Testamos: Logitech MX Mechanical Mini, um grande teclado pequeno
Teclado sem fio topo de linha da Logitech traz preço alto, mas é versátil e entrega excelente funcionalidade; valor do MX Mechanical Mini parte de R$ 1.100Pode ser só a minha bolha virtual, mas muitas pessoas que dependem de computadores para trabalhar começaram, nos últimos tempos, a dar mais atenção aos acessórios que usam. Eu inclusive: fui evoluindo meu setup ao longo da pandemia, e, atualmente, nenhum dos itens que usava em 2020 está mais comigo.
Não é a decisão mais óbvia sempre, no entanto. Você pode comprar um computador mais rápido, com tela maior, até mesmo optar por monitor externo, caso use notebook. Mas alguns elementos altamente importantes podem acabar esquecidos. Vi pessoas em home office reclamando de dor nas costas após passar horas trabalhando... Na cadeira da mesa de jantar.
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Deste modo, é essencial pensar em um setup adequado para o tempo - de trabalho ou lazer - que se passa ao computador. Há diversos itens para levar em consideração, e um deles é o teclado.
Para pessoas com a possibilidade de investir pesado nestes elementos, a Logitech lançou, em 2022, novos acessórios da linha MX, voltada para produtividade. Nos teclados, o MX Mechanical é a alternativa - ou sua versão compacta, o MX Mechanical Mini.
Mas não é uma opção barata. Ambos os modelos custam mais de R$ 1.000 - estranhamente, o menor é mais caro. Há alguns anos, era possível comprar um computador inteiro, com desempenho razoável, por este preço.
Por isso é importante pensar: vale um investimento tão alto? Passei os últimos meses com o MX Mechanical Mini como meu teclado principal e conto abaixo tudo o que descobri. Confira!
Sobre o review: a Logitech me enviou o MX Mechanical Mini para análise em 23 de agosto, junto com o mouse MX Master 3S e o headset sem fio G535. Os produtos seriam devolvidos, mas, durante meu período de análise, a fabricante rescindiu o contato com a agência que fornecia unidades para review e decidiu que os acessórios que estivessem com jornalistas seriam cedidos como doação. Após os testes, os itens seguem como de uso pessoal. A marca não teve influência no conteúdo deste texto.
Parâmetros de comparação: meu teclado de uso cotidiano, até receber o produto para review, era o do meu próprio notebook, um Acer Nitro 5 AN515-54, com um suporte próprio para uso inclinado.
Especificações e disponibilidade do Logitech MX Mechanical Mini
- Tipo: mecânico, switches Kailh Choc linear, tátil ou com clique
- Teclas e layout: full-size, com 104 teclas, ou 75%, com 84 teclas (versão Mini)
- Inclinação: 3,5° com pés retraídos, 8° com pés abertos
- Ergonomia: não há apoio de pulso incluso, nem compatibilidade com modelos magnéticos ou de encaixe - como todos os teclados da Logitech que não incluem o acessório só é possível usar apoios separados da base
- Iluminação: retroiluminado (branco, individual por tecla), com sensores de proximidade para ativar as luzes e luminosidade para definir o brilho; efeitos visuais personalizáveis
- Conexões: sem fio (receptor Bolt ou Unifying de 2,4 GHz e Bluetooth 5.2 LE) e cabeada (USB-C)
- Bateria: 1.500 mAh
- Alcance sem fio: dez metros
- Material: base e teclas em plástico (reciclado na base, ABS nas teclas) e placa de estabilização em alumínio
- Outros: tecnologias Easy-Switch, que permite parear com até três dispositivos diferentes, e Flow, que alterna automaticamente entre os aparelhos pareados e permite trocar informações entre eles
No momento em que este review era escrito, o MX Mechanical podia ser encontrado a partir de R$ 1.021 à vista ou R$ 1.086 a prazo para o modelo full-size, e R$ 1.092 à vista ou R$ 1.150 a prazo, na versão Mini, em lojas confiáveis. Ele está disponível apenas na cor cinza.
MX Mechanical Mini: caixa, materiais e design
A Logitech envia um pacote razoável com a caixa da linha MX Mechanical. Além do teclado, há um receptor Bolt (sucessor do modelo Unifying), cabo USB-C para USB-A e folhetos como manual e garantia. A embalagem é feita em papelão e papel cartão pretos, de boa qualidade.
O acabamento dos modelos MX Mechanical é excelente. O plástico ABS das teclas é robusto, e a placa de alumínio abaixo delas resistente. Cheguei a derrubar o teclado da mesa uma vez, deixando uma marca em uma das bordas, mas o acessório segue funcionando sem problemas.
A parte inferior é feita de plástico, com uma linha de borracha na extremidade próxima ao pulso, e faixas menores do mesmo material em ambos os lados dos pés de apoio. Isso garante que o teclado não escorregue na mesa em qualquer uma das inclinações disponíveis.
As teclas - exceto a barra de espaço - apresentam um formato levemente côncavo na parte superior, facilitando a digitação. O material, no entanto, é bastante propenso a juntar a oleosidade dos dedos ao longo do tempo.
Acima das teclas há uma luz indicativa de bateria, que fica vermelha quando a carga está baixa. Na mesma altura, mas na borda superior, ficam a chave liga/desliga e a entrada USB-C para carregamento e uso cabeado.
Na linha MX, a Logitech segue vendendo os teclados Keys e Keys Mini. Diferente do modelo deste review, porém, eles usam membrana.
Digitação no MX Mechanical Mini agrada, mas tem curva de aprendizado
Antes de começar esta seção, é preciso explicar brevemente sobre os tipos de teclados. Os modelos com membrana, mais comuns em notebooks, usam uma camada de borracha para sustentar as teclas. Os mecânicos, por sua vez, fazem esta tarefa com molas individuais em cada botão, chamadas de "switches".
A diferença no uso é que mecânicos são mais duráveis e não estão sujeitos a ghosting - quando muitas teclas de uma só linha são pressionadas ao mesmo tempo, o teclado de membrana pode não reconhecer todos os toques. No entanto, eles costumam ser mais caros, embora haja modelos de entrada com preço razoável.
Há diferentes tipos de switches, que oferecem níveis variados de resistência ao dedo, ruído e distância entre quando a tecla em repouso e quando está pressionada. O objetivo deste review não é aprofundar estes detalhes, mas cabe pontuar que a linha MX Mechanical vem com as opções de switch linear (menos pressão e ruído), tátil (mais pressão, médio ruído) e com clique (pressão média, alto ruído). A unidade de testes veio nesta última.
Outra diferença está no tamanho: teclados variam de full size (104 teclas, com a parte numérica dedicada) a 40% (em resumo, apenas do botão tab até o backspace, na horizontal, e do tab ao Ctrl esquerdo, na vertical). Além de reduzir a quantidade de teclas - há somente 40 botões nos modelos 40%, contra 104 no full-size - o tamanho e espaçamento entre elas também diminui.
No caso dos MX Mechanical, o modelo regular é full-size. O Mini, por sua vez, adota um layout 75% (84 teclas). Nele, não há a parte numérica, as setas são espremidas ao lado do Ctrl direito e do Enter, assim como os botões de comando (End, Delete, entre outros), que ficam em uma linha vertical acima da seta direita.
Como fui acostumada com modelos full-size a vida inteira, e apenas recentemente conheci a existência de outros tipos, solicitei à Logitech que mandasse especificamente a versão Mini para testar as diferenças, uma vez que, entre o público gamer e para quem usa muito o teclado no trabalho, o tema dos variados formatos tem ganhado destaque.
Um ponto importante é que os MX Mechanical, como boa parte dos teclados da Logitech, usam o padrão de teclas estadunidense. Não há modelo ABNT2, com tecla Ç, e vários acentos estão em locais diferentes, portanto pode ser necessário se readaptar à digitação.
Em resumo, é tudo questão de se reacostumar com algumas coisas. Botões mais próximos e levemente menores acabam gerando, nos primeiros dias, mais erros de digitação. Com acentos em locais diferentes, pode-se precisar de algumas semanas para criar o hábito. No entanto, após a memória muscular ser "educada" corretamente, o uso do teclado fui muito bem.
O fato de ser um modelo mecânico também auxilia muito. Eles são consideravelmente mais confortáveis de digitar, em seções de longas horas, que os de membrana. Como alguém que usava, há mais de uma década, somente teclados de notebook, a diferença foi notável.
Na versão com switches de clique, o ruído não é muito baixo - se soubesse da diferença antes de solicitar os produtos, teria pedido um tátil. Não chega, porém, a incomodar, apesar de ser um pouco mais alto do que estou acostumada.
A força necessária para ativar cada tecla é razoável, não oferecendo resistência demais como os mecânicos com perfil alto (nos MX Mechanical, os botões são mais finos), nem sendo muito moles como os com switch linear. Também não há problemas com teclas "bambeando" quando não estão pressionadas, problema comum de notar em modelos mais baratos.
A iluminação dos modelos MX Mechanical é inteligente, com um sensor de proximidade que ativa as luzes apenas enquanto as mãos estão próximas ao teclado, e um de luminosidade que ajusta o brilho de acordo com a claridade do ambiente. Quando ativado, o botão Caps Lock fica piscando de forma intermitente.
O layout da linha MX Mechanical é híbrido, podendo ser usado em computadores com Windows, Linux, ChromeOS e MacOS. As teclas Alt (Command no MacOS) e Iniciar (Option no MacOS) apresentam símbolos para uso com dispositivos da Apple, que permitem entender facilmente as diferenças.
As teclas de função apresentam as seguintes opções:
MX Mecanical Mini
- F1 - F3: alternar entre dispositivos no EasySwitch;
- F4 e F5: aumentar/reduzir brilho das teclas;
- F6: digitação por voz;
- F7: emojis;
- F8: captura de tela (print screen);
- F9: emudecer microfone;
- F10: ferramenta de pesquisa;
- F11: reproduzir/pausar música ou vídeo;
- F12: emudecer alto-falante ou fones.
Ao lado delas há teclas para aumentar ou reduzir volume, com a primeira podendo abrir o programa Logi Options+, quando instalado. Na vertical, após estas duas, há botões Delete (com Fn bloqueia o teclado), Home (Scroll Lock), End ("clique direito do mouse"), Page Up (Insert) e Page Down.
MX Mechanical full-size
- F1 e F2: aumentar/reduzir brilho da tela;
- F3 e F4: aumentar e reduzir brilho das teclas;
- F5: digitação por voz;
- F6: emojis;
- F7: captura de tela (print screen);
- F8: emudecer microfone;
- F9 - F11: retroceder, reproduzir/pausar e avançar, respectivamente;
- F12: emudecer alto-faltante ou fones.
Além dos botões de reduzir e aumentar volume, no modelo full-size também há teclas dedicadas para o EasySwitch, que ficam acima da parte com Insert, Delete, Home, End, Page Up e Page Down - que, por sua vez, estão acima das setas. Após elas há os botões Calculadora, Mostrar Área de Trabalho (no Fn vira Scroll Lock), ferramenta de pesquisa ("clique direito do mouse" com Fn) e bloquear. Abaixo do botão calculadora há o combo Clear e (com Fn) Num Lock.
Tanto no modelo full-size quando no Mini, não há botões dedicados de mídia. Também não existe touchpad ou roda para controle de volume. Quem gosta de programar macros no teclado vai se decepcionar, pois não há esta opção aqui.
MX Mechanical Mini dura muito e conecta em tudo
Ao decidir por um teclado sem fio, deve-se levar em consideração três pontos, além das escolhas necessárias para os cabeados. É preciso saber, antes de mais nada, se a bateria tem boa duração e se as conexões fornecidas são suficientes. Para quem pretende usar com notebooks ou tablets, equilibrar conforto e portabilidade também é um fator importante.
A boa notícia é que, nos três quesitos, a linha MX Mechanical é excelente. No primeiro e no último, a versão Mini se sai ainda melhor: o tamanho reduzido facilita carregar em bolsas e mochilas, e a bateria de ambos os modelos é a mesma, de 1.500 mAh, durando ainda mais que no full-size.
Por serem teclados finos, os MX Mechanical ocupam pouco espaço no transporte, mas oferecem ergonomia superior a teclados Bluetooth portáteis. Na minha opinião, atingem o equilíbrio perfeito entre as duas necessidades.
Em termos de bateria, ela pode durar semanas ou meses sem necessitar de carga: a definição oficial da Logitech é de 15 dias com a luz ativada, ou 70 sem ela. Com os botões iluminados, consigo passar de 20 dias sem precisar ligar um cabo - e fico 12 horas ou mais no computador diariamente.
A conectividade também é excelente: com Bluetooth, pode-se ligar os MX Mechanical em basicamente qualquer tablet ou smartphone. O computador não tem esta conexão sem fio? O dongle Bolt resolve - e permite ligar mouses da mesma linha sem precisar ocupar portas USB a mais. Para outros casos, ou quando a bateria acabar, a entrada USB-C serve tanto para recarga quanto para usar os teclados como cabeados.
Falando neste último ponto, a liberdade de ter um teclado compacto e sem fio é indescritível. Some a um mouse com a mesma tecnologia e a mesa de trabalho (ou de jogo, ou de enrolar por horas em redes sociais) fica extremamente mais limpa, sem cabos balançando o tempo inteiro.
O Logitech Flow também facilita para quem pretende usar vários dispositivos com o mesmo teclado. A tecnologia permite, por exemplo, copiar um conteúdo em um computador, alternar o aparelho pelos botões EasySwitch, e colar no que você tiver conectado em seguida.
A responsividade do teclado é excelente em todos os casos. Não cheguei a testar o lag em jogos ao usar o MX Mechanical Mini por Bluetooth, mas, com o adaptador Bolt, o tempo de resposta é virtualmente instantâneo, como se estivesse sendo usado via cabo.
Logitech Options+ permite configurar o MX Mechanical, mas não muito
Se o conjunto das teclas de opção lhe desanimou, há um alento: o aplicativo Logitech Options+, disponível para Windows e Mac, permite configurar uma parte dos botões, alterando seu funcionamento padrão. O ícone impresso neles não muda, obviamente, mas é possível remover uma ou outra função que você não usa e substituí-la por uma mais importante que esteja faltando.
Como dito acima, no entanto, não há suporte a macros. O público gamer, ou quem trabalha frequentemente com planilhas, deve procurar outras opções caso esta função seja prioridade.
Também é possível usar o programa para personalizar os efeitos de iluminação (embora não seja possível deixá-la ativa permanentemente). Por fim, pode-se checar o nível de bateria do teclado e atualizar o firmware.
Vale a pena pagar mais de R$ 1.000 no Logitech MX Mechanical?
Esta é uma pergunta difícil de responder. A faixa de preço dos MX Mechanical não é baixa, e há opções que podem atender melhor quem possui esse dinheiro para gastar em um teclado. Ainda assim, alguns pontos precisam ser levados em consideração.
Primeiramente: você precisa de um modelo tão avançado? Em resumo, os principais diferenciais dos MX Mechanical são a possibilidade de uso sem fios e, na versão Mini, o tamanho. Tanto para teclados full-size quanto para os compactos, há alternativas mais baratas no mercado.
Em segundo lugar: se é preciso um teclado mais potente, quais são exatamente as prioridades? Modelos para o público gamer, por exemplo, contam com teclas de macro, e podem ter botões adicionais para controle de mídia, além de luzes personalizáveis. Mas, nesta categoria, a duração da bateria costuma ser muito menor.
O público para os MX Mechanical é consideravelmente restrito: você precisa não apenas querer um teclado sem fio. Também deve necessitar que ele seja mecânico, tenha duração absurda por carga, conectividade facilitada (incluindo o EasySwitch e o Flow, além de poder escolher entre Bluetooth, dongle ou cabo), bateria interna, entrada USB-C, não se importar com o layout estadunidense ou a iluminação apenas em branco... Em resumo, para estar no público dos MX Mechanical, você tem que querer necessariamente um MX Mechanical.
É uma questão complicada, porém simples: o conjunto de funcionalidades dos MX Mechanical é muito específico, e as limitações dos modelos também. Se esta combinação supre exatamente o que você precisa, e se o valor parece razoável, é uma excelente compra.
Ainda assim, deixei abaixo quatro alternativas aos MX Mechanical. Todas são de teclados mecânicos com alto preço e sem fios, pois é um nicho de mercado grande o suficiente para considerar. Se nenhuma das opções lhe agrada, provavelmente um modelo muito mais básico - e mais barato - vai suprir as suas necessidades.
Dentro de casa, os modelos da marca-irmã Logitech G, voltados para gamers, podem ser uma boa opção. O G915, embora seja um pouco mais antigo, tem teclas finas e tamanhos full-size (com botões de macro) ou TKL (maiores que os 75% do MX Mechanical Mini, os TKL são basicamente modelos full-size sem a parte numérica).
O TKL G715, mais recente, tem teclas de espessura maior, mas acompanha um apoio de pulso. Ambos os modelos incluem mais opções de personalização e botões de mídia dedicados. A bateria deles, no entanto, dura muito menos, e não permitem compartilhar o dongle sem fio com outros periféricos. Ambos saem na faixa de R$ 1.000 a R$ 1.300 no varejo online.
Também por volta de R$ 1.000 está o Razer Pro Type, da conhecida fabricante de acessórios gamer. Apenas no tamanho full-size, ele não possui teclas de mídia dedicadas, mas traz luzes para as funções Caps Lock, Num Lock e Scroll Lock. A bateria é, novamente, um ponto fraco: no máximo 84 horas, usando Bluetooth e com a iluminação desativada.
O Corsair K63, por fim, vem apenas no layout TKL. Há botões de mídia dedicados, mas não de macro. A iluminação é somente na cor azul, e a bateria dura 20 horas com a luz ativada, ou 70 com ela desligada. Uma vantagem é que o modelo inclui o encosto de pulso na caixa. O preço também é menor: a loja oficial da marca pede R$ 599 pelo teclado.