Médicos criam marcapasso menor que um grão de arroz
Cientistas desenvolveram o menor marcapasso do mundo, injetável e dissolúvel no corpo, que pode revolucionar os tratamentos cardíacos temporários
Cientistas anunciaram, nesta quarta-feira, 2, a criação do menor marcapasso do mundo — menor que um grão de arroz —, que pode ser injetado com uma seringa, controlado pela luz e dissolvido naturalmente no corpo.
O dispositivo inovador ainda levará alguns anos para ser testado em humanos, mas os cientistas o apresentaram como uma "descoberta-chave", que pode abrir caminho para avanços em diversas áreas da medicina.
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Atualmente, milhões de pessoas no mundo utilizam marcapassos, que enviam impulsos elétricos ao coração para garantir seu funcionamento normal.
Marcapasso menor que arroz: fase de testes
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, esse microdispositivo foi testado com sucesso em laboratório em camundongos, ratos, porcos, cães e tecidos cardíacos humanos.
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O principal autor do estudo, John Rogers, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, afirmou à AFP que os testes experimentais em humanos devem começar dentro de "dois a três anos".
Marcapasso menor que arroz: funcionalidade
Este marcapasso tem apenas um milímetro de espessura e 3,5 milímetros de comprimento, podendo ser injetado diretamente no tórax com uma seringa. Ele foi projetado para se dissolver no corpo do paciente quando não for mais necessário, eliminando a necessidade de cirurgia para remoção.
O dispositivo funciona sem fios, conectando-se por meio de um adesivo colocado no peito do paciente. Quando detecta batimentos cardíacos irregulares, o adesivo emite automaticamente luz infravermelha, que sinaliza ao aparelho qual ritmo ele deve induzir.
Esse marcapasso minúsculo é alimentado por uma "célula galvânica", que utiliza os fluidos corporais para converter energia química em impulsos elétricos, estimulando o coração.
A equipe de pesquisadores, liderada por cientistas dos Estados Unidos, afirmou que o dispositivo poderia beneficiar cerca de 1% dos bebês que nascem com malformações cardíacas congênitas e precisam de um marcapasso temporário na primeira semana após a cirurgia.
Marcapasso menor que arroz: "Nova era"
Os pesquisadores também acreditam que o dispositivo pode ajudar a restaurar o ritmo cardíaco em adultos recém-operados do coração.
Atualmente, os marcapassos temporários exigem uma intervenção cirúrgica para a implantação de eletrodos no músculo cardíaco, cujos cabos permanecem conectados a um aparelho externo no peito do paciente.
Quando o marcapasso deixa de ser necessário, os médicos removem esses cabos, o que pode causar danos. Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, faleceu em 2012 devido a complicações decorrentes desse tipo de cirurgia.
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No futuro, essa tecnologia poderá oferecer soluções para "desafios sociais no campo da saúde humana", declarou Rogers.
Marcapasso menor que arroz: principal causa de mortalidade
Bozhi Tian, cujo laboratório na Universidade de Chicago também desenvolveu marcapassos ativados por luz, mas que não participou deste novo estudo, descreveu a pesquisa como um "grande avanço significativo".
"Este novo marcapasso representa uma verdadeira revolução médica", disse à AFP.
"Ele marca uma mudança de paradigma no estímulo cardíaco temporário e na medicina bioeletrônica, abrindo possibilidades que vão além da cardiologia, incluindo a regeneração nervosa, a cicatrização de feridas e os implantes inteligentes integrados", acrescentou.
Esse marcapasso inovador "abre uma nova era de cuidados médicos mais suaves, inteligentes e amigáveis para os pacientes", avaliou Tian.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardíacas continuam sendo a principal causa de mortalidade no mundo. (Por Daniel Lawler / AFP)
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