'Síndrome do Lobisomem' em bebês pode ser explicada por Minoxidil? Entenda
Casos de bebês com crescimento excessivo de pelos gerados pelo contato com o minoxidil usado pelos pais alertam para novos riscosA hipertricose, também conhecida como "síndrome do lobisomem", é uma condição que provoca o crescimento excessivo de pelos em áreas do corpo onde não é comum, como nas costas, no rosto e no peito. Embora raramente traga complicações graves, a condição causa preocupações nos pais e profissionais de saúde, especialmente quando afeta os bebês.
Recentemente, na Espanha, médicos identificaram que crianças cujos pais usaram minoxidil, medicação para calvície, desenvolveram hipertricose. O contato do bebê com a pele dos pais, onde o produto foi aplicado, é apontado como a causa provável para o crescimento excessivo de pelos.
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Em entrevista ao O POVO, a médica dermatologista Maria Genucia Matos, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica o mecanismo do minoxidil. Veja:
Minoxidil: medicamento comum para calvície oferece riscos
“O minoxidil é uma droga anti-hipertensiva que, nos anos 1990, foi descoberta por causa do efeito colateral de aumento de pelos em pacientes tratados para hipertensão. Esse efeito colateral ficou conhecido como hipertricose”, explica Matos.
A professora da UFC atenta que o minoxidil é um medicamento amplamente usado para tratar a calvície, sendo eficaz na estimulação do crescimento capilar. Sua descoberta para tratar a calvície foi acidental, quando pacientes com hipertensão apresentaram crescimento excessivo de pelos ao usar o medicamento.
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Genucia Matos esclarece: "O minoxidil é vasodilatador e aumenta a nutrição dos folículos pilosos, retardando o processo de miniaturização dos cabelos. Ele é utilizado principalmente no tratamento de calvície masculina e feminina, sendo permitido até 5% de concentração para as mulheres."
No entanto, o uso do minoxidil pode gerar riscos inesperados, especialmente quando bebês entram em contato com o produto. O maior perigo é a exposição acidental, seja por contato direto com a pele tratada ou pela ingestão do produto, caso o bebê chupe a área onde a loção foi aplicada.
Casos de hipertricose em lactentes: investigações revelam riscos
Após vários casos de hipertricose em bebês, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) atualizou as orientações sobre o uso de minoxidil. Desde outubro de 2023, as bulas do produto passaram a informar sobre o risco de os pais causarem efeitos adversos em seus filhos ao usarem o medicamento.
De acordo com investigações realizadas na Espanha, bebês com até nove meses que tiveram contato com pais que usavam minoxidil desenvolveram crescimento anormal de pelos. Felizmente, os sintomas desapareceram assim que o uso do medicamento foi interrompido.
Como a exposição ao Minoxidil ocorre e as precauções necessárias
Ainda não está completamente claro como o minoxidil é transmitido a crianças. Porém, especialistas sugerem duas hipóteses principais: o contato direto da pele do bebê com a área tratada ou a ingestão acidental, quando o bebê suga a pele do cuidador onde o produto foi aplicado.
Para prevenir esses riscos, a recomendação dos especialistas é que os pais lavem bem as mãos após a aplicação e evitem o contato dos bebês com as áreas tratadas. Além disso, a EMA reforçou a importância de seguir as instruções de uso do medicamento e de manter os bebês longe de qualquer área tratada.
Histórico de problemas com Minoxidil e a segurança do produto
Em 2019, um erro na distribuição de minoxidil como omeprazol gerou um surto de hipertricose em 20 bebês na Espanha. Embora nenhuma das crianças tenha apresentado sequelas permanentes, o incidente levantou questões sobre o uso seguro do medicamento.
A experiência, como destaca a dermatologista Maria Genucia Matos, ajudou a entender melhor o perfil de segurança do minoxidil. “Ele nunca deve ser usado em bebês, nem exposto a eles, e todo cuidado é necessário ao aplicar o medicamento”, reforça.
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Prevenção e cuidados essenciais ao usar Minoxidil
Para evitar a hipertricose em bebês, é crucial que os pais sigam rigorosamente as orientações para o uso de minoxidil. Isso inclui lavar bem as mãos após aplicar o medicamento e evitar que o filho entre em contato com áreas tratadas.
Caso qualquer sintoma de hipertricose apareça, como o crescimento excessivo de pelos, o uso do produto deve ser interrompido imediatamente.
Embora os casos de exposição acidental ao minoxidil sejam raros, a conscientização sobre os riscos envolvidos é essencial para garantir a segurança das crianças.
Maria Genucia Matos explica sobre o uso do minoxidil e seus riscos: “Quando utilizado em áreas sem cabelos, pode causar o crescimento excessivo de pelos, o que chamamos de hipertricose”.
A dermatologista também alerta sobre os riscos para os bebês: “O contato de pais que utilizam o minoxidil com a pele delicada das crianças pode gerar um aumento de pelos nessas áreas”.
“A pele dos bebês é mais fina e absorve o produto com mais facilidade. Embora a hipertricose também possa ser congênita, neste caso estamos falando de uma condição adquirida, provocada pelo uso inadequado do medicamento”, conclui.