Review: Galaxy Z Fold 3 é um primor de produtividade, mas para poucos
Dobrável da Samsung "vira tablet" e traz o que há de mais avançado em smartphones; preço e utilidade limitada reduzem público potencial do Galaxy Z Fold 3
06:35 | Fev. 10, 2022
Aos 30 anos, lembro de ler desde a adolescência sobre as pesquisas com telas flexíveis, que permitiriam eletrônicos com formatos até então impensáveis. Hoje, esses formatos já começam a sair do plano imaginário para as mãos das pessoas.
Após duas gerações com mais cara de protótipo que de produto finalizado, a Samsung torna os celulares dobráveis uma realidade inegável. Z Flip 3 e Z Fold 3 são smartphones que parecem palpáveis de se ver em uso, não mais algo saído de uma obra de ficção científica.
Enquanto o primeiro é um celular "de tamanho normal", que se dobra ao meio para ficar mais compacto, o irmão maior ganha destaque por "se abrir" em um tablet. Em comum, ambos chamam a atenção por onde passam.
Mas como é o dia a dia com um celular dobrável? Quais as vantagens e desvantagens desse tipo de aparelho? Para responder a essas perguntas, passei algumas semanas com o Galaxy Z Fold 3 como meu smartphone principal, e conto abaixo tudo o que descobri.
Sobre o review: o Galaxy Z Fold 3 foi enviado pela Samsung por empréstimo, e devolvido após os testes. A empresa não teve interferência no conteúdo deste texto.
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Caixa do Galaxy Z Fold 3: é só isso, mesmo?
Assim como o irmão menor - e como os aparelhos da linha Galaxy S, topos de linha "não-dobráveis" da Samsung -, o Z Fold 3 vem em uma caixa fina, contendo apenas aparelho e cabo (com duas pontas USB-C). Não é enviado carregador junto com o modelo. Cabe lembrar que a Samsung não é a única a fazer isso: Apple e Xiaomi também têm vendido aparelhos sem carregador. Isso não torna a experiência menos frustrante, no entanto.
Estamos falando de um aparelho que custa, no mínimo R$ 10.100 - à vista. Em prestações, o valor sobe para R$ 11.799 na versão de 256 GB (a nossa), e a assustadores R$ 12.799 para 512 GB de armazenamento. Ou seja: paga-se o preço de um carro usado em um celular... Que não tem sequer carregador incluído. Não há "decisão de sustentabilidade" (argumento alegado por Samsung, Xiaomi e Apple) que justifique essa ausência.
Cabe pontuar aqui que a fabricante permite solicitar um carregador. Ainda assim, é preciso pedir o adaptador de tomada pelo site, e aguardar a entrega. A venda dos aparelhos sem o acessório motivou multas milionárias no Brasil à Samsung e à Apple, inclusive pelo Procon de Fortaleza.
Galaxy Z Fold 3 tem excelente design e acabamento impecável
Passando ao aparelho em si, a construção do Galaxy Z Fold 3 é nada menos que primorosa. Ao pegar o aparelho, é nítido que você tem em mãos o que há de mais avançado em tecnologia disponível no mercado. O acabamento também indica se tratar de um equipamento premium.
Com o aparelho fechado, a frente do Z Fold 3 tem uma tela excelente (embora em formato peculiar), traseira em vidro e laterais em alumínio. Aberto, a tela principal tem destaque pelo que mostra (falaremos mais disso a seguir) e pelo que deixa de mostrar: há uma câmera para videochamadas oculta sob o painel. Mais para frente explico por que escrevi "para videochamadas" e não "para selfies".
É necessário fazer as referências de design duas vezes, então vamos lá: aberto, a lateral esquerda tem a entrada para chip (apenas um, mas é possível usar duas operadoras se uma delas for compatível com eSIM - e não há espaço para cartão de memória aqui). A parte inferior tem um alto-falante na metade esquerda e, na direita, a entrada USB e um microfone. Na direita, botões de volume e liga/desliga, esse último com leitor de impressões digitais. Na parte superior, à esquerda outro alto-falante e um microfone, e à direita mais dois microfones. Sim, são muitos microfones.
Fechado, os alto-falantes tornam-se centrais. Atrás do inferior fica a entrada USB. A bandeja do chip vai para a direita, à frente dos botões. A esquerda fica inteiramente ocupada pela dobradiça, que é ocultada com o Z Fold 3 dobrado.
A traseira, de vidro, traz um recorte oval para as câmeras principais. São três, das quais falarei mais à frente, e abaixo delas está o flash. O Galaxy Z Flip 3 vem em três cores, todas com acabamento fosco: verde (escuro, musgo), prata e preto. Nossa unidade de testes veio nesta última.
Tela do Z Fold 3... Ou melhor, telas
Nem sempre gasto muito espaço nos reviews escrevendo sobre as telas dos aparelhos. Salvo uma ou outra surpresa interessante (ou frustração imensa), não há muita diferenciação entre os painéis de smartphones em faixas de preço similares, então acaba sendo quase sempre mais do mesmo.
No Galaxy Z Fold 3, obviamente, a situação é diferente por completo. Vou me ater brevemente às partes técnicas das telas, e em seguida fazer a análise mais a fundo daquele que é o maior diferencial do aparelho.
O painel externo tem 6,2", porém em uma peculiar proporção de 24,5:9. A título de comparação, a maioria dos displays em celulares atuais fica entre 18:9 e 21:9 - quanto mais alto o primeiro número, mais "fina" é a tela, proporcionalmente. Ou seja: o visor externo do Z Fold 3 é bastante estreito.
Ele não chega a ser inutilizável, e, para boa parte do tempo, inclusive, será mais que o suficiente para a maioria das demandas. Alguns usos específicos ficam até mais produtivos: no Twitter, por exemplo, o formato alongado é excelente para navegar.
Mas há situações em que é melhor abrir a tela grande, mesmo. Tentar digitar no espaço estreito do display externo se mostra uma tarefa bem complicada, pois as teclas ficam muito pequenas. Não é impossível, mas é bem chato. Por fim, há um orifício centralizado, na parte de cima, para a câmera frontal.
A tela "de dentro", por sua vez, tem 1.768 x 2.208 pixels e 7,6". A proporção é quase de 3:4, igual à de televisores e monitores mais antigos - e à de iPads, também. Além do óbvio destaque de ser dobrável, esse painel inclui como benefício a câmera "oculta" sob o display, da qual falarei mais à frente.
As aspas não estão ali por acaso: apesar de não haver um furo para a câmera, como acontece em quase todos os smartphones topo de linha atualmente, a parte da tela sobre a lente é perceptível pela diferença na qualidade de imagem. Depois de um tempo deixa de incomodar tanto, mas, nas semanas que passei com o aparelho, esse pedaço do display nunca deixou de me saltar aos olhos.
Tanto a tela externa quanto a interna têm taxa de atualização de 120 Hz, com imagens extremamente fluidas e animações agradáveis. Ambos os painéis têm certificação HDR10, entregando excelente qualidade e contraste nas cores. Sob a luz solar direta, a legibilidade das telas sofre um tanto. A principal, mais reflexiva, chega a ter o uso incômodo. A externa, porém, segue utilizável mesmo nesta situação.
Interface e sistema do Z Fold 3 se adaptam bem às duas telas
Por certo, de nada adianta colocar tecnologia de ponta e proporcionar uma tela flexível e outra externa, se o software do aparelho não conseguir acompanhar bem as mudanças no formato, correto? A boa notícia aqui é que a Samsung acertou em cheio neste aspecto, e o sistema se adapta perfeitamente aos diversos formatos possíveis.
E é bom enfatizar o "diversos" aqui. Não existem apenas dois modos de uso do Galaxy Z Fold 3, totalmente aberto e totalmente fechado. Como a dobradiça suporta vários ângulos, é possível aproveitar a tela principal com uma série de otimizações da fabricante, que vão além de "esticar" a interface.
Ao abrir um vídeo no Youtube, por exemplo, com a tela parcialmente dobrada (de forma similar a um notebook), o vídeo é exibido na parte superior, enquanto a inferior traz a descrição e os comentários. No aplicativo da câmera, por sua vez, enquanto metade da tela mostra a prévia da foto, a outra parte divide-se entre controles da câmera e uma miniatura da última imagem capturada.
Segundo Renato Citrini, gerente sênior de produtos móveis da Samsung, a fabricante busca criar uma experiência que só é possível neste formato de dispositivo. Além de otimizar o sistema da própria empresa, a Samsung trabalha com desenvolvedores para facilitar a adaptação de aplicativos ao aparelho, tanto na tela dobrável quanto nos diferentes formatos possíveis para a interface.
Para aplicativos que não possuem otimização para os displays do Z Fold 3, a One UI, modificação do Android feita pela Samsung, permite forçar o chamado "modo flex". As alterações, porém, são básicas, e nem sempre oferecem muitas funcionalidades: no Spotify, são exibidos controles de play/pause, avançar e retroceder; no Twitter, porém, apenas os botões padrão da interface (abrir área de notificações, capturar tela, brilho e volume) são exibidos, e é mais vantajoso usar o aplicativo sem essa modificação.
Outro exemplo notável, e não por bons motivos, é a Netflix. Com o display aberto, a interface é igual à exibida em qualquer aparelho Android. No modo Flex, porém, os controles de reprodução aparecem duas vezes: sobre o vídeo, quando a tela é tocada; e na parte inferior. Aqui, são exibidos também os mesmos botões genéricos: painel de notificações, captura de tela, brilho e controles de som. É possível fechar este menu e exibir o vídeo em tela cheia, mesmo com o display dobrado, mas não há uma opção para desativar o menu e exibir a imagem apenas na parte superior do painel.
Um aplicativo que me deixou particularmente frustrada foi o Kindle. Imaginei que, pela possibilidade de abrir o Z Fold 3 de forma similar a um livro, a Amazon tivesse desenvolvido alguma adaptação que permitisse a leitura em duas colunas na tela principal. Infelizmente, a opção existe apenas quando o aparelho está na horizontal - ou seja, aberto "como um notebook".
Outra possibilidade para apps não otimizados é, na tela principal, usá-los lado a lado. Neste modo, é possível abrir dois aplicativos, cada um ocupando uma parte da tela - por padrão, eles ficam com metade do painel, mas é possível redimensioná-los. Há também o modo de janela flutuante, que permite abrir aplicativos de forma similar aos programas de um computador, podendo ser redimensionados livremente e minimizados.
Por fim, existe a opção de personalizar a proporção de aplicativos individuais, na tela principal. É possível escolher entre 3:4, 16:9 e tela cheia. O Tinder, por exemplo, apresenta algumas inconsistências na interface ao ser exibido em tela cheia, que é o comportamento padrão. Mudar para a proporção 16:9 resolveu estes problemas.
Um ponto que merece destaque é o teclado da Samsung, extremamente bem adaptado à tela principal do Z Fold 3 - embora o mesmo não possa ser dito em relação ao display externo. Ele oferece três modos de uso: dividido (um espaço no centro da tela, com metade do teclado em cada extremidade, mais acessível aos polegares), padrão (igual ao teclado regular) e flutuante (ocupa menos espaço na tela, e pode ser movido).
Para compensar a falta de uma linha Galaxy Note em 2021, a Samsung embutiu no Z Fold 3 o suporte à caneta S Pen. Há duas questões referentes ao acessório, porém. Primeiramente, modelos antigos da caneta não são compatíveis: por terem sido feitos para funcionar na tela de vidro tradicional dos aparelhos Note, essas versões podem danificar o painel do Z Fold 3, que usa cobertura Ultra Thin Glass (UTG).
O outro ponto é que a caneta não é incluída com o smartphone: há dois modelos, Fold Edition (compatível apenas com o Z Fold 3) e Pro (com bluetooth e funções mais avançadas, compatível com qualquer aparelho Samsung que suporte canetas S Pen). Ambos são vendidos separadamente, em kits com capas que permitem guardar o acessório - não há um espaço para isso no próprio Z Fold 3. Não pudemos testar o uso do aparelho com as canetas, pois a fabricante enviou apenas a caixa padrão com o celular e o cabo.
Câmeras do Z Fold 3 entregam boa experiência
Há nada menos que cinco câmeras no Galaxy Z Fold 3: três lentes na traseira (principal, grande-angular de 123° e teleobjetiva de 2x), todas com 12 MP; a frontal de 10 MP na tela externa; e uma de 4 MP "oculta" sob a tela interna - na seção sobre a tela, expliquei as aspas.
Em termos técnicos, o conjunto traseiro traz abertura f/1.8 e sensor de 1/1,76" na lente principal, abertura f/2.4 e sensor de 1/3,6" na teleobjetiva, e f/2.2 com 1/3,06" na grande-angular. As lentes principal e teleobjetiva têm foco automático e estabilização ótica de imagem, mas a grande-angular não conta com nenhuma das duas funções. As câmeras frontais são f/2.2 e 1/3" na tela externa, enquanto a interna tem f/1.8 e 1/3,06". Nenhuma das duas tem foco automático ou estabilização de imagem.
Em termos de qualidade de imagem, o Z Fold 3 não surpreende, mas entrega resultados satisfatórios - especialmente considerando a espessura do aparelho. Detalho abaixo o que cada lente me trouxe de impressões.
A lente principal tem captura de luz mediana, o que é compreensível para o tamanho do sensor. Em situações de iluminação entre boa e média, ela entrega fotos de qualidade satisfatória. É possível conseguir resultados melhores em outros smartphones, inclusive alguns que custam metade do preço? Certamente. Mas, entre as opções disponíveis no Brasil, nenhum dos concorrentes tem a tela dobrável.
A opinião sobre a câmera grande-angular é similar. Por ter abertura menor, as fotos saíram com menor iluminação e mais "efeito pintura" que a lente principal, especialmente em situações de luz baixa. As cores são um pouco mais frias que o sensor wide.
A teleobjetiva, por fim, entrega as cores mais quentes entre as três câmeras de 12 MP. Apesar de ter o menor sensor e a abertura mais estreita, esta lente capturou mais luz que a principal. O tempo de exposição, porém, sempre foi maior.
Um excelente ponto positivo das câmeras do Z Fold 3 é o aproveitamento do formato único do aparelho. Diversas funções desenvolvidas pela Samsung tiram proveito do conjunto variado de lentes, das duas telas, e da capacidade de usar o celular dobrado.
Ao tirar fotos com o aparelho aberto, por exemplo, é possível habilitar o display externo. Deste modo, tanto pode-se tirar selfies com as câmeras principais (embora, nas minhas tentativas, a experiência tenha sido menos que satisfatória, devido ao formato grande e largo do dispositivo), quanto, ao retratar outras pessoas, elas podem ver ao vivo como ficam enquadradas na foto.
As câmeras "próprias" para selfies, por sua vez, dão experiências totalmente distintas. A da tela externa gera imagens de boa qualidade: não são excepcionais, mas estão completamente dentro do esperado para um sensor de 10 MP com foco fixo. A do display principal, porém, é basicamente inutilizável: há pouco detalhamento na imagem, as cores são lavadas e a resolução é baixa.
A Samsung tenta argumentar que esta é uma limitação de ter a lente sob a tela, mas a Xiaomi conseguiu resultados muito superiores com tecnologia similar. Minha recomendação para esta câmera é usá-la somente em chamadas de vídeo, aproveitando a posição dentro da tela principal.
O modo "visão do diretor", disponível em vídeos, permite usar duas câmeras ao mesmo tempo para filmagem - uma fica na imagem principal, enquanto a outra tem uma pequena janela no topo do quadro. É possível escolher qualquer uma das cinco câmeras para qualquer uma das duas posições disponíveis neste modo.
Como falei mais acima, fotografar com o aparelho dobrado também permite usar os controles em uma parte da tela, enquanto a outra exibe a prévia da imagem. Embora a função seja prática, sinto que o espaço poderia ter sido melhor aproveitado, especialmente em modos como o profissional, que mostram diversos comandos.
Bateria do Z Fold 3 aguenta um dia inteiro, mas só com boa vontade
Considerando o tamanho do aparelho, era de se esperar que o Galaxy Z Fold 3 tivesse uma bateria proporcional. Não é o caso: na ficha técnica, o componente tem 4.400 mAh de capacidade, que não apenas é abaixo do que a maioria dos topos de linha entregam, como também é menos que o seu antecessor, o Z Fold 2, que tinha 4.500 mAh.
Para além disso, as telas com taxa de atualização de 120 Hz e o processador de ponta consomem uma boa quantidade de energia. Deste modo, não espere que o Galaxy Z Flip 3 fique um tempo imenso longe da tomada.
Nos meus testes, foram duas horas em jogos, duas horas de streaming pela Netflix, uma hora de navegação na internet e redes sociais, e duas horas ouvindo músicas pelo Spotify, este último com fones Bluetooth e tela desligada. Em todo o período, o Z Fold 3 estava ligado à WiFi, com brilho no modo adaptável.
Nesta rotina, o Galaxy Z Fold 3 foi de 100% a 25%. O uso de tela ficou pouco abaixo de seis horas - embora não seja espetacular para a categoria, o valor é bastante aceitável, considerando o alto processamento em jogos e o brilho máximo durante o streaming.
Para repôr a energia gasta, o Galaxy Z Fold 3 tem suporte a carregamento "rápido". Com aspas, porque a potência suportada é de 25 W. Há modelos no mercado com quase cinco vezes essa velocidade, e mesmo smartphones de entrada já têm capacidades de carregamento maiores. A Samsung, porém, é conhecida por ser conservadora neste aspecto.
Por isso, tive poucas expectativas na medição do tempo de recarga. O resultado esteve dentro do esperado, e a bateria do Galaxy Z Fold 3 foi de 0% a 100% em cerca de duas horas. Veja abaixo outras medições:
- 30 minutos: 29%
- 60 minutos: 55%
- 90 minutos: 78%
O Galaxy Z Fold 3 pode ser recarregado sem fio, em qualquer carregador compatível com o padrão Qi. Neste modo, porém, a potência é ainda menor, 10 W, e sequer me atrevi a medir o tempo para encher a bateria. Minha recomendação é ter um equipamento do tipo na mesa de trabalho, e fazer a recarga durante o expediente.
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Galaxy Z Fold 3 tem desempenho digno do preço
Não vou me estender muito nesta última seção por um motivo simples: o Galaxy Z Fold 3 é um topo de linha, e a performance é exatamente o que se espera dele. Quem topa pagar o valor cobrado pelo aparelho não aceita nada menos que o melhor a oferecer, e é justamente isso que o smartphone entrega.
O processador é um Snapdragon 888, da Qualcomm, o melhor disponível à época do lançamento (em dezembro de 2021 foi anunciado o Snadragon 8 Gen 1, sucessor deste modelo). Há 12 GB de RAM acompanhando, com 256 ou 512 GB de armazenamento UFS 3.1.
A esta altura, faz pouco sentido colocar resultados de benchmarks como comparativo. O que pode-se garantir com certeza é que o Galaxy Z Fold 3 cumpriu qualquer tarefa proposta sem nenhum esforço. Não houve engasgos na interface em momento algum, tampouco travamentos ou aplicativos demorando para abrir.
Em jogos, também tudo dentro do esperado. Asphalt 9, Free Fire e PlayerUnknown's BattleGrounds (PUBG) rodaram sempre no máximo, seja na qualidade gráfica, na resolução da tela ou na taxa de quadros. Os detalhes neste aspecto não dizem respeito à Samsung, mas sim à otimização que falta nos jogos. Em todos os que testei, a taxa de atualização caiu para 48 ou 60 Hz. Considerando que nenhum dos títulos consegue rodar acima de 60 FPS, isso não foi um problema.
Free Fire teve dificuldades de adaptação na interface ao passar do display principal para o secundário, algo que não aconteceu com Asphalt 9 nem PUBG. No entanto, embora a proporção 24,5:9 do painel externo seja boa para jogos de tiro, o tamanho dele dificulta o uso dos controles na tela.
Galaxy Z Fold 3 é bom? Vale a pena? Quais as alternativas?
A resposta curta é: sim, o Galaxy Z Fold 3 é um excelente aparelho. Pelo preço cobrado, não seria aceitável algo menos que isso, e é o que a Samsung entrega. A pergunta a ser feita é outra: "o Galaxy Z Fold 3 atende às minhas necessidades?"
Eu, entusiasta de tecnologia, não teria um, mesmo que dinheiro não fosse problema. O motivo é simples: em todo o tempo que passei com o Galaxy Z Fold 3, não consegui vê-lo se encaixando na minha rotina. Isso não faz dele um aparelho ruim, apenas significa que não estou no público-alvo.
Ao entrevistar Renato Citrini, gerente sênior de produtos móveis da Samsung, ele me trouxe alguns pontos que ajudam a explicar essa questão. Segundo ele, o público-alvo do Galaxy Z Fold 3 é chamado de "life maximizer", são pessoas que buscam aproveitar profundamente cada recurso disponível no aparelho.
Isso se reflete em alguns casos de uso que ele ilustrou: o Galaxy Z Fold 3, por exemplo, é possivelmente o único smartphone à venda no Brasil que permite visualizar um documento de texto ou uma planilha de forma decente. Ao acabar o expediente, o dono do aparelho pode aproveitar a tela grande para jogar ou assistir um filme, sem a necessidade de um computador.
Deste modo, pode-se dizer que o Galaxy Z Fold 3 é pensado para usuários que valorizam, acima de tudo, produtividade e versatilidade. De certa forma, é o que há de mais próximo de um "aparelho único", que consegue juntar, a contento, smartphone, computador, player de música, console de videogame, entre outros.
É possível notar isso facilmente pelo fato de que, apesar de ser multifunção, o Galaxy Z Fold 3 passa longe da metáfora do pato (que anda, nada e voa, mas não faz bem nenhuma das três coisas). Ele não é o melhor tablet, mas não é ruim como tablet; ele não tem a melhor bateria ou velocidade de recarga, mas não tem bateria ou recarga ruins; não tem as melhores câmeras, mas não tem câmeras ruins... E assim por diante.
Considerações feitas, há apenas dois concorrentes do Galaxy Z Fold 3 que posso listar: o iPhone 13 Pro Max, da Apple (R$ 11.000, na versão de 512 GB), e o Galaxy S22 Ultra, da Samsung - este último ainda em pré-registro no Brasil. Nenhum destes aparelhos tem a mesma ideia do Galaxy Z Fold 3, e o motivo é simples: não há outros celulares dobráveis no Brasil com essa proposta.
Grosso modo, não dá para dizer sequer que há outros no mundo: Huawei, Xiaomi, Royole e Oppo, as únicas empresas com modelos semelhantes, vendem os "celulares que viram tablet" apenas na China, no momento. No Brasil, apenas o Z Flip 3, também da Samsung, e o Motorola Razr, lançado em 2019, têm telas flexíveis, e nenhum dos dois usa o mesmo formato do Galaxy Z Fold 3.
Tudo indica que, apesar de ser um aparelho de nicho, o Galaxy Z Fold 3 fará sucesso com seu público-alvo. Não por acaso: ele é o único smartphone a entregar a versatilidade e produtividade exigidas por esses consumidores.