Fóssil de mamífero mais antigo já descoberto é identificado no Brasil

Espécie Brasilodon quadrangularis viveu cerca de 225 milhões de anos atrás, e identificação de fóssil como mamífero começou em 2004; anteriormente, cientistas achavam que animal era um réptil

13:16 | Set. 10, 2022

Por: Bemfica de Oliva
Brasilodon quadrangularis viveu há 225 milhões de anos; anteriormente, cientistas achavam que espécie era réptil (foto: Rochele Zandavalli/UFRGS)

O novo mamífero mais antigo do mundo é brasileiro. Nessa terça-feira, 6, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgou a identificação da espécie Brasilodon quadrangularis, que viveu há cerca de 225 milhões de anos.

O estudo foi feito com pesquisadores da UFRGS e de outras instituições, incluindo o Museu de História Natural de Londres. O artigo descrevendo a espécie foi publicado no periódico inglês Journal of Anatomy, que lista descobertas de zoologia desde 1867.

O B. quadrangularis já era conhecido há tempos: o primeiro fóssil foi sido descoberto no século XIX. Anteriormente, porém, os cientistas imaginavam se tratar de um réptil. Em 2004 começaram os estudos que levaram à reclassificação da espécie como mamífero.

Isso ocorreu porque avanços tecnológicos permitiram avaliar melhor os exemplares descobertos. Segundo o paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, um dos autores do artigo, a diferenciação entre as classes de répteis e mamíferos que possibilitou atualizar a categoria do B. quadrangularis está em formações microscópicas dos dentes.

Os répteis possuem uma dentição que pode ser reposta várias vezes ao longo da vida, uma característica chamada de polifiodontia. Neste caso, as estruturas são substituídas a cada poucos meses.

A maioria dos mamíferos, porém, apresenta difiodontia: os dentes são substituídos apenas uma vez ao longo da vida. Esta foi a característica usada para reclassificar o B. quadrangularis.

O B. quadrangularis era um pequeno mamífero coberto de pelos, que caçava primariamente à noite. Suas principais presas eram insetos e pequenos répteis. Segundo os cientistas, é provável que vivessem em tocas, onde os filhotes permaneciam até a vida adulta.

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