
O boêmio Rogaciano Leite frequentava as noites da Praia de Iracema, espaço de encontros para os intelectuais de sua época. Escritor, poeta e jornalista, suas palavras perpassam diversos formatos e linguagens.
Da mesma maneira que caminhou pelo universo das letras, também foi um peregrino em sua vida profissional. Do Sudeste ao Nordeste, entoou seus versos em casas de espetáculo, em jornais e em teatros.
Diversos momentos marcaram sua profissão: a publicação do opúsculo “Acorda, Castro Alves”, em 1947, a organização do Congresso de Cantadores do Nordeste e três prêmios Esso de Reportagem são alguns dos fatos que constam em sua carreira extensa.
Durante três anos, entre 1952 e 1955, viveu entre o eixo Rio de Janeiro e São Paulo, mas logo voltou para Fortaleza para trabalhar no Banco do Nordeste. Pediu licença pouco tempo depois para se dedicar ao jornalismo. Por meio do talento literário e do senso crítico inerente ao trabalho jornalísticos, especializou-se em poemas-reportagem.
Aos 49 anos, quando ainda estava em ativa produção, faleceu em decorrência de um infarto. Em sua homenagem, amigos e poetas tocaram violas e entoaram poesias. Deixou seis filhos e, para seu primogênito, escreveu em “Carne e Alma”:
“Chama-se: Rogaciano Leite Filho
Tem as minhas feições e a minha pele
Eu quero tanto, tanto bem a ele
Que não sei se sou pai ou se sou filho.
Nunca existiu e nem existe brilho
Que brilhe tanto como os olhos dele.
Neste mundo em que sofro e em que me humilho,
As minhas esperanças estão nele.
Poderá ser um Padre ou um Carpinteiro
Um General, um Músico, um Pedreiro
Qualquer coisa que houver de nobre em si.
Rico ou pobre, o destino não lhe afeta…
Eu só não quero é que êle seja Poeta,
Para nunca sofrer como eu sofri.”
- “Soneto ao Meu Filho”, escrito por Rogaciano Leite
Algumas obras inéditas ainda serão publicadas. São elas “Cantadores do Nordeste”, “Cego Aderaldo: Patriarca do Nordeste” e “Pérolas da Amazônia”.
Homenagens ao centenário
Para comemorar os 100 anos do poeta Rogaciano Leite, a família criou a página no Facebook “Centenário Rogaciano Leite” com o objetivo de resgatar obra do autor. Com a série “Voltando no Tempo”, dissemina imagens e fatos sobre a trajetória do escritor.
“Rogaciano Leite está na música, na literatura, no jornalismo e na cultura popular e erudita brasileira. Seu nome está gravado em avenidas, ruas, praças, escolas e em patronatos de Academias de Letras, poesias e cordel”, afirma uma postagem.
Homenagens em vídeos e textos estão realizadas durante toda esta quarta-feira, 01. Conheça neste link.