Projeto da Hapvida reduz em 75% o tempo de espera para câncer de mama 

Com ajuda de IA, o Alerta Rosa vem realizando a primeira fase de testes no Ceará com resultados  significativos

15:51 | Out. 18, 2024

Por: Hamilton Nogueira
Ana Cristina Lessa é médica consultora do Navegar (foto: Arquivo pessoal)

A Hapvida NotreDame Intermédica implantou o Alerta Rosa, projeto-piloto do programa “Navegar” que tem sido testado no Ceará desde julho e vem mudando parâmetros sobre pacientes oncológicos de mama. Essa primeira etapa deve ser concluída até o final do ano, mas os dados preliminares, realizados com 119 pessoas, já apontam a redução de 75% do tempo médio de atendimento entre a solicitação do exame até o retorno ao mastologista com o resultado da biópsia, diz a empresa. 

A tecnologia presente no processo de investigação do câncer de mama começa nos primeiros exames e utiliza uma IA que busca Bi-Rads (resultado) no laudo das imagens. Uma vez detectada uma classificação sugestiva de câncer de mama, a equipe entra em contato com o paciente para explicar acerca do projeto Alerta Rosa, convidando-o a fazer parte.

Aceito o convite, o paciente é acompanhado durante toda a investigação até o encaminhamento para tratamentos de controle ou oncológico. “O diagnóstico precoce é pilar fundamental para a cura do câncer de mama. Quanto antes iniciarmos o tratamento, maior a possibilidade de cura. Dessa forma, o rastreio regular eficiente e rápido é essencial para tal diagnóstico, evitando cirurgias mutiladoras e tratamentos invasivos”, afirma o mastologista da Hapvida, Giovanni Magalhães.

De acordo com o vice-presidente de Operações Hospitalares e Programas de Saúde da Hapvida NotreDame Intermédica, Francisco Souto, o programa Navegar colabora com a otimização da jornada diagnóstica do câncer de mama. “Ele se utiliza de protocolos para padronizar condutas de acordo com o resultado dos exames. Além disso, temos um canal de comunicação exclusivo e um fluxo individualizado de navegação, que é o acompanhamento e o direcionamento dos pacientes com risco de câncer de mama”, destaca Souto.

Paciente participante

A diretora de Relacionamento Assistencial, Giselle Palmeira, de 42 anos, sabe bem do valor do tempo para o tratamento bem-sucedido do câncer. Com a dor de perder a mãe de 50 anos para um câncer de mama detectado tardiamente, ela agora, passando pelo tratamento da mesma doença, tem a chance de ressignificar esse momento difícil. Giselle é uma das 119 mulheres que participam das fases de testes do projeto-piloto “Alerta Rosa”.

A diretora teve a suspeita do câncer de mama, em julho, depois de exames de rotina, na rede Hapvida. Foi, então, convidada a integrar o programa Navegar. Por benefício da IA, quinze dias depois dos primeiros exames, teve o diagnóstico fechado de câncer de mama e tão logo iniciou o tratamento, com cirurgia de mastectomia parcial e radioterapia. No caso dela, o tumor ainda era tão pequeno que a quimioterapia foi desaconselhada. Neste outubro, três meses depois do diagnóstico, Giselle está finalizando o tratamento, tendo cumprido também as quinze sessões de radioterapia recomendadas pelo médico.

“O ‘Alerta Rosa’ e todo o programa ‘Navegar’ têm feito muita diferença na minha vida e na minha experiência com o câncer de mama, por tudo que eu passei com a minha mãe. Eu me sinto muito privilegiada. Agradeço a Deus todos os dias por essa oportunidade. Além da tecnologia, tem todo o acolhimento, o acompanhamento. Quando a gente recebe um diagnóstico como esse, a gente fica totalmente desorientada, sem saber qual o próximo passo. O programa dá um rumo, nos acolhe, acolhe nossa família, nos orienta dia a dia sobre o que fazer, qual exame fazer, nos encaminha para os médicos. A gente não se sente sozinha. É muito mais do que a rapidez entre diagnóstico-tratamento-cura. É se sentir amparada no percurso inteiro”, resume Giselle.

A médica consultora do programa “Navegar”, Ana Cristina Lessa, explica que as pacientes que integram o programa recebem todo o apoio no agendamento de consultas médicas com mastologistas e no agendamento de exames de mama como a biópsia. “Temos uma enfermeira-navegadora dedicada ao direcionamento e o acolhimento dos pacientes. As pacientes contam também com o apoio do corpo clínico, assistencial e administrativo para a condução célere e humanizada; um cuidado que vai muito além do diagnóstico”, define a médica.

Mais dados 

Os dados preliminares do projeto-piloto Alerta Rosa, integrante do programa Navegar para pacientes oncológicos, são referentes ao período de 1º de julho a 3 de outubro de 2024. Por meio dos exames de ultrassonografia e mamografia realizados pela rede Hapvida no Ceará, foram identificados 435 pacientes elegíveis para o programa Navegar. Destes, 230 foram captados para o projeto-piloto Alerta Rosa. A partir de então, 119 pacientes cumpriram todo o percurso da primeira fase de testes, que vai da solicitação de novos exames até o retorno ao mastologista com resultados da biópsia, em que se verifica a redução significativa do tempo de avaliação. Em 2021, esse prazo era de 136 dias e, agora, para as pacientes que fazem parte do programa, esse intervalo é de apenas 33 dias. Uma diminuição de 75% do tempo de espera.