TDAH: saiba quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico
Ao mesmo tempo em que vídeos nas redes sociais são importantes por darem visibilidade ao transtorno, eles também podem induzir a diagnósticos errados. Descubra o que é o TDAHNos últimos cinco anos, aumentou bastante a procura pela sigla TDAH em buscadores como o Google. No TikTok, por exemplo, são cerca de 1,9 bilhão de visualizações em vídeos que possuem a hashtag #tdah.
Se por um lado a superexposição tem ajudado a desestigmatizar o transtorno, por outro, requer cuidado para que ela não seja banalizada e - o pior - induzir a falsos diagnósticos.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Saiba as principais informações sobre o TDAH, como identificá-lo e como tratar nas linhas a seguir. Boa leitura!
O que é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)?
O TDAH é classificado como um distúrbio neurobiológico crônico, ou seja, tem origem genética. Ela se caracteriza por episódios de desatenção, inquietude e impulsividade, e esses sinais surgem ainda na infância.
Esses sintomas podem durar a vida inteira, caso não sejam diagnosticados precocemente e devidamente tratados. Apesar do TDAH não ter cura, pode ter os efeitos reduzidos naturalmente no decorrer da adolescência e da idade adulta.
O distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e ocorre mais nos meninos do que nas meninas. Além de prejudicar o aproveitamento escolar, a dificuldade para manter o foco nas atividades escolares e a agitação são responsáveis pelo sofrimento psicológico das crianças que têm TDAH, já que elas acabam recebendo rótulos depreciativos e sendo vítimas de bullying.
Quais são as causas?
Cerca de 60 a 70% dos casos de TDAH ocorrem devido à herança adquirida dos pais ou às mutações genéticas ocorridas na gestação. Outros 20 a 25% são consequência de complicações durante a gestação (uso de drogas, infecções maternas, problemas no parto, prematuridade etc.). Saiba mais sobre cada aspecto:
Hereditariedade
As pesquisas atuais sugerem que as crianças com pais diagnosticados com TDAH correm risco maior de desenvolver a doença. No entanto, é preciso ressaltar que ainda existem muitas complexidades em torno da condição, já que mais de um gene é envolvido no processo.
Além disso, os genes por si só não são responsáveis pelo transtorno e sim, causam uma predisposição ao TDAH. Mas a ocorrência da doença entre parentes das crianças afetadas é realmente maior: cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral.
Até o momento, não há testes clínicos que indiquem se uma pessoa ou os filhos dela são geneticamente propensos ao TDAH. O diagnóstico continua sendo feito por meio de profissionais de saúde como pediatra, psicólogo e psiquiatra.
Substâncias ingeridas na gravidez
Tanto a nicotina quanto o álcool ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê. Por exemplo, as mães que possuem vício em álcool têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente mostram uma associação entre estes fatores, ou seja, não “batem o martelo” dizendo que o uso dessas substâncias causam TDAH.
Sofrimento fetal
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), há estudos que mostram que mulheres que tiveram problemas no parto têm mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara, mas tem a ver com o sofrimento do bebê ainda no útero.
Exposição a chumbo
A exposição ao chumbo pode ocorrer ainda no útero e causar prejuízo às funções cognitivas e outros transtornos, tais como autismo e TDAH. Um marcador social importante é o de que as crianças de países de renda baixa e média apresentam níveis de intoxicação muito mais altos do que em crianças de países desenvolvidos.
A intoxicação por chumbo acontece por meio da exposição ao material presentes em canos de água, tintas, brinquedos, maquiagens, alimentos enlatados, temperos, baterias de carro e poluição industrial.
Quais são os tipos de TDAH?
De acordo com a 5ª edição (DSM-5) do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, há 3 tipos de TDAH:
Desatenção predominante (Tipo desatento / distraído)
As características principais deste tipo são a dificuldade de encontrar o foco na realização de tarefas, assim como a capacidade de concentração. A pessoa tem, portanto, tendência a se distrair, assim como sonolência e lentificação durante atividades como leitura, palestras e aulas.
Hiperatividade/impulsividade predominante
O comportamento mais comum em crianças com esse tipo de TDAH é: pés e mãos inquietos; incapacidade de ficar sentada por muito tempo (como em sala de aula, por exemplo); não conseguir participar de atividades mais calmas; não ter controle da quantidade da fala e ter dificuldade em manter um diálogo por por falta de paciência com o interlocutor.
Combinado
Como o próprio nome sugere, é a junção dos sintomas dos demais graus, ou seja, a pessoa pode parecer distraída e também impulsiva. Esse tipo é mais fácil de ser identificado pela escola e familiares.
Quais são os sintomas do TDAH?
Os sintomas em adultos e crianças diferem em intensidade, por isso é importante se atentar para essas diferenças. De acordo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, em mais da metade dos casos, os sintomas do TDAH nas crianças são mais perceptíveis do que nos adultos. Veja as diferenças a seguir:
Em crianças e adolescentes
Nessa faixa etária, para ser diagnosticado com TDAH, os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos. Já os adolescentes com até 16 anos são diagnosticados se tiverem pelo menos seis sintomas persistentes de desatenção e/ou seis sintomas persistentes de hiperatividade-impulsividade ao longo de pelo menos 6 meses.
Esses sintomas devem ser observados em dois ou mais ambientes, tais como a casa ou escola, e se eles interferem na vida social ou escolar. Caso os pais achem que o(a) filho(a) possa ter TDAH, é hora de procurar um profissional de saúde, como psiquiatra ou psicólogo clínico, para a avaliação completa, já que outros problemas, tais como estresse, distúrbios do sono, ansiedade e depressão podem causar sintomas semelhantes aos do TDAH.
Em adultos
Os adultos com TDAH podem experimentar algumas situações com uma certa frequência, tais como esquecer de pagar contas, perder as chaves e não se lembrar de compromissos. Importante ressaltar que isso não quer dizer que uma pessoa com TDAH seja incapaz de realizar um trabalho, mas é necessário que ela esteja consciente de que precisa seguir um tratamento com medicação e psicoterapia para que as atividades do trabalho e do dia a dia sejam realizadas de forma satisfatória.
Veja alguns sintomas mais comuns nos adultos:
- Dificuldade para planejar atividades, manter o foco e concluir tarefas;
- Esquecer tarefas com frequência;
- Ter a sensação de estar sobrecarregado(a);
- Apresentar agitação física e mental;
- Apresentar alterações frequentes de humor.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, os adultos com TDAH também podem ter problemas com uso de álcool e outras drogas, além de ansiedade e depressão.
Como diagnosticar o Déficit de Atenção com Hiperatividade?
São feitos três tipos de avaliações para o diagnóstico: médica; educacional e por fim, do desenvolvimento.
Na avaliação médica, os sintomas de TDAH são identificados e as condições que podem ter contribuído para o desenvolvimento deles são discutidas, tais como o uso de substâncias químicas ingeridas pela mãe, histórico familiar e doenças e infecções.
Na avaliação educacional é possível analisar como os sintomas podem influenciar o desempenho educacional.
Já na avaliação do desenvolvimento é determinado o início e a evolução dos sintomas. A análise é feita tanto pela família quanto pela escola.
Como é feito o tratamento?
Com base nessas três avaliações é possível identificar os sintomas e avaliar o desenvolvimento da criança. O tratamento geralmente é feito em várias frentes, ou seja, utiliza medicamentos, psicoterapia e orientação aos pais e professores. Saiba mais a seguir:
Psicoterapia
Feita por psicólogos e psiquiatras, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) promove mudanças de comportamentos e estimula hábitos mais saudáveis, o que permite que o paciente lide com as limitações impostas pelo TDAH na relação com familiares e na rotina escolar e profissional.
Tratamento medicamentoso
Os remédios são responsáveis por diminuir os principais sintomas, como a impulsividade e a desatenção. Podem ser usados medicamentos psicoestimulantes, como Metilfenidato (nome comercial: Ritalina), que geralmente é a primeira escolha para o tratamento.
Também podem ser utilizados os antipsicóticos, como a Tioridazina ou Risperidona, úteis para casos específicos de controle do comportamento. Antidepressivos como Imipramina, Nortriptilina, Atomoxetina, Desipramina ou Bupropiona também podem ser receitados.
Mudança de hábitos
Algumas mudanças simples em hábitos do cotidiano também podem ajudar no tratamento do TDAH, potencializando a ação da terapia e dos medicamentos.
Esse conjunto de mudanças beneficia a qualquer pessoa e não somente as pessoas com TDAH, já que envolve hábitos mais saudáveis na alimentação, como a redução no consumo de cafeína e açúcar, além da prática de atividades físicas.
Essas iniciativas melhoram o funcionamento cognitivo e comportamental, além de reduzir os sintomas do transtorno e aumentar o rendimento.
Equipe multidisciplinar
A equipe multidisciplinar é um grupo de especialistas, que podem ser ou não da mesma área de atuação, que trabalharão para tratar o TDAH, principalmente em crianças e adolescentes.
Veja o papel de cada profissional nesse processo:
- Médicos neurologista e psiquiatra: o diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico e fundamental para que outras doenças e transtornos sejam descartados;
- Psicólogos: a avaliação psicológica identifica os fatores emocionais relacionados aos sintomas do TDAH;
- Fonoaudiólogos: analisam se há algum problema na audição que possa interferir nas situações de desatenção;
- Psicopedagogos: por avaliarem conhecimentos psicológicos e pedagógicos, eles são essenciais para a coleta de dados sobre o comportamento do paciente no dia a dia;
- Fisioterapeutas: são responsáveis pela avaliação do desenvolvimento motor do paciente e habilidades de percepção, equilíbrio e foco.
Dúvidas frequentes sobre o TDAH
Como o assunto passou a ser discutido com muito mais frequência, é comum surgir dúvidas sobre o que o TDAH é e quais os principais sintomas. Veja alguns dos questionamentos mais pertinentes:
Como saber se tenho TDAH?
Antes de tudo, é preciso ressaltar que o diagnóstico não pode ser dado pela internet, que é o caminho procurado por muita gente. Isso porque os testes disponíveis na internet são apenas gerais e não identificam as características de cada caso, então não são confiáveis para estabelecer um diagnóstico preciso.
O que eles podem fazer é apenas dar indícios para ajudar no autoconhecimento, mas o diagnóstico mesmo deve ser feito pelo psicólogo, neuropsicólogo ou psiquiatra.
Como é uma pessoa com TDAH?
Como explicamos anteriormente, não há apenas um tipo de TDAH, ou seja, há pessoas que possuem o transtorno mas manifestam sintomas distintos. No entanto, de maneira geral, é possível perceber como características gerais a inquietação e a sensação de que são pessoas sempre atarefadas, quando na verdade o que ocorre é a dificuldade de diminuir o nível de agitação e focar no que tem que ser feito.
Como são as crises de quem tem TDAH?
As pessoas com TDAH não possuem crises que naturalmente as façam reagir com agressividade, mas elas podem ter condições biológicas que podem levá-las a comportamentos agressivos.
Além disso, sentimentos como baixa tolerância à frustração, falta de foco e baixa capacidade de automotivação podem fazer com que elas reajam de maneira irritadiça, impulsiva e impaciente. Essas crises, no entanto, são passageiras e não são direcionadas a alguém em específico.
Teste de TDAH: como funciona e quando é necessário fazer?
O autoteste ASRS-18 para adultos e o teste SNAP IV para crianças são questionários que servem apenas um ponto de partida para levantamento de alguns possíveis sintomas primários do TDAH.
Conclusão
Muitos estudos ainda estão sendo feitos sobre o TDAH, mas em linhas gerais, estas são as principais informações para ajudar a quem está em dúvidas sobre um possível diagnóstico e quais atitudes tomar em busca do tratamento.
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