Peugeot 2008 turbo é o SUV ideal para quem não julga um carro pela "capa"
Modelo com motor turbinado da montadora francesa não decepciona na performance, mas peca no conforto e elegância
O Peugeot 2008 não é o carro mais bonito entre os SUVs disponíveis no mercado brasileiro. Lançado em 2015, o compacto com cara de perua parece velho e cansado, em certa medida. Mas se falta beleza, sobra potência. Na pista, o utilitário esbanja performance de esportivo graças ao motor 1.6 turbo de 173 cv e 24,5 kgfm de torque.
O desempenho supera os três rivais diretos na categoria; o Honda HR-V é equipado na versão básica com motor 1.5 flex aspirado; o Jeep Renegade parte com motor 1.3 turbo flex na versão Sport; e o Hyundai Creta de entrada conta com motor 1.0 turbo.
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Olhando por fora, o modelo fabricado pela francesa até leva desvantagem para os concorrentes no quesito elegância e estilo, mas pode ser a opção de compra ideal a quem não julga um carro pela “capa” —parafraseando a famigerada expressão popular sobre a dicotomia belo/útil.
O 2008 também pesa menos no bolso em relação aos rivais. A versão intermediária (Style), equipada com motor turbo 1.6, custa R$ 119.990, preço mais em conta do que as versões de entrada do HR-V (R$ 142.500) e Renegade (R$ 128.971). O Creta intermediário também é mais caro do que o concorrente da Peugeot, sendo vendido a R$ 131.490.
O POVO testou o 2008 turbo Style (2023) durante nove dias em trechos urbanos de Fortaleza e Região Metropolitana da Capital. O veículo circulou por vias esburacadas (realidade comum às grandes metrópoles brasileiras), sem pavimentação asfáltica e teve a potência de arranque colocada à prova.
O desempenho, como era de se esperar, foi o ponto alto da experiência. O motor turbo é o grande diferencial do modelo. É um carro com pegada esportiva, aparência sedentária e conforto limitado. Pode ou não ser uma boa aquisição, a depender das necessidades/prioridades de quem o compra.
Potência
O motor turbo 1.6 é a credencial que faz do 2008 o SUV compacto mais potente entre os modelos a combustão no Brasil. Os 173 cv do Peugeot superam com folga o Fiat Pulse (130 cv), o Volkswagen nivus (128) e o Nissan Kicks (113 cv).
A potência do motor do Style, conectado a um câmbio automático de seis marchas simuladas, é a mesma na versão topo de linha (Griffe), que conta com recursos de segurança e acessórios opcionais ausentes na linha intermediária.
Segundo a Peugeot, o motor turbo do 2008 foi desenvolvido em parceria com a BMW. A capacidade de aceleração é de 0-100km/h em 8,8 segundos, melhor do que a do Nivus (10,3 s) e a do Kicks (11,2 s), mas inferior à do Pulse (7,6 s).
Por causa dos limites de velocidade abaixo de 80km/h nas rodovias e avenidas percorridas pelo carro, o teste de performance não pôde ser realizado no formato padrão (0-100 km/h). Contudo, em alguns trechos a velocidade atingiu 50 km/h em tempos que variaram de 4,3 a 4,7 segundos.
Mas nem só na velocidade se mede potência. O arranque em trechos íngremes também é um aspecto importante a ser avaliado. Nesse teste, o 2008 respondeu à altura do que se espera de um veículo com motor turbinado: saída imediata, estável e com rápida troca de marchas.
Vale pontuar, no entanto, que o modelo teve comportamento distinto em pavimentos planos. Quando o carro estava parado esperando a abertura do semáforo, por exemplo, a movimentação foi retomada à medida que o pé era retirado do pedal de freio. Mas houve situações em que mesmo com o pedal totalmente livre, o veículo não se movia, sendo necessário pisar levemente no acelerador para dar a arrancada.
SUV sim, espaçoso não
É comum esperarmos de um SUV bem mais espaço interno do que um hatch, mas o Peugeot 2008 não corresponde essa expectativa. O interior é bem confortável para os ocupantes dos dois bancos dianteiros, mas "espreme" as pernas de quem se acomoda nos assentos traseiros. O entre-eixos de 2,54 m é menor do que as dimensões do HR-V (2,61 m), Jeep Renegade (2,57 m) e Hyundai Creta (2,59 m), ganhando apenas do Fiat Pulse (2,53 m).
No porta-malas, a capacidade é razoável: 402 litros. Cabe mais coisas do que no HR-V (354 l), no Renegade (385 l), no Pulse (370 l) e menos do que no Creta (422 l). Em resumo, se a procura for por um carro com amplo espaço interno, que acomode bem a família, o SUV turbinado da Peugeot parece não ser a melhor opção.
Interior com pegada esportiva
Não é só o motor turbinado que confere marca esportiva ao 2008. O espaço interno também reforça essa assinatura. Os bancos são revestidos em couro sintético e têm aparência moderna —aquilo que falta externamente. O ponto negativo é que nenhum dos assentos conta com regulagem elétrica.
Além disso, não há encosto no banco do motorista para descanso do braço direito. Essa necessidade surge durante trechos engarrafados, quando os braços do condutor passam um bom tempo fora do volante devido à lentidão no trânsito.
Em relação ao painel, percebe-se de cara que quase toda a composição é de plástico rígido, mas o material parece ser de boa qualidade. O volante é pequeno e ajustável, de acordo com o padrão esportivo predominante no mercado.
O modelo ainda conta com teto solar panorâmico, com acionamento elétrico a partir de um botão no console central, mas sem abertura para ventilação. O recurso é um diferencial em relação aos concorrentes, mas não está disponível na versão de entrada.
A qualidade dos alto-falantes, o conforto térmico e o bom isolamento acústico também são elementos que tornam a experiência de dirigibilidade no 2008 turbo bastante agradável. São quatro saídas de som nas duas portas dianteiras. O ar condicionado é dual zone, com regulagem tanto para o motorista quanto para o passageiro. Por outro lado, não há saída de ar para os bancos traseiros.
Segurança
O Style 2008 conta com seis airbags, no mesmo padrão dos concorrentes da categoria. Peca em termos de segurança ativa, pois não possui alerta de mudança de faixa, frenagem de emergência e controle de cruzeiro adaptativo.
No aspecto prático, ponto positivo para a estabilidade na condução. Fortaleza, como qualquer grande capital brasileira, é repleta de vias esburacadas e com solo irregular. Durante o teste, com quase 280 km percorridos, o 2008 respondeu bem a esse desafio.
O carro circulou sem trepidações intensas ao passar sobre buracos e até mesmo nos trechos com pavimentação em paralelepípedo, não houve vibração intensa.
Visual
De cara, o 2008 turbo não agrada tanto no quesito beleza. O modelo parece um tipo de SUV com visual cansado e “pesado” aos olhos de quem busca um carro com design arrojado. Mas os faróis de LED e a grade do parachoque cromada com acabamento em preto brilhante deixam o modelo menos sisudo e um pouco mais moderno.
Consumo
É de se esperar que um carro equipado com motor turbo tenha consumo de combustível maior em relação aos veículos com motor aspirado. A equação é simples: o carro turbinado tem motor mais eficiente e precisa queimar mais etanol ou gasolina para entregar arranque e velocidade superiores aos convencionais.
A ficha técnica do Style apresenta consumo médio de 7,8 km/l com etanol e 11,2 km/l com gasolina na cidade. Na estrada, 9,1 km/h no etanol e 12,9 km/l na gasolina. Na prática, os números foram bem diferentes.
Durante os dias de teste, em percursos urbanos de Fortaleza e Eusébio, na Região Metropolitana, o gasto médio com gasolina foi de 8,1 km/l, conforme registro no próprio painel do veículo. Não à toa, o modelo recebeu nota C na avaliação de consumo do Inmetro.
Mesmo com as expectativas frustradas, é razoável pontuar que o gasto está de acordo, em certa medida, com o que o carro entrega em potência. À vista disso, se você procura um veículo econômico, fuja do 2008 turbo. Mas se quiser um carro potente e com direção amigável, mesmo em trechos esburacados, considere o modelo da fabricante francesa.
Preços
A versão Style custa R$ 119.990; a Allure 1.6 (básica, com motor aspirado), R$ 102.990, a Roadtrip 1.6 (intermediária, com motor aspirado) R$ 106.990 e a Griffe 1.6 turbo (topo de linha) R$ 124.990. As versões sem motor turbo não contam com teto panorâmico e bancos revestidos em couro.
Tecnologia
A central multimídia da versão Style possui boa conectividade com aplicativos de celular via bluetooth, mas a reprodução de músicas travou em mais de duas ocasiões quando houve troca de aplicativos no celular conectado. Pode ter sido resposta lenta do sistema ou uma simples oscilação na internet móvel do aparelho.
A tela de 7 polegadas é pequena para um SUV, mas tem tamanho adequado para boa visibilidade das imagens projetadas pelas duas câmeras de ré instaladas na traseira do veículo. A central multimídia tem conectividade com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay.
Ponto negativo para a falta de carregador por indução. Além disso, há apenas uma saída USB no console central.
Conclusão
O turbo 2008 pode ou não ser o carro dos sonhos dependendo das necessidades de quem o deseja. Para quem busca um SUV bonito, moderno e com amplo espaço interno, ele parece não ser uma boa opção. Mas se a procura for por um veículo potente e estável, o Peugeot sai na frente dos concorrentes.
Ficha técnica do Peugeot 2008 Turbo Style CVT (2023)
Motor
1.6 turbo flex, de quatro cilindros em linha e 16 válvulas
Potência
173 cv com etanol a 6.000 rpm e 165 cv com gasolina a 6.000 rpm
Torque
24,5 kgfm com os dois combustíveis a 1.400 rpm
Transmissão
Automática de 6 marchas
Suspensão
Dianteira: Independente, McPherson / Traseira: Eixo de torção
Consumo
Cidade: 7,8 km/l com etanol e 11,2 km/l com gasolina / Estrada: 9,1 km/l com etanol e 12,9 km/l com gasolina
Roda e Pneus
205/60 R16
Freios
Dianteira: Disco ventilado / Traseira: Disco
Peso
1.246 kg
Dimensão
Comprimento: 4159 mm / Largura: 1739 mm / Altura: 1583 mm / Entre eixos: 2542 mm / Altura do solo: 200 mm
Capacidade
Porta malas: 355 L / Tanque de combustível: 55 L
Preço
A partir de R$ 119.990