Testamos: Kingston XS1000, um SSD portátil e rápido

Armazenamento da Kingston tem tamanho reduzido, construção excelente e velocidade de cair o queixo, mas cobra o preço de unir potência e portabilidade

Na quinta-feira, 31 de agosto, esta repórter recebeu um notebook para review. Entre os processos que faço quando chega um produto a ser testado está transferir os arquivos que uso no cotidiano — programas, fotos, vídeos etc.

Com smartphones, ligados pelos cabos, o processo é mais simples. Entre computadores, foi necessário combinar transferência por Wi-Fi, armazenamento em nuvem e um surrado, mas resiliente, pen-drive de 32 GB. Levei três dias para concluir a tarefa.

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Fica mais doloroso ao considerar que ambos os computadores têm portas de alta velocidade, com 5 Gbps ou mais. O que me segurou foram os meios disponíveis, nenhum ultrapassando os 100 Mbps — na melhor hipótese.

Algo que aprendi em mais de uma década trabalhando com tecnologia foi que, se uma tarefa está muito mais trabalhosa ou demorada que o imaginado, você não está usando as ferramentas que deveria. E, de fato, era o caso nesta situação.

Neste contexto entra o lançamento da Kingston, o SSD externo XS1000. O portátil promete armazenamento de alta capacidade, com ótimas taxas de transferência, em um tamanho diminuto: é pouco maior que uma chave de carro.

O modelo é o "irmão menor" do XS2000, já lançado pela fabricante, mas oferece taxas de transferência mais modestas. Como os nomes sugerem, o XS2000 vai a 2.000 MB/s, tanto na escrita quanto na leitura. O XS1000 promete 1.050 MB/s — ou 1.000, para gravação.

E como o SSD portátil se sai nessa tarefa? Recebi o XS1000 na segunda-feira, 4, e fiz os testes para responder à pergunta. Confira abaixo!

Sobre o review: a Kingston enviou o XS1000 como doação, e o produto não será devolvido após os testes. A fabricante não teve influência no conteúdo deste artigo.

Parâmetros de comparação: os testes foram realizados em dois computadores. Um tem armazenamento em SSD PCIe Gen 3x2 e porta USB 3.1, o outro com SSD PCIe Gen 3x4 e portas USB 3.2 Gen2 e Thunderbolt 4.

Kingston XS1000: especificações e disponibilidade

  • Armazenamento: 1 TB ou 2 TB
  • Tipo de memória: 3D NAND, controlador SMI 2320
  • Conexão: USB 3.2 Gen2
  • Velocidades: 1.050 MB/s de leitura e 1.000 MB/s de escrita (sequenciais)
  • Material: lados maiores em metal, moldura em plástico
  • Compatibilidade: Windows (10 ou superior), macOS (10.15 ou superior), Linux (Kernel 4.4.0 ou superior), Chrome OS (todas as versões)

A Kingston fabrica o XS1000 apenas em preto, para diferenciá-lo do XS2000, que tem a parte metálica prateada. Ele chegou às lojas na terça-feira, 5, custando R$ 600 com 1 TB de armazenamento ou R$ 1.000 na versão de 2 TB.

Unboxing do Kingston XS1000, design e acabamento

A caixa do Kingston XS1000 é simples, mas nenhum produto nesta categoria vem com grandes firulas. Ela é feita em papel cartão branco de boa qualidade, trazendo o SSD e um cabo USB-C para USB-A. Como brinde, a fabricante enviou uma bolsinha de transporte, mas o item não está no kit que chega aos consumidores.

No acabamento, também nada muito elaborado: os lados maiores são em metal, enquanto as bordas são de plástico. O formato do XS1000 me lembra muitos leitores de cartões de memória, inclusive pelo tamanho extremamente compacto.

O cabo tem 30 cm de comprimento, com a ponta USB-C se ligando ao SSD e a USB-S ao computador. Eu particularmente preferiria melhor um cabo USB-C para USB-C e um adaptador de brinde, mas (por enquanto) a escolha da Kingston ainda é aceitável. Ao lado do conector, no XS1000, há um LED que fica aceso enquanto o armazenamento está ligado, e pisca quando há transferências acontecendo.

Kingston XS1000 promete (e entrega) excelente taxa de transferência

Sendo bem sincera, eu tinha absolutamente zero dúvida que os números prometidos pela Kingston para o XS1000 seriam alcançados. Qualquer SSD atual consegue chegar a 1.000 (ou 1.050) MB/s, e os de 2,5 mm via de regra só não entregam esta velocidade por limitações da conexão SATA.

Ainda assim, velocidade teórica não é velocidade prática. Quem disser que alcançou ou 60 MB/s que uma conexão USB 2.0 supostamente fornece está mentindo. Então, passemos aos testes.

No Ubuntu 23.04, com o SSD formatado em ext4 e usando o programa KDiskMark, medi quase 1.050 MB/s de leitura sequencial, com a escrita chegando a 968 MB/s - apenas 3% abaixo dos números oficiais. No Windows, formatado em NTFS, o CrystalMark apresentou números ainda melhores: 1.073 de leitura e 1.005 de escrita.

Mas benchmarks contam apenas parte da história. É preciso checar os cenários de vida real. Transferindo uma temporada de série, com 16 episódios totalizando 31 GB, foram necessários 34,5 segundos para passar os vídeos do computador para o SSD externo. A média foi cerca de 940 MB/s.

Em um teste mais desafiador, passei cerca de 4 mil fotos, somando 12 GB, Mais itens significam que o armazenamento precisa "parar" para entender onde termina um arquivo e começa outro, e isso ocorrendo milhares de vezes afeta fortemente as taxas de transmissão. Foram necessários 35 segundos, a pouco mais de 320 MB/s, para concluir a tarefa.

No meu notebook de uso cotidiano, os resultados foram mais amenos. No entanto, as portas USB do computador em questão são USB 3.1, com taxas de transferência limitadas a 5 Gbps. Deste modo, o gargalo não foi o XS1000 em si, mas o próprio notebook.

Encerrando a análise, gravei o XS1000 como um live disk do Ubuntu. Com menos de 20 segundos desde a seleção no menu de boot do notebook, o sistema estava completamente carregado - um pen-drive USB 2.0 leva, no mínimo, três minutos para alcançar este estágio. O Ubuntu funcionou em velocidade indistinguível de um sistema instalado no armazenamento interno do computador.

Usos e cuidados com o Kingston XS1000

É preciso ter em mente que o XS1000 esquentou consideravelmente durante minha análise. Isso não é um sinal de imenso perigo imediato, mas a longo prazo pode prejudicar a durabilidade do SSD.

Não notei queda na performance com este aquecimento, mas não realizei stress tests, que duram até uma hora sem "dar trégua". Deste modo, para períodos de uso mais longos, tenha em mente que pode haver uma redução da velocidade de transferência.

Em relação à vida útil, a Kingston dá cinco anos de garantia no XS1000. O período pode ser menor se o contador de ciclos indicar que ele chegou a 99% dos processos de reescrita — algo pouco provável de ocorrer durante este tempo.

Particularmente vejo dois nichos que podem ter o XS1000 como uma boa alternativa. O primeiro é de profissionais de audiovisual e fotografia, especialmente em começo de carreira. HDs e SSDs externos com conexão Thunderbolt não são raros, mas custam alguns milhares de reais — o modelo da Kingston oferece velocidade o suficiente para os arquivos gigantescos que este público usa, por um preço que, comparado aos concorrentes, é extremamente acessível.

O segundo grupo também é de uso profissional: youtubers e outras categorias de influencers. É um caso de uso parecido, mas distinto: estas pessoas se confiam primariamente em celulares para a produção de conteúdo. Ligue o XS1000 a um cabo com duas pontas USB-C, em um smartphone cuja entrada seja rápida (dica: o Galaxy S23 Ultra é um), e está aí o armazenamento para horas de vídeos que eventualmente irão para o TikTok.

Isso não significa que o XS1000 não possa ser uma ótima alternativa para diversas pessoas. Se você precisa de uma boa velocidade e grande armazenamento externo, com certeza ele será uma opção adequada. Mas será que você não resolveria sua necessidade com um pen-drive USB 3.1 que custa um terço do valor?

Kingston XS1000: conclusão e alternativas

Mesmo considerando os R$ 600 da versão de 1 TB, no entanto, não há muita concorrência ao XS1000. A Kingston posicionou o produto muito bem no mercado, e é realmente difícil achar SSDs externos de boa qualidade no Brasil.

O modelo mais popular é, sem dúvida, o SanDisk Extreme. Jornalistas do The Verge, um dos maiores sites sobre tecnologia do mundo, realizaram um trabalho investigativo e descobriram que o modelo tem falhas de projeto que levam as unidades a apagar totalmente os dados, de maneira aleatória.

A reportagem do The Verge começou após um editor do site ter passado por isto duas vezes seguidas, com duas unidades. Deste modo, não recomendo de forma alguma a compra do SanDisk Extreme.

Outra alternativa é o Crucial X6. Na versão de 1 TB, ele é encontrado cerca de 10% mais barato que o XS1000. A velocidade, porém, é menor: são 800 MB/s de transferência. Ainda é algo impressionante, mas, se você vai gastar R$ 540, pode esticar um pouquinho o orçamento pelos 1.000 MB/s do XS1000.

Por fim, há os modelos da Lacie. Embora não muito famosa entre o público geral, a marca é velha conhecida de profissionais por ter, há tempos, produtos com grande capacidade de armazenamento e altas taxas de transferência. No entanto, precisamente por ser uma fabricante voltada a um nicho, os produtos são consideravelmente mais caros: o STKS1000400, modelo mais acessível da Lacie, custa R$ 1.200, o dobro do XS1000, com os mesmos 1 TB e a mesma velocidade.

Recebi o XS1000 um dia antes do anúncio oficial, e apenas já no fechamento desta matéria tive a informação do valor que seria cobrado pelo produto. Esperava que o modelo de 1 TB chegasse por R$ 700, com o de 2 TB custando R$ 1.200 ou R$ 1.300. O único aspecto em que a Kingston entregou números menores do que eu esperava foi, vejam só, o único em que isso é uma vantagem.

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