Encefalopatia traumática crônica: o que é a demência pugilística

A ETC, também conhecida como demência pugilística, foi a doença que causou a morte do ex-lutador Maguila; entenda o que é, causas, sintomas e mais

Um dos maiores nomes do boxe mundial, José Adilson Rodrigues dos Santos, também conhecido como Maguila, morreu nesta quinta-feira, 24, aos 66 anos. Desde 2013, o ex-lutador era diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, conhecida popularmente como "demência pugilística".

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A encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como demência pugilística, é uma condição neurodegenerativa associada a repetidos traumas cranianos, muitas vezes decorrente de atividades esportivas de alto impacto, como o boxe, o futebol americano, e outros esportes de contato, de acordo com a neurologista especialista em doenças neurodegenerativas, Amanda Braga.

O termo “demência pugilística” refere-se historicamente a essa condição em lutadores, especialmente boxeadores, que apresentavam sintomas cognitivos e comportamentais após anos de luta. Foi convencionado nos anos 1920, quando médicos começaram a notar que boxeadores frequentemente apresentavam problemas cognitivos e comportamentais após suas carreiras.

Hoje, com a conscientização crescente sobre os impactos das lesões cerebrais no esporte, a ETC tem sido amplamente estudada e reconhecida não apenas em boxeadores, mas também em jogadores de futebol, rugby e outros esportes de contato.

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Encefalopatia traumática crônica: principais causas e sintomas da doença

A ETC é causada por uma série de pequenas lesões no cérebro que ocorrem durante impactos repetitivos. Esses traumas, mesmo que não causem concussões visíveis, podem provocar danos cumulativos aos neurônios.

A doença é resultado da deposição anormal de uma proteína chamada tau, que se agrupa em torno das células nervosas, interrompendo a função cerebral normal e levando à degeneração.

"Os achados neuropatológicos são marcados por acúmulos de tau anormalmente fosforilados na profundidade dos sulcos cerebrais", afirma a neurologista Amanda Braga.

Sintomas

Os sintomas da encefalopatia traumática crônica geralmente aparecem anos ou até décadas após os impactos repetidos e podem se manifestar de maneira progressiva. Podem ser eles:

  • Problemas cognitivos: perda de memória, dificuldades de raciocínio e de concentração.
  • Alterações comportamentais: impulsividade, agressividade, irritabilidade, paranoia e apatia.
  • Alterações de humor: depressão, ansiedade e pensamentos suicidas.
  • Sintomas motores: desequilíbrio, tremores e dificuldades de coordenação, semelhantes à doença de Parkinson em estágios mais avançados.

Segundo Amanda, existem três tipos de variações clínicas: variante comportamental (apresenta inicialmente sintomas comportamentais e de humor), variante cognitiva (achados clínicos iniciais relacionados à parte cognitiva) e variante mista.

Encefalopatia traumática crônica: como é feito o diagnóstico e o tratamento?

Atualmente, o diagnóstico definitivo da ETC é neuropatológico, ou seja, só pode ser feito após a morte, por meio de autópsia, quando se verifica a presença das anormalidades da proteína tau no cérebro, explica a neurologista Amanda.

Durante a vida, o diagnóstico é sugerido com base no histórico de traumas cranianos repetidos e nos sintomas apresentados, embora não haja um exame específico para a doença.

Tratamento

Não existe cura para a encefalopatia traumática crônica. O tratamento se concentra na gestão dos sintomas, incluindo o uso de medicamentos para controlar alterações de humor e comportamentais, além de terapias psicológicas para ajudar os pacientes a lidar com as dificuldades cognitivas e emocionais.

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