Testamos: um ano com o celular dobrável Samsung Galaxy Z Flip 3
Nesta análise de longo prazo, avaliei o celular dobrável da Samsung lançado em 2021; saiba se o Galaxy Z Flip 3 continua funcionando após um ano de uso
15:42 | Mar. 06, 2023
Celulares dobráveis são uma realidade. Como notei, em fevereiro de 2022, no meu review do Galaxy Z Fold 3, smartphones com tela flexível já não parecem algo digno de ficção científica, ou com ares de conceito inacabado.
A tecnologia, no entanto, ainda é muito recente. Deste modo, é compreensível que muitas pessoas tenham desconfiança sobre a durabilidade destes produtos. Afinal de contas, ninguém quer investir milhares de reais em um celular que corre o risco de ter a tela inutilizada após pouco tempo.
Eu mesma, apesar de ser entusiasta de tecnologia desde muito nova, demorei para me tranquilizar sobre essa nova categoria de celulares. Apenas quando a Samsung lançou a terceira geração dos dobráveis, em 2021, fui convencida de que esses aparelhos estavam maduros o suficiente para merecer uma tentativa de uso.
E como fui convencida: me apaixonei pelo visual do Galaxy Z Flip 3 desde quando começaram a circular rumores mais detalhados sobre o design. Enquanto as duas primeiras versões eram basicamente celulares "normais" que dobravam, a terceira trouxe um aumento na tela externa, que passou a ser útil para além de mostrar apenas a hora e parte do texto de notificações.
Os receios, no entanto, permaneciam. No papel, o aparelho aparentava trazer números simples em termos de câmera e bateria, por exemplo, além da óbvia preocupação com a durabilidade de uma tela dobrável. Resolvi, mesmo assim, dar uma chance.
Em novembro de 2022, completei um ano tendo o Galaxy Z Flip 3 como meu celular principal. Embora muitos outros smartphones tenham passado pela minha mão no período - afinal de contas, uma parte grande do que escrevo envolve testar estes aparelhos - ele foi o que esteve comigo a maior parte do tempo.
E como foi passar mais de um ano com um smartphone dobrável? A seguir conto, em detalhes, tudo o que descobri, para além das impressões iniciais que um review de curto prazo poderia trazer. Confira!
Sobre o review: adquiri o Galaxy Z Flip 3 no varejo, para uso pessoal, em outubro de 2021. Usei o aparelho até janeiro de 2023. A Samsung não teve influência no conteúdo deste texto.
Parâmetros de comparação: meu outro celular de uso cotidiano é um Realme 8 Pro. Durante o período com o Z Flip 3, estive também com cinco aparelhos da Samsung (Z Fold 3, S22 Ultra, A53, M53 e Z Flip 4), um da Realme (C11) e um da Oppo (Reno7).
Samsung Galaxy Z Flip 3: especificações e disponibilidade
- Telas:
- Interna: 6,7", Full HD+ (1.080 x 2.640 pixels, proporção 22:9), 120 Hz, Amoled, brilho de 1.200 nits
- Externa: 1,9", 260 x 512 pixels (proporção 2:1), Amoled
- Câmeras:
- 12 MP com autofoco e estabilização ótica (principal)
- 12 MP (grande-angular)
- 10 MP (frontal do display interno)
- Bateria: 3.300 mAh, carregamento cabeado de 15 W; carregamento sem fio de 10 W
- Memória: 128 ou 256 GB de armazenamento e 8 GB de RAM
- Conexões: 5G, 4G, NFC, Bluetooth 5.1 e WiFi 6 (sem fio), entrada USB-C (cabeado)
- Processador: Qualcomm Snapdragon 888 (octa-core, 5 nm)
- Acabamento: vidro na tela exterior e na traseira, moldura em alumínio aeroespacial, vidro ultrafino e película de plástico na tela interna. Disponível em preto, rosa, creme e verde no Brasil.
No momento em que este review era escrito, a versão de 128 GB do Galaxy Z Flip 3 podia ser comprada no varejo online, em lojas confiáveis, por R$ 4.300 à vista ou R$ 4.500 a prazo. A Samsung já lançou um sucessor, o Galaxy Z Flip 4, que custa entre 30 e 60% a mais.
Caixa do Galaxy Z Flip 3 não tem carregador; design é premium
Não há carregador na caixa do Galaxy Z Flip 3, como a Samsung vinha fazendo em todos os seus outros smartphones caros. A decisão foi revertida por órgãos de defesa do consumidor no Brasil, e o Z Flip 4 traz o acessório.
A embalagem é feita de papel cartão preto, trazendo o aparelho, cabo USB-C para USB-C e a papelada habitual. É incluída uma película, que já vem aplicada na tela do celular, e a recomendação oficial da Samsung é que ela não seja retirada.
O Galaxy Z Flip 3 tem traseira de vidro fosco, com uma parte elevada (e brilhante) abrigando a tela secundária e as câmeras externas. Nas laterais, a moldura de alumínio aeroespacial é pintada em cor quase idêntica à do vidro. A parte da frente tem bordas plásticas, que são mais grossas que o habitual em topos de linha, mas não chegam a incomodar. Ele vem nas cores preto (a da unidade que comprei), rosa, verde e bege.
Minha intenção era de pegar o modelo rosa, mas, por desatenção, escolhi o preto na hora da compra. Não é uma escolha que tenha achado ruim, no entanto: em todas as cores, a parte onde ficam tela e câmera é preta, então a tonalidade acabou resultando num design mais limpo para a traseira.
Quando está fechado, o aparelho deixa a dobradiça aparente. Ela é feita do mesmo alumínio das bordas, e tem o logotipo da Samsung em baixo relevo. Nesta posição, há um pequeno vão entre as metades da tela, que não fecha totalmente.
Ainda no formato fechado, na parte inferior da traseira ficam textos regulatórios. Na superior estão as câmeras, o flash e o display secundário.
Considerando o smartphone aberto, a borda superior traz apenas o microfone secundário. A inferior tem o microfone principal, o alto-falante e a porta USB-C.
Na esquerda fica a gaveta de chips (apenas um, NanoSIM, e não há entrada para cartão de memória). A direita, por fim, traz os botões de volume e liga/desliga, este último com leitor de digitais integrado.
A frente - ou parte interna - traz apenas tela, bordas (de espessura idêntica em todos os lados) e câmera frontal. Ela fica em um orifício circular e centralizado, na parte superior do painel.
Talvez o ponto mais incrível na construção dos smartphones dobráveis da Samsung, desde a terceira geração, é a resistência a água, com certificação IPX8 (imersão em até 1,5 metro por até 30 minutos). Não há proteção para poeira, no entanto: as partes móveis da dobradiça podem ser bem vedadas contra líquidos, mas grãos minúsculos ainda podem entrar e afetar o funcionamento do celular.
Falo por experiência própria: por volta de outubro de 2022, quando estava há quase um ano com o celular, algo fez a dobradiça do Galaxy Z Flip 3 parar de abrir até a posição final. Minha principal suspeita é que tenha sido justamente pela entrada de partículas sólidas nesta parte. Não deixou o aparelho inutilizável, mas causa uma preocupação.
Ainda assim, ter um aparelho dobrável resistente a líquidos é um feito considerável de engenharia, e a Samsung merece os parabéns pela proeza. Nenhuma outra marca de dobráveis (embora globalmente só atuem Samsung e Motorola, na China há pelo menos meia dúzia de fabricantes com smartphones flexíveis), até hoje, apresentou um modelo com esta proteção.
Tela do Galaxy Z Flip 3 dobra, mas não é frágil
A principal preocupação de qualquer pessoa que se encontre considerando a compra de um smartphone dobrável será, via de regra, a fragilidade da tela. Trocar o display de um celular passa longe de ser barato, usando meios oficiais, e imagina-se que um painel flexível custará ainda mais para ser substituído - e sequer haverá uma opção fora das autorizadas.
Por isso, imagino que tranquilizarei uma boa quantidade de pessoas ao pontuar que a tela do Galaxy Z Flip 3 é resistente, e não quebrou em quinze meses de uso. A única recomendação da Samsung neste aspecto é que não se pressione a tela com força usando as unhas ou objetos pontiagudos, o que não me parece uma exigência descabida.
A tecnologia Ultra Thin Glass (UTG), usada nos smartphones dobráveis da marca, consegue trazer um bom equilíbrio entre resistência e flexibilidade. Basta não submeter o painel a cenários extremos, e ela terá a mesma durabilidade que um display de celular convencional.
O mesmo não pode ser dito, no entanto, da película: por volta de maio ou junho de 2021 - ou seja, pouco mais de seis meses após adquirir o aparelho - a parte central da proteção, exatamente onde fica a dobra da tela, começou a descolar. O problema começou pequeno, pelas bordas, e foi aumentando ao longo do tempo.
A troca foi feita na autorizada da Samsung, sem custo adicional, pois o item é coberto pela garantia. Novamente, cerca de quatro a cinco meses após o serviço, a película substituta apresentou o mesmo problema.
Conversando com um executivo da Samsung, ele pontuou que o aparelho pode ser usado sem a proteção, embora isso seja altamente desencorajado. O risco é que tela, já mais frágil que a de celulares comuns, fique ainda menos protegida.
A sensação tátil do acessório é diferente da maioria dos smartphones habituais, mesmo os que têm proteção aplicada de fábrica no painel. É como passar os dedos em uma tela de plástico.
Existe, no mercado, uma variedade de películas para substituir a que vem aplicada de fábrica. A aplicação pode ser feita sem passar por uma autorizada Samsung, mas é preciso ter cuidado com a parte onde fica a dobra da tela, pois, segundo relatos de usuários, ela é extremamente suscetível a apresentar bolhas caso a instalação não seja feita de modo correto. Como há um desnível nessa região, colocar perfeitamente a película pode ser um desafio.
Em termos de qualidade de imagem, não há o que reclamar da tela do Galaxy Z Flip 3. A resolução Full HD+ (1.080 x 2.640 pixels, proporção 22:9) traz boa definição de imagem, o brilho é bastante satisfatório (embora não seja perfeito sob luz solar intensa), contraste e cores são excelentes.
A taxa de atualização de 120 Hz torna o conteúdo extremamente fluido. Assim como nos outros topos de linha da Samsung, a taxa é adaptável, auxiliando na economia de bateria.
Na parte exterior, a tela secundária exibe as horas, notificações, e permite fazer algumas operações simples, como iniciar uma gravação de áudio, controlar músicas ou comandar alarmes e calendário. Ela pode ser configurada como alway-on, seguindo ligada permanentemente, ou apenas quando o botão liga/desliga for pressionado.
É possível personalizar o display secundário do Z Flip 3 em alguns parâmetros, como estilo de relógio e data, cor das letras, e até mesmo colocar papéis de parede na tela diminuta - até 15, que alternam a cada vez que o painel é ligado. Ele aceita, inclusive, GIFs animados - usei esta funcionalidade para deixar alguns dos Pokémon que mais gosto aparecendo sempre que ativo o display.
Mais de um ano depois, esta segue sendo uma das minhas funções favoritas no smartphone. Quando peguei o Z Flip 4, foi a primeira coisa que configurei no novo aparelho.
Há um menu com opções rápidas, que pode ser acessado deslizando a tela principal do display externo para baixo. As notificações aparecem deslizando para a direita, enquanto os widgets ficam à esquerda.
Embora seja possível controlar uma quantidade razoável de funções pelo painel externo, usei pouco este método. A maioria das configurações que estão ali envolveria abrir o smartphone de toda forma.
Nestas opções rápidas é possível controlar o brilho da tela externa. A função é especialmente útil, uma vez que não há um sensor de luminosidade para ajuste automático do display secundário.
Por fim, o painel externo do Galaxy Z Flip 3 permite tirar selfies com as câmeras principais. Mas há um porém: os sensores ficam na vertical, na mesma direção da tela maior, enquanto o display secundário é na horizontal. Deste modo, as alternativas são usar a visualização completa, que mostra a foto inteira mas em tamanho pequeno, com poucos detalhes, ou a parcial, que exibe apenas o centro da imagem e dificulta o enquadramento.
Também é possível exibir um espelho da câmera na tela secundária quando o smartphone está aberto, para que a pessoa fotografada tenha uma noção de como aparecerá na imagem. As limitações de formato são as mesmas que ao usar o display para selfies.
Câmera do Galaxy Z Flip 3 não opera milagres
Aberto, o Z Flip 3 tem 6,9 mm de espessura - com um ou dois milímetros a mais para a parte com câmera e display externo. Isso significa que, fisicamente, é muito difícil colocar um sensor mais robusto nas lentes do aparelho. O principal é um Sony IMX563, de 1/2,55", enquanto o grande-angular é um IMX258 ainda menor, com 1/3,06", e o interno tem 1/3,2".
Difícil, no entanto, não significa impossível: literalmente todos os smartphones dobráveis no formato "clamshell" (isto é, aparelhos de tamanho regular que dobram para ficar compactos, e não celulares que "viram" tablets), de todas as outras fabricantes, lançados após o Z Flip 3 (e o Motorola Razr 5G, anterior ao Samsung) têm câmeras principais melhores.
Isso poderia, certamente, levar ao argumento de que a maioria dos modelos foi anunciado após o Z Flip 3. O sucessor dele, no entanto, apesar de ter a câmera principal um pouco mais avançada, segue como a pior do segmento na geração atual.
Eu, particularmente, não faço questão de ter a melhor câmera em um smartphone. Cheguei a testar, em 2022, três modelos com sensores de 108 MP e, embora tenha lembranças saudosas dos seis meses em que estive com o Galaxy S22 Ultra, as (excelentes) câmeras não são o maior motivo. Deste modo, mesmo que por vezes tenha acesso a alguns dos melhores aparelhos neste aspecto, não é algo que me seja prioritário.
O mesmo não pode necessariamente ser dito, no entanto, do público-alvo do Galaxy Z Flip 3. Todos os materiais de divulgação do modelo envolvem retratá-lo mais como um acessório de moda que como um celular, e muitas das peças publicitárias mostram exatamente as pessoas tirando selfies com a câmera principal do smartphone, usando a tela secundária para enquadramento.
Por isso, é de se estranhar que, entre os sacrifícios de engenharia que a Samsung escolheu fazer para chegar ao design do Z Flip 3, a câmera tenha sido limitada tão significativamente. Se o objetivo é vender o aparelho para um grupo que está constantemente tirando selfies, por que trazer uma experiência pouco positiva neste aspecto?
Ainda assim, as câmeras do Z Flip 3 trazem alguns trunfos interessantes. O que falta em termos de hardware, a Samsung tenta compensar em software, aproveitando o formato diferenciado do celular. Ou seja: as surpresas aparecem ao tirar fotos usando o smartphone dobrado.
Como já falei acima, quando fechado, pode-se usar a tela secundária (com limitações) para enquadrar selfies nas câmeras principais. Quando aberto, há a possibilidade de mostrar (em parte) para uma pessoa como ela aparecerá numa foto.
Além disso, ao usar o Z Flip 3 parcialmente dobrado, o smartphone libera funções dignas de nota. Para as câmeras traseiras, com o aparelho nesta posição, a tela é dividida: metade exibe a visualização da imagem, e o restante apresenta controles de fotografia.
Por padrão, os ajustes ficam na parte inferior, mas é possível trocar a posição. Isso libera usos como fotografar com o celular na altura do abdômen, podendo enxergar o enquadramento olhando para baixo, ou fazer capturas acima do nível da cabeça, olhando para cima. Em ambos os casos, as lentes ficam paralelas ao rosto.
Outra funcionalidade útil é usar o Z Flip 3 em chamadas de vídeo, dobrado parcialmente, apoiado em uma mesa. Embora o ângulo não fique dos melhores (se não houver nada para aumentar a altura do aparelho, a imagem será de baixo para cima: cuidado com a famosa "papada" aparecendo na ligação), é algo que smartphones não-dobráveis só conseguem fazer com um apoio adicional.
Em termos de qualidade da imagem, como adiantei acima, não pode-se esperar milagres das câmeras do Galaxy Z Flip 3. Elas não entregam um resultado horrendo, e podem ser compartilhadas em aplicativos de mensagens, redes sociais e similares sem problemas. Mas não recomendo tentar ver as fotos com zoom em 100% na tela de um computador.
Durante o dia, com boa iluminação, as fotos saem com qualidade satisfatória, boa reprodução de cores e contraste razoável. A lente principal, com foco automático, é um pouco mais versátil que a grande-angular. Não há lente dedicada para zoom, portanto qualquer amplicação acima de 1X é feita de forma digital e resulta em perda de qualidade.
A lente interna também não é terrível, mas, se você não fizer questão de enxergar o enquadramento total da imagem com um bom tamanho, a sugestão é usar as câmeras traseiras. De toda forma, há um modo retrato e um modo "selfie em grupo" - que usa a mesma lente - no sensor da tela.
À noite os sensores traseiros de 12 MP são praticamente inutilizáveis sem o modo noturno. A Samsung faz um excelente trabalho de otimização de imagem com esta opção ligada, então a dica é simples: deixe-a ativada o tempo inteiro.
Samsung Galaxy Z Flip 3: bateria
Ao pontuar que a bateria do Galaxy Z Flip 3 tem 3.300 mAh, uma pessoa leiga em tecnologia não terá muita noção do que o valor significa, caso eu jogue apenas o número sem contexto. É fácil indicar o problema: smartphones intermediários, há anos, contam com capacidades entre 4.500 e 5.000 mAh.
Junte isso ao processador topo de linha (à época do lançamento) e ao suporte a 5G (que drena a carga de qualquer smartphone) e se entende sem dificuldades: o Z Flip 3 não consegue passar um dia inteiro longe da tomada. Muitas vezes, na verdade, antes da hora do almoço ele está pedindo arrego.
Novamente, os argumentos giram em torno da dificuldade de fazer um componente com mais capacidade caber no formato do aparelho. E, novamente, todos os competidores conseguiram entregar melhor. Contra o Z Flip 4, apenas um concorrente tem bateria menor, então a situação não foifoi muito remediada na geração posterior.
Mas o problema, na minha opinião, nem é tanto a capacidade da bateria, e sim seu carregamento. Eu conseguiria relevar um smartphone que aguenta três a quatro horas de tela ligada antes de "ir de berço", se ele conseguisse ficar rapidamente pronto para a próxima batalha. O Z Flip 3, porém, carrega a 15 W, e precisa de quase duas horas na tomada para ir de 0 a 100%.
O sucessor também aprimorou este aspecto. O Z Flip 4 carrega a 25 W de potência. Segundo a Samsung, a bateria de 3.700 mAh vai de 0 a 100% em 1h15min.
O Galaxy Z Flip 3 tem, por fim, recarga sem fio de 10 W - mais lenta que a cabeada, mas com mais praticidade. Após algumas semanas usando a função, no entanto, decidi deixá-la de lado. O smartphone aquece muito, a ponto de ficar incômodo segurá-lo, ao usar o carregamento por indução.
Além de deixar o uso desconfortável, o calor reduz a vida útil da bateria. Este método, portanto, pode ser ruim para o componente.
Samsung Galaxy Z Flip 3 tem boa performance e truques com a tela dobrável
Não espera-se que o público-alvo do Galaxy Z Flip 3 passe muitas horas com games pesados no smartphone - até porque, considerando a bateria, um tempo longo de jogatina seria impossível. Ainda assim, ele entrega um bom desempenho gráfico mesmo em tarefas mais exigentes, uma vez que o processador Snapdragon 888 presente no aparelho era o mais avançado da Qualcomm quando o celular foi lançado.
Na prática, isso significa poucos engasgos e lentidão inexistente para tarefas do cotidiano. O Galaxy Z Flip 3 consegue rodar vários aplicativos ao mesmo tempo sem suar muito, e tem um desempenho bastante satisfatório no dia a dia. Os 8 GB de RAM, embora não sejam pouca coisa, estão abaixo da média para smartphones topo de linha hoje - e já estavam em 2021. Deste modo, é relativamente constante que os apps reiniciem ao serem abertos após certo tempo em outra atividade.
A performance, porém, é apenas parte da história. A tela dobrável do Galaxy Z Flip 3 tem possibilidades de uso que smartphones comuns não apresentam. Com isso, a Samsung criou alguns pequenos truques para aproveitar o formato do aparelho.
Como mencionei acima, as câmeras se beneficiam especialmente deste diferencial. Mesmo na Galeria, ao editar fotos, a tela dobrável auxilia: nesta posição, a imagem fica na metade de cima, e a parte inferior mostra comandos e ajustes que podem ser feitos.
Isso abre possibilidades interessantes, como exibir os controles em um jogo na parte inferior, com o game em si rodando na superior, ou mostrar as mensagens de texto em um aplicativo de ligações por vídeo. O problema é que isso depende, também, da boa vontade dos desenvolvedores de aplicativos.
A própria Samsung traz algumas ideias bem pensadas nos seus apps: calculadora e calendário, por exemplo, mostram a interface dividida exatamente ao meio. Com isso, é possível dobrar o Z Flip 3 para ter os botões numéricos e de operações em uma parte do display e o resultado das contas em outra, ou escolher um dia do mês na porção superior e ver os eventos agendados na inferior.
Para aplicativos que não incluem suporte próprio à funcionalidade, chamada Flex Mode, a Samsung tem uma "gambiarra" que pode ajudar os usuários, forçando uma divisão genérica da tela. No entanto, isso é útil em poucos casos, e não colabora muito para a experiência final.
Essa falta de suporte me decepcionou, mas não com a Samsung. Quem banca o preço de um smartphone dobrável costuma ter maior inclinação por comprar aplicativos, e os desenvolvedores poderiam ter aproveitado a chance para testar funcionalidades com uma base restrita, mas com bolsos abertos, de usuários.
No final de 2022, a Samsung lançou a atualização do Galaxy Z Flip 3 para o Android 13, com a interface OneUI 5. O aparelho foi lançado com a versão 12 do sistema e 4.1 da personalização da fabricante, e o update trouxe algumas mudanças pequenas, mas notáveis, como o suporte à plataforma de temas Monet, do Android, que troca as cores do sistema com base no papel de parede aplicado.
Galaxy Z Flip 3 atinge a meta, mas a meta dobrou
Ainda que o preço atual seja quase metade do de lançamento, os R$ 3.599 pedidos pelo Z Flip 3 no varejo não são pouco dinheiro. Deste modo, é compreensível que muita gente tenha ressalvas em relação ao aparelho: é um valor considerável a investir em um celular que pode simplesmente não atender às necessidades do usuário.
Em mais de um ano usando o Galaxy Z Flip 3, eu particularmente posso dizer que a experiência agrada. É um aparelho sem grandes excessos, no quesito de uso cotidiano, mas que vira rostos a todo momento. Enquanto a câmera não me desagrada pessoalmente, quem faz questão de imagens excelentes deve passar longe dele.
A bateria é outro ponto fundamental: ela dura pouco e demora muito para carregar. Esse aspecto promete ser melhorado no Z Flip 4 e, sinceramente, eu gostei o suficiente da terceira geração para considerar a quarta uma possibilidade de compra. Mas não é uma escolha racional: a linha Z Flip, para mim, é simplesmente *divertida* de usar como celular cotidiano. Não há um argumento lógico que explique por que preferir ele a outro modelo.
Em termos de concorrentes diretos, é difícil apontar competidores para a linha Z Flip. O Motorola Razr de 2019 chegou a ser vendido no Brasil, mas seus sucessores ainda não deram as caras por aqui. A versão 2022 está disponível em importadores independentes, mas custa, no mínimo, R$ 7.800, e não tem garantia em solo nacional.
Outras marcas, via de regra, sequer vendem celulares dobráveis fora da China. A Oppo lançou o Find N2 Flip no mercado global, mas atualmente a presença da fabricante por aqui se resume a dois aparelhos intermediários, então as chances de o modelo chegar ao Brasil são poucas. No mercado cinza, os problemas são os mesmos do Motorola mais recente.
Por isso, virtualmente o único competidor direto do Galaxy Z Flip 3 é, vejam só O Galaxy Z Flip 4. Ele traz câmeras levemente melhores, bateria levemente melhor, desempenho levemente melhor... Acho que deu para entender. Se as diferenças valem um adicional de 30 a 40% no preço, é uma escolha pessoal.
Neste caso, a escolha fica, basicamente, entre pagar alguns milhares de reais por um smartphone dobrável, e que faz certas concessões para atingir este formato, ou por um topo de linha regular, que provavelmente fará tudo melhor que o Galaxy Z Flip 3 (ou que o Z Flip 4). Nenhum deles, porém, dobra ao meio. Ou, como me disseram uma vez: aplicando força o suficiente, todo celular dobra ao meio. Mas os outros param de funcionar depois disso.
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