Testamos: Galaxy Z Flip5 traz novidades, mas são o suficiente?

Dobrável "pequeno" da Samsung ganhou tela externa maior, mas competição do Galaxy Z Flip5 tem tanto celulares com telas flexíveis quanto modelos "normais"

Primeiro smartphone dobrável no estilo flip, o Motorola Razr de 2019, trazia um display externo grande, que permitia usar o aparelho fechado - tradição mantida pela marca desde então. Já a linha Z Flip, da Samsung, investia em telas externas menores, apenas para funções básicas.

Nas duas primeiras gerações era difícil até mesmo chamar de tela: o diminuto visor servia apenas para mostrar horas ou quem estava ligando. O Galaxy Z Flip3, de 2021, trouxe display maior - mas ainda com sérias restrições, que seguiram no modelo seguinte.

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Para 2023, a Samsung resolve uma das principais reclamações dos usuários: o Galaxy Z Flip5 tem um painel externo de 3,4". Não é gigantesco, mas já supera bastante os antecessores.

Abrindo aplicativos na tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5
Abrindo aplicativos na tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 Crédito: Bemfica de Oliva

Exceto por aspectos como o processador, renovado anualmente, essa foi a única mudança significativa entre os Z Flips 4 e 5. O armazenamento dobrou, não há mais espaço entre as metades do celular quando fechado... E é isso. Câmeras, tela principal, bateria e recarga seguem inalteradas.

Tela grande, mais espaço para arquivos e o fim do famigerado "vão" bastam? Passei as últimas semanas com o Galaxy Z Flip5, confira abaixo tudo o que descobri.

Sobre este review: recebi o Galaxy Z Flip5 por empréstimo em 1º de setembro. O aparelho foi devolvido após os testes, e a Samsung não teve influência no conteúdo deste texto.

Parâmetros de comparação: durante meu tempo com o Galaxy Z Flip5, usei um S23 Ultra, também da Samsung, e dois aparelhos Realme, 9 Pro+ e 10 Pro+.

Samsung Galaxy Z Flip5: especificações e disponibilidade

  • Telas:
    • 6,7", Full HD+ (1.080 x 2.640 pixels, proporção 22:9), 120 Hz, Amoled, brilho de 1.000 nits (normal) e 1.750 nits (máximo)
    • 3,4", 720 x 748 pixels, proporção 1,04:1, 60 Hz, Amoled, brilho de 1.000 nits
  • Câmeras:
    • 12 MP, f/1.8, 24 mm, sensor de 1/1,76", autofoco a laser, estabilização ótica (principal)
    • 12 MP, f/2.2, 13 mm, sensor de 1/3,06", foco fixo, sem estabilização (grande-angular)
    • 10 MP, f/2.2, 23 mm, sensor de 1/3", foco fixo, sem estabilização (frontal)
  • Bateria: 3.700 mAh, carregamento cabeado de 25 W, carregamento sem fio de 15 W, carregamento sem fio reverso de 4,5 W
  • Memória: 256 GB ou 512 GB de armazenamento; 8 GB de RAM
  • Conexões: 5G, Bluetooth 5.3 e WiFi 6e (sem fio); entrada USB-C (cabeado)
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 8 Gen2 for Galaxy (octa-core, 4 nm)
  • Acabamento: Gorilla Glass Victus 2 na tela externa e na traseira, moldura em alumínio aeroespacial, vidro ultra-thin glass com película plástica na tela principal. Há oito cores disponíveis:
    • Creme, grafite, verde (claro) e rosa, para o varejo geral;
    • Amarelo, azul (médio), cinza (claro) e verde (escuro), apenas na loja online da Samsung.

No momento em que este review era escrito, o Galaxy Z Flip5 podia ser comprado por R$ 3.959 à vista ou R$ 4.399 a prazo (10x), com 256 GB de armazenamento.

Mudança da Samsung é definitiva: caixa do Galaxy Z Flip5 traz carregador

No meu review do Galaxy S23 Ultra, inicialmente escrevi que a Samsung seguia sem enviar carregador com seus aparelhos topo de linha. Após ser procurada pela fabricante, corrigi a informação: minha unidade, vinda da Coreia do Sul, não trazia o mesmo pacote vendido no Brasil. Aqui, o acessório é incluído com os aparelhos.

No caso do Z Flip5, recebi a caixa já com o carregador. Em papel cartão preto, ela traz também o cabo (USB-C para USB-C) e a papelada habitual - além do celular, obviamente. Ao contrário da embalagem do S23 Ultra, no entanto, ela não traz a imagem do celular na cor escolhida.

No design, Galaxy Z Flip5 mudou "por fora e por dentro" (mas nem tanto)

Lista de aplicativos na tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5
Lista de aplicativos na tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 Crédito: Bemfica de Oliva

É impossível não notar a mudança mais significativa do Z Flip5, em comparação ao antecessor, logo de cara. A tela externa cresceu imensamente e agora pode ser usada para muitas outras funções - mas falo disso mais adiante.

Na lateral, agora o Galaxy Z Flip5 fecha por completo, sem o vão entre as metades da tela. A abertura, por pequena que fosse, apresentava o perigo da entrada de grãos de areia ou algo similar, que poderia levar a problemas no display ou no mecanismo de fechamento - algo que sofri no Z Flip4. A moldura, em alumínio, é reta e brilhante, como a do modelo de 2022.

A lateral esquerda traz a gaveta de chip (apenas um de operadora, e sem entrada para cartão de memória), enquanto a direita tem os botões de volume e liga/desliga (com leitor de digitais integrado). Com o aparelho aberto, a parte superior traz apenas um microfone secundário, enquanto a inferior abriga a entrada USB-C, dois microfones e um alto-falante.

Tela externa ocupa metade da "traseira" do Samsung Galaxy Z Flip5
Tela externa ocupa metade da "traseira" do Samsung Galaxy Z Flip5 Crédito: Bemfica de Oliva

Fechado, o Galaxy Z Flip5 exibe a parte externa da dobradiça, com o mesmo acabamento da moldura. A tela traz o orifício circular da câmera centralizado na parte superior e, acima dele, o alto-falante de chamadas, em pequenas aberturas na espessa moldura plástica preta. Na parte inferior, pequenas aparas de borracha nos cantos amortecem o fechamento do celular.

O Z Flip5, assim como seu antecessor, não passa uma sensação de fragilidade, sendo comparável a um smartphone não-dobrável. Isso não significa que a tela flexível deva ser tratada sem cuidado, mas não é necessária delicadeza excessiva ao manusear o celular. Os materiais, além de robustez, demonstram boa qualidade - não que se esperasse algo diferente de um aparelho lançado por R$ 7 mil.

Um elemento importante de pontuar é o leitor de impressões digitais. Há tempos não tinha uma experiência tão decepcionante com este componente em aparelhos da Samsung. Z Flip3, Z Flip4, e mesmo aparelhos da Samsung mais baratos como o M54 (que custa menos de um terço do preço de lançamento do Z Flip5) entregam qualidade muito superior.

Telas: finalmente é possível usar um Galaxy Z Flip fechado!

Vou começar pelo painel interno, porque é bem simples: ele segue virtualmente inalterado em relação ao Z Flip4, exceto pelo brilho maior. Isso não é algo ruim, as telas dos dobráveis da Samsung são espetaculares.

Passando ao que mudou, o display externo é maior que o de muitos smartphones antigos. Sem exagero: meu primeiro celular inteligente, um QTEK A9100, tinha 24,3 cm² de tela. O painel do lado de fora do Z Flip5 tem quase 35 cm².

A resolução de 720 x 748 não impressiona, mas é o bastante para os usos habituais do display. Para usos mais breves, a tela é mais que suficiente.

Dá para jogar tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 - mas não é uma experiência incrível
Dá para jogar tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 - mas não é uma experiência incrível Crédito: Bemfica de Oliva

Pode-se checar rapidamente um e-mail, matar o tempo de uma fila olhando redes sociais, ou escolher uma playlist, por exemplo, sem abrir o celular. É possível - apesar de não muito agradável - até mesmo digitar textos curtos.

Em tempo: caso alguém esteja curioso, dá para assistir a vídeos sem abrir o celular. Fica um pouco difícil enxergar detalhes, mas só. E vou além: você consegue rodar jogos na tela externa do Galaxy Z Flip5 (mas não recomendo).

É preciso um pouco de "jeitinho" para rodar todos os aplicativos na tela secundária do Galaxy Z Flip5. Veja os passos:

  1. Baixe o aplicativo Good Lock na Galaxy Store - ele é seguro e desenvolvido pela própria Samsung;
  2. No Good Lock, procure pela extensão Multistar e instale-a;
  3. Ao abrir a extensão, selecione o menu "I
  4. É possível escolher todos os aplicativos instalados, mas eles precisam ser ativados um por um.

Nas câmeras, Z Flip5 segue medíocre em fotos comuns, mas incrível para selfies

Todas as câmeras do Galaxy Z Flip5 são exatamente iguais às do Z Flip4. Os sensores são os mesmos, assim como as lentes. O hardware é idêntico ao do Galaxy S20, de quase quatro anos atrás. A esta altura, realmente não há mais como engolir a inércia da Samsung neste aspecto.

As fotos não são horríveis, veja bem. Mas passam longe de ser algo impressionante - especialmente as feitas à noite. Mas o Galaxy Z Flip5 foi lançado por R$ 7 mil. É inadmissível pagar um valor destes por um aparelho que, em determinadas situações, sofre para capturar imagens que sejam sequer utilizáveis.

Começando nas fotos diurnas, é possível ver que há uma boa definição nas imagens, com cores fiéis - embora um tanto saturadas. Mas não é algo que você teria vergonha de publicar ou mostrar à família.

Em situações de menor iluminação, às vezes a lente principal até quebra um galho sem o modo noturno. A grande-angular, porém, é ruim até mesmo com a função ativada. Por mais que a opção ajudasse sempre, ela deveria ser um "a mais", algo a se usar quando se quisesse extrair o máximo de detalhes da cena. No Galaxy Z Flip5, ela é o nível mínimo necessário.

Mas nem tudo é crítica: o Galaxy Z Flip5 é um primor para selfies. A nova tela frontal muda completamente o cenário, quando comparado ao diminuto display das duas gerações anteriores - que quebravam um galho, mas só.

Com isso, o Galaxy Z Flip5 é o melhor smartphone dobrável para selfies em 2023. Isto é, entre os modelos vendidos oficialmente no Brasil. O que significa que há apenas dois concorrentes: Razr 40 e Razr 40 Ultra, da Motorola.

Se fôssemos considerar apenas números, o título ficaria com o Razr 40: o aparelho tem um sensor de 64 MP (com imagens finais de 16 MP). No entanto, mesmo usando a tecnologia de unir quatro pontos em um, as imagens do Razr 40 saem mais escuras e com menos detalhes. Concorrente direto do Flip5, o Razr 40 Ultra traz, desde a ficha técnica, câmeras piores que as da Samsung.

Bateria do Galaxy Z Flip5 não dura e sequer compensa carregando rápido

Como diz o meme: desapontada, mas não surpresa. A Samsung segue entregando dobráveis com bateria sofrível e recarga insuficiente.

No segundo quesito, para se fazer justiça, não é algo isolado ao Z Flip5. Há literalmente dois aparelhos da Samsung com velocidade de recarga maior, S23+ e S23 Ultra.

Mas isso diz muito sobre a fabricante quando a concorrência entrega celulares com quatro vezes a potência de carregamento habitual dos smartphones - dobráveis ou não - feitos pela sul-coreana... Cobrando metade do preço ou menos.

Isto dito, já compre o Galaxy Z Flip5 sabendo que ele precisará de uma carga no meio da tarde, especialmente se você pretende esticar o dia após as 22 horas. E, ligado na tomada, é preciso cerca de 1h30min para preencher a bateria.

No desempenho, Galaxy Z Flip5 tem performance ótima, mas com ressalvas

Tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 é prática para executar ações rápidas, como escolher uma playlist
Tela externa do Samsung Galaxy Z Flip5 é prática para executar ações rápidas, como escolher uma playlist Crédito: Bemfica de Oliva

Quando testei o Z Flip4, observei que o aparelho tinha performance menor em testes que outros smartphones com o mesmo processador. É compreensível que, pelas restrições do formato, a Samsung tenha reduzido propositalmente a potência do chip. No meu review do notebook de tela dobrável Zenbook 17 Fold OLED, notei que a Asus fez algo parecido.

O mesmo ocorre com o Z Flip5. No entanto, é importante lembrar que a experiência é virtualmente indiscernível de qualquer outro celular topo de linha. As diferenças em pontuações de benchmarks não se refletem em lentidão no uso cotidiano.

Mas há um ponto em que é preciso cobrar a Samsung: a memória RAM. Para 2023, 8 GB já é pouco, a ponto de celulares de entrada virem com esta capacidade. Se o modelo do ano que vem mantiver este valor, será difícil recomendá-lo a qualquer pessoa.

Conclusão: Galaxy Z Flip5 é bom? Quais as alternativas?

É possível usar a tela principal do Samsung Galaxy Z Flip5 parcialmente dobrada
É possível usar a tela principal do Samsung Galaxy Z Flip5 parcialmente dobrada Crédito: Bemfica de Oliva

Há apenas uma pergunta a se fazer para quem está considerando comprar o Galaxy Z Flip5: você quer um celular dobrável ou só um celular pequeno?

Se for o primeiro caso, e houver disposição de fazer os sacrifícios (financeiro, de câmera e de bateria) necessários, não há dúvidas. O Galaxy Z Flip5 é o melhor dobrável pequeno do Brasil atualmente. Em anos anteriores, a Motorola teria uma vantagem significativa com a linha Razr - mas apenas o primeiro modelo, de 2019, foi vendido no país.

Para 2023, porém, a Samsung consegue entregar um aparelho melhor em virtualmente todos os aspectos. A única exceção fica para as telas: na taxa de atualização, 120 contra 165 Hz (considerando o Razr 40 Ultra) no display interno e 60 contra 144 Hz no externo; e o Motorola entrega cores melhores no painel secundário. No entanto, de forma alguma estas diferenças compensam as vantagens do Galaxy Z Flip5.

Se a necessidade é apenas um celular pequeno, a própria Samsung oferece um competidor não-dobrável. O Galaxy S23 traz câmera melhor, mais bateria, com desempenho levemente superior e sem o medo de que seja necessário vender um rim caso a tela quebre.

Na versão de 256 GB, o Galaxy S23 sai o mesmo preço do Z Flip5 (há uma de 128 GB por R$ 3.500, mas, pela diferença de preço, compensa levar mais armazenamento). Na Black Friday, este preço pode cair ainda mais, mas não vejo o dobrável indo abaixo dos R$ 4 mil.

Na Asus, a linha Zenfone há anos se consolidou como excelentes opções de smartphones potentes, mas pequenos. Este ano, o Zenfone 10 dá seguimento à fama, entregando câmera, bateria e carregamento melhores. De bônus, a Asus envia uma capa para o Zenfone 10 na caixa - mas, na minha opinião, a textura da traseira é tão agradável que não vale a pena usar o acessório.

O problema é o preço: o Zenfone 10 custa R$ 6 mil. O antecessor foi lançado por R$ 4.500 e pode ser encontrado por R$ 4.100 na configuração mais avançada, com incríveis 16 GB de RAM (e 256 GB de armazenamento). A versão 8/256 GB sai por menos de R$ 3 mil. Há uma diferença pouco perceptível em termos de performance, enquanto o resto é virtualmente igual entre os modelos.

Por fim, o iPhone 15 também se mostra uma opção viável. O preço é similar ao pedido pela Samsung à época do lançamento, a duração de bateria é um pouco melhor (mas não muito), e a câmera do iPhone dá um banho na do Galaxy Z Flip5. Outras diferenças acabam ficando na seara da preferência pessoal, como a opção entre Android e iOS.

Em resumo, não dá para dizer que a Samsung fez um celular ruim com o Galaxy Z Flip5. Apesar disso, ele não é o que eu consideraria - ao menos não no preço de lançamento - um celular ótimo.

Câmera, bateria e tela são as três prioridades que a maioria das pessoas tem em um smartphone. O Galaxy Z Flip5 entrega algo inovador em um desses critérios, mas para isso sacrifica os outros.

Diferentemente do Z Flip3 e do Z Flip4, o modelo atual não me deixou animada para usá-lo a ponto de ser difícil até mesmo fazer review de outros celulares. É possível que isso seja consequência de ter passado tanto tempo com aparelhos dobráveis, mas é possível que a fabricante não consiga mais segurar o elemento da novidade como argumento de vendas por muito tempo.

E, caso as fabricantes como as chinesas Oppo, vivo (não confundir com a operadora) e Tecno, que têm dobráveis a preços altamente competitivos, decidam explorar o mercado internacional, a Samsung vai ter uma boa dor de cabeça pela frente.

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