Incenso pode ser mais prejudicial do que cigarro, alertam pneumologistas; entenda

Compostos cancerígenos como carbono, enxofre, formaldeído e outros estão contidos nos vapores do incenso e são prejudiciais a saúde; entenda

Apesar da queima do incenso ser uma prática popular, um estudo de um caso clínico desafiador nos Estados Unidos (EUA) voltou a chamar atenção de médicos e pesquisadores com relação aos potenciais perigos do bastão aromático, que pode ser tão ou mesmo mais nocivo do que a fumaça do cigarro. 

O estudo apresentado por cientistas norte-americanos durante a reunião científica anual da Associação Médica Americana de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI, sigla em inglês) analisa o caso de mulher de 87 anos para levantar novamente o alerta sobre o uso de incensos.

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A paciente em questão tem histórico de asma e doença pulmonar crônica e estava recebendo oxigenoterapia Tratamento que fornece oxigênio extra aos pulmões quando o nível de oxigênio no sangue está abaixo do ideal e ainda assim alegava "falta de ar inexplicável" e recorrente.

O autor principal do artigo, Gomeo Lam, ao apresentar o histórico médico da paciente revelou que ela queimava incenso diariamente. Ainda de acordo com o médio, recomendou-se que ela parasse com a prática, mas a paciente não queria fazê-lo pois o ato é a sua forma de "expressar homenagem e veneração aos seus ancestrais.

Diante do exposto no encontro de especialistas, Simone Fortaleza, Pneumologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza, explica que a queima do incenso pode sim causar prejuízos para saúde.

Questionada sobre o assunto, Simone explica que incensos de modo geral são feitos com madeira, bambu ou semelhantes, e óleo essencial, assim, sua queima libera partículas no ar que ao serem inaladas podem causar reação inflamatória no pulmão.

Fumaça de incenso pode causar reações alérgicas e inflamatórias no sistema respiratório e exige cuidados 

Simone, que também atua como presidente da Sociedade Cearense de Pneumologia e Cirurgia Torácica, equipara os riscos do incenso para saúde respiratória ao do uso do cigarro comum.

“A exposição pode causar reações alérgicas na pele, olhos, rinite, conjuntivite, além de crises de asma e bronquite em pacientes com doenças respiratórias", detalha Simone.

A pesquisa norte-americana indicou ainda grande presença de formaldeído e óxidos de nitrogênio na fumaça de incensos aromáticos, sendo tais compostos nocivos para seres humanos.

O estudo projeta que, a depender da composição do incenso, a cada grama queimada, podem ser liberados cerca de 45 miligramas de compostos nocivos para a saúde respiratória.

A pesquisa afirma ainda que tal proporção considerando os cigarros comuns é de 10 miligramas de compostos prejudiciais para cada grama de cigarro queimado. 

A alergista Mary Lee-Wong, também alerta que a exposição ao "fumo passivo" de incenso a longo prazo pode afetar negativamente a saúde, especialmente crianças e idosos.

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“É importante alertar a população”, diz pneumologista sobre fumaça de incenso ser tão ou mais tóxico que cigarro

A pneumologista Simone explica que dentre os componentes nocivos presentes na fumaça dos incensos aromáticos destacam-se substâncias com potencial cancerígeno, como carbono, enxofre, formaldeído entre outros compostos.

Ela ainda pontua que, infelizmente, existem poucas publicações sobre esse risco, reforçando a importância da necessidade de alertar a população.

“Muitos dos componentes quando queimados se tornam mais tóxicos e danosos. É preciso ter atenção para a população de risco: pacientes com doenças respiratórias crônicas como asma, enfisema ou alergias, crianças e idosos.” sinaliza Simone ao destacar os grupos com maiores riscos. 

Os especialistas da ACAAI destacam a importância em entender o uso de incensos, a sensibilidade cultural e o significado sagrado da queima como vital. Mas, reiteram que os riscos à saúde não podem ser ignorados.

A associação afirma, por fim, que a queima de incenso apresenta riscos à saúde de toda a população sendo gradual conforme o nível e a frequência de exposição, sendo mais nocivo para pessoas que já apresentam algum problema respiratório.

Além das implicações para a saúde, a combustão do incenso contribui para a poluição do ar e pode ser um risco de incêndio.

Alternativas aos usuários

Além dos efeitos respiratórios, a queima do incenso libera substâncias que podem se fixar em móveis e roupas, prolongando a exposição dos indivíduos e consequentemente agravando os riscos, tal como ocorre com a fumaça de cigarro.

Para contornar essa problemática, os médicos da ACAAI sugerem a substituição do incenso tradicional por dispositivos elétricos ou vaporizadores, incentivando melhor ventilação, tempo reduzido de uso e uma distância segura nas situações em que não seja possível abrir mão do incenso tradicional.

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