Indústria da música participa de campanhas contra racismo
As indústrias da música e do entretenimento iniciaram a terça-feira com a campanha #BlackOutTuesday
15:16 | Jun. 02, 2020
Se você abriu o Instagram esta manhã, ou foi procurar o que ouvir no Spotify, deve ter se deparado com diversas postagens totalmente em preto e com playlists em solidariedade à campanha Black Lives Matter, ou Vidas Negras Importam.
As indústrias da música e do entretenimento iniciaram a terça-feira com a campanha #BlackOutTuesday, em resposta à morte de George Floyd, um homem negro, que foi asfixiado por Derek Chauvin, um policial branco, em Minneapolis, nos Estados Unidos, no último dia 25. Durante toda a semana, diversos protestos foram registrados nas cidades norte-americanas, em países europeus e também em cidades brasileiras em denúncia e repúdio às atitudes racistas dos agentes da segurança.
Leia também | Atos antirracistas expõem problemas estruturais dos EUA
Artistas, músicos e empresas da área do entretenimento aderiram ao #BlackOutTuesday para reforçar a onda de protestos e os pedidos de "desconectar do trabalho e se reconectar à nossa comunidade". No Instagram, a hashtag já conta com mais de 15 milhões de publicações. No Twitter, a tag se mantém entre os assuntos mais comentados do mundo desde a manhã, com mais de 43 mil tuítes somente na última hora.
Brianna Agyemang e Jamila Thomas, diretores da Atlantic Records, gravadora americana fundada em 1947, reforçaram a campanha de adesão de grandes empresas da música com a afirmação de que "o racismo e a desigualdade de longa data existem da sala de reuniões à avenida", em tradução livre. As informações são de Gil Kaufman, jornalista da Billboard americana.
No comunicado divulgado no site The Show Must be Paused, a explicação para a escolha do dia de hoje para dar início à campanha sugere que “é um dia para uma conversa honesta, reflexiva e produtiva sobre as ações que precisamos tomar coletivamente para apoiar a comunidade negra”.
Leia alguns trechos do comunicado:
“Nós não iremos continuar a conduzir os negócios como de costume, sem levar em conta a vida dos negros. Terça-feira, 2 de junho, destina-se a interromper intencionalmente a semana de trabalho. É um dia para uma conversa honesta, reflexiva e produtiva sobre as ações que precisamos tomar coletivamente para apoiar a comunidade negra.
A indústria da música é uma indústria multibilionária. Uma indústria que lucra predominantemente com a arte negra. A missão principal é responsabilizar a indústria, incluindo grandes corporações e seus parceiros que se beneficiam dos esforços, lutas e sucessos dos negros. Até o fim, é obrigação dessas entidades proteger e capacitar as comunidades negras que as tornaram desproporcionalmente ricas de maneiras mensuráveis e transparentes.
Estamos cansados e não podemos mudar as coisas sozinhos. Enquanto isso, para nosso amigo e família negros: reserve um tempo para você e sua saúde mental. para nossos aliados, é hora de ter conversas difíceis com a família, amigos e colegas.”, em tradução livre.
Leia também | #BlackOutTuesday: Atletas e clubes pelo mundo aderem campanha contra racismo e desigualdade
Confira o comunicado na íntegra:
Leia também | Racismo: Hamilton reclama e Fórmula 1 se pronuncia
Na plataforma The Show Must be Paused, é possível contribuir com doações que serão direcionadas para a família de George Floyd, de Breonna Taylor - técnica em emergência que foi morta por policiais dentro de casa em março deste ano -, Ahmaud Arbery - homem que foi morto enquanto realizava uma corrida em uma cidade da Geórgia, nos EUA - e para a comunidade negra dos EUA.
No Brasil, manifestações após a morte de João Pedro Matos Pintos, de 14 anos, assassinado durante operação policial no Rio de Janeiro, tem ganhado força e deram início a diversas campanhas virtuais antirracistas. O perfil do Twitter Brasil fez um thread com iniciativas online que contribuem para o protagonismo dos negros. Da mesma forma que as campanhas norte-americanas, doações para projetos no Brasil estão arrecadando contribuições.
A campanha Mães da Favela, realizada pela Central Única das Favelas (CUFA), está promovendo uma vaquinha virtual que será destinada às mães de todos o País que foram afetadas pela crise do Coronavírus. A iniciativa “Impactando Vidas Pretas”, irá atender, preferencialmente, famílias negras lideradas por mães solos e afro empreendedores. A campanha irá distribuir a renda arrecadada para famílias em situação de vulnerabilidade devido as consequências da Covid-19.
Leia também | Liverpool mostra solidariedade a manifestantes contra o racismo no caso George Floyd
Confira publicações de empresas da área da cultura e entretenimento na campanha #BlackOutTuesday:
No Instagram, o Spotify, plataforma de streaming de música, escreveu: "continuaremos usando o poder de nossa plataforma para amplificar vozes negras para que elas sejam ouvidas.":
A Billboard, revista internacional especializada em música, publicou: "Estamos empenhados em combater o racismo institucionalizado e a injustiça, hoje e todos os dias. Continuaremos a cobrir notícias relacionadas à causa e a ampliar vozes na comunidade negra.":
No Twitter, a MTV Brasil publicou um vídeo com dicas para protestar contra o racismo e entender o privilégio branco:
10 dicas para protestar contra o racismo e entender o privilégio branco.
Somente trabalhando juntos podemos realizar mudanças verdadeiras e eternas. Eduque-se. Participe de discussões. Assine petições. Doe. Escute. #VidasNegrasImportam pic.twitter.com/4lk1etoZVK
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, publicou uma imagem em preto com a mensagem "Um espaço que transcende sua missão de criar e difundir arte e cultura para ser, mais do que isso, um lugar de pluralidade, encontros e afetos. Nessa casa, só não ha lugar para o preconceito. Somos contra qualquer forma de discriminação.":