Review: Samsung Galaxy Book S, um notebook para quem trabalha em movimento

Com design ultraportátil, Galaxy Book S entrega pouco em desempenho e conexões; notebook da Samsung tem somente o básico para quem prioriza mobilidade no trabalho

Com a reabertura gradual das atividades econômicas, mesmo quem havia migrado para o home office está voltando às atividades presenciais. Há, porém, uma categoria de profissionais que não se encaixa nem no trabalho de casa, nem no trabalho de escritório. Estas pessoas estão sempre em movimento, seja visitando clientes, seja fazendo suas atividades em locais públicos.

Para este grupo específico, a Samsung lançou o Galaxy Book S, um notebook ultraportátil que tem a promessa de durar um dia inteiro sem precisar ver o carregador, e realizar tarefas de trabalho sem sofrer. Mas ele cumpre isso? Estive com o Galaxy Book S como meu computador principal por alguns dias e conto abaixo o que descobri.

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Unboxing e conteúdo da caixa

Caixa do Galaxy Book S traz o carregador, um cabo com duas pontas USB-C, e um adaptador USB-C para USB-A
Caixa do Galaxy Book S traz o carregador, um cabo com duas pontas USB-C, e um adaptador USB-C para USB-A (Foto: Bemfica de Oliva)

O notebook traz uma caixa pouco maior que o próprio equipamento, que me surpreendeu pelo tamanho diminuto: já vi embalagens maiores em tablets. Dentro dela está a papelada habitual (manual, garantia etc), o Galaxy Book S, um carregador - que não apenas lembra os de celulares, como é o mesmo vendido para a linha Galaxy S21, com conectores USB tipo C em ambas as pontas do cabo. Há também um adaptador USB-C para USB-A, que é mais que necessário, conforme explico abaixo.

Samsung Galaxy Book S: design, conexões e acabamento

Portas do Galaxy Book S são limitadas: há apenas duas entradas USB tipo C e uma para fones de ouvido
Portas do Galaxy Book S são limitadas: há apenas duas entradas USB tipo C e uma para fones de ouvido (Foto: Bemfica de Oliva)

A construção do notebook é excelente, com o corpo em liga de alumínio. O material o torna leve, resistente, bonito e agradável ao toque.

A portabilidade é um fator importante no Galaxy Book S. O peso é abaixo de 1 kg, a tela (Full HD e sensível ao toque) tem bordas finas e o teclado, retroiluminado, é compacto - demais, inclusive, para o meu gosto: não consegui me acostumar à digitação em todo o tempo que usei o equipamento. A espessura do notebook é de apenas 11,8 mm.

A finura traz complicações, porém: há somente duas portas USB tipo C (e o notebook pode ser carregado por qualquer uma delas) e uma de 3,5 mm para fones de ouvido. Nada de HDMI ou USB de tamanho regular aqui.

Galaxy Book S, da Samsung, é pouco mais espesso que um pen drive
Galaxy Book S, da Samsung, é pouco mais espesso que um pen drive (Foto: Bemfica de Oliva)

Deste modo, quem pretende colocar um pen-drive no Galaxy Book S, por exemplo, não pode usar um mouse com fio ao mesmo tempo a não ser que compre outro adaptador além do incluso na caixa. O jeito é usar um mouse bluetooth ou o trackpad, que é de vidro, amplo e responde bem ao toque, tendo suporte inclusive aos drives de precisão do Windows, permitindo usar gestos para navegar no sistema.


Outro problema é que as conexões USB não têm suporte à tecnologia Thunderbolt, ou seja, não há possibilidade de ligar o notebook a uma segunda tela, como um monitor externo ou um projetor. Para um equipamento que busca atender profissionais que estão constantemente fora do escritório, é um ponto negativo bem notável.

Design do Galaxy Book S é do tipo "fanless", sem ventoinhas, portanto não há saídas de ar
Design do Galaxy Book S é do tipo "fanless", sem ventoinhas, portanto não há saídas de ar (Foto: Bemfica de Oliva)

Algo que não será encontrado no Galaxy Book S são saídas de ar. O design "fanless", sem ventoinhas, é consequência das especificações do notebook, que comento a seguir.

Tela do Galaxy Book S agrada

Com brilho típico de 350 nits, a tela do Galaxy Book S pode chegar a 600 nits no "modo outdoor", que é ativado apertando Fn + O. Ela permite uso em ambientes ensolarados, o que condiz com a proposta de mobilidade do equipamento.

Tela do Galaxy Book S tem boa reprodução de cores e "modo outdoor" para uso sob luz solar direta; display sensível ao toque é pouco útil
Tela do Galaxy Book S tem boa reprodução de cores e "modo outdoor" para uso sob luz solar direta; display sensível ao toque é pouco útil (Foto: Bemfica de Oliva)

Outro destaque que a Samsung tenta dar é o fato do display ser sensível ao toque. Na verdade, não faz grande diferença: como o painel é altamente relexivo, ele atrai marcas de dedos muito facilmente, e usar o touch é irritante. Além disso, a inclinação do Galaxy Book S é limitada, chegando longe do "modo tablet" de modelos como o IdeaPad Flex, da Lenovo.


O que agrada mesmo, porém, é a qualidade da tela. Com bordas finas, resolução Full HD e excelente reprodução de cores, o Galaxy Book S é ótimo para consumo de conteúdo.

Bateria do Galaxy Book S atende, mas não surpreende

A bateria tem 42 Wh, e a Samsung promete 17 horas longe da tomada... Com WiFi desligado, brilho em 50% e reproduzindo vídeos. Parece um cenário próprio para uma viagem intercontinental, mas não muito próximo do cotidiano de trabalho.

Nos meus testes, porém, ele entregou o esperado: saindo dos 100%, com uso de trabalho e alguma navegação casual na internet, consegui ficar pouco menos de 10 horas na bateria. Deve bastar para o expediente de um dia.

O carregamento leva cerca de duas horas e meia, mas há uma questão importante: por padrão, o Galaxy Book S só carrega até 85% da bateria. Essa função serve para preservar o componente, evitando desgaste e superaquecimento. Quem fizer questão dos 15% adicionais pode alterar a configuração no aplicativo da Samsung.

Uma vantagem das portas USB-C do Galaxy Book S é que qualquer uma delas pode ser usada para carregar a bateria. Deste modo, há menos preocupação com espaços apertados ou o fio do mouse enrolando no do carregador, por exemplo.

Especificações do Galaxy Book S

Nos números, o notebook da Samsung traz um conjunto que não deve entregar grande desempenho, mas sem engasgar em tarefas básicas.

São 256 ou 512 GB de armazenamento, com 8 GB de memória RAM. Embora o SSD possa ser trocado, a RAM é soldada na placa-mãe. É possível expandir o espaço interno sem precisar mexer nas entranhas do notebook: há entrada para um cartão de memória MicroSD.

O processador é um Core i5-L16G7, da Intel. Essa CPU é peculiar por fugir do design tradicional de dois, quatro, seis ou oito núcleos desse tipo de componente. O L16G7 tem quatro núcleos de baixo consumo (Tremont) e um de alto desempenho (Sunny Cove). É um arranjo visto com mais frequência em smartphones e tablets, e marca uma tentativa da Intel de competir com os Snapdragon 7c e 8cx, da Qualcomm, e com o Apple M1.

A placa de vídeo é integrada, UHD Graphics, então não espere que o Galaxy Book S rode jogos com grande desenvoltura. A GPU precisa dar conta de uma tela Full HD, complicando ainda mais a questão de games.

Samsung Galaxy Book S: desempenho

Como esperado, o processador dá conta das tarefas, mas não é nenhum primor de potência. O computador liga em poucos segundos, pelo armazenamento em SSD.

Os 8 GB de RAM garantem que o Galaxy Book S não sofrerá engasgos em tarefas cotidianas. Abrir vários programas, ou muitas abas no navegador, porém, não é recomendado.

Não há placa de vídeo dedicada aqui. Quem dá conta do recado - ou tenta - é a UHD Graphics integrada ao processador. Jogos, mesmo os mais antigos, não rodam bem, e tarefas como edição de vídeos e tratamento de fotos não são recomendadas.

Conclusão: Galaxy Book S é bom? Quais as alternativas?

O Galaxy Book S foi lançado pela Samsung com preço sugerido de R$ 7.199 no Brasil. Atualmente, é fácil encontrá-lo no varejo na faixa de R$ 5.000 a R$ 5.500, na versão de 256 GB.

Com a proposta de portabilidade extrema, é fácil entender qual competidor a Samsung mirou para desenvolver o notebook. Repetindo a rivalidade que existe entre a linha Galaxy S e os iPhones, nos celulares, o objetivo é atingir potenciais compradores do MacBook Air, da Apple.

Embora o notebook da maçã tenha vantagens, como a tela de resolução maior (embora sem suporte a toque), o desempenho imensamente superior do chip M1, e a tecnologia Thunderbolt 3 nas portas USB-C, ele cobra por isso: o MacBook Air mais barato atualmente, com os mesmos 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento do Galaxy Book S, chega próximo aos R$ 8 mil.

Na mesma pegada de ultraportáteis com processadores Intel, porém, há várias outras opções. Modelos como a linha Inspiron 5000, da Dell (cerca de R$ 5.100); IdeaPad Flex 5i, da Lenovo (R$ 4.700); e Gram, da LG (R$ 6.500, aproximadamente), trazem especificações tão boas quanto ou melhores que o Galaxy Book S, em faixas de preço similares e sem ter que comprometer pontos como conexões USB ou o suporte a monitores externos e projetores.

Por fim, se a portabilidade não for o fator primordial para a compra, nesta faixa de preço é possível levar um notebook gamer de entrada. As linhas G3 (R$ 5.700 com CPU i5 de 10ª geração), da Dell; Nitro 5 (processadores i5 ou i7 de nona e 10ª gerações, ou AMD Ryzen 5 e 7 de terceira e quarta gerações, entre R$ 5.000 e R$ 7.000 a depender da configuração), da Acer; e Ideapad 3i Gaming (R$ 5.000 com processador Core i5 ou R$ 6.000 com i7, 10ª geração), da Lenovo, são exemplos de como fazer o investimento render muito mais em termos de performance.

Nestes casos, porém, será preciso lidar com um equipamento de design mais chamativo (embora os modelos listados não pareçam saídos de um filme de naves espaciais, como eram notebooks gamer de alguns anos atrás), mais pesado, e com autonomia muito menor na bateria - a jornalista que vos escreve, que possui um Nitro 5 com processador i7 de 9ª geração, não consegue ficar três horas longe da tomada, mesmo realizando tarefas básicas.

O fato é que o Galaxy Book S foi pensado pela Samsung para atender um público muito específico, mesmo dentro do já limitado nicho de pessoas que precisam de um equipamento ultraportátil. Se as poucas conexões, falta de suporte a telas externas e desempenho suficiente apenas para tarefas básicas não incomodam, o preço atual torna o modelo uma proposta interessante. Se bateria para trabalhar um dia inteiro sem precisar de carregador, tela de excelente qualidade e a portabilidade de um notebook extremamente fino e leve são os pontos que você procura, então o Galaxy Book S é possivelmente a melhor escolha disponível.

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