Testamos: Asus Zenbook 17 Fold tem tela dobrável e preço de carro usado

Notebook traz como destaque a tela flexível, que permite vários modos de uso, mas performance mediana torna complicado justificar o preço de R$ 40 mil

Quão caro é "caro demais"? Depende do que se trata, naturalmente. Uma refeição por R$ 500 soa absurda, mas um smartphone no mesmo valor será do modelo mais básico existente.

Computadores que custam dezenas de milhares de reais não são algo novo. Qualquer pessoa pode ir ao site da Apple e configurar o Mac Pro, modelo topo de linha da empresa, com especificações que custam nada menos que R$ 132 mil — ao menos há frete grátis e parcelamento em 12 prestações.

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Este tipo de produto, porém, costuma ter públicos específicos, com necessidades muito singulares, a ponto de justificar o valor cobrado. Não é o mesmo que um computador que se usa para digitar documentos ou navegar em redes sociais.

Com isto em mente, me surpreendi duas vezes com o Asus Zenbook 17 Fold Oled — que, habitualmente, chamarei de Zenbook Fold daqui em diante, para facilitar.

A primeira foi pelo valor: custando US$ 3.499 (pouco menos de R$ 17 mil, em conversão direta), o modelo já chegou ao mercado global indicando que se tratava de um produto de alto custo. A título de comparação, a segunda mais avançada configuração do notebook gamer Razer Blade 16, modelo de altíssimo desempenho, custa apenas 200 dólares a mais.

Ao chegar ao Brasil, o valor assustou: R$ 39.999 — também conhecido como quarenta mil reais. Com 10% de desconto à vista, podia-se levar o Zenbook Fold para casa por R$ 36 mil. Atualmente, ele custa R$ 37 mil à vista ou R$ 33.300 a prazo. Não fosse a situação surreal do mercado automotivo no Brasil, seria o valor de um carro novo.

Pelo preço, você leva para casa um notebook dobrável. Ok, tecnicamente todos os notebooks são dobráveis, mas não como esse:

Zenbook 17 Fold Oled review - Bluetooth keyboard

A tela. A tela do notebook dobra. Não é algo que se vê todo dia, não é mesmo?

Ainda assim, com esse dinheiro, você leva para casa um Fiat Uno 2020 com 38 mil quilômetros rodados e estado de novo. Quer mais espaço para bagagem? Um Ford Ka sedã, também 2020, custa apenas mil reais a mais, com 65 mil quilômetros no hodômetro.

A segunda surpresa foi a Asus me dar um retorno positivo quando pedi para testar o Zenbook Fold. É raro uma fabricante fornecer produtos de tamanho valor agregado mesmo para veículos especializados em tecnologia.

E assim começou minha jornada com o Zenbook 17 Fold Oled. Abaixo, conto minha avaliação sobre aquele que, entre os modelos com Windows, é o notebook mais caro do Brasil. Confira!

Zenbook 17 Fold Oled review - laptop and desktop modes

Sobre este review: Recebi o Zenbook 17 Fold Oled para análise em 29 de maio. O aparelho foi devolvido em 20 de junho, após os testes, e a Asus não teve influência no conteúdo deste texto.

Parâmetros de comparação: o notebook que tenho para uso pessoal e de trabalho é um Acer Nitro 5 modelo AN515-54. O processador é um Intel i7 9750H, há 24 GB de RAM e a placa de vídeo é uma GeForce GTX 1650, com 4 GB de VRAM. No armazenamento, dois SSDs de 256 GB nos slots NVMe (PCIe Gen 3x2) e um de 480 GB na entrada SATA.

Zenbook 17 Fold: especificações e disponibilidade

  • Tela: 17,3", 2.560x1.920 pixels, proporção 3:4 (aberto); 12,5", 1.920x1.280 pixels, proporção 3:2 (dobrado, com teclado sobre a outra metade da tela); 120 Hz, Oled, brilho de 500 nits (máximo), calibração Pantone
  • Processador: Intel i7 1250U - 10 núcleos (2 de performance + 8 de eficiência), 12 threads, TDP de 9 W
  • Armazenamento e memória: 1 TB (NVMe, PCIe Gen4) e 16 GB de RAM DDR5
  • Gráficos: Intel Iris Xe integrada, sem placa de vídeo dedicada
  • Conexões: Bluetooth 5 e WiFi 6 (sem fio); duas portas USB-C com Thunderbolt 4 e uma de 3,5 mm (cabeado)
  • Bateria: 75 Wh, quatro células; recarga de 65 W
  • Câmera: 5 MP, sensor infravermelho com suporte a Windows Hello
  • Acabamento: liga de magnésio na parte externa, com cobertura de couro sobre a dobradiça

No momento em que este review era escrito, o Zenbook Fold podia ser comprado na loja oficial da Asus por R$ 33.300 à vista ou R$ 37 mil a prazo.

Unboxing: Zenbook 17 Fold traz mimos na caixa

Zenbook 17 Fold Oled review - unboxing

Dentro da caixa do Zenbook 17 Fold há, antes de mais nada... outra caixa. Aquelas bordas de isopor ou espuma, que trazem proteção contra impactos nas embalagens de muitos computadores e televisões, por exemplo, aqui guardam a integridade da real embalagem do Zenbook Fold.

Nesta segunda caixa, sim, nos deparamos com o conteúdo. Ela se abre em algo que, imagino, a Asus tentou fazer lembrar a própria tela do Zenbook Fold, mas me pareceu muito como uma flor desabrochando. Não deixa de ser um efeito bonito.

Agrada que foi dedicado algum tempo para pensar a embalagem do produto. Na Apple, por exemplo, pode-se comprar o MacBook Air menos caro (R$ 11.600) ou o Pro com as configurações mais potentes (inacreditáveis R$ 71 mil), a experiência de unboxing será exatamente a mesma.

Dentro dela está o Zenbook Fold aberto. Não, calma, antes disso há um aviso da Asus — maior que o próprio computador — sobre a fragilidade da tela e cuidados especiais. O alerta tem embasamento, mas falarei disso adiante.

Depois do notebook estão os acessórios: o teclado Bluetooth, uma case de couro para levar o Zenbook Fold nas aventuras cotidianas, o carregador de 65 W (com cabo fixo, não sendo possível destacá-lo), um adaptador USB-C para USB-A (que, felizmente, é em formato de cabo, e não uma peça pequena e frágil) e um apoio para deixar o computador aberto e apoiado na caixa, creio que para exibição em vitrines. Ou na sala de casa, tendo em vista que o preço dele é maior que muitas obras de arte.

Zenbook 17 Fold tem acabamento excelente, mas parece protótipo

Zenbook 17 Fold Oled review - iridescent finishing

Não é só na embalagem que o Zenbook Fold mostra ser de uma faixa de preço elevada. A parte externa do notebook está entre as mais bonitas que já vi em um computador.

Considerando ele dobrado, a metade superior deixa à mostra o corpo em liga de magnésio, enquanto a inferior traz uma cobertura de couro, que vai até a dobradiça - daqui sai um apoio, que permite usar o Zenbook Fold em vários ângulos com a tela totalmente aberta.

A pintura da área metálica tem é iridescente, quase holográfica. As cores vão do verde ao azul, sempre em tons escuros. Ela é fosca, salvo o logotipo da Asus, com acabamento brilhante.

O Zenbook Fold pesa 1,8 kg, e isso tem duas interpretações. Para um notebook, é um valor razoável. Como um tablet, no entanto, ele certamente causa desconforto nas mãos.

Nos materiais de divulgação, o corpo do Zenbook Fold aparenta ser mais, pela falta de termo melhor, esguio. Admito que tenho culpa parcial pela minha decepção neste sentido devido às expectativas criadas, mas eu realmente esperava algo como "dois iPads ou Galaxy Tabs S transformados em gêmeos siameses". É difícil definir bem em palavras, mas quem já teve contato com tablets topo de linha entende o conceito.

Zenbook 17 Fold Oled review - pano view

O corpo mais robusto, porém, é necessário para segurar os componentes. Tanto a tela, que pelo formato flexível não pode ter proteção adicional, quanto elementos que lembram que o Zenbook Fold é um computador, e não um tablet. Ele tem, por exemplo, ventoinhas, algo esperado na primeira categoria, mas não na segunda.

Fabricantes de computadores têm se esforçado para deixar as bordas das telas de seus notebooks cada vez mais finas — com a Apple adotando o famigerado entalhe para a câmera, e outras "escondendo" este elemento no teclado. No Zenbook Fold elas são grossas, em uma lembrança que ele pode, apesar do parágrafo anterior, ser usado como um tablet. O material desta parte, emborrachado, me lembrou EVA pela textura.

Aparelhos dobráveis deixam o conceito de "superior", "inferior" e "laterais" um tanto borrados. Deste modo, de antemão peço desculpas porque a análise das bordas vai ser um tanto confusa.

Considerando o Zenbook Fold totalmente aberto e na horizontal, a parte superior da moldura (lateral direita, no modo notebook) traz uma porta Thunderbolt 4 quase ao centro, com a entrada para fones de ouvido ao lado. Em seguida há as aberturas para saída de calor e, já perto da lateral esquerda (borda superior, no formato notebook) fica o botão liga/desliga.

Nesta mesma posição, os botões de volume ficam na lateral esquerda (novamente, borda superior no modo notebook). Quase todo o restante deste lado é ocupado por alto-falantes, e, quase chegando à parte inferior, está a segunda entrada Thunderbolt.

Na borda inferior, com a tela aberta (lado esquerdo, no modo notebook), mais um alto-falante, e pés de borracha para ajudar no apoio quando o display está desdobrado. A lateral direita (borda inferior no modo notebook) traz mais alto-falantes.

Primeiros dias: é preciso se acostumar ao Zenbook Fold

Tecnologias novas demandam sempre a chamada curva de aprendizagem, um período até compreender determinadas nuances do uso daquele produto. Pense na primeira vez que você pegou em um smartphone: foi necessário entender como ele funcionava, por ser totalmente distinto dos celulares de antigamente, correto?

No caso do Zenbook Fold isso se aplica de certa forma. Não exatamente exigindo reaprender o uso, mas perceber como certas coisas são pensadas de forma levemente diferente considerando o formato do computador.

Um exemplo são as conexões cabeadas do Zenbook Fold. Não importa em qual posição você use o computador, sempre haverá uma porta Thunderbolt na parte de cima e outra em um dos lados. Não é intuitivo, e visualmente fica um pouco estranho quando há algo conectado.

Tela

Cabe lembrar que aqui estou trazendo apenas as primeiras impressões, a análise aprofundada da tela está mais à frente. O ponto é: visualmente, o display do Zenbook Fold é incrível. Cores, contraste, brilho, tudo impressiona.

Na questão física as coisas ficam um pouco mais complicadas. A área central da tela, próxima às dobradiças, aparenta uma fragilidade imensa. Não apenas isso, o próprio painel fica "solto" nesta parte, a ponto de ser possível "afundá-lo" com um leve toque do dedo — algo preocupante quando lembramos que o display é touchscreen.

Conexões

Prepare-se para usar adaptadores. Com frequência. Oferecendo apenas duas portas USB-C e uma entrada para fones de 3,5 mm, o Zenbook Fold não é um primor de conectividade. Também não é horrível — em 2021 testei o Galaxy Book S, com formato de notebook "completo" e exatamente as mesmas conexões que o Asus.

Zenbook 17 Fold Oled review - adapters

Ainda assim, estamos falando de uma série de limitações. Uma delas é, como disse acima, as posições: se usar as duas entradas USB, você sempre terá algo "pendurado" no topo do notebook. E, para conseguir usar qualquer coisa que não seja um kit de teclado e mouse sem fio (a Asus envia um adaptador USB-C para USB-A na caixa, mas com uma única saída), você precisará de hubs ou docks.

Meu cotidiano envolve usar, no mínimo, um receptor Logitech Bolt para teclado e mouse, dois monitores, incluindo via um adaptor DisplayLink USB-HDMI, e mais uma porta USB para alimentar a ventoinha no suporte para notebooks. Com frequência há também pen-drives e um headset USB envolvidos.

Nesta situação, precisei usar um hub (USB-C de saída, 4 USBs-A de entrada) e um adaptador (USB-C de saída, entradas USB-A e HDMI, mais uma USB-C para alimentação). É um dos poucos cenários em que meu uso não é muito mais intenso que a média. Ainda assim, foi preciso um pouco de malabarismo para conseguir conectar todos os acessórios que precisei.

Aqui a documentação é: aproveite que está na loja (física ou virtual) para comprar o Zenbook Fold e leve pelo menos um dock Thunderbolt, se possível dois. Você me agradecerá no futuro.

Formatos de uso

Zenbook 17 Fold Oled review - reading mode

Outra questão são os modos de uso. A Asus afirma serem seis:

  1. Notebook com o teclado Bluetooth;
  2. Notebook com metade do display servido como teclado e a outra como tela regular;
  3. Desktop (aberto, em uma mesa, com o teclado à frente);
  4. Tablet, em que a tela fica aberta, mas a operação é apenas por toques;
  5. Leitura (o tamanho do computador é similar ao de uma revista, então creio que dispensa explicações);
  6. Estendido, em que a tela está parcialmente dobrada, com uma parte apoiada na mesa e outra "em pé", mas em vez de usar o teclado por toques usa-se o Bluetooth, porém fora do encaixe na borda do Zenbook Fold.

Na prática, porém, dificilmente o Zenbook Fold será aproveitado além dos modos desktop e notebook (com o teclado Bluetooth). Cheguei a testar os outros modos, e a usabilidade é bem ruim. Não entendo isso como culpa da Asus, mas como uma limitação do formato. Usá-lo no modo notebook sem o teclado Bluetooth pode ser uma solução temporária enquanto o acessório estiver carregando, mas só.

Teclado

Falando nele, me parece um elemento que definitivamente não recebeu a atenção necessária. A profundidade das teclas é de 1,4 mm, não muito aquém de notebooks ultraportáteis, mas ainda assim bastante incômoda.

O que me irritou mais, no entanto, foi a ausência de pés retráteis para que ele ficasse angulado. Como boa parte do corpo do acessório é apenas plástico, seria perfeitamente possível adicionar uma dobradiça em cada lateral.

Da forma como o teclado foi construído, ao usá-lo fora do notebook ele fica reto e rente à mesa. A experiência de digitação é tão desconfortável que, com dois dias de uso, retornei ao meu teclado sem fio de uso cotidiano.

Outros dois aspectos importantes do teclado são o layout internacional - ou seja, sem a tecla Ç - e a falta de retroiluminação. Considerando a espessura de 5 mm, no entanto, seria necessário um milagre para encaixar os LEDs no acessório.

O touchpad é pequeno, mas, de mesmo modo, não há o que se possa fazer levando em conta o espaço disponível. Os cliques são reais, em vez do sensor com feedback tátil usado em algumas marcas.

Portabilidade

Há duas formas de encarar este aspecto. Em comparação a qualquer notebook ultraportátil, ou um tablet cujo case de proteção tenha teclado, o Zenbook Fold não traz nenhum destaque. É fácil de levá-lo por aí, mas um iPad Pro com uma Keyboard Folio é ainda mais.

Por outro lado, nenhum tablet ou notebook ultraportátil lhe entrega em qualquer lugar (ou, em qualquer lugar ao qual você tenha coragem de levar um aparelho de R$ 40 mil) um display de 17,3" — em proporção 3:4, que traz ainda mais espaço de tela. Como ferramenta de produtividade, o Zenbook Fold realmente se destaca aqui.

Tela do Zenbook 17 Fold impressiona — e não apenas porque dobra

Não me levem a mal: a intenção aqui não é fazer pouco dos projetistas da Asus. Um painel dobrável deste tamanho é, com certeza, um feito imenso de engenharia. A questão é que a tela do Zenbook Fold se destaca tanto quanto, ou ainda mais, em outros aspectos.

Notebooks com painéis Oled já são um pouco mais comuns que dois ou três anos atrás, mas ainda assim raros. Na minha experiência com estes produtos, porém, nenhum conseguiu chegar ao nível do Zenbook Fold.

Com um pouco de esforço, consegui rodar "Avatar - O Caminho da Água" ao mesmo tempo nas quatro telas que tinha disponíveis no escritório: o Zenbook Fold, meu notebook próprio, um monitor externo e um televisor. O resultado, acima, mostra como o painel do Asus se destaca.

A fabricante chama a tecnologia de Lumina Oled. São 120 Hz na taxa de atualização, e duas certificações: DisplayHDR (nível HDR500) e Pantone, que garante a fidelidade de cores. Mais de um bilhão delas, para ser precisa. Como em qualquer painel Oled, espere também o "preto real" e contraste impressionante.

Nas pouco mais de três semanas que passei com o Zenbook Fold, usei-o para ver filmes e séries na cama. A experiência de assistir os conteúdos em uma tela quase tão grande quanto meu monitor externo só é superada, de fato, pela qualidade do painel.

Apenas lembre-se de fechar o Zenbook Fold antes de dormir, especialmente se tiver animais de estimação. A tela não me passou, de forma alguma, a confiança de que sobreviveria a um encontro mais de perto com minhas gatas, e certamente não é à prova de pets em geral.

Zenbook 17 Fold Oled review - screen rollover

Outra questão é que o display, de acabamento brilhante, tem uma facilidade imensa de atrair marcas de dedos. É o preço que se paga pela nitidez (painéis foscos acabam prejudicando a definição da imagem), mas algo a se ter em mente quando se considera que a tela do Zenbook Fold é sensível ao toque.

Neste aspecto, cabe lembrar, o Zenbook Fold não inclui caneta stylus na caixa, tampouco lista, nas especificações, compatibilidade com este tipo de acessório. O ThinkPad X1, da Lenovo, único outro produto na categoria de notebooks dobráveis até agora, tem isso como vantagem significativa.

Na questão da flexibilidade, por fim, o painel de 17,3" traz resolução 2.560 x 1.920 pixels em proporção 3:4, quando usado inteiro, e pode atuar também com 1.920 x 1.280 pixels em 3:2, no modo notebook com o teclado Bluetooth acoplado. E pronto, é isso. Não é a funcionalidade revolucionária que existe, por exemplo, em smartphones dobráveis. Pode-se dizer até mesmo que é um pouco frustrante. E, sim, o vinco na dobra é muito perceptível.

Como o Zenbook 17 Fold se sai no uso cotidiano?

Zenbook 17 Fold Oled review - laptop and desktop modes for office work

Como jornalista e reviewer, minha obrigação é dar ao público sempre total honestidade. Com isso em mente, é importante começar esta seção pontuando que o Zenbook Fold não é, de forma absolutamente alguma, tão bom quanto sugere o valor pedido por ele.

Não significa, vejam bem, que não é um computador divertido de usar. Passei mais de um ano e meio com celulares de tela dobrável, e até o último dia ainda havia quem virasse o rosto para ver novamente quando eu abria o aparelho em público. Agora imagine isso, em vez de um smartphone, com um notebook de 17,3". Era certamente algo que chamava atenção em todo lugar que eu fosse.

Não que eu tenha ido a muitos lugares com o Zenbook Fold, na verdade. Tanto não estava em condições de arriscar danos, perda ou roubo de um computador que custa um ano do meu salário, quanto trabalho remotamente, então é raro que eu saia de casa mesmo com meu notebook de uso próprio.

Durante meu tempo com ele, porém, fui a São Paulo para cobrir um evento de tecnologia. Com isso, tive a oportunidade de descobrir que o Zenbook Fold é o melhor notebook para se usar nas cada vez mais apertadas poltronas dos aviões. Se o seu trabalho envolve viagens frequentes, este é um ponto importante a se considerar.

Ainda assim, é preciso levar em conta o preço do Zenbook Fold. Também deve-se considerar que, se você viaja tanto a ponto de necessitar de um notebook extremamente portátil, é provável que esteja acumulando milhas para garantir um upgrade de assento ao menos na maioria dos vôos.

Para além disso, o Zenbook Fold é consideravelmente limitado nas suas capacidades — falo disso a seguir. Eu não o recomendaria como computador principal para trabalho. Mas imagino que quem tenha dinheiro o suficiente para considerá-lo como um notebook secundário, voe sempre, no mínimo, de classe executiva. Talvez até tenha o próprio avião.

Ou seja: mesmo o principal problema que o Zenbook Fold poderia resolver, até esta altura da análise, é inexistente para quem consegue bancar o valor pedido por ele.

Um elemento acima de qualquer crítica no Zenbook Fold é a câmera. Não que ela tenha a qualidade das encontradas em smartphones topo de linha, mas este não é o objetivo. Com 5 MP, a webcam entrega imagens que superam bem o necessário para videochamadas.

Zenbook 17 Fold Oled review - opening

Ao lado da lente ficam dois sensores. Um deles é infravermelho, compatível com Windows Hello, que permite liberar a tela por reconhecimento facial e consegue escanear o ambiente em 3D, sendo usado para bloquear o computador automaticamente quando você se distancia.

Performance: Zenbook Fold sua para qualquer uso além do básico

Com um processador i7, 16 GB de RAM e um SSD PCIe Gen4, era de se imaginar que o Zenbook Fold fosse incrível no desempenho, correto?

Errado.

A memória, concretamente, não deixa a desejar. Com 16 GB de RAM é possível realizar diversas tarefas de estudo ou trabalho, jogar, editar fotos, entre outras tarefas que demandam certa desenvoltura.

O problema é o processador. Com dois núcleos de performance e oito de eficiência, o 1250U traz 12 threads, o que em teoria é o mesmo que meu computador (gamer, lembremos) de uso cotidiano.

Começando dos cenários mais pesados, tentei rodar jogos no Zenbook Fold e o resultado foi... Bem, para chegar a "ruim" precisaria melhorar muito. Fortnite rodou na faixa dos 10 frames por segundo (FPS). Forza Horizon 4, que exige ainda mais, não chegou a metade disso. Em ambos os casos, na menor resolução possível e com todos os gráficos no mínimo.

Zenbook 17 Fold Oled review - gaming performance

Nas imagens acima, é possível ver de forma nítida a diferença. Meu notebook, ao fundo, rodava de forma tranquila os mesmos benchmarks que listei abaixo. O Zenbook Fold, por sua vez, apresentava uma taxa de quadros impossível de usar em qualquer jogo.

Mesmo para trabalho, não se pode dizer que o Zenbook Fold dá conta do recado. Com cerca de dez a 15 abas abertas no navegador, Spotify e o programa de gestão de projetos, o notebook já passou a apresentar engasgos. Em uma situação com mais abas, o travamento foi tanto que precisei reiniciar o computador.

Estes resultados causam estranhamento. Tanto o processador quanto a placa gráfica integrada deveriam ser capazes de encarar os cenários que apresentei, no máximo com algum sofrimento para rodar o game de corrida, mas há teoricamente desempenho de sobra para o resto.

Provavelmente por restrições do formato, a Asus limitou severamente o desempenho do chip. A frequência máxima atingida pelo processador não chegou a 1,5 GHz, menos que um terço dos 4,7 GHz aos quais o i7 1250U é capaz. Em outros reviews, foi observado que a potência fornecida ao processador não passou dos 6 Watts. Ainda que o 1250U seja um modelo de baixo consumo, ele tem TDP de 9 W.

O que se nota, portanto, é que a Asus decidiu deixar os componentes do Zenbook Fold bastante aquém da capacidade real. Ainda assim, cenários de uso intenso fazem o notebook gerar calor considerável na parte esquerda (aberto)/superior (modo notebook) da tela.

Entendo que a fabricante tenha lidado com restrições imensas, levando em conta os desafios de engenharia para criar um notebook deste tipo. No entanto, não posso deixar de considerar paradoxal que computadores custando 10% do preço do Zenbook Fold consigam resultados três ou quatro vezes melhores em testes de desempenho.

Em um breve desvio do ponto, testei o uso do Zenbook Fold com Linux. No Ubuntu 22.04, salvo alguns aplicativos travando vez por outra, não houve problemas significativos. A interface fica muito difícil de enxergar em um primeiro momento, mas basta aumentar a escala dos elementos, nas configurações, e o problema está resolvido.

Zenbook 17 Fold tem bateria para um dia de trabalho

Comecei este review pontuando quanto custa usar o Zenbook Fold, aprofundei na parte de como é usar o Zenbook Fold. Agora, chegamos na parte de por quanto tempo dá para usar o Zenbook Fold.

Aqui as notícias são boas. Em uso mediano, para trabalho, redes sociais ou assistir filmes e séries, o Zenbook Fold dura oito a dez horas fora da tomada sem dificuldades.

Coloque o brilho no máximo, ative o modo de alto desempenho, tente jogar algo que dê para rodar nesse notebook. Você ainda vai chegar a, no mínimo, seis horas de uso antes de precisar de uma recarga.

Ligado à fonte de 65 W, pouco mais de uma hora com o notebook desligado e o Zenbook Fold está pronto para outra. Com ele em uso, cerca de 1h40min levam a carga a 100%.

Não são números assustadoramente incríveis, como as 18 horas de autonomia de um MacBook com processador Apple Silicon, mas são excelentes. Leve em conta, porém, que o Zenbook Fold tem quase o dobro de tela para iluminar (e painéis Oled consomem mais energia que LCDs convencionais) que a maioria dos notebooks, então é um feito considerável.

O Zenbook Fold chegou a mim com a carga completamente exaurida, e, pela experiência, eu digo: nunca deixe a bateria dele chegar a 0%. No meu caso, foram necessários 40 minutos para o notebook sequer dar sinal de vida. Após gastar R$ 40 mil em um computador, é compreensível a ocorrência de um ou dois infartos ao conectá-lo no carregador e ele não ligar.

Zenbook 17 Fold é bom? Quais as alternativas?

Repetindo o que trouxe mais acima: é complicado recomendar o Zenbook Fold a alguém. Nem ao preço de lançamento, nem no atual valor com desconto.

Este tipo de produto tem dois públicos muito específicos e limitados. O primeiro é o de usuários que fazem questão do que há de mais avançado em tecnologia, e estão dispostos a gastar "um rim" para isso, os chamados early adopters.

Para estas pessoas, minha recomendação é: esperem a próxima versão do Zenbook Fold. No estado atual, é difícil qualificá-lo como um produto de primeira geração. Há tantas arestas a aparar, tantos pontos que precisam ser corrigidos ou aprimorados, que eu definiria o modelo como um conceito que a fabricante resolveu testar no mercado.

O segundo grupo é composto por pessoas tão ricas que, financeiramente, sequer notarão a diferença entre um notebook de R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 40 mil ou mais. A estas pessoas, comprem o Zenbook Fold. Demonstrem que há interesse nessa categoria de produtos, fomentem a pesquisa, enquanto entusiasta de tecnologia. Ficarei extremamente grata.

Para o resto de nós, que pesam prós e contras ao adquirir produtos, seguem algumas alternativas ao Zenbook Fold — caso você tenha extrema necessidade de gastar R$ 40 mil em um computador. É importante pontuar que não mencionei o ThinkPad X1 Fold: o modelo da Lenovo tem o mesmo preço proibitivo e os mesmos pontos carentes de aprimoramento que o dobrável da Asus.

Se a diferença entre os sistemas operacionais não for problema, o Macbook Pro de 16" com processador M2 Pro (12 núcleos na CPU, 19 núcleos na GPU), se configurado com 32 GB de RAM, custa R$ 100 a mais que o Zenbook Fold à vista, e o mesmo valor a prazo.

Ganha-se mais conexões (são três Thunderbolt, uma HDMI, uma entrada para cartões SD e a de fones de ouvido, além da porta MagSafe dedicada para recarga), o dobro de bateria, e a performance surreal dos processadores Apple Silicon. Perde-se a tela dobrável e a qualidade de cores, embora os painéis MicroLED usados pela Apple sejam excelentes.

Se a ideia é ter o melhor produto pelo valor pago, a importação semioficial é a alternativa mais viável. Estes produtos, embora não sejam vendidos pelas marcas no Brasil, via de regra contam com garantia global.

Razer Blade 16, HP Omen 17 e Lenovo Legion 7i são algumas das opções. Nesta faixa de preço, todos provavelmente virão com processador Intel i9 de 13ª geração, 64 GB de RAM, 4 TB de armazenamento e uma placa de vídeo NVidia Geforce RTX 4060 ou superior.

Sua prioridade é design? Também há opções excelentes. O HP Spectre x360 custa metade do valor, traz processador similar, placa de vídeo dedicada e 4 TB de armazenamento, com as bordas chanfradas já tradicionais desta linha.

O LG Gram Style, importado, também sai por volta de R$ 20 mil. Traz 1 TB de armazenamento, 32 GB de RAM e processadores Intel de 13ª geração, com pintura iridescente, touchpad integrado ao apoio de pulso e tela Oled colaborando na parte visual.

Por fim, o XPS 13 Plus, da Dell, com design digno de filme de ficção científica. A versão com tela Oled (de 60 Hz) não é vendida oficialmente no Brasil, mas pode ser importada por cerca de R$ 15 mil com 1 TB de armazenamento, processador i7 1260p e 32 GB de RAM.

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