Cantor Chorão, do Charlie Brown Jr. completaria 50 anos nesta quinta-feira, 9
O cantor e compositor, integrante da banda Charlie Brown Jr., deixou legado na música brasileira enquanto ainda estava em vida“Hoje estou feliz porque eu sonhei com você. E amanhã posso chorar por não poder te ver”. Talvez o trecho de Dias de Luta, Dias de Glória seja o sentimento que acompanha os fãs e outros admiradores do cantor e compositor Chorão durante esta semana. O aniversário de 50 anos dele, que seria celebrado nesta quinta-feira, 9, traz de volta as memórias de uma das figuras marcantes da música brasileira.
Alexandre Magno Abrão é o nome do homem que viria a ganhar o apelido de Chorão nas pistas de skate de São Paulo quando ainda era um adolescente. Ao buscar um estilo de vida sem tantas responsabilidades no início da carreira, migrou por diversos trabalhos e nunca se formou no ensino médio.
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Foi o acaso que levou o cantor para a indústria musical. Em uma apresentação não programada, conheceu o baixista Champignon. Assim, os dois começaram a tocar juntos em 1991. Os outros integrantes, Marcão, Pelado e Thiago, surgiram depois para formar a banda. Nascia, um ano depois, o Charlie Brown Jr.
O grupo, que lançou dez álbuns de estúdio, estreou em 1997 com "Transpiração Contínua Prolongada". As músicas logo ficaram conhecidas. Proibida pra Mim e O Coro Vai Comê repercutiram em diversas rádios.
O reconhecimento nacional viria na segunda produção: "Preço Curto… Prazo Longo". Zóio de Lula, por exemplo, foi a primeira faixa a chegar na liderança das mais tocadas à época. Te Levar seria a escolhida por anos para integrar a abertura da novela Malhação, na Rede Globo. Agora, a banda que misturava rock, punk, rap e reggae, estava nos olhos do público. Shows, produções, fãs e fama acompanhariam os integrantes até o fim.
Em todas as suas novas criações, Charlie Brown Jr. não parou de fazer hits. Com canções que agradavam os jovens do início dos anos 2000, perpetuou e reuniu admiradores por quase duas décadas. Com lançamentos quase um atrás do outro, vieram “Nadando com os Tubarões”, “100% Charlie Brown Jr.”, “Bocas Ordinárias”, “Tâmo Aí na Atividade”, “Imunidade Musical”, “Ritmo, Ritual e Responsa”, “Camisa 10” e, por fim, “La Família 013”
As letras sempre traziam as inseguranças, os medos e os sentimentos tão típicos da juventude. “Ainda vejo o mundo com os olhos de criança que só quer brincar e não tanta responsa. Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir. Livre pra poder sorrir, livre pra poder buscar o meu lugar ao sol”. Foi essa constante vivência das dores do mundo perpassada em todas as músicas, que sempre exprimiu a inquietação em Chorão.
Chorão ficou conhecido pelo temperamento ambíguo — tinha comportamentos explosivos e, ao mesmo tempo, empáticos em relação ao outro. A simpatia e o carisma são traços que podem ser vistos em centenas de vídeos na internet.
A dualidade e a pressão que colocava em si mesmo, presentes em todos os momentos, levou o cantor ao vício de drogas, como relatam os integrantes e a ex-esposa em diversas entrevistas. No dia 6 de março de 2013, a vida pesada cobrou seu peso e se encerrou. Seis meses depois, a família Charlie Brown ficou órfã de novo, com a morte de Champignon.
A história, no entanto, está eternizada nas músicas que deixou em vida com a banda. Quase com um pressentimento do que viria a acontecer, a última canção lançada foi Meu Novo Mundo. “Cuidado com o destino, ele brinca com as pessoas, tipo uma foto com sorriso inocente. Mas a vida tinha um plano e separou a gente”. Mesmo que agora esteja separado, já não existe distância em seu novo mundo.
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