Transplante facial: homem faz cirurgia após dez anos com dificuldades severas

Procedimento ainda é considerado experimental, envolve grandes equipes e demanda cuidados; conheça a história de Derek Pfaff e entenda o transplante

Derek Pfaff de Harbor Beach, Michigan, nos Estados Unidos, tornou-se uma das 60 pessoas no mundo a realizar com sucesso um transplante de rosto, após anos de sofrimento físico e emocional. O homem de 30 anos teve sua vida transformada após o procedimento que levou mais de 50 horas e foi realizado por uma equipe de quase 80 especialistas.

Ele sofreu um grave acidente aos 19 anos, quando deu um tiro no próprio rosto com a arma do pai. O ato foi resultado de uma tentativa de suicídio, que deixou danos irreparáveis.

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Após o acontecido, o rapaz perdeu o nariz, os lábios, os dentes e grande parte da testa, o que afetou sua capacidade de respirar, falar, mastigar e até mesmo piscar. Todas as informações foram disponibilizadas pela Mayo Clinic, local onde foi realizada a cirurgia de Derek.

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Antes do transplante facial, 58 cirurgias

Nos anos seguintes ao ocorrido, Derek enfrentou 58 cirurgias reconstrutivas para tentar recuperar o que havia perdido, mas a falta de um rosto completo e funcional ainda o limitava severamente.

Ele não conseguia respirar pelo nariz nem se expressar plenamente, o que impactou sua qualidade de vida. Foi somente em fevereiro deste ano que uma nova esperança surgiu: o transplante facial.

Com substituição de cerca de 85% da face, Derek recuperou também suas funções básicas

O transplante realizado na Mayo Clinic foi um marco na Medicina e envolveu um esforço conjunto de cerca de 80 profissionais, incluindo cirurgiões, anestesistas e especialistas em reabilitação.

A operação envolveu a substituição de cerca de 85% da face de Derek, incluindo mandíbula, maxilares, dentes, lábios e nariz. A cirurgia não só restaurou sua aparência, mas também devolveu a ele a capacidade de realizar funções básicas, como sorrir, respirar normalmente e falar com mais clareza.

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De acordo com Samir Mardini, chefe da cirurgia plástica da Mayo Clinic e responsável pela operação, cada transplante facial é único.

"Cada caso é inovador e apresenta desafios próprios. Não há lesões que sejam iguais, e cada paciente tem necessidades diferentes", afirmou o cirurgião, destacando a complexidade e o caráter experimental desses procedimentos.

Os estresses da vida acadêmica marcaram Derek aos 19 anos

Derek não se lembra dos eventos da noite que mudaram sua vida. Ele estava sob grande estresse durante a faculdade e, em março de 2014, voltou para casa nas férias de primavera.

Depois de atirar em si mesmo, ele foi encontrado por seu pai, Jerry Pfaff, que notou a porta do armário de armas aberta e, ao procurar, encontrou seu filho caído ao lado da garagem. Derek foi levado imediatamente ao hospital.

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Quando acordou, a confusão mental o fez acreditar ter se envolvido em um acidente de carro. A surpresa foi grande ao perceber que o dano ao seu rosto era irreparável, até então.

O impacto da bala destruiu a estrutura facial de Derek. Ele foi submetido a inúmeras cirurgias, mas nunca conseguiu recuperar totalmente sua aparência ou funcionalidade facial até o transplante.

Após o transplante, um mês até se olhar no espelho

Após o transplante, Derek foi orientado a esperar cerca de um mês antes de olhar seu novo rosto. Durante esse tempo, ele recebeu apoio psicológico para lidar com a transformação e a expectativa de ver seu novo visual.

Quando finalmente olhou no espelho, as emoções foram intensas, mas ele se sentiu grato pela oportunidade de reconstruir sua vida.

Agora, Derek não apenas pode se expressar com mais clareza, como também retomou atividades que antes eram impossíveis, como praticar exercícios e interagir com os outros sem limitações.

No entanto, ele ainda precisa tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do transplante, algo que será necessário por toda a sua vida.

Comprometido com a prevenção do suicídio, Derek tem uma nova visão sobre a vida

Em uma reflexão sobre sua jornada, Derek compartilhou seu desejo de ajudar outras pessoas. "O sol vai nascer amanhã. Você só precisa permanecer positivo, não importa qual seja a situação", afirmou ele, enfatizando sua determinação em superar as adversidades e dar um novo significado à vida.

Além disso, Derek está comprometido em aumentar a conscientização sobre a prevenção do suicídio, um tema que o tocou profundamente após sua própria experiência.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), o suicídio é um problema de saúde pública, com cerca de 14 mil casos registrados anualmente no Brasil, o que equivale a uma média de 38 mortes por dia.

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Agora com um novo rosto e uma nova perspectiva sobre a vida, Derek continua sua recuperação com um objetivo claro: ajudar outras pessoas a superarem as próprias dificuldades e viverem com mais esperança.

Transplante facial: feito poucas vezes no mundo e nunca no Brasil

O transplante de rosto tem evoluído rapidamente, mas ainda é considerado um procedimento experimental. Embora poucos casos tenham sido realizados no mundo, eles oferecem uma nova esperança para pacientes com deformidades faciais graves.

Nos Estados Unidos, a Mayo Clinic já realizou vários transplantes faciais bem-sucedidos, e outros países estão começando a explorar a possibilidade, apesar das questões éticas e logísticas que ainda cercam o procedimento. Ao todo, quase 60 pessoas já passaram pela cirurgia, segundo estudo recém-publicado na revista JAMA Surgery.

Atualmente, o Brasil não realiza transplantes faciais, embora o País seja um dos líderes em transplantes de órgãos, como rim, fígado e córnea.

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Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ainda não foi realizada a primeira operação de alotransplante de face no Brasil e a discussão sobre o tema segue sendo um desafio ético e científico.

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