Endometriose: o que é, sintomas, tratamento e dúvidas frequentes

Entenda como identificar a condição, os tratamentos possíveis para a endometriose, exames de diagnóstico e diferenças com a síndrome do ovário policístico

A endometriose é considerada uma doença crônica que afeta cerca de 190 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os sintomas podem ser tratados por meio de medicamentos ou cirurgia, sem uma cura definitiva.

“Eu sempre senti muita cólica e as pessoas, fora a minha mãe, invalidaram muito”, confessa a estudante de jornalismo Maria Eduarda Andrade, 25, sobre os indícios que precederam o seu diagnóstico de endometriose. A inflamação no endométrio, característica da condição, influencia sintomas como a dor pélvica crônica.

Entre os impactos destacados pela OMS, estão as implicações sociais, como a diminuição da qualidade de vida devido a dor intensa, fadiga, depressão, ansiedade e infertilidade. A organização também alerta para a complicação da vida sexual dos indivíduos afetados.

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O que é endometriose

A endometriose é caracterizada pelo crescimento do endométrio — tecido que reveste a parte interna do útero — fora do órgão. Esse acúmulo anormal pode causar inflamações, com dores intensas na pelve durante o período menstrual.

O Protocolo da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) sobre a endometriose apresenta a sua divisão em três doenças distintas — peritoneal, ovariana e endometriose profunda.

A endometriose peritoneal é caracterizada por lesões superficiais no peritônio, membrana que reveste órgãos abdominais; a ovariana, segundo o documento, “por implantes superficiais no ovário ou cistos (endometriomas)”; e a endometriose profunda, definida como uma lesão com “profundidade de 5 mm ou mais”.

Endometriose: incidência no Brasil

O Ministério da Saúde estima que uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com os sintomas da endometriose.

Para incentivar ações de prevenção e orientação para a população, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose (13 de março) e a Semana Nacional de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose.

As informações, compartilhadas pela Agência Câmara de Notícias, objetivam a conscientização e o diagnóstico precoce da doença.

Sintomas da endometriose

“Eu me sentia invalidada por todos os lados: na escola, pelo meu pai, pelos meus colegas. A maioria das pessoas acha que você está exagerando, que é mentira. E eu senti isso na pele”, relata Maria Eduarda sobre os impactos dos sintomas em seu dia a dia antes do diagnóstico.

A invalidação pode ser um dos fatores que mais influencia no reconhecimento tardio da doença. Segundo o protocolo da Febrasgo sobre a endometriose, “a média estimada do tempo entre o início dos sintomas referidos pelas pacientes até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente sete anos”.

Apesar de alguns casos assintomáticos, a OMS atribui indícios gerais sobre pacientes com endometriose. Os tópicos são reproduzidos a seguir:

  • Dor pélvica crônica
  • Sangramento intenso durante a menstruação ou entre as menstruações
  • Problemas para engravidar
  • Inchaço ou náusea
  • Fadiga
  • Depressão ou ansiedade

A Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE) destaca em sua página inicial que mais de 30% dos casos levam à infertilidade.

Endometriose: o que pode causar

Os pesquisadores ainda procuram fatores que expliquem uma causa específica para a endometriose. A menstruação retrógrada (quando o sangue uterino não é escoado totalmente pelo canal vaginal), a genética do indivíduo ou complicações no sistema imunológico estão entre os potenciais motivos.

Endometriose: exames para diagnosticar

"Geralmente o diagnóstico tem que ser clínico, ou seja, pelos sinais e sintomas que a paciente tem, como dor na relação sexual, dor ao evacuar ou urinar, no período menstrual principalmente, alterações como cólicas menstruais muito intensas, dores crônicas fora do período menstrual e dificuldade para engravidar", alerta a ginecologista Kathiane Lustosa. 

Com a presença de um ou mais dos sintomas relatados, é preciso solicitar um exame de imagem. A profissional elenca a ressonância pélvica ou um ultrassom transvaginal — ambos com o preparo intestinal.

Endometriose: como tratar

O tratamento depende da fase de vida mulher e da gravidade da doença. Nos casos de lesões graves, por exemplo, a opção pode ser uma cirurgia. "Nas outras pacientes, que não têm esse tipo de lesão, a gente pode fazer um tratamento clínico", adiciona Kathiane. 

A escolha pelo tratamento clínico deve levar em consideração uma mudança de hábitos, incluindo adaptações na alimentação, fisioterapia pélvica e prática de exercícios físicos, aliados à terapia. "Toda uma equipe multidisciplinar envolvida no tratamento", completa.

Os bloqueios hormonais também podem ser apresentados para a paciente, como um anticoncepcional oral combinado ou métodos contraceptivos (DIU, por exemplo).  

Endometriose x síndrome do ovário policístico: diferenças

A síndrome do ovário policístico (SOP) é um distúrbio hormonal caracterizado pelo aumento do tamanho dos ovários. Ao lado da endometriose, as duas condições podem afetar a saúde reprodutiva, além da incidência de infertilidade.

"A síndrome do ovário policístico, ela é uma alteração de ovulação", destaca a ginecologista Kathiane Lustosa. Por outro lado, a endometriose não possui esse aspecto.

A SOP pode causar sangramento uterino ou até mesmo uma pausa na menstruação. Diferente da endometriose, a condição ainda está relacionada com o desequilíbrio nos hormônios andrógenos, ou “masculinos”.

Endometriose: famosas que revelaram o diagnóstico

Conheça atrizes, cantoras e apresentadoras que compartilharam com os fãs os seus diagnósticos de endometriose.

Anitta

Anitta revelou o seu diagnóstico tardio de endometriose em publicação no Twitter. “Pesquisem, galera. A endometriose é muito comum entre as mulheres. Tem vários efeitos colaterais, em cada corpo de um jeito”, explica na rede social.

“Podem se estender até a bexiga e causar dores terríveis ao urinar. Existem vários tratamentos. O meu terá que ser cirurgia”, completa.

A cantora foi submetida a uma cirurgia de endometriose em São Paulo e confirmou — também pelas redes sociais — o sucesso da operação.

Larissa Manoela

A atriz Larissa Manoela já sabia ter endometriose, mas comentou nas redes sociais sobre o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos (SOP).

“O diagnóstico positivo assusta e confesso dar uma desestabilizada. Mas estou certa de que vou encontrar o melhor tratamento para ambas as doenças!”, destacou pelo Twitter.

Halsey

Ao compartilhar fotos de sua gravidez, a cantora norte-americana Halsey postou “cliques” no Instagram Stories com duas setas apontando para cicatrizes próximas ao abdômen. As sinalizações indicavam cirurgias feitas anteriormente para o tratamento de endometriose.

“Se você sofre de dor crônica ou de uma doença debilitante, saiba que encontrei tempo para viver uma vida louca, selvagem e gratificante e equilibrar meu tratamento e espero muito do fundo do meu coração que você também consiga”, escreveu em postagem.

Daisy Ridley

A intérprete de Rey na franquia “Star Wars” revelou os desafios de viver com endometriose e síndrome dos ovários policísticos (SOP) em 2016.

“Para qualquer um de vocês que está sofrendo com qualquer coisa, vá a um médico; pague um especialista; faça testes hormonais, faça testes de alergia; fique por dentro de como seu corpo está se sentindo e não se preocupe em soar como uma hipocondríaca”, concluiu em desabafo no Instagram.

Endometriose: dúvidas frequentes

Entenda as principais dúvidas sobre a endometriose e como ela pode afetar o dia a dia dos indivíduos.

Endometriose atrasa a menstruação?

O atraso na menstruação, segundo informa Kathiane Lustosa, não está relacionado com a endometriose. "Isso é da síndrome do ovário policístico e não deve ser confundido", explica, antes de acrescentar: "o que causa principalmente (a endometriose) é dor e dificuldade de engravidar". 

Endometriose deixa barriga inchada?

O "inchaço" na barriga está relacionado com uma distensão abdominal, causada por inflamação crônica pélvica. Para a ginecologista, é possível se confundir também com a síndrome do intestino irritado. 

"Às vezes essas duas doenças podem estar em conjunto", completa. 

Quem tem endometriose corre riscos?

Uma das principais complicações da endometriose é a infertilidade, mas outros aspectos, dependendo da idade do indivíduo e a gravidade da doença, também podem influenciar nos fatores de risco. 

"Em algumas pacientes, principalmente as que têm cisto ovariano da endometriose e idade mais avançada, também existe um risco de malignização, com a transformação maligna do endometrioma para câncer de ovário. É muito raro, mas isso acontecer", explica a ginecologista. 

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