Escola pública recebe Conceição Evaristo em atividade da Bienal
A escritora mineira, que participa hoje do evento literário no Centro de Eventos, visitou a E.E.F.M Aloysio Barros Leal e assistiu a performances artísticas dos alunos
13:43 | Ago. 24, 2019
Arte, cultura, literatura e vivências pulsaram na manhã deste sábado, 24, para os alunos e professores da Escola de Ensino Fundamental e Médio Aloysio Barros Leal, entre os bairros Jangurussu e Barroso. Dentro da programação da Bienal Fora da Bienal, que leva atividades da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará para diferentes lugares da Capital e do Estado, a escola recebeu a escritora mineira Conceição Evaristo. A autora ainda participa hoje de mesa de conversa no Centro de Eventos, às 18 horas.
Numa estrutura montada numa área comum da escola, centenas de alunos tiveram não apenas a chance de ouvir e ver Conceição, mas também de serem vistos e ouvidos por ela. Na E.E.F.M Aloysio Barros Leal, existe há quase dois anos um projeto de literatura inspirado na escritora, quando a professora de Literatura Camile Baccin passou a trazer escritos da mineira para as aulas. “Comecei a implementar os textos da Conceição Evaristo aqui na escola, trazia alguns contos e poemas. Foi a partir do poema ‘Vozes-Mulheres’ (do livro ‘Poemas de recordação e outros movimentos’) que eu escrevi o projeto para os alunos do 3º ano. Mas os alunos das outras séries pediram. ‘Quem é essa mulher, o que é esse poema?’”, contextualizou Camile. A partir daquele momento, os estudos em literatura feita por mulheres negras, como a própria Conceição, Djamila Ribeiro e Angela Davis, foram aprofundados em seminários pelos estudantes de todo o ensino médio.
Uma grata surpresa, como Camile coloca, aconteceu no meio desse processo. A obra central das atividades foi Olhos d’Água, livro de contos de Conceição. Não havia, porém, exemplares suficientes para atender todas os envolvidos. Por coincidência ou destino, durante o caminhar do projeto, chegaram para a instituição mais de 200 exemplares da obra a partir de um projeto de política de distribuição de livros. Foi, então, que a escola toda se aproximou e se encantou com os escritos de Conceição. Para além: a escola começou a produzir inspirada na escritora.
Na manhã deste sábado, diferentes apresentações artísticas marcaram o momento. Frente ao olhar atento de Conceição, o grupo Arrastão, de percussão, embalou a escritora; o Slam das Minas do ABL apresentou fragmentos de textos da escritora; um estudante performou um rap inspirado num conto; ao redor do espaço, em varais improvisados, cartas e desenhos inspirados em Olhos d’Água compunham o ambiente.
“O livro em si é uma matéria morta. Se ficar na estante, dá poeira. Quem dá sentido ao livro é quem lê, que vira co-autor. O que toda autora quer é ver a multiplicação dos seus textos. Vocês são autoras e autores na medida em que trabalharam esses textos”, celebrou Conceição após acompanhar as performances dos jovens. A autora ainda pediu para levar todas as lembranças possíveis do momento, como os desenhos dos varais, a blusa que o grupo Vozes Mulheres usava, as cartas escritas para ela. “O que puderem me dar, vão dando. Eu quero tudo!”, riu-se Conceição. Segundo Camile, as produções frutos do projeto serão reunidas e lançadas. “Isso tudo vai se transformar em livro, porque é um material muito rico. Tem até título, já: ‘Cartas para Conceição’”, adiantou.
Serviço
Bienal do Livro
Mesa Insubmissa Memórias, com Conceição Evaristo e Vânia Vasconcelos. Mediação de Marília Lovatel
Quando: hoje, às 18 horas
Onde: Espaço Terreiro em Sonho, no térro do Centro de Eventos (av. Washington Soares, 999)
Entrada gratuita.