Testamos: seis meses com o top de linha Samsung Galaxy S22 Ultra

Nesta análise de longo prazo, avaliei o mais avançado celular não-dobrável da Samsung; saiba como o desempenho do Galaxy S22 Ultra fica ao longo do tempo

"O melhor que o dinheiro pode comprar". Essa poderia ser a definição do Galaxy S22 Ultra entre os smartphones Android, se a Samsung não vendesse os dobráveis Z Fold 4 e Z Flip 4.

E, ainda assim, é uma questão de preferência. Há quem simplesmente não se agrade com a ideia de celulares tendo telas flexíveis, e a linha S tem vantagens sobre os "primos" mais caros: câmeras melhores, menor espessura, maior definição na tela, entre outras.

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Mas o que a pequena fortuna cobrada pelo Galaxy S22 Ultra entrega? O celular top de linha da Samsung vale o preço? Passei seis meses com o aparelho como um dos meus celulares principais e conto abaixo o que descobri. Confira!

Sobre o review: a Samsung me enviou o Galaxy S22 Ultra para análise em 18 de maio. O produto foi devolvido após os testes. A fabricante não teve influência no conteúdo deste texto.

Parâmetros de comparação: meus celulares de uso cotidiano são um Galaxy Z Flip 3, também da Samsung, e um Realme 8 Pro. Durante os testes, também fiz reviews de outros dois aparelhos da Samsung: A53 e M53.

Samsung Galaxy S22 Ultra: especificações e disponibilidade

  • Tela: 6,8", Quad HD+ (1.440 x 3.088 pixels, proporção 20,7:9), 120 Hz, Amoled, brilho de 1.750 nits
  • Câmeras:
    • 108 MP com autofoco a laser e estabilização ótica (principal)
    • 12 MP com autofoco (grande-angular)
    • 10 MP com autofoco e estabilização ótica (teleobjetiva, 3X)
    • 10 MP com autofoco e estabilização ótica (teleobjetiva, 10X)
    • 40 MP com autofoco (frontal)
  • Bateria: 5.000 mAh, carregamento cabeado de 45 W; carregamento sem fio de 15 W
  • Memória: 256 ou 512 GB de armazenamento e 12 GB de RAM, na versão vendida no Brasil
  • Conexões: 5G, 4G, NFC, Bluetooth 5.2 e WiFi 6e (sem fio), entrada USB-C (cabeado)
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 8 Gen 1 (octa-core, 6 nm)
  • Acabamento: vidro na tela e na traseira, moldura em alumínio aeroespacial. Disponível em preto, vinho, branco e verde.

No momento em que este texto era escrito, o Galaxy S22 Ultra podia ser encontrado por R$ 7.599 à vista. A prazo, o preço vai a R$ 8.443

Samsung Galaxy S22 Ultra: conteúdo da caixa

Caixa do Samsung Galaxy S22 Ultra inclui aparelho e cabo; carregador, capa e película devem ser comprados separadamente
Caixa do Samsung Galaxy S22 Ultra inclui aparelho e cabo; carregador, capa e película devem ser comprados separadamente (Foto: Bemfica de Oliva)

Como os outros smartphones caros da Samsung, a caixa do Galaxy S22 Ultra é feita de papel-cartão preto. Dentro dela vem o aparelho, cabo USB-C para USB-C e papéis como manual e garantia.

Não há carregador na caixa - infelizmente, algo cada vez mais comum nos celulares topo de linha. Também não é incluída capa ou película. Como todas as fabricantes que adotam a prática de remover cada vez mais itens do pacote, a Samsung alega a preservação do meio ambiente como razão para a escolha.

Este argumento já é frágil o suficiente em diversos casos - os iPhones atuais, por exemplo, usam um cabo com uma ponta Lightning (própria da Apple) e uma USB-C, enquanto a maioria dos clientes tem carregadores USB-A, então é necessário comprar um acessório novo. Na situação do Galaxy S22 Ultra, porém, ele piora.

O aparelho suporta recarga cabeada de até 45 W. No entanto, mesmo o carregador oferecido gratuitamente pela Samsung (que deve ser solicitado por um site após a compra, gerando outra embalagem, outro transporte, e, portanto, ainda mais poluição) fornece apenas 25 W. Deste modo, é preciso comprar um acessório separado para poder tirar proveito da potência total.

O adaptador de tomada de 45 W está, no momento em que este texto é escrito, indisponível no site da Samsung. No varejo online, a única loja confiável a vender o carregador cobra R$ 317 à vista, ou R$ 329 a prazo. Considerando o valor atual do Galaxy S22 Ultra, isso adiciona cerca de 4% ao preço do smartphone para poder usá-lo plenamente.

Samsung Galaxy S22 Ultra: design e construção

Samsung Galaxy S22 Ultra tem corpo em vidro na frente e na traseira, que é fosca; bordas da tela são curvas
Samsung Galaxy S22 Ultra tem corpo em vidro na frente e na traseira, que é fosca; bordas da tela são curvas (Foto: Bemfica de Oliva)

O corpo do Galaxy S22 é de vidro na frente e na traseira, com moldura de alumínio aeroespacial. O acabamento deixa nítido que se trata de um aparelho caro. A traseira é fosca, e o aparelho vem nas cores preto, branco, verde ou vinho. Nossa unidade de testes veio nesta última.

Também na traseira há seis orifícios: a câmera de 108 MP principal, a de 12 MP ultrawide, as teleobjetivas de 10 MP, com zoom de 3X e 10X, e o sensor do foco a laser. O flash completa o pacote. Ao contrário da maioria dos aparelhos da Samsung, não há uma elevação para o módulo das lentes: elas próprias são elevadas, com o restante da traseira sendo plano...

... Ou quase isso. As laterais são curvadas, em um contorno oval por todo o corpo do Galaxy S22 Ultra. Na frente, a tela tem o mesmo formato. Há quem goste das bordas assim, pois diminuem a visibilidade da moldura, mas há quem se indomode com o formato. A câmera de selfies fica em um orifício centralizado na parte superior.

As bordas do Galaxy S22 Ultra são virtualmente da mesma espessura em todos os lados da tela. Para quem se incomoda com celulares em que a parte inferior é mais grossa, é uma excelente visão.

Na lateral direita há o botão liga/desliga e os de volume, enquanto a esquerda é vazia. Acima há o microfone secundário, enquanto na borda inferior ficam o microfone principal, o alto-falante, a entrada USB-C, a bandeja de chips - dois de operadora, não há entrada para cartão de memória.

Também na parte inferior fica o slot da caneta S Pen. O acessório, tradicional da agora extinta linha
Galaxy Note, foi migrado para o S22 Ultra e para os Z Fold 3 e 4. Apenas a linha S, porém, tem uma entrada para a caneta no corpo do aparelho.

O Galaxy S22 Ultra tem proteção contra água (imersão em até 1,5 metro por até 30 minutos) e poeira, com certificação IP68. A bandeja de chips, por sinal, tem uma proteção de borracha nas bordas.

Não dá para negar que o Galaxy S22 Ultra é um celular pesado. Com 228 gramas, é um aparelho que vai ser sentido no bolso, e pode incomodar durante o uso prolongado. Embora isso seja justificado pela excelente qualidade de construção, não seria um smartphone recomendado, por exemplo, para pessoas com fraqueza muscular.

Samsung Galaxy S22 Ultra: qualidade da tela

A tela Amoled do Galaxy S22 Ultra é simplesmente um deleite de usar. Começando pela resolução Quad HD+, é impossível distinguir pontos individuais em imagens ou textos, mesmo olhando o visor muito de perto. O brilho de até 1.750 nits permite facilmente a legibilidade sob luz solar intensa.

A taxa de atualização, de 120 Hz, é adaptável: segundo a Samsung, ela pode ir de 1 a 120 Hz, dependendo do conteúdo exibido. Nos meus testes, nunca consegui deixar a frequência abaixo de 24 Hz. Também há um certo problema com a constância das leituras: em determinados momentos, a tela de bloqueio era exibida em 60 Hz, em outros, ia a 96. Em níveis de brilho mais baixos, o painel fica travado em 120 Hz.

Nas configurações, há como escolher os modos "natural" e "vívido" - este último permitindo configurar a temperatura de cor. Também é possível alterar a resolução do painel entre HD+ (1.544 x 720), Full HD+ (2.316 x 1.080) e QHD+ (3.088 x 1.440). Resoluções maiores deixam as imagens mais detalhadas, mas gastam mais bateria e exigem mais do processamento do aparelho.

Uma grande parte das críticas a aparelhos com tela curvada se deve ao risco de registrarem toques acidentais. No caso do Galaxy S22 Ultra, a tecnologia para detectar a parte da mão que encosta nas bordas (chamada geralmente pelo nome em inglês, "palm rejection") é excelente. Em todos estes meses, não houve uma única vez em que o display tenha confundido a palma da minha mão com um toque no painel.

As bordas curvadas, pelo contrário, permitem uma tela maior sem adicionar muito na largura do smartphone. No caso do Galaxy S22 Ultra, ao assistir um filme ou série, por exemplo, esta parte fica convenientemente na área com faixas pretas acima e abaixo do vídeo (o chamado "letterboxing"). Para conteúdos em proporção 21:9, o encaixe da imagem na parte plana do display é quase perfeito.

A Samsung também inclui um menu de ações rápidas na interface do sistema, o chamado Edge Panel. Embora ele também esteja disponível em celulares com tela plana, no display curvo o movimento para acioná-lo é mais natural, e a "aba" para ativar a função, que fica visível na borda da tela, se intromete menos na interface do sistema.

Sob o display, há um leitor de impressões digitais. Ele fica no terço inferior da tela, tendo leitura rápida e precisa. Conto - com o perdão do trocadilho - nos dedos das mãos as vezes, de maio a novembro, que precisei colocar o dedo mais de uma vez para a digital ser corretamente reconhecida. Fora que, sinceramente, toda vez que precisei usar o leitor me senti em um cenário futurista, devido à posição.

Samsung Galaxy S22 Ultra: câmera

A lente principal do Galaxy S22 Ultra é espetacular. Poucos aparelhos conseguem ter qualidade de foto similar ao sensor de 108 MP da Samsung (1/1,33", pixels de 0,8 µm individualmente e 2,4 µm na imagem final) - e nenhum deles fora da faixa de preço de topos de linha.

As outras lentes, embora não decepcionem, no papel trazem números menos incríveis. A grande-angular tem 12 MP e sensor de 1/2,55" (pixels de 1,12 µm), enquanto as teleobjetivas - com 3X e 10X de zoom óptico - trazem 10 MP (ambas com 1/3,52" e pixels de 1,12 µm).

As fotos durante o dia têm bom alcance dinâmico, com contraste satisfatório e excelente reprodução de cores. A lente de 3X traz imagens um pouco mais frias em comparação às outras, mas em todos os casos os tons são ótimos.

Embora a aproximação física nas imagens vá "só" até 10x, o Galaxy S22 Ultra tem zoom digital de até 100x. Na galeria abaixo estão fotos com a lente grande-angular (0,6x, 13 mm), principal (1x, 23 mm), teleobjetivas (3x, 70 mm e 10x, 230 mm), além da ampliação artificial em 30x, 60x e 100x.

O celular não tem uma lente macro dedicada. Apesar disso, por ter autofoco em todos os sensores, o Galaxy S22 Ultra consegue fazer excelentes fotos de perto. Ao usar o principal, de 108 MP, o aplicativo da câmera sugere um modo "otimização de foco" que captura imagens a poucos centímetros de distância.

Tanto na lente principal quanto na de 3X, o modo retrato traz boa separação entre o elemento da foto e o fundo. O resultado é conseguido porque o aparelho usa o sensor de laser e as outras lentes para calcular o limite entre sujeito e cenário em cada imagem.

Minha recomendação, porém, caso a iluminação seja boa, é se distanciar um pouco e usar a teleobjetiva de 3X, que consegue entregar resultados melhores neste cenário. Por estar um pouco mais distante do objeto, a mão treme menos ao capturar a imagem, sendo mais fácil, desta forma, conseguir uma boa foto.

À noite, as fotos do Galaxy S22 Ultra variam de boas, mas granuladas e com efeito "pintura a óleo" (com o modo noturno desativado) a excelentes (com ele ativo). A exceção é a câmera principal: as imagens já são ótimas sem precisar do modo noturno. É uma experiência muito distinta da que tive no Galaxy M53, também da Samsung e também com 108 MP, mas que usa um sensor menor.

Falando em celulares com câmera de 108 MP e em análises, recentemente coloquei o M53 e o S22 Ultra contra o Realme 8 Pro, um dos meus celulares pessoais, que também tem sensor com três dígitos na quantidade de megapixels. O embate pode ser visto neste link, onde detalho os pontos altos e baixos de cada modelo.

O modo noturno, por sua vez, ajuda a trazer detalhes nas partes mais escuras da imagem - a diferença, na grande-angular, do carro vermelho no canto inferior esquerdo é, com o perdão do trocadilho, como noite e dia. Ele também funciona da maneira oposta: as luzes sempre apareciam estouradas no modo regular, mas ficaram perfeitamente no contorno das lâmpadas ao ativar a opção.

Um dos casos de uso mais propagandeados pela Samsung para as lentes teleobjetivas do Galaxy S22 Ultra são fotos da lua. E, de fato, nunca imaginei que conseguiria, com um celular, capturar imagens do satélite natural com este nível de detalhamento. Mas há ressalvas.

Fiz um dos testes em um fim de tarde, com a lua já consideravelmente acima do horizonte, mas o céu ainda bastante claro. Nas fotos com zoom ótico (1X - a lente principal -, 3X e 10X), o céu aparece na tonalidade em que estava, e o satélite apenas como um círculo brilhante.

Ao migrar para o zoom digital (30X, 60X e 100X), porém, o fundo ficou completamente escuro, e os detalhes do satélite vieram à tona. Por isso, imagino que existam alguns "truques" envolvidos no pós-processamento, como o uso de inteligência artificial para extrapolar os detalhes que de fato são capturados pela lente.

Outro teste foi realizado à noite, em lua nova. Os resultados são similares, mas a qualidade da foto no zoom de 10x foi significativamente pior.

Nas selfies há dois modos: individual e em grupo. A lente usada é a mesma, mas o segundo tipo de foto não recorta a imagem.

O sensor frontal do Galaxy S22 Ultra tem 40 MP e 1/2,82", com pixels de 0,7 µm individualmente, e 1,4 µm no modo padrão, que tira fotos de 10 MP. A lente de selfies tem foco automático, algo difícil de encontrar mesmo em topos de linha, mas o modo retrato é feito de forma artificial.

Samsung Galaxy S22 Ultra: bateria

Embora a bateria do Galaxy S22 Ultra não seja horrível, ela também não é espetacular. O smartphone consegue durar um dia inteiro fora da tomada, mesmo com uso intenso, mas não mais que isso.

Com meia hora de jogos, quatro horas de internet, redes sociais e mensagens, uma hora de vídeos por streaming e quatro horas de música no Spotify, o aparelho chegou às 23 horas com pouco mais de 30% de carga. Ele foi tirado da tomada às 9h20min neste dia.

Para carregar, no entanto, a velocidade do Galaxy S22 Ultra surpreende. Não tinha um carregador de 45 W - velocidade máxima suportada pelo aparelho - disponível, então o teste foi feito com os de 25 W que eu tinha em casa.

A surpresa foi que, mesmo com este acessório, o tempo para ir de 0 a 100% foi de uma hora e oito minutos, apenas. Outros celulares da Samsung que testei recentemente, que teoricamente suportam 25 W de carga e usam baterias com os mesmos 5.000 mAh do S22 Ultra, levaram mais de duas horas para atingir a marca.

Com 15 minutos na tomada, ele foi de 0 a 29%. Meia hora levou a a bateria a 58%, chegando aos 82% em 45 minutos e 94% em uma hora exata. Todos os testes foram feitos com o celular carregando desligado.

A recarga sem fio do Galaxy S22 Ultra é de 15 W, e há carregamento sem fio reverso - isto é, o celular fornece bateria para outro aparelho - de 4,5 W.

Samsung Galaxy S22 Ultra: sistema, performance e conexões

Como esperado, o Galaxy S22 Ultra vem com a OneUI, interface da Samsung para o Android. Aqui temos a versão 4.1 das modificações da fabricante, no Android 12. No meu último dia com o aparelho, foi lançada a atualização para o Android 13, com a OneUI 5.

O processador Snapdragon 8 Gen 1 era o melhor da Qualcomm à época do lançamento do S22 Ultra - hoje o posto é ocupado pelo seu sucessor, 8+ Gen 1, que equipa os modelos Z Fold 4 e Z Flip 4. Ainda assim, espera-se que o componente, aliado aos 12 GB de RAM e ao armazenamento do tipo UFS 3.1, consiga rodar qualquer aplicação Android sem hesitar.

Infelizmente, não é sempre o que acontece. Mesmo usando componentes de máxima performance, engasgos não são raros no Galaxy S22 Ultra. Em diversos sites especializados, reclamações similares aparecem, indicando que é um problema de otimização das própria Samsung, pois há poder de fogo sobrando em processador, memória e armazenamento.

Na tela inicial, por exemplo, com frequência uma pasta que estava aberta foi fechada, e o aplicativo inteiro atualizou. É uma experiência decepcionante para um smartphone deste preço.

Em jogos, no entanto, a performance foi boa. Títulos como Free Fire e Asphalt 9 rodaram com excelente taxa de quadros. Identity V também apresentou desempenho máximo, com configurações gráficas no Ultra.

Uma solução paliativa aos problemas de performance é reduzir ou desativar o uso da RAM virtual - opção que dedica parte do armazenamento para funcionar como memória. Dificilmente haverá casos em que os 12 GB de RAM não bastem, para praticamente qualquer usuário. Ainda assim, smartphones de outras marcas, com funcionalidades semelhantes, não sofrem com essa lentidão, portanto o problema deve-se a uma má implementação da ideia por parte da Samsung.

Como esperado, há 5G no Galaxy S22 Ultra. Caso você more em uma região onde as redes de quinta geração seguem indisponíveis, ou se simplesmente não necessitar da velocidade extra, pode desativar a conexão nas configurações, ficando apenas com suporte a 4G e economizando bateria.

S Pen no S22 Ultra: diga que é um Galaxy Note sem dizer que é um Galaxy Note

S Pen, presente nos antigos Galaxy Note, agora está no Samsung Galaxy S22 Ultra
S Pen, presente nos antigos Galaxy Note, agora está no Samsung Galaxy S22 Ultra (Foto: Bemfica de Oliva)

Não sou uma jornalista especializada em tecnologia à toa: tenho paixão pelo tema desde a adolescência. Tive meu primeiro smarphone aos 17 anos, em 2008. À época, as telas sensíveis ao toque eram do tipo resistiva, que necessitava uma caneta (chamada stylus, em referência a acessórios de escrita criados na Mesopotâmia) para operação adequada.

Embora não tenha sido o primeiro a implementar a tecnologia, o iPhone, lançado em 2007, foi quem popularizou as telas capacitivas (que podem ser operadas pelos dedos), e as canetas seguiram presentes em celulares com touchscreen por muitos anos. Os últimos modelos com tela resistiva foram lançados em 2012, e desde então a maioria dos usuários abandonou a stylus.

Mas não todos. O acessório segue tendo uma boa quantidade de fãs. No Brasil, porém, são poucas opções: apenas o LG K71 - de 2020, e cuja fabricante abandonou o mercado de celulares - é opção de smartphone com caneta para uso na tela. Os dobráveis Z Fold 3 e Z Fold 4, também da Samsung, suportam modelos específicos da S Pen. No entanto, eles sequer vêm de fábrica com o acessório, sendo necessário comprar a stylus separadamente (e uma capa para guardá-la, já que não há espaço dedicado a isso nos próprios aparelhos).

Quando a Samsung lançou o primeiro Galaxy Note, em 2011, me animei bastante com as possibilidades de uso da caneta em uma tela capacitiva. Embora muitos dos celulares com display resistivo tenham tentado implementar funções como reconhecimento de escrita e suporte a desenhos ou "rabiscos", poucos tiveram sucesso na empreitada - alguns aparelhos, inclusive os "palmtops" da era pré-smartphones, tinham até mesmo um espaço dedicado sob a tela, feito de outro material, que era melhor para escrever à mão livre.

Em 2021, no entanto, a Samsung mudou sua estratégia de lançar duas famílias de aparelhos topo de linha. Antes a tática consistia em anunciar os modelos Galaxy S em janeiro ou fevereiro, enquanto os Galaxy Note chegavam ao mercado em agosto ou setembro. A fabricante migrou o foco do smartphone com stylus para os smartphones dobráveis.

Deste modo, ano passado, pela primeira vez em uma década, não houve um Galaxy Note: o suporte à S Pen foi incluído no Z Fold 3, que não tem (assim como seu sucessor, Z Fold 4) um espaço dedicado no corpo do aparelho para guardar a stylus, sendo necessário comprar uma capa específica para isto. A própria caneta não é incluída na caixa, como mencionei acima.

Nestes 11 anos, tive poucas oportunidades de "brincar" com aparelhos da linha Note. Por este motivo, quando começaram a surgir os rumores de que o Galaxy S22 Ultra viria com design similar aos modelos Note e suporte à S Pen, fiquei tão animada quanto os fãs "órfãos" do modelo. Usando o acessório, porém, percebi que a questão pode ser mais relacionada ao saudosismo de smartphones antigos que a aplicações práticas.

Isso não significa que a Samsung tem uma má implementação da stylus. Pelo contrário, o acessório evoluiu ao longo das gerações, ganhando suporte a funções como uso sem encostar na tela, ou mesmo com o display desligado, além de conexão Bluetooth e um botão próprio, servindo para ativar a câmera à distância, por exemplo.

O ponto é, simplesmente, que muitas vezes o uso da S Pen não é tão prático quanto simplesmente encostar os dedos na tela. Obviamente há casos e casos, mas, na maior parte destes seis meses com o Galaxy S22 Ultra, a caneta ficou dentro do slot.

Antes de chegar às funções dedicadas da caneta, vou pontuar que ela tem usos para além disso: é prático quando você está com as duas mãos livres, mas prefere segurar o smartphone com uma delas e usar a caneta com a outra para navegar na interface, por exemplo. Alguns aplicativos, como o Tinder, ganham um bônus de usabilidade com a S Pen.

A Samsung inclui alguns aplicativos que se beneficiam da caneta, como o Samsung Notes, e outros opcionais, como o Penup, permitem aprimorar o uso. Também existem os gestos, que podem ser realizados sem encostar a caneta no painel, e incluem funções como rolar a tela e controlar os botões de início, voltar e apps recentes.

Por fim, a conexão Bluetooth 5.2 permite localizar a caneta caso você a esqueça em algum lugar próximo. O próprio sistema alerta se o acessório for deixado longe do celular.

Das funções exclusivas da (ou facilitas pela) S Pen, as que provavelmente achei mais interessantes foram a de notas e o aplicativo de desenhos Penup. O primeiro pode ser útil para quem sente falta de escrever à mão, mas não quer carregar blocos de papel por aí - não vou negar que apenas digitar me parece muito melhor.

O segundo, porém, pode ser bem divertido. Além de rabiscar aleatoriamente, ou tentar desenhos com as diversas opções de pincel disponíveis (a de lápis até imita o som de grafite riscando papel!), é possível fazer desenhos e compartilhar pelo aplicativo Penup.

Reconhecendo 4.096 níveis de pressão, a S Pen do Galaxy S22 Ultra permite controlar a força do traço de forma precisa. Minha esposa, que estuda japonês - onde a ordem em que os traços são feitos e até mesmo a grossura deles importa tanto quanto o formato final da letra - achou uma excelente forma de praticar o idioma.

Conclusão: Samsung Galaxy S22 Ultra é bom? Quais as alternativas?

O Galaxy S22 Ultra custa mais de R$ 7.000 - considerando a desvalorização histórica de aparelhos Samsung, pois o modelo chegou ao Brasil por R$ 9.499. Por este motivo, não é possível recomendá-lo prontamente a qualquer pessoa. É preciso necessitar absolutamente o máximo em um smartphone e ter disposição para pagar por isso. Ofertas da Black Friday podem melhorar o valor e torná-lo mais atraente, no entanto.

Isso significa que parâmetros de preço que uso habitualmente para indicar alternativas, nos reviews, não se aplicam muito bem aqui. Provavelmente quem pode comprar um Galaxy S22 Ultra também tem condições de bancar aparelhos alguns milhares de reais mais caros.

Trazendo um exemplo pessoal: O Galaxy S22 Ultra foi o único smartphone que usei no último ano - entre cinco aparelhos diferentes - que de fato me fazia ter vontade de dar um descanso ao meu Z Flip 3 de uso cotidiano. Embora com propostas diferentes, os aparelhos têm preços similares, como mostrarei com o sucessor Z Flip 4 mais abaixo.

Deste modo, escolhi os principais concorrentes do Samsung de uma forma bem simples: os smartphones topo de linha em cada uma das principais fabricantes no mercado brasileiro. Há um ponto que todos eles têm em comum, quando comparados ao Galaxy S22 Ultra: nenhum (salvo o Z Fold 4) tem suporte a canetas stylus. De resto, cada modelo tem vantagens e desvantagens próprias, veja abaixo.

Dentro de casa, as opções são quatro: os "irmãos" S22 e S22 Plus, e os dobráveis Z Flip 4 e Z Fold 4. Os aparelhos menores da linha S diferem pouco entre si: o modelo Plus tem tela maior e mais brilhante, mais bateria e carrega a 45 W, além de pesar um pouco mais. O restante das especificações é idêntica, então tratarei-os como uma possibilidade só no comparativo.

Contra o S22 Plus, a versão Ultra mantém o mesmo brilho máximo de 1.750 nits na tela e 45 W de carregamento. As vantagens são as câmeras melhores (a dupla menor tem lente principal de 50 MP, enquanto a teleobjetiva de 10X não existe - os sensores grande-angular e de 3X são iguais nos três modelos; as de selfies são de 10 MP, contra 40 MP do Ultra) e a bateria que promete maior duração.

Também há um pouco mais de performance: o processador é o mesmo Qualcomm Snapdragon 8 Gen 1 nos três modelos, mas todas as versões do S22 Ultra vendidas no Brasil vêm com 12 GB de memória RAM, contra 8 GB dos modelos menores. O S22 regular custa R$ 4.999 à vista ou R$ 5.554 a prazo, na versão de 256 GB, enquanto o Plus sai por R$ 5.699 à vista ou R$ 6.332 a prazo, com o mesmo armazenamento.

Os celulares dobráveis da Samsung também são alternativas ao Galaxy S22 Ultra. Enquanto o Z Flip 4 tem preço similar, o Z Fold 4 cobra bem mais caro, mas oferece a tela flexível e o mesmo foco em produtividade.

Começando pelo menor: custando R$ 7.019 à vista ou R$ 7.799 a prazo, o Z Flip 4 traz, nos números, a única vantagem no processador: é um Snapdragon 8+ Gen 1, sucessor do usado no S22 Ultra. Obviamente, a tela dobrável é um elemento que o modelo deste review não tem. É importante pontuar que são aparelhos destinados a públicos bastante diferentes.

O Z Fold 4, por sua vez, custa R$ 11.519 à vista ou R$ 12.799 a prazo. Pela pequena fortuna, você leva, de vantagem sobre o S22 Ultra, o painel dobrável em adição à tela principal (com o Android 12L, com interface adaptada ao formato diferenciado do aparelho), o mesmo Snapdragon 8+ Gen 1 do Z Flip 4, e uma câmera sob o display interno - embora, considerando o antecessor, não deve-se esperar muita qualidade desta lente.

O restante das especificações do Z Fold 4 é igual ou melhor no S22 Ultra. Desta lista, o modelo é o único a incluir suporte a canetas stylus. A S Pen, no entanto, precisa ser comprada separadamente, junto a uma capa que tenha espaço para guardar o acessório.

Principal concorrente da Samsung no mercado global, a Apple tem como alternativas ao Galaxy S22 Ultra o iPhone 14 Pro (R$ 9.449 à vista ou R$ 10.499 a prazo, com 256 GB) e o iPhone 14 Pro Max (R$ 10.349 à vista ou R$ 11.499 a prazo, com 256 GB).

As diferenças entre os aparelhos da Apple também se resumem a tela e bateria. De vantagem, o Samsung traz tela com maior resolução (embora os iPhones sejam mais brilhantes), bateria maior e que carrega mais rápido, e as câmeras: além do sensores de 108 MP na traseira e 40 MP na frente do S22 Ultra, ele filma em 8K, e os iPhones não possuem teleobjetiva de 10X.

A favor dos modelos da Apple conta o processador mais rápido, a integração com o ecossistema da fabricante, e a conexão por satélite para emergências - embora a função esteja disponível, por ora, apenas nos Estados Unidos. A diferença entre o leitor de digitais integrado à tela, no S22 Ultra, e o desbloqueio facial, dos iPhones, fica como questão de preferência pessoal.

Na Asus também há dois concorrentes para o Galaxy S22 Ultra, mas são aparelhos bem distintos. Enquanto o recém-chegado ao Brasil Zenfone 9 (R$ 3.599 à vista, R$ 3.999 a prazo - há apenas uma versão com 128 GB) custa metade do preço do Samsung e pretende ser um topo de linha compacto, o ROG Phone 5s Pro (R$ 8.909 à vista, R$ 10.999 a prazo - 512 GB) é voltado ao público gamer.

O Zenfone 9 ganha no processador (Snapdragon 8+ Gen 1), por ter entrada para fones de ouvido padrão, de 3,5 mm (de todos nesta lista, apenas os Asus oferecem essa opção), e por vir com o carregador (de 30 W) na caixa. Embora o site da fabricante liste as especificações de RAM como 8 ou 16 GB, a página de compra mostra que há apenas 6 GB de memória - opção que sequer existe no mercado. Certamente conta a favor o fato de que, pelo preço do Galaxy S22 Ultra, é possível levar para casa dois Zenfone 9.

O ROG Phone 5s Pro, lançado em 2021, conta com um processador mais antigo, o Snapdragon 888+. Há, porém, 18 GB (!) de RAM, e o cooler acoplável, que é incluído na caixa, pode ajudar o smartphone a manter uma performance melhor que o S22 Ultra, que se baseia em resfriamento passivo.

Também ficam a favor do celular gamer a bateria de 6.000 mAh que enche a 65 W (com carregador incluso na caixa), duas entradas USB-C (que permitem ligar o cabo na parte inferior ou na lateral do aparelho, facilitando a recarga durante os jogos) e uma de fones de 3,5 mm, a tela com 144 Hz de taxa de atualização, e o display secundário na traseira - que, embora não tão avançado quanto o do Z Flip 4, por exemplo, permite exibir notificações ou se o ROG Phone 5s Pro está carregando. Outros detalhes, como os botões adicionais na lateral, fazem mais sentido para quem busca um smartphone para jogos.

O Edge 30 Ultra é o concorrente da Motorola ao S22 Ultra. Por R$ 6.299 à vista ou R$ 6.999 a prazo, ele é um dos poucos modelos que realmente coloca o Samsung para suar.

O primeiro ponto é a tela: embora com resolução apenas Full HD+ (1.080 x 2.400), ela atualiza a 144 Hz. As câmeras também agradam: a principal tem 200 MP, sendo o primeiro modelo no Brasil a contar com a resolução, a grande-angular tem 50 MP, e a teleobjetiva traz 12 MP - mas zoom de apenas 2X. Nas selfies, são 60 MP. A bateria é menor, com 4.610 mAh, mas carrega a 125 W, quase o triplo do S22 Ultra - e o acessório é incluído na caixa. Por fim, o processador é o Snapdragon 8+ Gen1.

Fechando a lista está o Xiaomi 12. Por R$ 8.739 à vista ou R$ 9.499 a prazo, o modelo impressiona pela tela com 68 bilhões de cores e pela recarga de 67 W - mas a bateria, com 4.500 mAh, é menor que a do Samsung. O restante das especificações é igual ou pior às do S22 Ultra.

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