Transplante de órgãos tem teste de HIV? Entenda regras e procedimentos

Após casos identificados no RJ, saiba quais os requisitos e os testes realizados para detectar HIV em potenciais doadores

Um caso considerado inédito no serviço de transplantes do Brasil foi reportado nesta sexta-feira, 11, após seis pacientes que receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro testarem positivo para HIV. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ).

A situação, descrita como “sem precedentes” pelo SES-RJ, ocorreu devido a erro em exames feitos por um laboratório privado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local teve os serviços suspensos e foi “interditado cautelarmente” seguindo a repercussão.

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Os transplantes de órgãos são realizados no País desde 1968, mas a disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento só foi disposta pela legislação anos depois, na forma da Lei nº 9434/1997, de fevereiro de 1997.

Entenda como funcionam os testes básicos antes dos transplantes e os requisitos para doadores em potencial.

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Transplante de órgãos: Quais os testes básicos?

A enfermeira Samira Rocha Magalhães, da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) no Instituto Dr. José Frota (IJF), destaca que, nos casos de morte encefálica, três exames são necessários. Estes seguem a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM nº 2.173/2017).

Durante o processo, uma série de avaliações são consideradas, como o Raio-X (RX) e exames de sangue, para avaliar as funções dos órgãos. A análise também inclui as sorologias HIV, HTLV, hepatite B, hepatite C, sífilis e doença de Chagas.

“Além disso, são realizados exames imunohematológicos para determinar o tipo sanguíneo ABO e Rh, e pesquisar anticorpos irregulares”, completa Samira.

No caso da morte encefálica, a família é entrevistada sobre os hábitos do paciente, o que pode auxiliar na identificação de riscos em uma possível contaminação e até levar à contraindicação da doação.

No Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada após a autorização familiar.

Como é feito o teste para identificar HIV?

“Em todos os potenciais doadores são realizados exames de sangue, bioquímicos e sorológicos”, diz a enfermeira. Em caso de dúvida sobre o resultado, uma contraprova é realizada, ou seja, outra coleta.

“Também é realizado um teste de hemodiluição para avaliar a qualidade do sangue e evitar os falsos negativos”, explica.

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Quem não pode ser doador de órgãos?

O Ministério da Saúde destaca que “não existe restrição absoluta”, mas que a doação pressupõe requisitos mínimos, como o conhecimento da causa da morte, ausência de doenças infecciosas ativas, dentre outros.

A Aliança Brasileira de Órgãos e Tecidos (Adote) também destaca que, no Brasil, doadores HIV positivo não são aceitos para transplante.

Também não poderão ser doadoras as pessoas que não possuem documentação ou menores de 18 anos sem a autorização dos responsáveis.

Transplante de órgãos: números no Brasil

De acordo com dados atualizados do Ministério da Saúde (11/10/24), 44.802 pessoas esperam por um transplante de órgão no Brasil. Do total, 26.271 são do sexo masculino e 18.531, feminino.

No topo da lista de espera, fica o estado de São Paulo, com 21.564 brasileiros. Já o Ceará se encontra em sétimo lugar, com 1.866 pessoas.

O estado nordestino registrou, nos primeiros nove meses de 2023, 1.161 transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O número inclui os transplantes de órgãos (344 cirurgias), e de córnea, que é um tecido, com 817.

Até a publicação desta matéria, na sexta-feira, 11, o total de transplantes de órgãos já realizados em 2024 é de 7.131. Entre os órgãos mais transplantados estão o rim (4.748 cirurgias), o fígado (1.871) e o coração (335).

Os dados da lista de espera por transplantes no País são atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde. CLIQUE AQUI para conferir a última versão.

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