Testamos: Odyssey Oled G8, monitor incrível e conexões horríveis
Tela curva e painel de excelente qualidade fazem monitor da Samsung ser um produto de potencial, mas Odyssey Oled G8 peca bastante em software e conexões
Nos últimos três anos ou pouco mais, o mercado de monitores - em especial o segmento gamer - tem ficado muito interessante. Funcionalidades importantes chegam a modelos mais em conta, enquanto os topo de linha testam tecnologias inovadoras.
Painéis curvos, por exemplo, já não são novidade. Ao contrário dos televisores de tela côncava, monitores deste tipo fazem sentido: por serem usados muito mais próximos ao rosto, a sensação de estar imerso no conteúdo é real.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Um exemplo é o Odyssey G7, que testei em 2021. O modelo é um monitor excelente para jogos e, surpreendentemente, para produtividade.
Uma tecnologia que demorou a chegar nesta categoria são os painéis Oled. O motivo é simples: fabricar telas deste tipo e tamanho foi, por muito tempo, extremamente caro. A maioria das empresas sequer se arriscava a lançar estes produtos.
Como expliquei ao noticiar o lançamento das televisões Samsung de 2023 (que incluem um modelo Oled), a questão do preço tem se resolvido recentemente. Um dos frutos dessa mudança é o Odyssey Oled G8, também da fabricante sul-coreana.
O Oled G8 é o terceiro monitor mais avançado - e caro - da Samsung no Brasil. O primeiro lugar, Odyssey Ark, é em suma um produto conceito que chegou ao mercado. O segundo, Neo G9, tem proporção 32:9 (a chamada super-ultrawide), voltada a nichos muito específicos.
Entre os modelos "comuns", o Oled G8 promete ser a opção mais potente da família Odyssey. Mas será que ele tem o suficiente para carregar o título? Estive com o monitor nas últimas semanas e conto a resposta neste texto.
Sobre o review: a Samsung me enviou o Odyssey Oled G8 para análise em 22 de junho. O monitor foi devolvido após os testes, e a fabricante não teve influência no conteúdo deste texto.
Parâmetros de comparação: uso três telas habitualmente, Philips 24PFL3017D (24"); LG 42LF5850 (42"); e o display do meu notebook (Acer Nitro 5 AN515-54, 15,3"). Todos são LCD com acabamento fosco, resolução Full HD e taxa de atualização de 60 Hz.
Samsung Odyssey Oled G8: especificações e disponibilidade
- Tamanho: diagonal de 34", em proporção 21:9; 80 x 33,7 cm
- Resolução: 3.440 x 1.440 pixels, UWQHD
- Taxa de atualização: 175 Hz (sem overclock)
- Tempo de resposta (GTG): 0,1 ms
- Profundidade de cor: 10 bits por subpixel, até 1 bilhão de cores; HDR10+
- Curvatura: 1800R
- Painel: QD-Oled, fabricado pela Samsung
- Certificações: VESA HDR400; suporte não-oficial a HDR1000
- Conexões: USB-C upstream (3.1 Gen 2), USB-C downstream, MicroHDMI (2.1), Mini DisplayPort (1.4); WiFi 5 e Bluetooth 5.2
- Adicionais: TizenOS com funções de smart TV; Samsung Gaming Hub; controle remoto; LEDs na traseira; sensor de iluminação ambiente
- Acabamento: tela e traseira em plástico, base e suporte em metal
No momento em que este texto era escrito, o Odyssey Oled G8 podia ser encontrado no varejo, em lojas confiáveis, por R$ 9.999 à vista ou R$ 10.999 a prazo.
Caixa do Odyssey Oled G8 é menor que o esperado

Quando testei o Odyssey G7, notei a caixa imensa. A culpa não é da Samsung, é da física: o espaço interno foi aproveitado da melhor forma possível, mas o painel curvo exige uma embalagem grande.
Sem avaliar a diferença entre as telas (os 1000R fazem o G7 muito mais côncavo que o Oled G8, com 1800R), esperava algo similar agora. Me enganei: a caixa do Oled G8 é pouca coisa mais espessa que a de um monitor plano de categoria similar - e menos longa.
Dentro dela, há o monitor, um cabo Mini DisplayPort para DisplayPort, o suporte padrão VESA para montagem em parede ou em braços articulados, o controle remoto para as funções de smart TV e a (gigantesca) fonte de energia. É a maior que já vi em um monitor - e em qualquer eletrônico de uso doméstico, na verdade.

O tamanho tem um motivo. Além da energia consumida pelo monitor, o Odyssey Oled G8 pode carregar outro eletrônicos pelas portas USB-C, com 65 W na upstream e 15W na downstream. Outra questão é que toda a parte da conversão de energia fica na fonte, para deixar o monitor mais fino.
Design e construção: Odyssey Oled G8 não atrapalha na mesa

A base do Oled G8 é bastante firme, em formato plano. Por isso, ela não consome espaço na mesa, e pode-se apoiar objetos nela sem problemas. A tela tem regulagem de altura e inclinação, mas não é possível usá-la na vertical: não existe o mecanismo de giro, e a base não chega à altura necessária.
A traseira é de plástico prateado e traz a os LEDs em formato circular, marca dos monitores Odyssey. Na frente, o painel tem moldura bastante fina. O receptor do controle remoto fica centralizado na borda inferior.

O painel do G8 (que detalharei mais à frente) tem tecnologia pixel-shift, que move a imagem para evitar burn-in. Por isso, parte das bordas é, na verdade, pontos além dos 3.440 x 1.440 da resolução, permitindo o deslocamento do conteúdo. Isso no entanto, não afeta o design.
Considerando o foco em jogos, senti uma ausência significativa no Odyssey Oled G8: suporte para fones de ouvido. Vários monitores para o público gamer trazem um gancho para pendurar o headset. Considerando o preço, algo do tipo não é pedir demais.
Variedade de conexões é a grande fraqueza do G8 Oled

Colocando de forma simples, nunca enfrentei tanta dificuldade para usar um eletrônico quanto o G8 Oled. A Samsung escolheu usar conexões que não fazem sentido algum, e isso é a maior fraqueza do monitor.
São três portas recebendo vídeo: MicroHDMI, Mini DisplayPort e USB-C - na versão USB 3.1 Gen 2, e não Thunderbolt. A Samsung manda apenas um cabo DisplayPort, com uma ponta mini e outra regular.
A experiência passa longe do esperado para um produto de R$ 10 mil. Mesmo gamers ávidos, ou outras pessoas que se disponham a investir tanto em um monitor, dificilmente terão cabos desses formatos à mão.
Na porta USB-C, a maioria dos cabos fornecidos com smartphones e computadores não chega à versão exigida pelo Oled G8. Ou seja: quem desejar usá-lo nesta conexão ou na HDMI precisa adicionar acessórios compatíveis no carrinho antes de concluir a compra.
E não recomendo ser pão-duro com adaptadores e cabos. Minha primeira tentativa com o Odyssey Oled G8 envolveu um adaptador em T (HDMI para Mini e MicroHDMI). Não coube no espaço disponível. Na segunda tentativa, um conector MicroHDMI para HDMI. A parte metálica, que encaixa no monitor, quebrou no primeiro dia.

A HDMI, na versão 2.1, fornece 48 Gbps, acima do necessário para o monitor. O desafio, no entanto, é ter um equipamento que suporte HDMI 2.1, um cabo HDMI 2.1, e, principalmente, um adaptador MicroHDMI para HDMI 2.1. No Brasil, nenhuma loja online vende este adaptador, e encontrei o cabo em apenas dois anúncios: um por R$ 190 (mais frete), outro por estarrecedores R$ 1.250 - me lembrou este acessório da Apple.
Preferi comprar um adaptador DisplayPort para HDMI - também difícil de encontrar, por sinal. Mas custou R$ 10 a menos e é possível que eu teste outros produtos com essa conexão eventualmente, algo que não deve acontecer com a MicroHDMI. E, como o padrão do cabo que a Samsung envia usa mais energia, o adaptador traz um cabo USB-A apenas para alimentação, ocupando outra entrada do computador.
A saída DisplayPort é comum em placas de vídeo, mas não garantida. Especialmente em portáteis: meu notebook de uso cotidiano traz apenas HDMI para vídeo, enquanto o Galaxy Book3 Ultra que estou testando usa HDMI e Thunderbolt 4.
E, mesmo assim, a saída DisplayPort sequer tem a largura de banda necessária para o Odyssey Oled G8. Apesar de o monitor usar compressão no sinal, permitindo que este conector consiga entregar os 3.440 x 1.440 pixels, com HDR de 10 bits a 175 Hz, ele trabalha no limite da taxa de dados suportada.
Como a taxa de transferência varia, em alguns momentos o monitor fica piscando rapidamente, indicando perda de sinal. E não apenas em uso intenso: vi a situação acontecer com a tela completamente parada, na área de trabalho.
A USB-C, por fim, limita a tela a 120 Hz. Se houvesse compatibilidade com Thunderbolt 4, a porta forneceria a taxa de dados necessária para o uso do monitor em todo o seu potencial. A Samsung preferiu limitar à versão 3.1 Gen 2.
Quem pretende usar o Odyssey Oled G8 em computadores com saída Thunderbolt, a recomendação é comprar um cabo híbrido ou adaptador. No caso de Thunderbolt-Mini DisplayPort, o problema da tela piscando também ocorrerá. Se for Thunderbolt para MicroHDMI, este último deve ser na versão 2.1.
É impossível entender os motivos da Samsung para escolher conexões tão incomuns. Na HDMI, uma porta no tamanho habitual permitiria o uso com cabos que qualquer comprador terá em casa. Na USB-C, suporte a Thunderbolt resolveria as limitações da largura de banda. Na DisplayPort, a versão 2.0 não ocasionaria o problema de tela piscando.
Como consequência, em momento algum fui capaz de testar por completo o Odyssey Oled G8. Na última semana com o produto, consegui um cabo USB-C compatível e, mesmo usando um computador que superava as capacidades gráficas do monitor, fui limitada pelas conexões disponíveis.
Qualidade de imagem na tela do Odyssey Oled G8 é quase perfeita
No que consegui testar, a qualidade da imagem do Odyssey Oled G8 é absolutamente incrível. A tela tem a resolução ideal para a distância em que se usa um monitor, as cores são vibrantes, e o contraste infinito dos painéis Oled fica ainda mais impressionante em um display de 34" que em um smartphone.
Concorrentes do Oled G8 que usam o mesmo painel (no Brasil, apenas o Alienware AW3423DWF) levam o brilho até 1.000 nits. No monitor da Samsung, o valor é limitado oficialmente a 400. Não é esse componente que limita o brilho, e sim a temperatura: o Alienware tem uma ventoinha dedicada para dissipar o calor.
É possível atingir os 1.000 nits, de forma manual, alterando configurações do próprio monitor. Como não se trata de um modo suportado oficialmente pela Samsung, há o risco de superaquecimento.
Mas mesmo o brilho de 400 nits é difícil de ser configurado. Este comentário no Reddit (em inglês) traz as instruções. Também há explicações sobre cada opção, pois as descrições usadas pela Samsung nos menus são vagas.
Graças ao acabamento brilhante, a tela mantém um nível alto de nitidez. Painéis foscos, embora evitem reflexos, deixam a imagem borrada. Ainda assim, o Oled G8 é muito menos suscetível a refletir luzes fortes que a maioria das telas brilhantes que já usei.
Mas, se você costuma usar o computador com a luz acesa, há uma ressalva. O painel, do tipo QD-Oled, deixa de exibir os pretos reais em ambientes com iluminação alta. Em locais claros, o tom mais escuro da tela se torna roxo.
Na gama de cores, há 99,5% de cobertura sRGB, 95% para Adobe RGB e 99,5% em DCI-P3. No espaço Rec. 2020, o valor fica em 80%. O Odyssey Oled G8 vai além dos jogos e é um excelente monitor para criação de conteúdo.
Essa característica é rara em telas voltadas ao público gamer, que priorizam questões como taxa de atualização à qualidade da cor. Monitores de uso profissional (como design, fotografia ou edição de vídeo) com paineis Oled também são raros.
Nesse quesito, o Odyssey Oled G8 é possivelmente a melhor opção no mercado para quem pretende jogar e trabalhar usando o mesmo monitor.
Acima, deixo exemplos da qualidade de imagem do Odyssey Oled G8 em comparação com as telas que estou usando (no lugar do Acer, o Galaxy Book3 Ultra). O notebook, que também usa um painel Oled com suporte a HDR e resolução alta, é mais próximo ao Oled G8 na qualidade de imagem. Contra os outros, porém, a diferença é gigantesca.
Sobre a curvatura, o Odyssey Oled G8 usa o formato 1800R. Em termos simples, significa que seria possível "encaixar" a tela em um círculo com 1,8 metro (1.800 milímetros, daí o nome) de raio. Monitores 1000R são o equivalente para um círculo de um metro, e assim por diante.
Na minha opinião, o Oled G8 é menos curvo que o ideal. Não que os 1000R de outros modelos sejam extremamente confortáveis (apesar de não serem incômodos, também), mas um meio termo, como 1400R, seria mais bem-vindo.
Ainda assim, não é algo que considere um defeito, por ser questão de preferência pessoal. E, para criação de conteúdo, uma tela quase plana é melhor por ser mais próxima do que é usado pela maioria das pessoas.

Fechando a análise da tela, o Odyssey Oled G8 suporta taxa de quadros variável, sendo compatível com as tecnologias FreeSync, das placas de vídeo AMD, e G-Sync, para GPUs da NVidia. Tenha em mente, porém, que essa última funciona a, no máximo, 120 FPS/120 Hz pela porta HDMI - uma limitação da NVidia, não da Samsung.
Sistema Tizen do Odyssey Oled G8 tem funções de smart TV, mas diversos bugs
Visitar fóruns de usuários foi algo que me peguei fazendo com muito mais frequência que o habitual durante a análise do Oled G8. No Reddit ou nas páginas de suporte da própria Samsung, compradores do monitor traziam reclamações que ou eu já havia notado, ou me afetariam antes do fim dos testes.
O sistema Tizen, que também está presente nas smart TVs da empresa, parece ser parte do problema. Monitores costumam usar um sistema mais simples, voltado apenas à configuração, mas a Samsung optou por tornar o Odyssey Oled G8 um televisor inteligente.
Um elemento que a empresa parece ter muito orgulho, dada a insistência de apresentar a funcionalidade, é o Samsung TV Plus. É um sistema de televisão via internet, similar à TV aberta - é, inclusive, grátis.
Outro aspecto que permite dispensar o desktop ou notebook é o modo Workspace. O Odyssey Oled G8 pode conectar-se remotamente a computadores com Windows ou MacOS, permitindo, por exemplo, acessar documentos que estão no trabalho sem precisar sair de casa.
Se o computador estiver na mesma Wi-Fi, o Oled G8 pode ser usado como monitor sem fio. A funcionalidade é compatível com Wireless Display, AirPlay 2 e Google Cast.
Com uma assinatura do Office 365, é possível ir mais além e usar o Odyssey Oled G8 para trabalho sem computador algum. Com o armazenamento em nuvem do OneDrive e versões online de Excel, PowerPoint e Word, atividades de escritório podem ser realizadas apenas com o monitor, bastando conectar teclado e mouse.
Também há serviços de streaming no Odyssey Oled G8. Pode-se assistir a filmes e séries e ouvir música sem a necessidade de ligar o computador - ou sequer ter um computador conectado.
Nos meus testes, os aplicativos não foram capazes de detectar o formato do Oled G8 corretamente. Muitos filmes e séries são filmados em 22:9, proporção das telas de cinema. Ao assisti-los num monitor convencional, 16:9, isso gera o chamado letterboxing, as faixas pretas acima e abaixo da imagem.

Minha expectativa era de que os vídeos encaixassem quase perfeitamente no display do Odyssey Oled G8. No entanto, o letterboxing é somado ao pillarboxing (colunas pretas, quando a tela é mais larga que o conteúdo exibido). Isso gera uma imensa "moldura" ao redor da imagem, como na foto acima.
Existe a possibilidade de que as próprias plataformas de streaming enviem a imagem no formato 16:9 com letterboxing. Ainda assim, o Odyssey Oled G8 poderia ter a opção de preencher a tela com o vídeo, algo presente em smartphones e que resolverias o problema.
Fechando as funcionalidades do TizenOS que dispensam computadores está o Samsung Gaming Hub. Este menu integra diversos serviços de streaming de jogos, como XBox Live e GeForce Now. Ou seja: também é possível curtir os games sem ligar um computador ou console ao Odyssey Oled G8.
Uma função que me surpreendeu foi a calibragem inteligente. Usando smartphones compatíveis (Galaxy S, Note ou Z de 2019 ou mais recentes e iPhones com FaceID fabricados de 2019 para cá), é possível configurar a imagem para que o painel tenha reprodução de cores mais fiel.
Após listar as funcionalidades, passo às críticas. A primeira delas é a instabilidade. Quedas de conexão foram constantes no AirPlay, algo que não ocorreu com outros monitores. Mesmo ao funcionar, a função é limitada a Full HD. Com isso, a resolução é abaixo do ideal e há pillarboxing na imagem.
Na conexão cabeada, mais dificuldades. Como detalhei anteriormente, o Odyssey Oled G8 frequentemente passava vários minutos com a tela piscando, com o cabo DisplayPort. Atualizar os drivers da placa de vídeo reduziu o problema, mas não o resolveu. Lembro que sequer estava usando as configurações máximas do monitor: o adaptador para HDMI, na versão 2.0, limitava a imagem a 100 Hz.
Outra questão foram distorções, como "chuviscos" de televisores antigos, em parte da tela - uma faixa horizontal ocupando cerca de 20% do monitor, acompanhados de sons que pareciam pequenos estouros. Cheguei a temer que o monitor apresentasse defeitos na tela, mas ele seguiu funcionando. O problema só desapareceu ao usar o cabo USB-C.
Alternativas ao Odyssey Oled G8
Se você tem um computador de alto desempenho, com saída HDMI 2.1, e condição de pagar o valor pedido pela Samsung, compre o Odyssey Oled G8 sem medo. É um monitor para durar mais de uma década antes de ser necessário trocá-lo.
Se, para o vídeo, você depende de saídas HDMI em versões inferiores, Thunderbolt ou DisplayPort, é preciso pensar com calma. Apenas esta última é capaz de fornecer a capacidade máxima do monitor, e ainda assim com a possibilidade de a tela ficar piscando.
Caso seu computador tenha portas Thunderbolt, use um cabo com esta conexão em uma ponta e MicroHDMI 2.1 na outra, ou um adaptador entre estes formatos. Ao usar diretamente a porta USB-C do Odyssey Oled G8, perde-se muito devido ao limite de 120 Hz.
Mesmo que consiga usar toda a capacidade do Odyssey Oled G8, ele só é ideal se você precisar das funções de smart TV. Considerando que ele provavelmente será ligado a um computador completo, creio que não seja o caso.
Para todos os outros usuários, minha recomendação fica com o Alienware AW3423DWF. Apesar do nome bem menos convidativo, o monitor da marca gamer da Dell traz o mesmo painel do Odyssey Oled G8.

A diferença mais significativa é o preço: o Alienware sai por R$ 8.500 no varejo online, à vista ou parcelado. Com o dinheiro que sobra, pode-se adicionar vários acessórios ao seu setup gamer ou mesmo comprar peças novas para o computador.
Em segundo lugar estão as conexões. O Alienware também usa DisplayPort - duas delas, aliás, no tamanho regular. O AW3423DWF, sem suporte a compressão de imagem, fica limitado a 165 Hz sem o uso de HDR, ou 120 Hz com a tecnologia ativada. Ponto para o Oled G8.
A HDMI do Alienware, embora na versão 2.0, é do tamanho convencional. Novamente é necessário fazer a escolha entre qualidade de cor e taxa de atualização: 120 Hz sem HDR, 100 Hz com.
O AW3423DWF tem uma porta USB-B upstream (3.2 Gen 1, 5 Gbps), que leva a quatro portas USB-A downstream, funcionando como hub. O Oled G8 oferece apenas uma USB-C, e o hub fica por conta do usuário. Também há uma saída para fones de ouvido de 3,5 mm, ausente no monitor da Samsung.
Por fim, o Alienware chega aos 1.000 nits de brilho máximo sem perigo, graças à ventoinha embutida. A iluminação RGB tradicional da marca também está presente aqui.
Conclusão: potencial imenso do Odyssey Oled G8 foi desperdiçado

O Odyssey Oled G8 tinha tudo para ser um monitor espetacular. Especificações excelentes, qualidade de imagem absurda, funções smart como toque adicional (ainda que dispensáveis).
Apesar disso, o modelo sofre pela escolha de conexões da Samsung, absolutamente terrível, que deve afetar boa parte dos consumidores. Vi dezenas de reclamações especificamente sobre isso em vários casos levando à devolução do monitor.
Sigo sem entender que motivo a Samsung teria para a decisão. Ela torna quase impossível a experiência "plug and play" esperada nestes produtos e dificulta o aproveitamento do Oled G8 na sua capacidade total.
Os bugs no sistema são outro aspecto importante: nunca vi um monitor ter tantos. Os problemas que descrevi foram os encontrados por mim durante o uso e que não foram resolvidos após atualizações de drivers ou do firmware do Oled G8.
Internet afora, porém, usuários reclamam de ainda mais problemas, como linhas de cor estática aparecendo aleatoriamente na tela, volume mudando sozinho e a necessidade de reiniciar o monitor ao tirar o computador do modo de suspensão. Em certos casos, o Oled G8 parece simplesmente se recusar a funcionar com determinados equipamentos.
Por fim, lembro dos menus complicados e sem explicações compreensíveis sobre determinas funcionalidades. Revirei o manual de instruções e as páginas de suporte da Samsung, mas só encontrei a configuração correta para usar o HDR400 do Odyssey Oled G8 no Reddit.
Ao tentar o atendimento online da fabricante, a orientação era sempre a mesma: levar o monitor à assistência técnica. Nem mesmo o suporte da Samsung parece entender totalmente o uso do produto.
Adorei as características de imagem do Odyssey Oled G8. O painel é realmente espetacular, quase incomparável, para mais que apenas jogos. Ainda assim, ele é um produto difícil de recomendar.
A exceção é para dois casos específicos. Se você já tem um setup com todas as portas, adaptadores ou cabos necessários, vá em frente. Se está montando um computador do zero, o Odyssey Oled G8 também é uma excelente escolha, mas adicione esses acessórios ao orçamento.
A maior parte dos usuários, mesmo os que podem gastar R$ 10 mil em um monitor, não se encaixa nessas situações. Para usar a HDMI 2.1 é necessário no mínimo uma GPU GeForce RTX 3000 ou ou Radeon 6000. Além disso, é virtualmente impossível achar no Brasil um cabo MicroHDMI 2.1 (ou adaptador compatível).
Isso para computadores de mesa. Muitos notebooks gamers, mesmo mais recentes e topos de linha, seguem incluindo apenas a versão 2.0. Como Thunderbolt e USB 4 estão se tornando o padrão para monitores, as fabricantes incluem portas HDMI apenas para retrocompatibilidade. Isso pode mudar em médio prazo, conforme são lançadas telas 8K, que precisam da velocidade extra, mas não é algo que ocorrerá em breve.
O Odyssey Oled G8 poderia ser, possivelmente, o melhor monitor à venda no Brasil - para um público mais amplo, não apenas gamers. Há opções super-ultrawide com configurações melhores, mas destinadas a consumidores de nicho.
Todo o potencial do monitor acaba desperdiçado pelas péssimas escolhas de hardware da Samsung. O software, por sua vez, precisa de sérias melhorias. Este último pode ser corrigido com atualizações do sistema, mas o problema maior, das conexões, não.
A Alienware lançou o AW3423DWF como atualização de um modelo quase idêntico, o AW3423DW. Ainda que as conexões sejam menos complicadas, o monitor da Dell traz problemas similares em não conseguir fornecer toda a capacidade do painel.
Desejo sinceramente que a Samsung faça algo similar. Mas, neste caso, que a próxima versão do Oled G8 traga portas de vídeo usáveis.
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