Dezembro Vermelho: O lento avanço na batalha contra o HIV e a Aids

Durante a década de 2010, o número de novas infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) caiu um quinto a nível mundial

12:00 | Dez. 02, 2024

Por: AFP
Casos de infecção pelo HIV e casos de Aids vem reduzindo; entretanto, ritmo é lento. Entenda os entraves ao redor do mundo (foto: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL)

Uma redução global de infecções e mortes, prevenção e tratamentos eficazes... a luta contra o HIV e a aids avança, embora o fim da epidemia continue sendo um objetivo distante. 

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A infecção retrocede

Durante a década de 2010, o número de novas infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) caiu um quinto a nível mundial, de acordo com um extenso relatório publicado nessa terça-feira, 26 de novembro, no The Lancet HIV

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As mortes, geralmente causadas por doenças oportunistas quando a Aids se manifesta na fase final da infecção, foram reduzidas em aproximadamente 40%, e ficaram claramente abaixo de um milhão por ano.

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Esta tendência deve-se principalmente a uma melhoria notável na África Subsaariana, a região do mundo mais afetada pela epidemia da Aids. 

No entanto, o quadro continua desigual, uma vez que as infecções aumentam em outras regiões, como o Oriente Médio e o leste da Europa. Ainda estamos longe dos objetivos da ONU, que pretende erradicar quase completamente a epidemia até 2030.

Ferramentas eficazes

Um ponto sobre o qual os especialistas em HIV concordam é a importância dos tratamentos preventivos, conhecidos como PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que se tornaram ferramentas cruciais no combate à epidemia. 

Estes tratamentos, realizados por pessoas não infectadas, mas com comportamentos considerados de risco, são altamente eficazes na prevenção da infecção. 

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Por isso, os especialistas defendem a sua expansão. Na França, por exemplo, as autoridades de saúde incluíram a PrEP como eixo central nas suas novas recomendações: não deve mais ser reservada exclusivamente a homens que têm relações homossexuais. 

Para as pessoas já infectadas, os tratamentos são cada vez mais eficazes e convenientes, especialmente porque têm uma frequência menor.

Os obstáculos persistem

Apesar dos avanços, a implementação de tratamentos, tanto preventivos quanto curativos, enfrenta inúmeros desafios. É o caso dos países pobres, como os do continente africano, onde o custo dos medicamentos continua sendo um problema. 

Um caso polêmico gerou debate nos últimos meses. O laboratório Gilead desenvolveu um medicamento, o lenacapavir, que promete uma eficácia sem precedentes tanto na prevenção como no tratamento.

Os especialistas acreditam que isso pode significar uma mudança revolucionária, mas o seu custo é astronômico: US$ 40 mil por pessoa ao ano (cerca de R$ 232 mil)

Sob pressão das associações que lideram a luta contra a aids, a Gilead anunciou no início de outubro que permitiria a produção de versões genéricas de baixo custo deste tratamento nos países mais pobres.

No entanto, as barreiras não são apenas financeiras, principalmente no caso de tratamentos preventivos. É também crucial combater o estigma associado ao seu uso, em países onde, por exemplo, a homossexualidade ainda é inaceitável. 

"A implementação da PrEP na África enfrenta um desafio maior: fazer com que as pessoas de alto risco reconheçam que estão em risco", resumiu um artigo na The Lancet Global Health em 2021. 

O mesmo problema se aplica ao diagnóstico, que é especialmente importante, uma vez que muitas infecções são detectadas em estágio avançado, o que dificulta o seu tratamento.

E as vacinas?

Alguns aspectos recebem uma atenção midiática que pode ser desproporcional. É o caso da pesquisa de vacinas, que até agora não produziu resultados conclusivos. 

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Com a eficácia dos tratamentos preventivos, "já não temos, no fundo, uma vacina?", perguntou em outubro, durante conferência de imprensa, o infectologista Yazdan Yazdanpanah, diretor da ANRS, instituto francês pioneiro no combate à Aids. 

Este especialista reconheceu, no entanto, que "a pesquisa das vacinas não deve parar". 

Outro avanço que não deve ser exagerado são os poucos casos de remissão observados nos últimos anos: menos de dez no total. Embora espetaculares, resultam de transplantes de células-tronco, operações arriscadas que só são viáveis em casos muito específicos. (JULIEN DURY/AFP)