Artista produz vídeos colaborativos para incentivar rede de apoio a profissionais da cultura
O projeto reúne músicos de diversos lugares como forma de continuar criando e incentivando os trabalhadores do meio artístico durante isolamento social imposto pelo coronavírusUnir, por meio da música, pessoas que estão fisicamente separadas. Esse é um dos principais objetivos do instrumentista e pesquisador Gustavo Portela ao publicar vídeos em seu Instagram de vários artistas tocando a mesma canção de lugares diferentes. A intenção dele, porém, vai além. Ele quer incentivar as doações para a rede de apoio Unidos Venceremos.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
“A gente está acompanhando pessoas que estão com dificuldade, toda essa rede da cultura. A gente tem feito lives com apresentações, espetáculos e shows para arrecadar dinheiro”, afirma o músico. Com a junção de vozes, transmitem a importância de auxiliar os profissionais durante o período de isolamento social.
O processo de elaboração dos vídeos é quase espontâneo, apesar de demorado. Na primeira edição realizada, por exemplo, gravaram a canção A Visita, de Pantico Rocha. Nesta, foi o próprio autor que sugeriu o que gostaria de tocar.
Essas pontes que unem um artista ao outro tentam se desdobrar por toda a sociedade civil. “A gente precisa engajar as pessoas nisso. Podemos tirar gente da miséria. Nosso mercado é pequeno, não temos muita capilaridade”, diz Gustavo Portela. Em sua opinião, quem estava presente no meio artístico pode não ter mais emprego depois do fim da crise sanitária. “Com pequenas doações a gente consegue. Quem é assalariado, que tem dinheiro, por que não doar?”, questiona.
Com a mobilização para auxiliar os profissionais, diversas pessoas estão aderindo aos vídeos colaborativos de Portela. Silvero Pereira, Marta Aurélia, Maurice Durozier, Daniel Medina e Paula Aragão são alguns dos que já participaram do projeto.
“Em qualquer época, a união dos artistas é, de certa forma, esclarecedora. Agora mais ainda, porque nós estamos passando por um momento muito delicado da nossa história”, diz Marcelo Holanda, músico e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), em Itapipoca.
Durante o isolamento social, o trabalho de muitos profissionais migrou para as redes sociais como forma de sobrevivência. “O artista não deixa de ser um funcionário que vive da sua própria obra, do seu próprio trabalho, por isso, está havendo uma adaptação. São pessoas que precisam do trabalho delas para viver o dia a dia”, expõe.
Mas a arte continua se fortalecendo, principalmente, por causa da convergência de propósitos. “Dentro desse contexto, conseguimos fazer o que acho que é uma das funções da arte: olhar para uma obra e ela causar um sentimento em você. O artista é esse vetor, essa seta que guia até o outro lado. Nesse período, somos uma palavra de conforto, de esperança”, reflete.