Protômega: startup que processa inseto para fazer farinha
A protômega, startup de dois alunos da UFC, produz uma farinha de alto valor nutricional a partir de um inseto.Daniel da Silva Marte e Carlos Alberto Nascimento são estudantes do oitavo semestre do curso de Agronomia da UFC (Universidade Federal do Ceará) e montaram uma startup chamada Protômega. No instagram você pode procurar por @protomegainsetos para descobrir que eles, a partir do processamento de um tipo de inseto, produzem uma proteína que dá origem a uma farinha de alta qualidade nutricional.
Conversei com Daniel e ele me explicou que ambos fazem parte do LEA (Laboratório de Entomologia Aplicada) e foi lá que meio por acaso, premido pela necessidade de conhecer as criações existentes no laboratório deparou-se com o Zophobas Morio, popularmente chamado de “tenébrio”.
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“Uma das vertentes dos laboratórios é pesquisar sobre controle biológico. E eu fui de criação em criação, a fim de conhecê-las para decidir o que estudar com algum deles. Mas coincidiu com as informações trazidas pelo meu irmão, que é formado em gastronomia na Suíça, onde o consumo de insetos é mais consolidado, e assim eu e Carlos associamos as duas questões”, explica Daniel, além de registrar que o tenébrio é uma praga relativamente comum em grãos armazenados.
“Na Europa, em função clima eles gastam mais para manter as criações de inseto. No Brasil as condições climáticas favorecem muito, o que nos permite produzir muito mais gastando muito menos”, complementa.
Sobre as qualidades nutricionais do tenébrio, “cerca de 50% da massa corpórea dele é de proteína e não bastasse isso a proteína dele é melhor absorvido pelo corpo humano, além de presença de óleos Ômega 3, Ômega 6 e Ômega 9. E uma característica única é presença de fibras - importante para nosso sistema digestivo - a exemplo do que acontece com saladas vegetais. Também é rico em zinco, ferro e cálcio. No caso desse último comparável à quantidade encontrada no leite”, detalha Daniel.
Orientados pelo Engenheiro Agrônomo e Coordenador do LEA, Professor Patrik Luiz Pastori, entraram em um programa voltado para a inovação que acontecia na UFC a fim levar a ideia à frente. “A Universidade tem um movimento pelo empreendedorismo, então Daniel e Carlos participaram de uma seleção e tiveram acesso à treinamento, bolsas de estudo, orientação e acesso à parceria com o professor Rafael Zambelli, para dar início aos seus negócios”, explica o orientador.
Daniel lamenta que ainda não podem colocar o produto no mercado porque não há regulamentação na ANVISA. “Mas estamos nos articulando”, finaliza.
Obs.: por último, não resisti e perguntei sobre o sabor. "Depende da forma como você cozinha ele, mas ele lembra muito o sabor do camarão, por exemplo. O cheiro fica igual ao camarão fritado no alho e no óleo".
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