Artigo; o impacto da suspensão do X no consumo de conteúdo da GenZ

Luiz Menezes, fundador da Trope, reflete sobre o impacto da suspensão do X (Twitter) no consumo de conteúdo da GenZ

14:40 | Set. 23, 2024

Por: Hamilton Nogueira
Luiz Menezes é fundador da Trope (foto: Arquivo pessoal)


*Luiz Menezes


Tivemos um suspiro de esperança com a volta do X (Twitter) para alguns usuários, porém, a rede social ainda segue suspensa no Brasil, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A proibição da operação das atividades no país aconteceu devido a recusa de Elon Musk, atual dono, de bloquear perfis a pedido da justiça e por deixar a rede sem representante legal, algo contra a lei.

O fato é que desde a suspensão, muitas pessoas têm sentido falta da rede social, afinal, o X (Twitter) permitia que se comentasse tudo em tempo real com pessoas do mundo inteiro. E nós, brasileiros, éramos os campeões em falar e fazer memes sobre todos os acontecimentos, seja um evento em escala mundial como a Olimpíada, ou o maior reality show do país, que é o Big Brother Brasil.

Diante do bloqueio de uma plataforma responsável por fazer com que as pessoas fossem cronicamente online, pergunto: quais são os potenciais impactos do bloqueio do X (Twitter) no Brasil no consumo de conteúdos? Os usuários sempre foram bons curadores, que constantemente tinham os seus conteúdos selecionados a dedo pelas páginas de memes do Instagram, que ajudavam a massificar/tornar mainstream.

A verdade é que mesmo perdendo presença nos planos de mídia de marcas anunciantes nos últimos anos, desde a aquisição de Elon Musk em 2022, o X (Twitter) sempre teve uma grande relevância para apontar o que era tendência no momento, separando o que era cool, trend ou cringe. E isso acontecia pela forte presença de usuários da Geração Z, pessoas de 14 a 28 anos.

O bloqueio dessa rede social consequentemente gera uma possível perda de contato fácil à microculturas e comportamentos nichados, recorrendo só às redes de vídeos curtos. Além disso, já é perceptível uma migração de usuários para redes parecidas ao X (Twitter), como Threads - que já vinha sendo enxergada como a nova rede menos tóxica e mais pró-comunidade -, Bluesky e Mastodon.

Nesse período, noto que a queda do X (Twitter) definitivamente abriu um novo capítulo no comportamento online, e a GenZ está empenhada em encontrar formas criativas, sempre com humor e piadas, para suprir a necessidade de postar pensamentos a cada segundo. O Threads, como citei acima, tem feito grande sucesso e se destacado como o destino favorito para quem busca uma experiência semelhante.

No entanto, a plataforma da Meta se transformou diante dessa migração digital. Agora podemos dizer que é uma fusão entre o estilo direto da antiga rede e a estética visual do Instagram. Porém, o Threads não é apenas um lugar para pensamentos curtos e rápidos, possuindo uma linguagem visual parecida com o Pinterest, cheia de imagens inspiradoras e conteúdo ‘instragramável’.

Com uma interface limpa e uma proposta de comunicação mais leve, o Threads tem atraído aqueles que sentem falta de uma plataforma onde possam compartilhar ideias, representando também uma nova maneira de se expressar: gifs, memes, imagens e áudios que capturam momentos e sentimentos, criando uma verdadeira metamorfose entre o que era o X e o que é o Instagram.

É claro que a busca por uma plataforma que equilibre o imediatismo das palavras com a beleza das imagens continua, e a saudade do X (Twitter) ainda prevalece. Mas o que fica é que essas novas formas de lidar com a ausência de um espaço para pensamentos mostram como estamos sempre encontrando jeitos de nos expressar, mesmo em meio ao caos digital. Afinal, a necessidade verborrágica continua viva, seja online ou offline.