Testamos: diferenças entre três celulares com câmeras de 108 MP

Realme 8 Pro, Samsung Galaxy M53 e Samsung Galaxy S22 Ultra se enfrentam nesse comparativo de câmeras; veja qual se sai melhor em cada situação de uso

Em 2018, a Sony anunciava um produto que viria a definir a fotografia de celulares nos dias atuais. Os chamados filtros quad-bayer usavam sensores com 40 MP de resolução, mas, combinando quatro pixels em um, resultavam em uma imagem final de 10 MP, com promessa de mais detalhes e melhor captura de luz.

Detalhes técnicos à parte, a tecnologia pegou, sendo adotada por diversas outras fabricantes de câmeras para smartphones. Samsung e Omnivision, as outras duas maiores marcas no segmento, não demorariam a lançar sensores parecidos.

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Hoje temos diversos celulares com câmeras de 48, 64, 108 e, recentemente, até 200 MP. Em comum, todos usam a tecnologia que mistura vários pontos da imagem para formar um só, resultando numa fotografia menor.

Mas a mudança faz diferença para o consumidor final? Realmente tem sentido colocar câmeras de 108 MP em celulares, se as fotos serão vistas, geralmente, nas telas dos próprios celulares, em redes sociais?

Nosso objetivo neste comparativo não é trazer uma resposta final a estas questões. No entanto, escolhemos três smartphones com câmeras de 108 MP - as maiores resoluções disponíveis atualmente no mercado brasileiro - para ver os pontos fortes e fracos de cada.

Para isso, levei um Realme 8 Pro, um Samsung Galaxy M53 e um Samsung Galaxy S22 Ultra para um passeio, e coloquei as câmeras de 108 MP dos celulares à prova. Veja abaixo o que descobri.

Sobre este comparativo: Galaxy M53 e Galaxy S22 Ultra foram cedidos pela Samsung por empréstimo e serão devolvidos após os testes. O Realme 8 Pro foi cedido como doação. Nenhuma das fabricantes teve qualquer interferência no conteúdo desta análise.

Realme 8 Pro, Samsung Galaxy M53 e Samsung Galaxy S22 Ultra: especificações técnicas

Realme 8 Pro

  • Sensor: Samsung HM2, 1/1,52"
  • Tamanho dos pixels: 0,7 µm (2,1 µm na imagem final)
  • Lente: f/1.9, 26 mm

Samsung Galaxy M53

  • Sensor: Samsung HM6, 1/1,67"
  • Tamanho dos pixels: 0,64 µm (1,92 µm na imagem final)
  • Lente: f/1.8, 23 mm

Samsung Galaxy S22 Ultra

  • Sensor: Samsung HM3, 1/1,33"
  • Tamanho dos pixels: 0,8 µm (2,4 µm na imagem final)
  • Lente: f/1.8, 23 mm

Entendendo os números

A proposta aqui é evitar me aprofundar muito em termos técnicos. Para fins de informação, porém, vale a pena trazer as especificações de cada câmera usada.

Os nomes dos sensores usados não indicam muita coisa, uma vez que a Samsung não adota uma terminologia de "maior é melhor". O HM2 do Realme 8 Pro é um sensor de segunda geração dos modelos com 108 MP, sucedendo o HM1. O HM6, usado no Galaxy M53, e o HM3, usado no S22 Ultra, são de terceira geração. No entanto, o HM6 tem pixels maiores.

O que nos leva ao segundo número: o tamanho de cada sensor. O HM2 tem diagonal de 1/1,52", ou cerca de 1,67 cm. O HM6, com 1/1,67", corresponde a 1,52 cm de diagonal. Por fim, o HM3 tem 1/1,33", ou 1,91 cm. Considerando que todos têm a mesma resolução, quanto maior o sensor, melhor, pois mais luz é captada.

Isso reflete diretamente no terceiro número, o tamanho dos pixels. Aqui o cálculo é simples: quanto maior o sensor, maiores os pixels individuais. Por usar uma mescla de nove pixels em um, o tamanho individual triplica (pois cada pixel da imagem final é formado por um quadrado de 3x3 pixels do sensor original).

Por fim, as lentes. O numero f, ou abertura, indica, como o nome sugere, a abertura do obturador. Aberturas maiores (ou seja, que o número seja menor, pois é uma fração) recebem mais luz, capturando mais detalhes, mas geram mais desfoque de fundo.

E a distância focal, segundo indicador das lentes, significa o quanto do "mundo real" cabe na foto. Uma distância focal maior significa um zoom maior. No nosso comparativo, o Realme 8 Pro, com 26 mm, tira fotos levemente mais aproximadas que o M53 e o S22 Ultra, que possuem 23 mm.

Metodologia

Para comparar as câmeras dos três aparelhos, usei o modo de captura padrão, da forma mais simples: tirar o aparelho do bolso, abrir o aplicativo de câmera e imediatamente tirar uma foto. Foi usado foco automático, e a única alteração feita foi trocar a proporção das imagens para 16:9 - padrão usado em todas as fotos no O POVO.

Interferi nas configurações em dois momentos: na imagem do corredor, foi tirada uma foto focando na parte interna (foquei no vaso de barro à direita) e outra na parte externa (foquei no poste mais próximo). Nas imagens à noite, tirei uma foto com cada aparelho usando o modo normal e outra usando o modo noturno. As legendas de cada imagem indicam o celular e as configurações usadas.

Os objetivos eram comparar dois aspectos: as diferenças dos sensores em si, e as dos processadores de imagem dos aparelhos. Realme 8 Pro e Galaxy M53 são modelos intermediários, enquanto o S22 Ultra é o atual topo de linha da Samsung.

  • Realme 8 Pro: processador Qualcomm Snapdragon 720G, processador de imagens Spectra 350L
  • Galaxy M53: processador MediaTek Dimensity 900, processador de imagens Imagiq 5.0
  • Galaxy S22 Ultra: processador Qualcomm Snapdragon 8 Gen1, processador de imagens Spectra Triple 18-bit

Como não havia intenção de comparar minuciosamente detalhes de cada câmera, foram avaliadas as imagens no tamanho em que apareciam na minha tela. Para quem tiver interesse em avaliar as fotos com zoom em 100%, elas estão disponíveis no Google Drive, neste link. Nenhuma edição ou tratamento foi realizado nas imagens.

Resultados

Foto 1 - praça

Um ponto que será recorrente neste comparativo é a maior saturação das imagens no Realme 8 Pro. As fotos de ambos os modelos da Samsung usam cores menos intensas, porém mais próximas ao real.

A escolha tem vantagens e desvantagens. Embora usar cores mais saturadas faça as imagens "saltarem" mais na tela de quem está visualizando, elas podem conferir um tom pouco realista as fotos, e passar a impressão de que elas foram editadas após a captura.

No cenário em que estava fotografando, nem de perto as folhagens tinham um tom verde tão vivo quanto indicado nas imagens do Realme 8 Pro. Em outros aspectos, porém, ele se destaca: no Galaxy M53, quase não se enxerga as faixas amarelas no chão. As sombras do 8 Pro também são mais realistas, considerando o dia de sol forte, que as do M53.

O S22 Ultra, por sua vez, encontrou um bom equilíbrio entre não deixar as imagens muito lavadas, mas também não saturá-las excessivamente. No entanto, o prédio à direita está notavelmente menos nítido no S22 Ultra que nos outros dois celulares. A árvore mais escura, no centro à esquerda, também saiu com menos detalhes no topo de linha da Samsung.

Foto 2 - parque

Aqui nota-se a maior desvantagem da saturação excessiva do Realme 8 Pro. Na árvore no centro, à direita, a imagem fica totalmente estourada, e parte da folhagem aparece apenas como um borrão verde-claro. Os brinquedos, porém, especialmente os de plástico, que são mais coloridos, ganharam um tom vívido que faz falta nas fotos dos aparelhos Samsung.

Aqui, mais uma vez, as sombras do M53 pareceram mais brandas do que deveriam. A passarela em vermelho, ao fundo, porém, também é mais vívida no Galaxy intermediário, enquanto o topo de linha fez esta parte da imagem parecer menos colorida do que é no mundo real.

Foto 3 - árvore

Mais uma vez, o Realme 8 Pro mostra cores irreais. Aqui, embora a foto não tenha estourado, ela chegou muito próximo disto. A maior saturação, porém, deu um destaque às flores muito mais notável que nos aparelhos da Samsung.

Nesta foto, as sombras mais amenas do Galaxy A53 trouxeram vantagens. Na parte telhada, à esquerda, e os carros, ao fundo, apresentam mais detalhes que nos outros aparelhos.

Novamente, o S22 Ultra se destaca por capturar melhor a cena, especialmente nas folhas, e por ter uma imagem mais próxima ao cenário real.

Foto 4 - corredor (foco na parte clara)

Para este teste, escolhi um cenário propositalmente difícil: o corredor tem pouca iluminação, com a loja tendo luzes artificiais e, ao fundo à esquerda, uma parte da praça sob a luz solar.

No primeiro teste, com o foco na praça, o Realme 8 Pro apresentou menos detalhes que os aparelhos Samsung. O chão de concreto ficou estourado, aparecendo como uma mancha branca, e as sombras do corredor estão excessivamente escuras. No entanto, a foto é a mais próxima ao que o olho humano captaria neste cenário.

O Galaxy M53 também estourou o chão da praça, mas o vaso de barro, à esquerda, teve bom nível de detalhes. As folhagens, na parte interior esquerda, porém, saíram com o efeito "pintura a óleo", com suavização excessiva.

Neste cenário, o Galaxy S22 Ultra, embora não tenha tido a foto mais realista, foi o melhor. Ele conseguiu captar as folhagens, o vaso, os itens dentro da loja, sempre com bom nível de detalhes. Na praça, embora a imagem esteja um pouco estourada, é possível discernir o piso tátil, visto como uma fina linha à frente do poste.

Foto 5 - corredor (foco na parte escura)

Neste cenário, o Realme 8 Pro não se saiu muito melhor que no caso anterior. Embora tenha havido um avanço no detalhamento dos pedaços mais escuros da imagem, a mudança foi pouca.

No M53, o efeito de pintura a óleo nas plantas deixou de existir. Ele segue sendo notável, porém, nos ladrilhos do chão, especialmente na parte mais central do corredor, perto do canto inferior direito da foto.

O S22 Ultra foi excelente nesse cenário. O já satisfatório nível de detalhamento do corredor, mesmo focando na parte clara, aumentou significativamente ao focar na parte escura da imagem. É possível ver os detalhes do vime na cadeira próxima ao centro da foto, e os ladrilhos do corredor estão bem separados. Ao fundo, a praça teve o branco estourado, mas o mesmo ocorreu nos outros dois aparelhos.

Foto 6 - noite (modo normal)

Novamente temos saturação excessiva na foto do Realme 8 Pro. Os verdes das plantas estão muito mais vibrantes do que deveriam para um cenário noturno com luz artificial em intensidade média. A foto apresenta bom nível de detalhes nas texturas da árvore e das rampas de cimento.

Embora tenha apresentado a imagem com cores mais próximas ao real, o M53 pecou muito no nível de detalhamento. A rampa de cimento parece feita de massa de modelar, e a textura da árvore está totalmente fora de foco - pela precisão nas linhas das grades e nas plantas perto do muro, é possível saber que não foi algo causado por tremer a mão ao bater a foto.

O S22 Ultra apresentou melhor nível de detalhamento, sendo possível discernir as folhas na planta à esquerda e as flores na árvore do outro lado da rua. Curiosamente, nesta foto, as sombras do S22 Ultra ficaram mais suaves que as do M53.

Foto 7 - noite (modo noturno)

Poucas coisas mudam, comparativamente, ao ativar o modo noturno nos aparelhos. O Realme 8 Pro tenta compensar com uso excessivo de contraste, fazendo a terra no canteiro ao centro parecer rachada. Ele ainda se saiu melhor, no entanto, que o M53.

O intermediário da Samsung repetiu o problema com o foco na parte direita da foto, como pode ser visto na árvore e no carro. Aqui, plantas e chão ganham efeito de pintura a óleo. As flores vermelhas à esquerda da árvore, na parte superior, agora são mais discerníveis que com o modo noturno desligado, da mesma forma que no Realme 8 Pro.

O S22 Ultra, por fim, captou espetacularmente a cena. O nível de detalhes em todos os pontos da imagem é excelente, e o modo noturno traz algumas vantagens, como a sombra da rampa, na parte inferior esquerda da foto.

Veredito

Os três aparelhos possuem câmeras capazes, em especial ao compararmos com smartphones de resolução menor. Deste modo, a escolha final não pode ser definida apenas pela câmera, sendo necessário considerar o restante das especificações de cada celular.

Mesmo com um sensor mais antigo, o Realme 8 Pro conseguiu entregar fotos satisfatórias na maior parte dos casos. Convém reduzir a saturação das imagens, porém, antes de usá-las em redes sociais. Ele traz algumas vantagens fora da fotografia, como o carregamento de 50 W e o leitor de digitais sob a tela. O Realme 8 Pro custa a partir de R$ 3.457 no varejo online.

O M53 se destaca pela consistência nos resultados. Ele pode não ser o melhor em todos os cenários, mas raramente é o pior. É possível, com um pouco de prática, saber em que situações ele entregará fotos de boa qualidade e em quais casos não pode-se esperar muito do aparelho. A maior vantagem do Galaxy M53 é o preço: ele sai a partir de R$ R$ 1.799 à vista, ou R$ 1.999 a prazo.

O S22 Ultra, por fim, é o melhor em virtualmente todas as imagens. Por ser um topo de linha, no entanto, ele cobra por isso - e por todas as outras funções avançadas que o aparelho oferece. Por R$ 7.599 à vista ou R$ 8.443 a prazo, porém, é difícil considerar o modelo como uma boa escolha se a prioridade for apenas a câmera.

  • Melhor resultado absoluto: Galaxy S22 Ultra
  • Melhor custo-benefício: Realme 8 Pro
  • Conjunto mais equilibrado: Galaxy M53

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