"Animal Crossing", um game que parece feito para a quarentena

Franquia da Nintendo, "Animal Crossing" vira sucesso em tempos de pandemia

Gigante japonesa dos games, a Nintendo é uma empresa mais que centenária e que, nos últimos 30 anos, conseguiu se manter relevante por saber cuidar dos próprios produtos— as chamadas "franquias exclusivas". Para o público leigo em jogos digitais, isso significa que lançamentos de "Super Mario" ou "Zelda" são quase sempre sinônimo de sucesso de público e crítica, lucro para os acionistas da empresa e um afago na memória afetiva dos fãs. O último sucesso — e que sucesso! — da Nintendo, porém, contou com um fator extra, imponderável. A data de lançamento de "Animal Crossing: New Horizons" estava definida há meses e a expectativa pelo game era enorme. Mas eis que veio a pandemia de coronavírus e uma escapadela para uma ilha recheada de despreocupação e animais antropomórficos virou refúgio de milhões de fãs, tanto os antigos quanto os novos.

O charme de "Animal Crossing" é ser uma franquia absolutamente sem propósito. Não existe uma linha narrativa, um roteiro correto, um jeito certo de jogar. Não existe erro, morte, trajeto. É um jogo extremamente simples e acessível que oferece liberdades. E enquanto bilhões de pessoas estão enclausuradas em casa, liberdade virou o maior grito artístico. Neste quinto game da franquia e primeiro para o Nintendo Switch, a regra é se perder no tempo desperdiçado. Para quem não é familiarizado com a franquia, em "New Horizons" você é transportado para uma ilha praticamente deserta. Lá, recebe empréstimos de um guaxinim chamado Tom Nook para construir uma casa (se você quiser). Pode pescar e vender peixes (se você quiser). Pode cruzar flores para conseguir cores inusitadas (se quiser). Pode capturar insetos, decorar toda a ilha, dar presentes, derrubar árvores, investir num mercado de ações baseado em nabos, montar pontes, observar estrelas cadentes, compor um hino, comprar roupas ou móveis, doar peças, fósseis, insetos e peixes para o museu. Ou simplesmente ver o tempo passar sem preocupações. Se você quiser, claro.

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Com atualizações constantes — já foram quatro desde o lançamento —, "New Horizons" se mantém renovado. O game prevê várias formas de jogar conectado ou até trapaceando. Mas da forma como escolhi jogar, o negócio é manter a rotina, enquanto tento lentamente aproveitar a capacidade quase infinita de personalização (da casa, da ilha e do próprio avatar) que o jogo digital oferece. Dizem os psicólogos que, dentro do protocolo de isolamento social, a repetição de atos simples ajuda a manter a sanidade. Então, todo dia às 11 horas, eu saio desse mundo isolado e vou para a ilha de StayHome, recobrar meu senso de liberdade. É simples e acalma do cotidiano de notícias duras sobre uma realidade semi-apocalíptica. É o trunfo do descompromisso, do distensionamento. "Animal Crossing" pode ser inclusive levado a sério. Dia desses, saiu na sisuda Financial Times um artigo recheado de "economiquês" sobre o momento em que a Nintendo, talvez para copiar a realidade global de recessão, derrubou a taxa de juros do banco interno do game. A Forbes praticamente ganhou setorista para falar de "Animal Crossing", o que atesta certo nível de complexidade sócio-econômica que o jogo vislumbra.

Para público brasileiro, no entanto, há um grande (enorme) porém. O game não tem, até o momento, versão em português. As línguas disponíveis são japonês, inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, coreano, neerlandês (holandês), russo e chinês (mandarim). Mas no final, o que faz de "Animal Crossing: New Horizons" o grande fenômeno gamer deste ano (até agora) e certamente desta pandemia não é o que milhões fazem dentro do jogo. É como cada indivíduo resolve jogar.

Animal Crossing: New Horizons
Plataforma: Nintendo Switch
Quanto: a partir de R$ 250,79 (na Nintendo Store brasileira)

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