Celulares estão tão caros que já é possível alugar aparelhos; veja preços

Pelo menos três empresas oferecem, no Brasil, planos de "assinatura" de celular; confira valores, modelos disponíveis e detalhes para fazer o aluguel de smartphones

16:21 | Out. 15, 2021

Por: Bemfica de Oliva
Celulares no Brasil chegam a custar mais de R$ 15 mil; serviços de aluguel de smartphones reduzem preço de ter um topo de linha (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Escalada do dólar, escassez mundial de componentes eletrônicos, inflação galopante e novas tecnologias, como telas dobráveis e conexão 5G... Não faltam motivos para explicar por que o preço dos celulares está tão alto. O iPhone 13 Pro Max, topo de linha da Apple, chega a R$ 15.499. Na Samsung, o dobrável Galaxy Z Fold 3 pode custar R$ 13.799.

Com estes valores que se comparam aos de um carro usado, para produtos que são feitos para ficarem obsoletos em poucos anos, não é de se estranhar que surjam alternativas para reduzir os custos de ter um smartphone. Uma das tendências mais recentes é o aluguel de celulares, ou "planos de assinatura".

A ideia não é exatamente nova: em 2015, a operadora Claro lançou o Claro Up. Neste plano, o cliente parcelava um iPhone ou Galaxy S em 24 vezes. Passados 12 meses, o usuário poderia pegar um aparelho novo, na mesma quantidade de parcelas, e a operadora receberia o modelo antigo — e arcaria com o resto das prestações.

Apesar da ideia interessante, o Claro Up tinha algumas armadilhas: só era possível contratar o serviço assinando um plano pós-pago da operadora, que era cobrado juntamente com a parcela. Deste modo, os custos podiam chegar a quase R$ 700 mensais — em valores de 2015!

Avançando para 2021, o Claro Up não é mais ofertado pela operadora, mas novos sistemas similares chegaram ao mercado brasileiro. Cada um tem suas especificações. O POVO analisou as três principais plataformas, confira abaixo.

Itaú e Apple: iPhone para Sempre

Já com alguns anos de existência, o iPhone para Sempre é um programa da Apple, em parceria com o banco Itaú. Ele funciona de forma similar ao iPhone Udate Program, que a fabricante oferece nos Estados Unidos: com pagamentos mensais, o cliente pode ter um celular de modelo recente e trocar de aparelho com frequência.

No iPhone para Sempre, o cliente faz um parcelamento em 21 prestações que, somadas, correspondem a 70% do preço do celular. Ao fim dos 21 meses, o usuário pode escolher se paga os 30% restantes e fica com o aparelho, devolve o smartphone, ou renova o serviço, recebendo um iPhone mais recente.

Vantagens do iPhone para Sempre

A principal vantagem do iPhone para Sempre é que o celular já é seu desde o primeiro momento. O programa funciona como um sistema de recompra garantida, e não como um aluguel em si.

Outro ponto positivo é a variedade de modelos, ainda que restritos somente aos aparelhos da Apple. É possível escolher desde a linha iPhone 13 -— que está em pré-venda — até os modelos iPhone 11, lançados em 2019. O iPhone SE, smartphone "de entrada" da Apple, também é uma opção.

Desvantagens do iPhone para Sempre

O ponto mais complicado do iPhone para Sempre é que, por ser um parcelamento, ele consome o valor completo do celular no limite disponível no cartão de crédito. O único desconto possível é no pagamento final, de 30% do preço do smartphone, que não é cobrado em caso de devolução do aparelho ou renovação do programa.

Para além disso, o iPhone para Sempre tem uma diferença importante em relação ao iPhone Update Program, dos Estados Unidos: não há suporte Apple Care incluso. Este programa — que existe no Brasil, mas não está incluído no plano do Itaú — dá dois anos de garantia estendida, que inclui reparos por danos acidentais e, opcionalmente, seguro contra roubo e perda.

Por fim, um problema do iPhone para Sempre é a desvalorização. Ao adquirir um aparelho pelo programa, e devolvê-lo ao fim do contrato, na prática o que acontece é que o banco recebe o celular por 30% do valor de um novo. Ao comprar um iPhone no varejo, é possível usá-lo pelos mesmos 21 meses do programa e revendê-lo por um valor muito acima do que o Itaú oferece.

Porto Seguro e Samsung: TechFácil

Outra opção é o TechFácil, parceria da seguradora Porto Seguro com a fabricante Samsung. O programa permite pagar um valor mensal e alugar um dos aparelhos topo de linha da sul-coreana.

No TechFácil são 12 parcelas, que equivalem a aproximadamente metade do preço do celular no varejo. Ao fim do período, são as mesmas três opções do programa do Itaú: devolver o aparelho, pagar um valor adicional e ficar com o smartphone, ou renovar o contrato e receber um modelo mais recente.

Vantagens do TechFácil

A maior vantagem do TechFácil em relação aos concorrentes é que a assinatura não consome o limite do cartão. É descontado somente o custo mensal, que varia de acordo com o modelo escolhido.

Outro ponto positivo é que os planos já incluem seguro contra danos acidentais, roubo e furto — inclusive se os incidentes ocorrerem fora do País. Para os casos em que seja necessário deixar o celular em uma assistência técnica para conserto, a empresa oferece um aparelho reserva durante o período de reparo.

Por fim, o custo é bastante vantajoso: a assinatura anual equivale a 50% do preço do celular, e o valor é dividido em 12 prestações. Após este período, é possível pagar mais 40% do valor — em até 10 vezes — e ficar com o aparelho. Em resumo, paga-se 90% do preço do smartphone no varejo, dividido em 22 vezes, e por metade deste tempo o celular terá seguro contra danos, roubo e furto.

Desvantagens do TechFácil

O primeiro problema do TechFácil é que, por ser um serviço de assinatura, o smartphone não é seu. O aparelho segue como propriedade da Porto Seguro, cedido em regime de leasing, até que seja devolvido ou, ao fim do contrato, comprado.

Outra desvantagem é a pouca variedade de aparelhos. Neste momento, apenas três modelos Samsung Galaxy são oferecidos no programa: S21, Z Flip 3, e Z Fold 3 — e este último consta como indisponível no site.

Por fim, se o usuário desistir do programa, não basta cancelar a assinatura. O encerramento do contrato implica em multa, equivalente a 30% das parcelas que ainda restarem.

Allugator: celulares, videogames e até fones de ouvido

A última alternativa pesquisada foi o Allugator. Com diversos produtos, o serviço efetivamente opera com o aluguel dos eletrônicos.

Estão disponíveis celulares, computadores, videogames, relógios inteligentes e fones de ouvido. Os planos podem ser trimestrais ou anuais, dependendo do equipamento.

No Allugator, o valor do aluguel é consumido inteiramente do limite do cartão, mas pode ser parcelado — em até 3 vezes sem juros, ou 12 com acréscimo.

Vantagens do Allugator

O preço é um fator importante no serviço. Embora, como no iPhone para Sempre, o valor seja descontado inteiramente no limite do cartão de crédito, o preço da assinatura é bem inferior ao de um aparelho novo.

O iPhone 12 Pro Max de 1 TB, que está em pré-assinatura no site, pode ser alugado por R$ 6.336,82. O valor é pouco mais de 40% do que se gastaria para comprar o aparelho.

Assim como o TechFácil, o Allugator oferece seguro. O serviço cobre danos, furto e roubo.

Outra questão é que o aluguel pode ser pago por boleto ou Pix. Quem tem algum dinheiro disponível para gastar e não quer ou não pode comprometer o limite do cartão de crédito tem vantagens, neste caso.

Desvantagens do Allugator

Há pontos negativos no serviço, porém. O primeiro deles é o prazo de envio: como os produtos são comprados após a assinatura do contrato de aluguel, não há pronta entrega. O tempo para receber o aparelho alugado pode ser de até 60 dias úteis.

Também relacionado à compra dos smartphones, o Allugator não permite escolher a cor que o celular será enviado. É possível indicar preferência em alguns produtos, mas não há garantia que ele será daquele tom. Isso porque a compra depende dos estoques disponíveis nos fornecedores.

Em relação ao seguro oferecido, o valor do prêmio é mais caro que o da concorrência: enquanto na TechFácil cobra-se entre 15 e 30%, a Allugator tem uma taxa fixa de 50% para cobertura do sinistro.

Alugar um celular ou comprar usado?

Tendo em consideração os pros e contras de serviços com efeito similar, mas propostas e funcionamento diferentes, pode ficar a dúvida: é melhor alugar um smartphone ou comprar usado? A resposta é que as prioridades de cada pessoa vão definir a opção mais adequada.

Comprar aparelhos usados envolve um certo trabalho de pesquisa em diversos sites, checar a reputação dos vendedores, verificar se não há danos ou problemas de funcionamento nos smartphones, entre outras dores de cabeça. Dependendo do caso, também não é possível parcelar o valor.

Por outro lado, há um fator inegável: você compra o aparelho e ele é seu — sem precisar gastar uma pequena fortuna (ou gastando apenas uma fortuna "menos grande", a depender do modelo). Não apenas isso traz a segurança de poder usar o smartphone como bem entender, mas também auxilia, por exemplo, na compra de acessórios como capas, películas, carregadores e outros.

Um aluguel de celular, por sua vez, significa que você pagará um valor — nada barato — todo mês, e no fim das contas o aparelho sequer será seu. Se você compra um smartphone, mesmo que comprometa o limite do cartão ou gaste muito dinheiro de uma só vez, poderá vender o antigo e o peso financeiro da aquisição será menor.

No entanto, os serviços de assinatura de smartphone também têm vantagens: a certeza de receber um aparelho novo, lacrado, sem danos ou defeitos; o seguro embutido na mensalidade de algumas das plataformas; e a possibilidade de trocar de celular com frequência, por um mais moderno, sem gastos adicionais.

No fim das contas, a escolha depende muito dos fatores que você considera mais importantes.

Quer economizar, ter algo 100% seu, e já compra um celular pensando em revendê-lo daqui a algum tempo? Foque nos usados.

Quer aparelhos topo de linha sem gastar uma fortuna, com a possibilidade de ter seguro para emergências e sabendo que poderá pegar um modelo mais atual eventualmente? Os serviços de assinatura podem ser o melhor para você.

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