Testamos: Motorola One Hyper entrega câmeras interessantes e carregamento ultra-rápido - versão para leigos
Aparelho custa a partir de R$ 1.600 e tem tela que ocupa toda a parte frontal
21:06 | Mar. 10, 2020
Esta resenha é a versão para quem não tem muito conhecimento ou interesse em tecnologia, e foca apenas nos pontos mais procurados pelos usuários na hora de comprar um celular novo. Está disponível também a versão completa, para aficionados por gadgets.
Com preço atual de R$ 1.600, o Motorola One Hyper é um dos lançamentos mais recentes da empresa no Brasil. Ele faz parte da linha One, de intermediários premium, situando-se acima dos aparelhos Moto G.
Os principais destaques do smartphone são a tela que toma toda a frente do aparelho, a câmera de 64 MP com tecnologia quad-pixel e o carregamento ultra-rápido da bateria. Estive usando o One Hyper como meu celular principal nos últimos dias e conto as minhas impressões abaixo.
Caixa, especificações e design
O celular vem com fone de ouvido com fio, capa de proteção, e carregador hyper (com cabo compatível, outros cabos carregam mais lentamente). Em um envelope, junto com os papéis do aparelho, está a ferramenta para troca dos chips.
O armazenamento interno é de 128 GB, com 4 GB de RAM e processador octa-core. Ele tem as versões mais recentes de WiFi (ac) e Bluetooth (5.0), além de GPS e 4G. O conector USB tipo C presente está se tornando cada vez mais comum em celulares, mesmo os medianos.
O One Hyper tem versões em tons de azul, rosa ou vermelho, nossa unidade de testes veio nesta última. A traseira tem acabamento reflexivo de plástico, que acumula muitas marcas de dedos, sendo recomendado o uso da capa que vem na caixa. Essa parte abriga a câmera dupla e o leitor de digitais, que tem um anel luminoso ao redor que acende com notificações e chamadas.
A frente é inteiramente composta pela tela, pois a câmera frontal fica num mecanismo que se eleva quando necessário. A parte superior traz a entrada para fones de ouvido, na esquerda há a bandeja dos chips - que é híbrida, podendo receber dois chips ou um chip e um cartão de memória, a direita abriga os botões de volume e liga/desliga, enquanto na parte inferior ficam a entrada do carregador e o alto-falante. O celular pesa 210g, bem acima da média, o que pode tornar o uso mais cansativo.
Tela
Com cantos arredondados demais, a tela poderia abrigar mais ícones na área de notificação, e alguns aplicativos podem ter o uso complicado por botões parcialmente cortados. As bordas são finas, com a superior levemente maior que as laterais e a inferior mais grossa que as outras, formando um "queixo" já comum em aparelhos do tipo. Pelo detalhe da câmera frontal, a tela não tem entalhes ou outras interrupções.
A tecnologia usada é IPS-LCD, com cores menos vívidas e menor contraste que as do tipo AMOLED. É possível configurar a saturação para reduzir essa diferença. A resolução é Full HD+, com formato "esticado" típico dos celulares mais recentes.
Sistema e aplicativos pré-instalados
O celular vem com o Android quase puro já tradicional da Motorola, exceto por adicionais como as Moto Ações, gestos adicionais para ativar funções como câmera ou lanterna, ou a Moto Tela, que pisca o display ao receber notificações. A navegação por gestos se mostra um pouco confusa, e pode ser substituída pelos antigos botões em Configurações > Sistema > Gestos > Navegação no sistema.
A versão do sistema, Android 10, é a mais recente, com atualização para o Android 11 garantida pela Motorola. É possível configurar a interface para o modo escuro, que desgasta menos os olhos em uso prolongado. O leitor de impressões digitais é rápido, mas muitas vezes impreciso, sendo necessárias várias tentativas para o desbloqueio.
Câmera
Há uma câmera dupla na traseira: 64 megapixels na lente principal e 8 megapixels na câmera grande-angular, estilo "olho de peixe". A frontal possui 32 MP, e tanto ela quanto a principal da traseira possuem a tecnologia quad-pixel, que junta quatro pontos em um para formar uma foto menor (16 MP na traseira e 8 MP na frontal), mas com mais detalhes e melhor iluminação.
Há vários modos de foto, como retrato (desfoque de fundo), cor em destaque (escolha uma cor e o resto da foto fica em preto e branco), panorama e cinemagraph (uma parte da foto fica animada, o resto estático). Há também o recurso night vision, que permite tirar fotos noturnas ou com pouca luz com grande riqueza de detalhes e pouco ruído. Esse recurso funciona de maneira excepcional, como pode ser visto na galeria ao fim desta seção. É possível ainda usar o modo manual, configurando os ajustes como uma câmera profissional. A tecnologia quad-pixel faz fotos com riqueza de detalhes maior que a média da categoria, mas não faz milagres para situações de baixa iluminação.
A qualidade da lente grande-angular é consideravelmente inferior à principal, com fotos no máximo satisfatórias para uso em redes sociais, quando bem iluminadas, e muito borradas, com "efeito pintura", com pouca luz.
As selfies têm funções como "selfie em grupo" (uma espécie de panorama), modo de embelezamento, além do modo retrato. O foco é fixo, precisando ser ajustada a distância do celular com o braço para garantir a definição correta. O modo retrato desfoca bem o fundo, mas ao ar livre teve um pouco de dificuldade para captar meu cabelo que balançava com o vento.
Para vídeo a resolução pode ser de até 4k na câmera principal, tendo também as opções de câmera lenta e time-lapse (vídeos gravados durante um longo tempo e reproduzidos muito rapidamente). Vídeos gravados com a lente principal são de boa qualidade, mas os da grande-angular são praticamente inutilizáveis.
Bateria
O celular aguenta tranquilamente um dia de uso intenso: com navegação e redes sociais durante cerca de oito horas e duas horas ouvindo música por streaming, fiquei das 10 da manhã à uma da madrugada sem precisar carregar o celular. Para uso moderado a bateria aguenta tranquilamente um dia longo, e com utilização básica é possível que a promessa da Motorola, de dois dias longe da tomada, se cumpra.
A recarga ultra-rápida é realmente ultra-rápida, ao menos no começo. Com 5% de bateria, a carga foi a 34% em apenas 10 minutos na tomada, chegando a 64% em meia hora de carregamento. O tempo total de 5 a 100% foi de uma hora e 20 minutos, o que não é ruim mas também não impressiona.
O carregador que vem com o aparelho é maior e mais pesado que a média, devido à tecnologia usada, e vem com uma entrada USB tipo C, então somente o cabo incluído na caixa é compatível. Este cabo também é mais grosso que o habitual, para aguentar a corrente maior utilizada no carregamento.
Som e ligações
O som do One Hyper não impressiona, mas não decepciona. Não há distorção mesmo no volume máximo, tanto no alto-falante quanto nos fones de ouvido. Estes vêm com cabo de borracha e caixa acústica em metal, além de um botão que executa várias funções: com um toque atende ligações e inicia/pausa a reprodução de músicas, com dois toques avança para a música seguinte, segurando ativa o assistente de voz. Em ligações, a voz dos interlocutores soou um pouco metálica, mas nada muito chamativo.
Desempenho e jogos
Para uso moderado ou um pouco mais intenso, o aparelho cumpre o que se propõe. O processador Snapdragon 675 não é topo de linha, mas está acima da média. Não observei engasgos ou perda de desempenho do celular durante meu tempo com ele, rodando a maioria das funções sem problemas.
Ter apenas 4 GB de RAM foi a única dificuldade encontrada: com menos memória, os aplicativos em segundo plano fecham mais rapidamente e não é possível abri-los a partir do ponto que estavam. Concorrentes na mesma faixa de preço já começam a vir com 6 GB, o que seria mais adequado para aproveitar melhor o potencial do processador.
Em jogos o celular teve desempenho aceitável: testando Real Racing 3 (configurações automáticas), Asphalt 9 (qualidade alta), PlayerUnknown's Battlegrounds (gráficos HD, taxa de frames alta, anti-aliasing desativado e sombras ativadas) e Free Fire (gráficos no Ultra, FPS normal e sombras desligadas) a jogabilidade se manteve sem engasgos. A maior dificuldade foi, de fato, os cantos arredondados demais, dificultando o acesso a alguns controles.
Conclusão
Na faixa de intemediários entre 1.500 e 2.000 reais, o One Hyper entrega o conjunto balanceado e sem muitos comprometimentos esperado nessa categoria. A experiência de uso está acima dos aparelhos básicos, e o aparelho traz algumas surpresas agradáveis: a tela sem interrupções visuais, a câmera de 64 MP e o carregamento ultra-rápido são destaques difíceis de encontrar na concorrência, e certamente serão usados nas lojas como argumento de vendas. No caso do carregamento, apenas o Galaxy S20 Ultra, da Samsung, traz algo do tipo entre os celulares vendidos no Brasil - e custando quatro vezes mais que o One Hyper.
Não significa que não dê para fazer mais: a tela poderia ser do tipo AMOLED para melhor reprodução de cores, uma memória RAM de 6 GB aumentaria o desempenho ao usar vários aplicativos, e uma lente de zoom na câmera - além de um sensor grande-angular melhor - trariam experiência de fotografia mais agradável. Pesa também que a Motorola garanta apenas uma atualização de sistema para o aparelho: ainda que ele tenha sido lançado com o Android 10, versão mais recente, ter pelo menos dois upgrades garantidos, como alguns aparelhos anteriores da linha One, daria mais segurança a pontenciais compradores.
Alternativas
O principal concorrente do One Hyper é o Galaxy A70, da Samsung. Na mesma faixa de preço ele traz mais câmeras, 6 GB de RAM, tela maior e do tipo AMOLED. A bateria é maior e o slot para cartão de memória não ocupa espaço dos leitores de chip. O Motorola ganha na versão mais atual do Android, na câmera principal melhor e na velocidade de carregamento.
Há outras alternativas da Samsung: O Galaxy A80 é levemente melhor que o A70 em todos os aspectos, além de ser feito em vidro e alumínio. Câmera traseira e frontal são a mesma, com um mecanismo que gira o sensor principal na hora das selfies. O preço é mais salgado: cerca de R$ 2.000 à vista. O Galaxy A51 é um pouco inferior em desempenho, mas traz quatro câmeras, custando R$ 1.800. Todos os Samsungs possuem tela AMOLED.
Outras opções incluem o Redmi Note 8 Pro (R$ 1.800, quatro câmeras, 2 GB a mais de RAM, melhor performance e bateria, mas carregamento mais lento, entalhe na tela e câmera frontal pior), e até o One Zoom, da própria Motorola (mesmo conjunto de processador, RAM e armazenamento, tela AMOLED, corpo em vidro e alumínio e câmera quádrupla, mas versão mais antiga do Android, entalhe na tela e falta do carregamento ultra-rápido).