Os quase 70 anos de carreira dedicados ao teatro de Haroldo Serra
Em entrevista ao O POVO em março de 2017, o fundador do grupo Comédia Cearense e ex-diretor do Theatro José de Alencar falou sobre suas experiências e o potencial das artes cênicas
12:21 | Jun. 16, 2019
Foi em conversas com um tio que morava em Manaus sobre os tempos de glória do Teatro Amazonas que Haroldo Serra resolveu viver de arte. Os anos de dedicação aos palcos se encerraram neste domingo, 16, com a morte do teatrólogo por parada cardíaca. A notícia foi informada por um dos filhos, o ator e produtor Hiroldo Serra.
Em entrevista ao O POVO em março de 2017, o fundador do grupo Comédia Cearense e ex-diretor do Theatro José de Alencar falou sobre suas experiências e o potencial das artes cênicas. O material, que traça a trajetória de Haroldo no mundo da arte, foi veiculada na data mais adequada, dado seu conteúdo: no Dia Mundial do Teatro.
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Na ocasião, o teatrólogo contou que, quando era menino em Tamboril, no interior do Estado, seu tio, que era pintor e animador cultural, contava-lhe as histórias das peças que assistiu no Teatro Amazonas. Foi com o parente, inclusive, que ele começou a produzir radionovelas, na Rádio Amplificadora, que eram veiculadas em um autofalante na avenida. Segundo Haroldo, “daí para o teatro foi um pulo”.
Na adolescência, já morando no Centro de Fortaleza, o artista conta que vivia nos antigos, Majestic, Cine Moderno, Diogo e Cine Rex. Nessa ordem, o roteiro de domingo era feito, com quatro filmes assistidos no dia.
Haroldo viveu esses momentos até fundar, em 1952, o Teatro Experimental de Arte (TEA), junto a B. de Paiva, Hugo Bianchi e Marcos Miranda. A turma fez história na Capital ao abolir o ponto das interpretações, dando mais agilidade e fluidez às falas.
Com o fim do TEA, em 1956, ele fundou o grupo Comédia Cearense, no ano seguinte. O nome foi dado com a intenção de remeter a sua arte sempre ao estado. Essa criação passou por momentos em que teve que se reinventar, como na ditadura militar. Isso, no entanto, só ajudou o grupo a firmar ainda mais sua identidade artística.
No restante desses quase 70 anos de carreira, Haroldo ainda trabalhou com o público infantil, assumiu a direção do Theatro José de Alencar, cursou direito e administração e foi admitido no Tribunal de Contas, onde ele teve retorno financeiro para continuar no meio artístico.
Além disso, o teatrólogo formou uma “família artística” com Hiramisa Serra, sua “rainha”, com quem teve três filhos.