Testamos: Galaxy M54 é bom, bonito e (relativamente) barato
Celular intermediário da Samsung ganhou mudanças visuais e tem novos truques na versão de 2023; Galaxy M54 tem preços começando em R$ 1.600 para a versão de 128 GB
10:02 | Jul. 15, 2023
O último aparelho testado pelo O POVO foi o Galaxy S23 Ultra, da Samsung. Houve quem considerasse a análise muito dura com o topo de linha, uma vez que o foco de parte da avaliação foi a falta de novidades entre os modelos de 2022 e o deste ano.
Retomando a pontuação de eãont: é compreensível que os modelos "da prateleira de cima" tragam um ciclo de renovações mais lento. As possibilidades de melhoria são limitadas e, salvo avanços que abranjam a indústria como um todo, dificilmente haverá uma uma revolução de um ano para outro.
Ou de um ano para os dois seguintes. Às vezes, elementos especialmente "bem resolvidos" de um aparelho ficam três anos ou mais sem passar por grandes mudanças, e isso não é algo necessariamente negativo.
Há dois exemplos positivos neste cenário. Primeiro, os dobráveis Z Fold e Z Flip, da própria Samsung, que foram extremamente disruptivos quando lançados. A segunda geração (no caso do Flip a terceira, visto que o salto inicial foi apenas o suporte ao 5G) trouxe mudanças significativas de usabilidade, que só poderiam ocorrer testando os novos formatos no mundo real. Da terceira em diante, o ritmo de inovações reduziu, uma vez que os aparelhos tinham encontrado sua posição no mercado.
O outro exemplo é dos iPhones. Do modelo 5S, lançado em 2013 para o 6, de 2014, um salto grande (para os parâmtros da Apple) no exterior: tela maior, bordas arredondadas, e, de certo modo, uma nova identidade de design. Do iPhone 7 (2016) para o X (2017), o corpo quase sem bordas — que, cabe lembrar, não foi inventado pela Apple, o mérito é do Sharp Aquos Crystal, de 2014, com design aperfeiçoado e popularizado pelo primeiro Xiaomi Mi Mix, de 2016. E desde então... Bem, a maior mudança estética nos aparelhos da Apple nos últimos seis anos foi voltar às bordas retas em 2020.
Este review, porém, é de um aparelho intermediário. Mas a introdução do texto fala de topos de linha propositalmente, para lembrar que, nas faixas de preço inferiores, há maior margem para inovação. Por dois motivos: primeiro, testar funcionalidades nestes aparelhos é mais barato e traz menos riscos que nos "flagships". Segundo, porque sempre haverá funções dos modelos mais caros que ainda não chegaram aos celulares intermediários ou de entrada.
Mas, como dizia o ditado, na prática a teoria é outra. Mesmo o segmento dos intermediários ficou estagnado nos últimos tempos, com novidades escassas e atualizações ano a ano previsíveis. Quando muito, alterações cosméticas para disfarçar a falta de melhorias (e, às vezes, até mesmo retrocesso em especificações). Importante pontuar que alteração cosmética não significa mudança em design: trocar as lentes das câmeras de posição e o resto do aparelho permanecer praticamente igual não se qualifica como uma grande diferenciação de engenharia.
E, nisso, o M54 traz gratas surpresas. A linha M da Samsung é, digamos, a mais "sóbria" da empresa. Os modelos A, igualmente intermediários, têm foco em design, seguindo sempre linhas que remetem às dos Galaxy S e trazendo funcionalidades mais "marketáveis". Os M, por sua vez, seguem uma filosofia "o que seria mais racional fazer aqui?" em cada aspecto do aparelho. Fazendo uma analogia, os Galaxy A são o que se esperaria aos 20 e poucos anos; os Galaxy M, aos 50 e poucos.
Mas parece que, para 2023, o cinquentão decidiu dar uma inovada. Mudou o corte de cabelo, comprou um carro com pegada mais esportiva, está experimentando cervejas novas após três décadas bebendo a mesma marca... Eu sei, isso parece uma descrição de coroa recém-divorciado em crise de meia-idade, mas acredite, é um elogio.
Passei as últimas semanas com o coroa — digo, com o Galaxy M54 — como um dos meus smartphones. Abaixo, conto o que vem de novo este ano. Confira!
Sobre o review: recebi o M54 para análise em 26 de abril. O aparelho foi devolvido após os testes, e a Samsung não teve influência no conteúdo deste texto.
Parâmetros de comparação: durante os testes, estive também com os seguintes aparelhos: Samsung Galaxy S23 Ultra, Oppo Reno7, Realme C55 e Realme 10 Pro+.
Samsung Galaxy M54: especificações e disponibilidade
- Tela: 6,7", Full HD+ (1.080 x 2.400 pixels, proporção 20:9), 120 Hz, Amoled
- Câmeras:
- 108 MP, f/1.8, autofoco por detecção de fase, estabilização ótica, imagens finais de 12 MP (principal)
- 8 MP, f/2.2, sensor de 1/4", foco fixo, zoom de 0,6X, (grande-angular)
- 2 MP, f/2.4, foco fixo (macro)
- 32 MP, f/2.2, 26 mm, sensor de 1/2,8", foco fixo (frontal)
- Bateria: 6.000 mAh, carregamento cabeado de 25 W
- Memória: 128 GB ou 256 GB; 8 GB de RAM
- Conexões: 5G, Bluetooth 5.3 e WiFi 6 (sem fio); entrada USB-C (cabeado)
- Processador: Samsung Exynos 1380 (octa-core, 5 nm)
- Acabamento: Gorilla Glass 5 na tela, moldura e traseira em plástico. Disponível em azul (escuro) e prata (iridescente).
No momento em que este review era escrito, a versão com 128 GB de armazenamento do Galaxy M54 podia ser comprada no varejo on-line, em lojas confiáveis, por R$ 1.599 à vista ou R$ 1.999 a prazo.
Caixa do Galaxy M54 traz o básico, mas tudo bem
Esta parte é rápida, porque não há novidades por aqui, mas também não há reclamações. A caixa do Galaxy M54 é de papel-cartão branco de qualidade básica, trazendo o celular, cabo, carregador e papelada. A ferramenta de remoção de chips é mais simples que a enviada com aparelhos das linhas S ou Z.
A ausência notável aqui é uma capa. Não é um item tão indispensável quanto em concorrentes de marcas menos conhecidas, haja vista que qualquer ambulante, a esta altura, já deve ter dezenas de modelos diferentes de proteção para o M54. Mas seria um mimo bem recebido.
O outro ponto é o cabo. No formato USB-A para USB-C, ele poderia trazer ambas as pontas no padrão mais novo, mas entendo a questão dos custos. Por enquanto. Em um ou dois anos, quando a maior parte dos computadores novos tiver mais portas USB-C que USB-A, não vai dar para fazer vista grossa a este ponto.
Design: Galaxy M54, como você mudou!
Na primeira geração, A51 e M51 diferiam apenas no acabamento — o modelo A era mais chamativo. Na segunda, O A52 ganhou a ilha das câmeras no estilo "unibody", sendo apenas um relevo na mesma placa de plástico fosco do resto da traseira, elemento de design que se repetiu na terceira versão.
M52 e M53 foram para um design mais, por falta de palavra melhor, tedioso: as linhas verticais do primeiro eram tão divertidas quanto uma estampa de gravata, e a ilha de câmeras quadrada do segundo era... feia. Sem meias palavras. Em que pese que os iPhones dos últimos quatro anos, que também usam ilhas quadradas, na minha concepção são igualmente feios.
Para 2023, temos um A54 em que as molduras das lentes saem direto da traseira, e o plástico fosco se mantém, em uma peça reta distinta da moldura, levemente arredondada. O design do Galaxy M54 é similar na disposição das câmeras, mas tanto traz um acabamento brilhante (de plástico) quanto as bordas são integradas à traseira em uma curva contínua.
O resultado é ótimo: enquanto o A54 notavelmente tenta remeter ao visual da linha S, o Galaxy M54 aposta em uma identidade própria — sem parecer diferente demais dos outros modelos da Samsung este ano.
Na frente (protegida por Gorilla Glass 5), a tela é quase idêntica: são as mesmas 6,7", mas a resolução foi de 2.408 para 2.400 pixels na vertical, mudança quase imperceptível na proporção. A câmera de selfies segue em um orifício centralizado na parte superior — o da unidade recebida pelo O POVO aparenta ser bem maior que o necessário para a câmera, e não sei se é algo do aparelho específico recebido ou geral do M54.
A borda superior traz o microfone secundário, enquanto a inferior tem o primário, alto-falante e a entrada USB-C. Na direita ficam os botões de volume e liga/desliga (com leitor de digitais integrado), e, por fim, a esquerda traz a bandeja de chips (dois de operadora ou um nanoSIM e um MicroSD). A moldura é toda em plástico.
O acabamento do Galaxy M54 está dentro do que se espera para um celular nesta faixa de preço, sem luxos, porém de forma alguma aparentando fragilidade. Não é, porém, altamente resistente: uma queda apenas, da altura de uma mesa, foi o suficiente para trincar a traseira, que também apresentou arranhões com facilidade. Se você é o tipo de pessoa que compra um smartphone já pensando em revendê-lo quando for trocar de aparelho, recomendo adquirir uma capa para ele o quanto antes.
Tela do Galaxy M54 é virtualmente idêntica à do M53
Embora tenha me tornado formalmente jornalista apenas há cerca de três anos, comecei a escrever sobre tecnologia em 2011, e acompanho o tema desde a adolescência, nos anos 2000. Posso pontuar que, com quase duas décadas na área, vi uma série de mudanças e evoluções no mercado.
Junto a isso, também há uma série de coisas permanecerem exatamente iguais. Este tempo no ramo me permite avaliar se determinadas não-alterações são fruto de um amadurecimento que demanda menos mudanças ou de uma estagnação por falta de criatividade.
A tela do Galaxy M54 vai pelo primeiro aspecto. A diferença é tão sutil que alguém comparando-o com o M53 lado a lado poderia perguntar se não é exatamente a mesma peça. Não é (a diferença é menos que milimétrica), mas tudo bem se fosse: o painel do predecessor supria perfeitamente às necessidades da categoria.
Leia mais
Em números, é um display Super Amoled Plus com resolução de 2.400 x 1.080 pixels que atualiza a até 120 Hz (60 Hz quando não há toques na tela, durante filmes e ao jogar). Nas configurações, é possível fixar em 60 Hz para economizar bateria, mas não considero necessário — falo melhor disso adiante.
Em parâmetros mais subjetivos, a qualidade é acima do esperado para a faixa de preço. A reprodução de cores traz as as tonalidades vívidas de um painel Amoled, há contraste o suficiente, a legibilidade sob luz solar intensa é boa. O brilho máximo poderia ser maior, mas é algo que eu só exigiria em aparelhos mais caros.
Algo que achei estranho pode estar relacionado ao controle de qualidade. Quando visto bem de perto, o orifício da câmera revela-se levemente torto. Não é muito fácil de explicar em palavras (tentei mostrar na foto abaixo), mas é algo parecido ao que aconteceria se você usasse um furador de papel em uma folha, movesse-a um milímetro em qualquer direção, e furasse novamente. Não é algo que visualmente incomode, mas pode indicar falhas no processo de fabricação que talvez tragam problemas a longo prazo.
Galaxy M54 perdeu uma câmera — e isso é bom
Voltando rapidamente ao design, um dos motivos pelos quais o Galaxy M53 tinha a ilha de câmeras quadrada era a presença de quatro lentes na traseira. No M54 existe um módulo a menos. No entanto, isso definitivamente não é um retrocesso, e pode-se contar até mesmo como avanço.
Explico: o sensor que foi embora é o de profundidade. O M54 mantém as câmeras de 108 MP (principal), 8 MP (grande-angular) e 2 MP (macro).
Da mesma forma que me incomoda muito smartphones topo de linha serem vendidos sem o carregador, tenho raiva dos sensores "decorativos". Câmeras com 2 ou 5 MP em aparelhos intermediários — e até mesmo alguns topos de linha — são absolutamente inúteis, por dois motivos.
Primeiro, para sensores de profundidade, eles são desnecessários. O argumento é que ajudam para fotos no modo retrato, destacando o objeto contra o fundo da imagem. No entanto, incluir uma segunda lente com foco automático resolveria o problema tão bem quanto, e ainda economizaria espaço físico dentro do aparelho — algo extremamente difícil de conseguir.
Leia mais
Para além disso, até as câmeras de selfie, com sensor menor e de foco fixo, atualmente oferecem resultados bem satisfatórios no modo retrato. E fazem isso totalmente por software, sem precisar de um sensor de profundidade adicional (embora haja smartphones que tenham este módulo junto à lente frontal, mas são bastante raros).
Já os módulos "diferentões", caso de câmeras macroscópicas (ou microscópicas, como do Oppo Reno7), também é possível fazer o mesmo trabalho sem aumentar o número de lentes. O Zenfone 9, da Asus, é um exemplo: a câmera ultrawide tem foco automático, podendo capturar imagens mais amplas ou extremamente de perto. Esta solução também supre a questão do sensor de profundidade.
Reclamação feita, passemos à análise das câmeras do Galaxy M54. Exceto pela remoção do sensor de profundidade, elas seguem iguais às do M53. E, assim como a tela, isso é algo positivo.
A lente principal tem 108 MP, entregando retratos de 12 MP após aplicar pixel-binning (juntar vários pontos da imagem para formar apenas um). A grande-angular tem 8 MP e foco fixo. A frontal, por fim, tem 32 MP no sensor, mas gera fotos com resoluções distintas, de forma um pouco confusa. Explico mais à frente.
Começando pela lente maior, ela entrega imagens satisfatórias para a categoria, embora com cores um tanto lavadas. A baixa saturação não é algo que vi no meu teste do M53, e nem algo habitual da Samsung — que costuma pegar pesado nesse aspecto para aproveitar as telas Amoled dos celulares, então certamente algo no pós-processamento das imagens mudou.
O nível de detalhes está dentro da média e é isso. Não é uma câmera que vai fazer você passar vergonha (durante o dia, ao menos), mas também nada do que se gabar. O Galaxy M54 tem estabilização ótica de imagem, adicional pouco comum nesta faixa de preço. A tecnologia ajuda a gravar vídeos com movimentação mais suave, e também reduz a quantidade de fotos tremidas.
A câmera grande-angular tem tons ainda menos vívidos, e definição de imagem parca. Nas imagens acima, note, na foto da câmera principal, a textura do vaso com as palmeiras, quase ao centro da foto. Na grande-angular, a aparência é de uma superfície lisa.
À noite as coisas pioram. Embora o nível de detalhes seja decente, a câmera principal do Galaxy M54 exibe o efeito "pintura a óleo" — com texturas virando borrões — muito forte. Ao ativar o modo noturno isso fica ainda mais evidente, enquanto sem ele você precisa lidar com lâmpadas estourando o brilho da imagem.
No antecessor, as imagens da lente grande-angular eram aceitáveis sem o modo noturno, e relativamente boas com ele. No M54, ambos os casos entregam fotos quase inutilizáveis. Não é uma crítica que eu costume fazer, mas parecem fotos tiradas com um celular de dez anos atrás.
Nas selfies, a história é totalmente diferente. As imagens trazem qualidade excelente, e o modo retrato tem ótima separação entre objeto e fundo (sem sensor de profundidade, veja só!). Há modos de selfie individual ou em grupo, que é ativado automaticamente se o Galaxy M54 detectar mais de uma pessoa no enquadramento, mas pode ser selecionado de forma manual.
O sensor usado para ambos os modos é o mesmo, mas estranhei a diferença na resolução: nas selfies individuais, as fotos são com os 8 MP esperados. No modo coletivo, saem com 12 MP. O modo de 32 MP tem o mesmo campo de visão do das selfies em grupo, ou seja: em vez de juntar quatro pixels em um, o Galaxy M54 provavelmente captura imagens com os 32 MP em todas as selfies, redimensionando-as como alguém faria em um programa de edição de imagens, por exemplo.
Em outros casos, eu questionaria a Samsung antes de publicar o review. Como o resultado traz qualidade excelente, no entanto, o método usado é de pouca importância.
6.000 mAh de bateria deixam o Galaxy M54 três dias fora da tomada
Do mesmo modo que faço críticas quando necessário, dou os devidos créditos aos pontos positivos. E aqui posso ser categórica: o Galaxy M54 tem a melhor bateria que já usei em um smartphone.
A afirmação não é leviana nem leve: tive meu primeiro aparelho desta categoria em 2008. Nestes 15 anos, passaram pelas minhas mãos nada menos que 35 smartphones diferentes, em reviews ou de uso pessoal. Com o Galaxy M54, foi a primeira vez que tive 100% de tranquilidade em sair de casa sem levar um carregador na bolsa.
No meu uso médio (que, grosso modo, equivale ao uso intenso da maioria das pessoas), o Galaxy M54 durou dois dias sem suar — por vezes chegando ao fim do segundo com 30% sobrando. Habitualmente faço testes tirando o aparelho da tomada pela manhã e vendo até que horas ele aguenta antes de que eu ache uma boa ideia colocá-lo na tomada. A bateria do M54 dura tanto que este tipo de teste sequer foi possível (ou necessário).
A ressalva aqui é: o Galaxy M54 suporta recarga de 25 W, mas o carregador incluído pela Samsung entrega apenas 15 W. Deste modo, quando colocá-lo para descansar, saiba que ele ficará lá um bom tempo. Segue a medição do tempo de recarga:
- 15 minutos: 13%
- 30 minutos: 26%
- 45 minutos: 39%
- 60 minutos: 51%
- Recarga completa: 2h15min
O tempo foi contado com o Galaxy M54 tendo a bateria completamente drenada, usando o carregador fornecido na caixa. Com um acessório de 25 W, também da Samsung, o tempo reduziu para cerca de 1h40 para que a energia fosse de 0 a 100%.
Galaxy M54 traz desempenho o suficiente para a maioria dos usuários
Apesar de ser bem simples, a não ser que você pretenda jogar sempre os games mais recentes com gráficos no máximo e taxa de quadros alta, o Galaxy M54 vai lhe atender. Ou seja: em performance, ele é bom o suficiente para a imensa maioria das pessoas.
Tarefas cotidianas, como o uso de internet, fotos e vídeos, jogos leves e streaming, acontecem aqui sem engasgos ou travamentos. Você vai ver aplicativos iniciando do zero, em vez de continuar de onde pararam, com certa frequência, mas nada que cause dor de cabeça.
Para jogos, o Galaxy M54 rodou Asphalt 9: Legends nas configurações máximas sem dificuldade. O game ajusta alguns detalhes gráficos de maneira otimizada, portanto os gráficos não ficam perfeitos: há serrilhados notáveis, mas a experiência não é muito pior que em um topo de linha. E, com a bela bateria, as sessões de jogos devem durar bastante.
Galaxy M54: conclusão e alternativas
No varejo online, em lojas confiáveis, o Galaxy M54 custa cerca de R$ 1.600 para a versão de 128 GB. Em promoções, tanto esta quanto a de 256 GB já chegam a R$ 1.500. Pelo valor, é uma compra que pode ser feita sem pensar, em alguns casos.
O principal deles é: sua prioridade não ser fotografia. Por algum motivo, a Samsung conseguiu deixar as câmeras piores de uma geração para outra sem alterar absolutamente nada no hardware delas. A boa notícia é que isso pode ser resolvido com atualizações do sistema, mas não há garantia de que a fabricante vá fazê-la.
A segunda situação em que não recomendo a compra do Galaxy M54 são pessoas que tenham o mais absoluto medo de que a tela dê algum problema. Isto é, existe a garantia de 12 meses, mas no Brasil é comum a pessoa passar dois ou três anos com o mesmo celular. Como nunca vi algo parecido ao problema no orifício da câmera frontal do M54, pode ser prudente passar longe se você tiver algum receio com a qualidade de construção.
De resto, é uma indicação fácil. Mas não é a única possibilidade na faixa de preço. Vejamos algumas alternativas ao Galaxy M54.
O primeiro concorrente do M54, dentro de casa, é o Galaxy A54. Ganha-se nas câmeras macro (5 MP) e grande-angular (12 MP), enquanto a de selfies é a mesma em ambos os modelos. A lente principal do A54 tem 50 MP, o que seria pior em teoria, mas, considerando o desempenho real do M54, acho pouco provável que o irmão menor de fato perca essa disputa.
Para além disso, a tela do A54 é menor (6,4"), o leitor de digitais é sob a tela, a bateria diminui para 5.000 mAh (mantendo os 25 W na recarga) e há certificação IP67 de proteção contra água e poeira. As diferenças de design e acabamento, que pontuei no início do review, são questão de preferência pessoal. O Galaxy A54 costuma estar no mesmo preço do M54 em diversas lojas.
Por R$ 1.780 à vista ou R$ 2.000 a prazo para a versão de 256 GB (sem entrada para cartão de memória), o Edge 30 Neo, da Motorola, é o único outro concorrente à altura do Galaxy M54 na faixa de R$ 1.500 a R$ 2.000. Assim como com o A54, é uma questão de quais elementos o comprador prioriza no aparelho.
A tela do Edge 30 Neo, por exemplo, é ainda menor, com 6,28" (e leitor de digitais integrado). Por outro lado, ele é bem mais leve que os aparelhos da Samsung, com pouco mais de 150 gramas contra cerca de 200 de A54 e M54.
A câmera principal de 64 MP parece menos capaz, no papel, mas novamente: o M54 se saiu tão mal neste quesito que é difícil ser muito pior. A grande-angular tem 13 MP, foto automático, e tira fotos macro. Fechando as lentes, as selfies também são registradas em um sensor de 32 MP.
Talvez a diferença mais significativa seja na bateria: o Edge 30 Neo troca capacidade por velocidade de recarga. Com 4.020 mAh, ele pode não durar tanto quanto o M54 (apesar de a tela menor ajudar), mas o carregador de 68W deixa o Samsung no chinelo: com meia hora na tomada, o aparelho está com a energia quase totalmente reposta.
Por fim, a performance também merece atenção. Com um processador Snapdragon 695, o Edge 30 Neo é consideravelmente menos potente que o M54. Se você prefere ficar longe de travamentos ou pretende jogar com frequência, este quesito precisa ser considerado.
Em suma, o Galaxy M54 traz o conjunto já muito bem equilibrado do predecessor, adicionando um visual renovado, e ainda entrega surpresas como a estabilização ótica na câmera principal e a bateria capaz de correr uma maratona. A qualidade das fotos realmente me preocupou, mas, se esta não for sua prioridade, o aparelho da Samsung é uma excelente escolha pelo preço.